Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 15 - Nº Fevereiro de 2009

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1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 15 - Nº Fevereiro de 2009 Cen t r o de Es t u d o s Ava n ç a d o s em Ec o n o m i a Ap l i c a d a - ESALQ/USP

2 ao Produto Leite ao Produtor Pr o d u ç ã o p e r d e f ô l e g o n o s e g u n d o s e m e s t r e, m a s v o l u m e d e 2008 é 10% m a i o r q u e o d e 2007 Os dados obtidos pelo Cepea em janeiro permitem o fechamento do Índice de Captação de Leite (ICAP-L) para O resultado é aumento de 10,2% frente ao volume do ano anterior, ou seja, nos 12 meses, empresas processadoras (laticínios/cooperativas) receberam volume 10,2% maior que no correr de Mas, a exemplo de vários outros indicadores da economia, também a análise deste agregado deve ser feita separadamente para o primeiro semestre e para o segundo. Nos primeiros seis meses do ano, tanto os preços do leite quanto os custos de produção estimularam o produtor a reforçar a alimentação do rebanho, elevando a oferta. O ICAP-L/Cepea do semestre registrou captação 23,6% maior que a de igual período de A partir de julho, o quadro praticamente se inverte e a captação do segundo semestre fica 0,77% menor que a do mesmo período do ano anterior. Em Minas Gerais, por exemplo, no primeiro semestre, a queda no valor do concentrado foi de 9% enquanto o leite ao produtor Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em JANEIRO/2008, referente ao leite entregue em DEZEMBRO/2008 Preço Bruto Preço Inclusos frete e CESSR (ex-funrural) Líquido UF Mesorregião Máximo Mínimo Médio Médio Noroeste RS Metropolitana Porto Alegre Média Estadual - RS Oeste Catarinese SC Vale do Itajaí Média Estadual - SC PR SP MG GO BA Centro Oriental Paranaense Oeste Paranaense Norte Central Paranaense Média Estadual - PR São José do Rio Preto Macro Metropolitana Paulista Vale do Paraíba Paulista Média Estadual - SP Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba Sul/Sudoeste de Minas Vale do Rio Doce Média Estadual - MG Centro Goiano Sul Goiano Média Estadual - GO Centro Sul Baiano Sul Baiano Média Estadual - BA Média NACIONAL Ponderada Var% Bruto 0,6579 0,4800 0,6341 0,5710 6,75% 0,6403 0,5659 0,6122 0,5631 7,32% 0,6579 0,4722 0,6061 0,5513 6,19% 0,6430 0,5187 0,6183 0,5945 8,01% 0,6600 0,4900 0,5700 0,5350 1,79% 0,6375 0,5141 0,6020 0,5733 6,68% 0,5937 0,5235 0,5728 0,5558-0,37% 0,6428 0,4878 0,5748 0,5590 7,98% 0,7042 0,4337 0,6107 0,5664-0,42% 0,6324 0,5066 0,5841 0,5534 3,70% 0,6791 0,4257 0,6243 0,5836-2,70% 0,7084 0,5571 0,6241 0,6001-3,99% 0,7474 0,7372 0,7409 0,6789-0,11% 0,6826 0,5291 0,6331 0,5983-0,54% 0,6638 0,5546 0,6197 0,5824-0,69% 0,6721 0,4833 0,5836 0,5538 3,37% 0,6225 0,5091 0,5696 0,5470-0,66% 0,6417 0,5131 0,5887 0,5586-0,75% 0,6488 0,5883 0,6034 0,5755 1,37% 0,6452 0,4053 0,5482 0,5143-1,52% 0,6466 0,4766 0,5697 0,5381-0,35% 0,5476 0,4617 0,5072 0,4914-4,36% 0,6881 0,5096 0,6379 0,6229 2,88% 0,6324 0,5274 0,5962 0,5799-0,74% 0,6512 0,5045 0,5969 0,5626 1,02% Médias estaduais das novas regiões RJ e MS RJ MS Noroeste Fluminense Metropolitana Média Estadual - RJ Leste Sudoeste Média Estadual - MS 0,5892 0,5731 0,5796 0,5287-1,83% 0,5781 0,5032 0,5403 0,5201-3,85% 0,5672 0,5324 0,5517 0,5162-1,76% 0,4894 0,4269 0,4599 0,3750-1,87% 0,5418 0,3829 0,4655 0,4280 0,95% 0,5166 0,4040 0,4628 0,4025-0,42% Expediente Equipe Leite: Gustavo Beduschi - Pesquisador Projeto Leite; Flávia Diniz Mota, Marcela Fernandez Marini e Mário Fernando Carvalho Molinar Equipe Grãos: Mauro Osaki e Lucilio Alves - Pesquisadores do Projeto Grãos; Ana Amélia Zinsly, Flavia Gutierrez, Renata Maggian, Matheus Rizato e Karine Resende Editores