Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 14 - Nº171 - Outubro/Novembro de 2008

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1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 14 - Nº171 - Outubro/Novembro de 2008 Cen t r o de Es t u d o s Ava n ç a d o s em Ec o n o m i a Ap l i c a d a - ESALQ/USP

2 ao Produto Leite ao Produtor Terceira queda e ainda mais acentuada As incertezas quanto ao cenário mundial também têm gerado cautela entre agentes do setor lácteo brasileiro. Em setembro, os preços do leite recebidos pelos produtores recuaram pelo terceiro mês consecutivo e, de acordo com 80% dos representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Cepea naquele levantamento, as quedas poderiam ser repetir no pagamento seguinte. O recuo do preço bruto de setembro, referente ao leite entregue em agosto, foi de 5,5 centavos por litro ou de 7,62%, considerando-se os sete estados tradicionalmente incluídos na média ponderada nacional (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA). É a maior queda desde novembro de 2007, quando houve desvalorização de 7,33%. Assim, a média caiu para R$ 0,6574/litro (valor bruto). Em Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro, estados que ainda não compõem a média nacional do Cepea, as quedas foram ainda maiores, chegando a 9 e 12 centavos por litro, respectivamente. Tais baixas refletiram uma acomodação dos preços ao produtor e dos derivados, decorrente do aumento da oferta em ritmo mais acelerado que a demanda. Mesmo com a economia brasileira mantendo bons índices de crescimento e as exportações batendo recordes, a produção de leite nos oito primeiros meses deste ano é 19% maior que a de igual período de Excluindo-se setembro do ano passado, o valor do último pagamento é cerca de 10 Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em SETEMBRO/2008, referente ao leite entregue em AGOSTO/2008 Preço Bruto Preço Inclusos frete e CESSR (ex-funrural) Líquido UF Mesorregião Máximo Mínimo Médio Médio Noroeste RS Metropolitana Porto Alegre Média Estadual - RS Oeste Catarinese SC Vale do Itajaí Média Estadual - SC PR SP MG GO BA Centro Oriental Paranaense Oeste Paranaense Norte Central Paranaense Média Estadual - PR São José do Rio Preto Macro Metropolitana Paulista Vale do Paraíba Paulista Média Estadual - SP Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba Sul/Sudoeste de Minas Vale do Rio Doce Média Estadual - MG Centro Goiano Sul Goiano Média Estadual - GO Centro Sul Baiano Sul Baiano Média Estadual - BA Média NACIONAL Ponderada Var% Bruto 0,6506 0,3641 0,6305 0,5674-7,38% 0,6651 0,4334 0,5906 0,5448-7,57% 0,6506 0,3816 0,6052 0,5530-6,67% 0,7090 0,5451 0,5900 0,5684-6,79% 0,6700 0,4900 0,6000 0,5600-6,25% 0,6853 0,5325 0,5839 0,5567-6,90% 0,6646 0,6298 0,6451 0,6252-9,81% 0,6779 0,5005 0,6013 0,5859-4,92% 0,6946 0,4308 0,5802 0, ,31% 0,6605 0,5290 0,6067 0,5770-8,83% 0,7776 0,5702 0,7193 0,6735-8,14% 0,7672 0,6142 0,6731 0,6438-1,11% 0,7697 0,7611 0,7621 0,6985-2,03% 0,7723 0,6360 0,7163 0,6767-6,20% 0,7311 0,6035 0,6853 0,6434-7,20% 0,7103 0,5606 0,6444 0,6114-9,53% 0,6913 0,5805 0,6591 0,6329-3,48% 0,7076 0,5926 0,6642 0,6304-9,28% 0,7419 0,6662 0,7220 0,6872-4,11% 0,7284 0,4952 0,6423 0,6022-8,49% 0,7337 0,5618 0,6734 0,6353-6,71% 0,6293 0,4599 0,5580 0,5409-5,99% 0,7000 0,4500 0,6400 0,6250-1,54% 0,6708 0,5034 0,6180 0,6011-3,77% 0,7101 0,5567 0,6572 0,6202-7,65% Médias estaduais das novas regiões RJ e MS RJ MS Noroeste Fluminense Metropolitana Média