Científicos: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros Sergio De Zen Editor Executivo: Eng. Ag. Gustavo Beduschi Jornalista Responsável: Ana Paula Silva - MTb: Revisão: Alessandra Rodrigues da Paz - MTb: Paola Garcia Ribeiro - MTb: Arte: Fernando Andrade Capa/Diagramção: Fernando Andrade Impressão: Gráfica Riopedrense Editora Contato: C.P Piracicaba, SP Tel: (19) , (19) leitecepea@esalq.usp.br O Boletim do Leite pertence ao Cepea Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Esalq/USP. A reprodução de conteúdos publicados por este imformativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação. 2 Boletim do Leite - CEPEA/ESALQ/USP

3 r valorizou 10%. Já no segundo semestre, o custo do alimento concentrado subiu 13% e o leite caiu quase 27%. A mesma tendência foi observada em outros estados. No encerramento de 2008, o ICAP-L/Cepea foi de 142,23, cerca de 7% abaixo do índice de dezembro de Nos principais estados produtores, os aumentos do volume de leite têm sido pequenos neste período típico de recuperação da oferta. Por um lado, reforços na alimentação do rebanho são desestimulados pelos preços recebidos e também pelo custo dos grãos, mas, por outro, as chuvas têm favorecido a pastagem em várias regiões. Em algumas delas, porém, as precipitações em excesso têm prejudicado o bem-estar dos animais e também dificultado a coleta do leite. Essa situação é vista principalmente em Minas Gerais. Na região Sul, ocorre o oposto em algumas localidades, com a estiagem sendo o principal motivo de preocupação. No Rio Grande do Sul, de novembro/08 para dezembro/08, houve um pequeno aumento de 1% no ICAP-L/Cepea no mesmo período de 2007, a elevação foi de 2%. Já em Minas Gerais, o ICAP-L recuou 1% em dezembro/08, ao passo que, em 2007, foi observado aumento de 4%. JANEIRO Na média dos sete estados tradicionalmente considerados pelo Cepea para a elaboração da média Brasil (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA), o preço de janeiro (referente ao leite entregue em dezembro) ficou praticamente inalterado em relação ao pagamento anterior, com leve alta de meio centavo por litro. Regionalmente, no entanto, os preços variaram. Enquanto nos estados da região Sul houve altas, que variaram de 2 centavos/litro no Paraná a 3,8 centavos/litro em Santa Catarina, noutros (SP, MG, GO e BA) praticamente não teve alteração, havendo apenas mínimas variações negativas inferiores a meio centavo por litro. O valor médio bruto, sem desconto de imposto e frete, no Rio Grande do Sul foi de R$ 0,6061/litro, em Santa Catarina, de R$ 0,6020/litro e, no Paraná, de R$ 0,5841/litro. São Paulo fechou em R$ 0,6331/litro, como o maior valor médio do levantamento. Minas, que por vários meses teve a maior média, ficou em R$ 0,5887/litro e Goiás em R$ 0,5697/litro. LEILÕES DE PEP - Em janeiro o governo federal realizou os dois primeiros leilões de PEP (Prêmio de Escoamento da Produção) para o leite. Foi a primeira vez que este instrumento de Política de Garantia de Preços Mínimos foi utilizado para o leite. No total dos dois leilões foram colocados 400 R$/litro jun/04 0,86 0,84 0,82 0,80 0,78 0,76 0,74 0,72 0,70 0,68 0,66 0,64 0,62 0,60 0,58 0,56 0,54 0,52 0,50 0,48 0,46 0,44 0,42 set/04 dez/04 ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite mar/ jun/05 set/05 dez/05 ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP 2005 milhões de litros de leite (200 milhões em cada um dos leilões), mas somente 17,75% foram arrematados pelas empresas, ou seja, 71 milhões de litros (38 milhões no primeiro e 33 milhões no segundo leilão). A baixa adesão, segundo agentes do mercado, não estaria no valor referência fixado (R$ 0,47/litro para as regiões Sudeste e Sul e, R$ 0,45/litro para a região Centro-Oeste), mas, sim, no valor do prêmio pago pelo governo para a operação: sete centavos por litro para qualquer uma das regiões. Para os próximos leilões o prêmio já passa a ser de 9 centavos, contudo o pleito do setor é por um prêmio de 15 centavos por litro. 148,50 Patamar de Dezembro de ,72 mar/06 jun/ set/06 dez/06 128,13 124,44 121, mar/07 138,32 129,58 121,01 111,87 109,60 104,80 jun/07 set/07 IBGE - PTL 152,66 dez/ Média Histórica 2001 a ,48 149,32 138,66 135,88 mar/08 j a n e i r o 133,37 131,62 140,34 136,76 135,07 Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ set/08 142,23 3

4 Mercado Internacional De p o i s d e q u a s e 1,5 a n o n o a z u l, balança comercial volta para o vermelho O ano começou com notícias não muito boas também na balança comercial de lácteos. Depois de 17 meses positiva (era superavitária desde agosto de 2007), amargou déficit de US$ 10,43 milhões em janeiro deste ano. Enquanto o faturamento com os embarques recuou cerca de 47% na comparação de janeiro deste ano com o mesmo mês de 2008, caindo de US$ 34,52 milhões para US$ 18,43 milhões, as importações aumentaram 91,5%, passando de US$ 15,07 milhões para US$ 28,86 milhões. Também em comparação com dezembro de 2008, o resultado é preocupante. A receita das exportações diminuiu 66%, ao passo que importações aumentaram 41%. Até mesmo o maior comprador de derivados brasileiros do ano passado, a Venezuela, reduziu significativamente suas compras. Em dezembro de 2008, os embarques para aquele país totalizaram US$ 39,61 milhões, mas em janeiro foram de somente US$ 4,59 milhões, um recuo de 88,42%. A retração foi tal que Angola, ao importar US$ 7,67 milhões, passou a ser o país que mais comprou lácteos nacionais neste início. Uma das principais causas para as reduções tanto dos preços quanto do volume exportado é o recuo quase que sucessivo da cotação do petróleo desde julho/08, uma vez que os principais compradores de leite em pó do Brasil são produtores e exportadores de petróleo. De julho a dezembro de 2008, o preço médio do barril de petróleo (de vários países), de acordo com dados do site da Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo (Opep), caiu 70,58%, chegando a US$ 38,60. Em janeiro, o valor médio teve uma leve alta, passando para US$ 41,52/barril. Vale lembrar que os derivados negociados num mês são embarcados cerca de 90 dias após, ou seja, o fraco desempenho de janeiro é resultado dos negócios de outubro/ novembro, quando a cotação do barril do petróleo já havia caído quase 50%. Com a continuidade da crise, é de se esperar, portanto, a repetição de balanços pífios das exportações de lácteos. 4 O leite em pó continua a ser o principal produto da pauta de exportações, respondendo por 71% da receita do mês. Contudo, o montante gerado por esse produto foi 71,32% menor que o de dezembro, ficando em apenas US$ 13,14 milhões. O preço médio do leite em pó brasileiro embarcado em janeiro foi de US$ 3.111/tonelada, recuo de 24,89% frente aos US$ 4.139/t de dezembro. Quanto ao volume, a diminuição foi de 60%. O único grupo de produtos que apresentou aumento no valor médio de exportação foi o de iogurtes e leitelhos, reajustado em 39% em dólar. Contudo a participação deste item no total das exportações lácteas do País é inferior a 1%. Todos os demais produtos, a exemplo do leite em pó, apresentaram recuos, com destaque para a manteiga que desvalorizou 33%. Com esses dados, o Índice de Preços de Exportação de Lácteos (IPE-L) do Cepea, que representa o preço médio das exportações nacionais, foi de US$ 2,87/kg em janeiro, o que significou recuo de 25,5% sobre o de dezembro/08. Em moeda nacional, o IPE-L/Cepea foi de R$ 