Estadual - RJ Leste Sudoeste Média Estadual - MS 0,6923 0,6466 0,6699 0, ,72% 0,6300 0,5903 0,6152 0,6047-1,64% 0,6793 0,6512 0,6668 0, ,01% 0,5885 0,5540 0,5728 0, ,45% 0,6082 0,4320 0,5553 0, ,28% 0,5987 0,4907 0,5637 0, ,45% Expediente Equipe Leite: Gustavo Beduschi - Pesquisador Projeto Leite; Flávia Diniz Mota, Marcela Fernandez Marini Equipe Grãos: Mauro Osaki e Lucilio Alves - Pesquisadores do Projeto Grãos; Ana Amélia Zinsly, Flavia Gutierrez, Renata Maggian, Matheus Rizato, Tamires Vitio e Karine Resende Editores Científicos: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros Sergio De Zen Editor Executivo: Eng. Ag. Gustavo Beduschi Jornalista Responsável: Ana Paula da Silva - MTb: Arte: Fernando Andrade Capa/Diagramção: Fernando Andrade Revisão: Alessandra Rodrigues da Paz - MTb: Paola Garcia Ribeiro - MTb: Impressão: Gráfica Riopedrense Editora Contato: C.P Piracicaba, SP Tel: (19) , (19) leitecepea@esalq.usp.br O Boletim do Leite pertence ao Cepea Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Esalq/USP. A reprodução de conteúdos publicados por este imformativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação. 2 Boletim do Leite - CEPEA/ESALQ/USP

3 r centavos maior que o de setembro/2006 e de 2005, e pouco menor que o de setembro/2004 a comparação é feita com valores deflacionados pelo IPCA. Com preços menores aos produtores, a recuperação da oferta que normalmente ocorre a partir de junho, está mais lenta que nos anos anteriores. Conforme o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L), o volume de leite recebido pelas empresas em agosto foi somente 1,28% superior ao de julho, enquanto no mesmo período do ano passado foi de 7%. Com isso, em agosto especificamente, a diferença em relação ao índice do mesmo mês do ano passado foi de apenas 4,2%, mas em abril o aumento beirou os 27%. No acumulado de maio a agosto deste ano, o aumento no volume recebido pelas empresas é de apenas 2,62% segundo o ICAP-L/ Cepea, enquanto no mesmo período do ano passado foi de 23,65%, e em 2006 (ano pouco expressivo para os produtores em termos de preços), de 8,82%. Este é o menor aumento da captação no período desde o início do levantamento em junho de Quanto aos derivados, suas cotações também seguem em queda, segundo pesquisas do Cepea. O leite UHT vendido no atacado paulista em agosto, por exemplo, caiu 12,15% em relação a julho; o leite pasteurizado desvalorizou 3,2% e os queijos mussarela e prato, 8,5% e 10%, respectivamente. A menor queda, de 2,7%, ocorreu para o leite em pó (sache de 400g). Considerando a média de preços dos derivados apurada em agosto (setembro ainda não disponível) e o pagamento feito aos produtores em setembro, ambos no estado de São Paulo, um litro de UHT equivaleu a 1,78 litro do produtor. No mês anterior, essa relação era de 1,90 e há um ano, de 2,14. Isso indica que mesmo com a redução dos preços ao produtor, as indústrias, de modo geral, ainda continuam perdendo poder de compra devido às quedas mais acentuadas em alguns derivados. Nesse cenário, produtores podem interpretar a desaceleração do aumento da oferta como sinal de que as quedas de preços podem arrefecer nos próximos meses. De fato, alguns agentes (representantes de laticínios e cooperativas) consultados pelo Cepea começam a indicar a perspectiva de estabilidade das cotações para os próximos 60 e 90 dias. No último levantamento, quando se perguntavam as expectativas para o pagamento de outubro, 18,5%, apontavam estabilidade, apesar de 80% ainda sinalizarem R$/litro nova queda. ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP Por outro lado, o volume já ofertado neste ano é consideravelmente superior ao do ano passado, como mostrado pelo ICAP-Leite, e os preços dos derivados seguem em queda mais acentuada que as do leite ao produtor. Além disso, os custos de produção mesmo mantendo uma relativa estabilidade em agosto, para os estados de Goiás, Minas, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, somente naquele mês os preços dos produtores recuou 3,7%, 3,5%, 3,6%, 6,6% e 7,8%, respectivamente. 152,66 152,48 148,50 149,32 142,72 Patamar de Setembro de ,32 138,66 135,88 136,76 128,13 135,07 129,58 124,44 131,62 133,37 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 0,86 0,84 0,82 0,80 0,78 0,76 0,74 0,72 0,70 0,68 0,66 0,64 0,62 0,60 0,58 0,56 0,54 0,52 0,50 0,48 0,46 0,44 0, ,46 111,87 121,01 104,80 109,60 IBGE - PTL Média Histórica 2001 a 2007 s e t e m b r o Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 3

4 ao Produto Leite ao Produtor Pr e ç o c a i e o f e r t a c r e s c e b e m m e n o s que nos anos anteriores As sucessivas quedas nos preços do leite juntamente com os custos mais elevados aos produtores têm feito com que o aumento da oferta, que normalmente ocorre no segundo semestre, ocorra de forma bem mais comedida. De acordo com o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L), o volume de leite recebido pelas empresas em setembro foi somente de 1,25% maior que o de agosto, fazendo com que o Índice de setembro deste ano seja menor que o do mesmo mês de Tal fato não ocorria desde abril do ano passado. De agosto para setembro, o menor aumento, de apenas 0,77%, ocorreu no Rio Grande do Sul e o maior, de 2,01%, em Goiás. No mesmo período de 2007, os gaúchos chegaram a apresentar aumento de quase 10%, e os goianos, de pouco mais de 8%. Nem mesmo em 2006, ano de preços estáveis em patamares considerados baixos, o volume de leite cresceu tão pouco. No acumulado de maio a setembro deste ano, o aumento foi de apenas 3,9%; no mesmo período de 2007, de 32% e em 2006, de 15%. Desde julho, quando os preços começaram a cair, a média ponderada nacional (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) já perdeu 15 centavos por litro. Conforme o Cepea, em outubro, o preço médio bruto foi de R$ 0,6096/litro em junho, último mês antes de se começarem as quedas, a média era R$ 0,7633/litro. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em OUTUBRO/2008, referente ao leite entregue em SETEMBRO/2008 Preço Bruto Preço Inclusos frete e CESSR (ex-funrural) Líquido UF Mesorregião Máximo Mínimo Médio Médio Noroeste RS Metropolitana Porto Alegre Média Estadual - RS Oeste Catarinese SC Vale do Itajaí Média Estadual - SC PR SP MG GO BA Centro Oriental Paranaense Oeste Paranaense Norte Central Paranaense Média Estadual - PR São José do Rio Preto Macro Metropolitana Paulista Vale do Paraíba Paulista Média Estadual - SP Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba Sul/Sudoeste de Minas Vale do Rio Doce Média Estadual - MG Centro Goiano Sul Goiano Média Estadual - GO Centro Sul Baiano Sul Baiano Média Estadual - BA Média NACIONAL Ponderada Var% Bruto 0,6074 0,3093 0,5815 0,5226-7,78% 0,5716 0,5097 0,5384 0,4963-8,83% 0,6074 0,3355 0,5553 0,5061-8,25% 0,5503 0,4283 0,5185 0, ,12% 0,6200 0,4500 0,5300 0, ,67% 0,5547 0,4337 0,5156 0, ,70% 0,5554 0,5101 0,5496 0, ,80% 0,6228 0,4608 0,5474 0,5334-8,97% 0,6249 0,3786 0,5160 0, ,06% 0,5917 0,4739 0,5423 