6,63/kg, com recuo de 28,29% sobre o de dezembro. O atual recuo em dólar é o maior desde setembro de ,00 9,50 9,00 8,50 8,00 7,50 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 Índice de Exportação de Lácteos (IPE-L/Cepea) em R$/kg e US$/kg R$ 6,76 $3,81 jan/08 fev/08 mar/08 Leite Condensado 17,9% IPE-Lácteo R$/kg Boletim do Leite - CEPEA/ESALQ/USP abr/08 Queijos 9,0% mai/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 IPE-Lácteo US$/kg R$ 9,24 $3,85 Iogurtes Manteiga 0,8% 0,7% Fluido e cremes 0,3% jan/09 R$ 6,63 $2,87 Participação dos produtos no valor total exportado em janeiro 2009 Leite em Pó 71,3% Fonte: Secex, elaboração CEPEA - Esalq/USP

5 Derivados & Derivados & Custos Me n o r c a p t a ç ã o d e l e i t e n o RS impulsiona derivados Em dezembro/08, a maioria dos preços dos derivados analisados pelo Cepea registrou aumento, sendo que as maiores valorizações ocorreram no Rio Grande do Sul. O impulso para os preços naquele estado veio, principalmente, da menor captação de leite, que cresceu apenas 1% de novembro para dezembro, segundo o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea. Essa baixa captação, por sua vez, deve-se à entressafra naquele estado. Já no Paraná, a situação é oposta. Os preços de todos os derivados desta pesquisa caíram em dezembro/08, comportamento compreensível quando se vê que a produção estadual de leite cresceu 20% no acumulado de O produto que mais desvalorizou foi a manteiga (embalagem de 200g), 6%, passando para R$ 8,55/kg. O preço do leite UHT teve a segunda maior queda no estado, de 1,7%. O leite pasteurizado recuou 1,5%, a mussarela, 1%, o queijo prato, 1,2%, e o leite em pó (sachê de 400g), 1,1%. Entre os produtos, a maior valorização, de 2%, foi verificada para o leite em pó integral, que foi negociado a R$ 10,00 (sachê de 400g) na média dos cinco estados onde o Cepea pesquisa segmento atacadista de derivados lácteos (GO, MG, PR, RS e SP). dia nacional. Já o estado de São Paulo, principal praça consumidora do País, registrou queda de 2,8%, passando para R$ 8,84/kg. Considerando os últimos 12 meses, a diferença entre os preços do leite em pó no Rio Grande do Sul e em São Paulo chegou a R$ 3,14/kg em dezembro, como mostra o gráfico 1. No correr de todo o ano passado, somente em janeiro os preços do leite em pó de São Paulo foram superiores aos do RS, contrariando a relação tradicional entre os preços nesses estados. 14,00 13,00 12,00 11,00 10,00 9,00 Nos demais estados pesquisados, a variação no preço do leite em pó foi pequena. No Paraná, houve queda de 1,1% em dezembro/08, com o quilo caindo para R$ 8,53. Em Goiás, houve alta de 0,2%, com o leite em pó a R$ 11,04/kg e, em Minas Gerais, os preços permaneceram estáveis. Quanto aos queijos, as cotações do prato e do mussarela subiram 1,1% e 0,2%, respectivamente, em dezembro/08, na média nacional. No mercado de fluídos, o leite pasteurizado registrou ligeira desvalorização de 0,6%, negociado a R$ 1,11/litro, e o UHT permaneceu estável, a R$ 1,42/litro. Evolução do Preço do Leite em Pó (sache 400g) MediaSP MediaRS A valorização do leite em pó chegou a 12,5% em dezembro/08 no Rio Grande do Sul (ou R$ 1,33/kg), com o produto cotado a R$ 11,98/kg este foi o estado que mais influenciou a alta da mé- 8,00 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 Preços médios dos derivados praticados em DEZEMBRO/2008 e as variações em relação ao Mês Anterior Produto Leite Pasteurizado Leite UHT Queijo Prato Leite em Pó - integral (sachê 400 g) Manteiga (200 g) Queijo Mussarela GO MG PR RS SP Média Geral 1,08-5,3% 1,20-0,5% 1,04-1,5% 1,08 4,0% 1,16 0,4% 1,11-0,6% 1,55 3,0% 1,41-0,7% 1,30-1,7% 1,44-0,4% 1,39-0,4% 1,42 0,0% 9,16 0,8% 9,81-1,3% 8,97-1,2% 9,94 4,7% 10,09 2,4% 9,59 1,1% 11,04 0,2% 9,62 0,0% 8,53-1,1% 11,98 12,5% 8,84-2,8% 10,00 2,0% 10,04 2,5% 9,17 0,9% 8,55-6,0% 9,30 0,4% 8,98 0,4% 9,21-0,3% 7,83-1,5% 8,57-0,2% 8,10-1,0% 9,73 7,1% 8,13-3,9% 8,47 0,2% Fonte: CEPEA / Simleite 5