0, ,62% 0,7048 0,4355 0,6436 0, ,53% 0,7429 0,5929 0,6387 0,6110-5,10% 0,7509 0,7435 0,7463 0,6844-2,90% 0,7046 0,5549 0,6495 0,6136-9,44% 0,7030 0,5803 0,6525 0,6126-4,78% 0,6850 0,5000 0,5994 0,5688-6,98% 0,6600 0,5787 0,5957 0,5722-9,62% 0,6835 0,5622 0,6314 0,5990-4,95% 0,7275 0,6491 0,6900 0,6573-4,44% 0,6915 0,4425 0,5905 0,5538-8,06% 0,7055 0,5230 0,6293 0,5941-6,55% 0,6268 0,4588 0,5560 0,5388-0,35% 0,6970 0,4360 0,6325 0,6180-1,17% 0,6686 0,4974 0,6142 0,5976-0,76% 0,6653 0,5079 0,6096 0,5750-7,27% Médias estaduais das novas regiões RJ e MS RJ MS Noroeste Fluminense Metropolitana Média Estadual - RJ Leste Sudoeste Média Estadual - MS 0,5772 0,5379 0,5572 0, ,82% 0,6271 0,5828 0,5987 0,5884-2,68% 0,5827 0,5559 0,5675 0, ,89% 0,5121 0,4631 0,4931 0, ,92% 0,5256 0,4148 0,4869 0, ,32% 0,5191 0,4381 0,4899 0, ,10% 4 Boletim do Leite - CEPEA/ESALQ/USP

5 r o u t u b r o A c o m b i n a ç ã o d e b a i x o c r e s c i m e n t o d a o f e r t a c o m p r e ç o s e m q u e d a i n d i c a a e x i s t ê n c i a d e e s t o q u e s nas indústrias A combinação de baixo crescimento da oferta com preços em queda indica a existência de estoques nas indústrias. De fato, o volume recebido pelas empresas no acumulado deste ano ainda é 16,55% maior que no mesmo período de OUTUBRO O preço médio do leite pago ao produtor em outubro (referente ao leite entregue em setembro) caiu 7,3%, ou 4,8 centavos, em relação ao pagamento de setembro. A menor retração, de 0,75%, ocorreu na Bahia, com o litro a R$ 0,6142; em situação oposta, esteve Santa Catarina, onde a retração chegou a 12%, com o preço médio a R$ 0,5156/litro, sem o desconto do frete e dos impostos. São Paulo, que até setembro apresentava quedas menores que os de Minas e Goiás, desta vez viu o preço do litro recuar 6,8 centavos, com a cotação chegando a R$ 0,6495/ litro (bruto). Minas e Goiás, por sinal, tiveram retrações relativamente pequenas neste mês. Para os produtores mineiros, a queda por litro foi de pouco mais de 3 centavos e, para os goianos, pouco acima de 4 centavos, com as médias, respectivamente, a R$ 6314 e R$ 0,6293/ litro (bruto). Para o próximo mês, no entanto, começa a figurar a perspectiva de mudança da tendência. Cerca de metade dos representantes de laticínios e cooperativas ouvidos pelo Cepea acredita em manutenção dos atuais valores para o pagamento de novembro. A outra metade, no entanto, continua sinalizando mais um mês de queda. É importante observar as expectativas regionalmente. No Sul, 77,4% dos compradores consultados pelo Cepea prevêem estabilidade dos preços, enquanto que para MG, SP e GO, esta estimativa é compartilhada por 32% dos compradores. 5

6 Derivados UHT d á s i n a i s d e e s t a b i l i d a d e, m a s p ó s e g u e e m b a i x a Após uma sucessão de quedas, em setembro, os preços dos derivados no mercado atacadista começam a dar sinais de estabilidade. Dos cinco estados (Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul) incluídos nesta pesquisa do Cepea, o único em que todos os derivados continuaram em queda foi Minas Gerais. Entre os derivados, o único que recuou em todos os estados, foi o leite em pó, seguindo tendência do mercado internacional. No Rio Grande do Sul, a média de setembro ficou 11,1% abaixo da verificada em agosto, com o quilo (sachê de 400 g) a R$ 10,29. No Paraná, houve a menor queda, de 1,6%, com o produto na média de R$ 8,74/kg, menor preço quando comparado aos outros quatros estados. Já o UHT voltou a ampliar a diferença em