6 Panorama Volta dos subsídios europeus? Por Gustavo Beduschi Pesquisador do Cepea O gráfico de preços de derivados lácteos no mercado internacional não teve seu pico no primeiro semestre de 2008, quando muitas commodities atingiram valores máximos devido ao crescimento acelerado da demanda. No caso dos lácteos, o ápice ocorreu entre junho e setembro de 2007 e, desde então, os valores vêm se acomodando em patamares mais próximos da média histórica. Na União Européia, por exemplo, o leite integral registrou baixa de 45% de meados de janeiro/08 a meados de janeiro deste ano, passando de US$ 4.300/tonelada para US$ 2.350/t, segundo USDA. Quanto ao desnatado, a queda foi de 38,6% no mesmo período, com o leite saindo de US$ 3.500/t em janeiro/08 para US$ 2.150/t em janeiro/09. Se até meados do ano passado, as quedas representavam um ajuste da oferta à demanda, desde então as desvalorizações passaram a ser justificadas também pela retração do consumo em função da crise internacional. Cada vez mais, essa turbulência sai do escopo financeiro e toma parte do cotidiano das pessoas, por meios de demissões, revisões de horas trabalhadas e salários, por exemplo. Os s u b s í d i o s e u r o p e u s a o s l á c t e o s d e i x a r a m d e s e r a p l i c a d o s n o s e g u n d o s e m e s t r e d e 2007, q u a n d o o s p r e ç o s d aq u e l e s p r o d u t o s n o m e r c a d o i n t e r n a c i o n a l atingiram patamares bastante elevados de 2007, quando os preços daqueles produtos no mercado internacional atingiram patamares bastante elevados. O leite em pó integral negociado na União Européia ultrapassou os US$ 5.000,00/tonelada entre junho e setembro/07. Até outubro de 2006, quando iniciou a forte aceleração dos preços, a média era de US$ 2.000/t. Além dos subsídios diretos à exportação, a União Européia também sugere a inclusão do bem-estar animal na pauta das discussões da Organização Mundial do Comércio (OMC). Esta pode ser entendida como mais uma barreira não-tarifária colocada pela UE, de forma a restringir a entrada de produtos animais de países como o Brasil. A pretexto do bem-estar estaria embutido um aumento dos custos de produção que poderia reduzir a competitividade do Brasil, por exemplo. Com relação a esta mais recente proposta do bloco europeu, o governo brasileiro já se manifestou oficialmente contrário. Neste período de crise, é comum ouvir discursos de que todos têm que diminuir suas barreiras, intensificar o comércio, mas não é fácil encontrar país que tome a dianteira. No final de janeiro, até mesmo o governo brasileiro trafegou por esta via ao baixar normativa que regulava a importação de produtos pelas empresas brasileiras. A normativa vigorou por somente dois dias. Evolução do preço do leite em pó integral na Europa - US$/t Nesse cenário, visando à proteção do mercado interno, a União Européia está retomando os subsídios à exportação de alguns produtos, entre eles os lácteos. A manteiga, o queijo e leite em pó desnatado e integral, por exemplo, já estão recebendo subsídios à exportação, Os subsídios europeus aos lácteos deixaram de ser aplicados no segundo semestre jan/06 fev/06 mar/06 abr/06 mai/06 jun/06 jul/06 ago/06 set/06 out/06 nov/06 dez/06 jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 jan/09 Fonte: USDA Agora muito mais agilidade e segurança nos resultados. No Clínica do Leite.com.br ficou mais fácil solicitar material de coleta, acompanhar as datas de chegada, análise e processamento da amostra e a temperatura de recebimento, além do usuário poder verificar as faturas para pagamento e acessar os relatórios de análise através do LeiteStat. Basta fazer o login e, com toda a segurança, acessar todas as informações que sua empresa necessita. E tudo isso pode ser feito simultaneamente por vários usuários. É a tecnologia e a qualidade da Clínica do Leite prestando um atendimento cada vez melhor em todos os detalhes. w w w. c l i n i c a d o l e i t e. c o m. b r 6 Boletim do Leite - CEPEA/ESALQ/USP