relação ao pasteurizado. Em agosto, na média dos cinco estados, a diferença era de oito centavos e, em setembro, subiu para 23 centavos por litro. Isso se deveu à alta de 0,7% do UHT na média nacional ao passo que o pasteurizado teve recuo de 3,2%. A maior queda do pasteurizado ocorreu no Rio Grande do Sul, de 7,7% em relação a agosto. Já para o UHT, a maior alta foi registrada no Paraná, de 3,6%. Já a mussarela desvalorizou em quase todos os estados, com exceção do Rio Grande do Sul onde os preços tiveram ligeiro aumento de 0,7% de agosto para setembro. Em Goiás e Minas Gerais, as quedas foram expressivas, de 5,2% e 5,7% respectivamente. Ainda assim, Minas continua tendo o maior valor absoluto deste queijo, R$ 9,09/kg no atacado na média nacional, o preço foi R$ 8,20/kg em setembro. Quanto ao queijo prato, em São Paulo e no Paraná, houve aumentos de 1,5% e 1,9% respectivamente, ao passo que os demais estados amargaram quedas de 0,7% (RS) a 6,5% (MG). O maior valor absoluto também do prato é encontrado em Minas, a R$ 9,91/kg. Na média nacional, este queijo foi cotado a R$ 9,19/kg, com queda de 1,6% sobre agosto. Os preços da manteiga (200g) tiveram comportamentos divergentes. No Paraná, esse derivado desvalorizou 17,4% em relação a agosto e, no mercado gaúcho, 16,3%. Já no atacado de São Paulo e Goiás, houve aumentos de 5,3% e 2,5%. Para os goianos, onde houve alta de 2,5%, a manteiga (considerando embalagens de 200 g) foi cotada a R$ 10,01/ kg, maior valor entre os cinco estados. De maneira geral, assim como no mercado internacional, os preços no mercado interno também recuaram. O único derivado, dentre os pesquisados pelo CEPEA que apresentou baixa nos cinco estados foi o leite em pó. No Rio Grande do sul a baixa chegou a 11,1% e foi cotado a R$10,29. Foi no Paraná, onde ocorreu uma leve queda de 1,6%, onde este produto foi negociado a R$8,74, menor preço quando comparado aos outro quatros estados. Preços médios dos derivados praticados em SETEMBRO/2008 e as variações em relação ao Mês Anterior Produto Leite Pasteurizado Leite UHT Queijo Prato Leite em Pó - integral (sachê 400 g) Manteiga (200 g) Queijo Mussarela GO MG PR RS SP Média Geral 1,16 0,9% 1,24-0,5% 1,06-5,8% 1,02-7,7% 1,16-3,6% 1,13-3,2% 1,51 1,4% 1,44-0,2% 1,32 3,6% 1,24-2,5% 1,29 1,3% 1,36 0,7% 8,62-2,9% 9,91-6,5% 8,36 1,9% 9,62-0,7% 9,45 1,5% 9,19-1,6% 10,89-1,7% 10,44-6,0% 8,74-1,6% 10,29-11,1% 9,37-6,1% 9,95-5,5% 10,01 2,5% 9,34-1,2% 7,70-17,4% 8,38-16,3% 9,01 5,3% 8,89-5,6% 7,84-5,7% 9,09-5,2% 7,16-1,0% 8,83 0,7% 8,05-0,3% 8,20-2,4% Fonte: CEPEA / Simleite Preços médios dos derivados praticados em AGOSTO/2008 e as variações em relação ao Mês Anterior Produto Leite Pasteurizado Leite UHT Queijo Prato Leite em Pó - integral (sachê 400 g) Manteiga (200 g) Queijo Mussarela GO MG PR RS SP Média Geral 1,15-10,9% 1,25-2,8% 1,12-7,8% 1,10-7,8% 1,20-3,2% 1,17-6,5% 1,49-3,4% 1,45-4,5% 1,27-5,3% 1,27-13,9% 1,28-12,2% 1,35-7,8% 8,88 0,2% 10,60 3,3% 8,20-13,9% 9,69-11,3% 9,30-10,0% 9,34-6,5% 11,08 3,5% 11,10-1,3% 8,88-8,8% 11,58-0,2% 9,99-2,7% 10,53-1,7% 9,76 2,9% 9,45 1,8% 9,33 10,0% 10,00 19,4% 8,55-5,4% 9,42 5,4% 8,31-1,5% 9,60-0,4% 7,24-14,5% 8,77-12,0% 8,08-8,5% 8,40-7,4% Fonte: CEPEA / Simleite 6 Boletim do Leite - CEPEA/ESALQ/USP

7 Milho e Soja Em outubro, preços do milho caem mais 7% Mercados de Milho e Soja Por Mauro Osaki e Prof. Lucilio Rogerio A. Alves Equipe Grãos Cepea - Esalq/USP Em outubro, os preços internos do milho seguiram em queda, voltando aos patamares de agosto de Nem mesmo a alta na paridade de exportação conseguiu dar suporte às cotações no mercado brasileiro. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas SP) acumulou baixa de 7,1% em outubro, com a média mensal passando para R$ 22,32/sc, 18,42% inferior à de out/07 (R$ 27,36/sc), em termos nominais. No acumulado diário do ano, o Indicador registrou desvalorização de 34,7% até o dia 31 de outubro a média de outubro foi 38% menor que a de dezembro/07. Considerando o período de 2005 a 2008, este é o primeiro ano em que o Indicador apresenta queda entre dezembro de um ano e outubro do ano seguinte. A pressão continua vindo principalmente dos elevados estoques de passagem, resultantes das fracas exportações. Em outubro, os embarques somaram 398,9 mil toneladas, volume 78% inferior ao de out/07. De janeiro a outubro de 2008, o total exportado foi de 4,3 milhões de toneladas, diminuição de 51,1% sobre igual período de 2007 (8,7 milhões de toneladas). Além disso, a demanda por carnes brasileiras também pode arrefecer em decorrência da crise financeira internacional, o que levaria ao enfraquecimento das vendas de milho no mercado interno. Ainda assim, a expectativa é de continuidade do crescimento das exportações de carne de frango, suína e bovina, a menos que ocorra uma recessão mundial. Mas, o que se espera é uma redução do ritmo de crescimento O fato é que o setor de milho brasileiro iniciará 2009 com um dos maiores estoques da história. Mesmo que a safra de verão diminua, provavelmente não será suficiente para equilibrar oferta e demanda da temporada 2008/09. Assim, o fiel da balança deve continuar sendo a safrinha, sendo que o orçamento de custo preliminar desta safra está superando a receita prevista. Milho Campinas - mercado de lotes R$/sc 60 kg (à vista) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Preços do farelo resistem à crise internacional Diferente da soja em grão e do óleo, o farelo de soja apresentou valorização em outubro. Entre as regiões pesquisadas pelo Cepea, houve acréscimo de 5,7% no acumulado do mês, com a média mensal superando em 3,5% a de setembro. Nem mesmo as incertezas quanto à crise financeira internacional impediram aumentos no Brasil. O Indicador CEPEA/ESALQ (estado do Paraná) da soja em grão, por sua vez, decresceu 2% em outubro, e o óleo, 5,82%. Na bolsa de Chicago (CBOT), enquanto o primeiro vencimento da soja em grão recuou expressivos 11,5% e o do óleo, 23,6%, a queda do farelo se limitou a 2,3%. Historicamente, é no segundo semestre que se esperam maiores preços para o farelo, devido ao período de entressafra da matéria-prima e à demanda dos setores de aves e suínos. Em 2008, além da procura doméstica mais aquecida, as exportações do complexo soja superaram às dos anos anteriores, motivadas, até então, pelo crescimento mundial e brasileiro. Os embarques de frango, por exemplo, cresceram 13,7% de janeiro a outubro já os de carne suína diminuíram 3,9% e os de boi, 12,6%. Além disso, a taxa de câmbio subiu 13,24% no mês. De modo geral, o momento é de cautela e não de ampliação de investimentos. O plantio no Brasil está sendo realizado na expectativa de que os preços tenham alguma recuperação no período de comercialização. O USDA estimou que a média de preços da soja em grão para o ano-safra /09 nos Estados Unidos deve ficar entre US$ 9,10/bushel e US$ 10,60/bushel. Para o farelo, de US$ 255,00/t curta (US$ 281,09/t) a US$ 315,00/t curta (US$ 347,22/t) e para o óleo de soja, entre US$ 0,375/lp e US$ 0,415/lp (US$ 823,73/t e US$ 914,91/t, respectivamente). Farelo Campinas - mercado de lotes R$/tonelada (à vista) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 7

8 Alimentação Us o d e f a r e l o d e a l g o d ã o e p o l p a c í t r i c a pode diminuir custos A utilização de farelo de algodão e da polpa cítrica na alimentação de vacas leiteiras pode reduzir os custos e maximizar a produção. O farelo de algodão serve como fonte proteica (com 28% ou 38% de proteína) e a polpa cítrica, energética. A substituição do milho pela polpa cítrica tornase viável quando o preço do subproduto citrícola atingir, no máximo, 70% do valor do milho. Vale lembrar que a polpa cítrica tem maior teor de fibras, o que aumenta a produção de ácido acético, elevando o nível de gordura no leite. O custo do concentrado à base de farelo de soja e milho foi de R$ 0,51/kg em outubro/08 para vacas de 15 litros/dia no mercado paulista, enquanto o custo de concentrado à base de farelo de algodão 38%, polpa cítrica peletizada, farelo de soja e milho foi de R$ 0,44/kg. Se o produtor passar a fornecer três quilos de concentrado à base de polpa cítrica e milho, mais dois quilos de concentrado à base de farelos de algodão e de soja por dia, ele estaria economizando quase 16,4% com esta parte da dieta. Lembrando que a dieta necessita de um balanceamento nutricional. IMPRESSO Para o farelo de algodão, a composição química é semelhante a do farelo de soja, mas o custo é menor. Além disso, o teor de proteína do farelo de algodão é menor que outros concentrados protéicos. Dessa forma, o gasto de energia para a digestão das proteínas do farelo de algodão é menor. Com isso, o animal reserva energia para produção de leite. O concentrado baseado no milho, farelo de soja, polpa cítrica e farelo de algodão custariam R$ 2,19 por vaca de 15 litros/dia. Se for utilizado somente o concentrado à base de farelo de soja e milho, o gasto seria de R$ 2,55/animal/dia. Para os cálculos foram utilizadas as cotações de polpa cítrica e farelo de algodão referente ao mês de outubro, da Scot Consultoria. Relação de troca 8 Comparando-se outubro deste ano ao mesmo mês de 2007, nota-se piora na relação de troca de leite por arame tanto para o produtor do estado de São Paulo como para o de Minas Gerais. Em out/07, o paulista precisava do equivalente a 262,72 litros de leite para comprar 1000 metros de arame liso Z 700. Em outubro deste ano, foram necessários 431,10 litros, ou seja, 64% a mais para a mesma troca. Em doze meses, o insumo teve reajuste de 44% no estado de SP, o leite caiu 12%. Para fazer a mesma compra, produtores mineiros precisaram de 78,6% a mais de leite ao invés de 600,00 500,00 400,00 300,00 200,00 100,00 0,00 out/07 São Paulo nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 Minas Gerais mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 Boletim do Leite - CEPEA/ESALQ/USP 276,18 litros de leite em out/07, agora foram necessários 493,17 litros. Esse resultado reflete a baixa de 22% do leite no mercado mineiro e o aumento de 38% do arame. Ao analisar a relação de troca de setembro para outubro, também se verifica redução no poder de compra dos produtores paulistas e mineiros, de 9% e 12%, respectivamente. O motivo, novamente, foi a combinação de maior custo do arame com recuo nos preços do leite, que caíram 9,44% em SP e 4,95% em MG. Litros de leite necessários para adquirir 1000m de arame liso Z700 jul/08 ago/08 set/08 out/08 Uso dos Correios Av. Centenário, 1080 CEP: Piracicaba, SP