7 Milho e Soja Mercados de Milho e Soja Cl i m a e e x p o r t a ç ã o e l e v a m p r e ç o s d o milho em janeiro Por Mauro Osaki e Prof. Lucilio Rogerio A. Alves Equipe Grãos Cepea - Esalq/USP Os preços internos do milho iniciaram 2009 em alta, devido a adversidades climáticas nas lavouras do Brasil e da Argentina. Além disso, o bom desempenho das exportações contribuiu para as valorizações domésticas. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas SP) subiu expressivos 10,2%, fechando em R$ 23,46/sc de 60 kg no dia 30 de janeiro. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços tiveram aumento de 10,5% no mercado de balcão (ao produtor) e de 11,6% no de lotes (negociações entre empresas). O clima nas lavouras brasileiros de milho durante janeiro foi o principal fator de preocupação de produtores. Nos primeiros quinze dias do mês, o volume pluviométrico foi bem baixo, prejudicando o desenvolvimento do cereal. Na segunda quinzena, as chuvas ajudaram parte das lavouras, principalmente no Sul do País, mas não o suficiente para reverter as perdas de produtividade da safra verão. Para o milho safrinha, o plantio encontra-se em pleno vapor na região Norte de Mato Grosso e Oeste do Paraná, mas muitos produtores ainda estão preocupados com o andamento da lavoura e preço a ser negociado no início do segundo semestre. Quanto às exportações, segundo dados da 35 Secex, foram embarcadas 1,33 milhão de toneladas em janeiro, o maior volume histórico para o período e au- 30 mento de 238% sobre jan/08. Já o valor da tonelada exportada foi de US$ ,48/t, o menor desde set/ De modo geral, a liquidez continuou baixa no Brasil. Enquanto produtores seguravam o cereal, na expectativa de preços maiores, compradores consumiam apenas o necessário, aguardando enfraquecimento do mercado com a proximidade da colheita. As regiões que mais consumiram o cereal foram as de granjas (avícolas). Milho Campinas - mercado de lotes R$/sc 60 kg (à vista) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Pr e ç o i n t e r n o d o f a r e l o a t i n g e m a i o r n í v e l e m d e z a n o s As cotações do farelo de soja deram um salto surpreendente neste início de 2009, passando a ter participação expressiva na formação do preço da soja em grão, nos mercados interno e externo. A desvalorização do óleo de soja também contribuiu para esse destaque ao farelo. Os ganhos deste derivado motivaram aumentos do grão e, por conseqüência, o interesse de vendedores por contratos antecipados. Nas principais regiões produtoras/processadoras do Brasil, os preços do farelo chegaram ao maior nível nominal dos últimos dez anos período em que o Cepea passou a acompanhar este mercado. Somente em janeiro, os preços subiram mais de 20%. Na região oeste do Paraná, por exemplo, os preços passaram de R$ 755,00/t no último dia de para 901,77/t em 30 de janeiro. Indústrias brasileiras de farelo estão mais ativas, visando ampliar seus estoques A seca na Argentina tem feito com que parte da demanda externa se desloque para os Estados Unidos e para o Brasil, sustentando os preços na bolsa de Chicago (CBOT) que no acumulado do mês de janeiro subiram 3,5% e aumentando os prêmios de exportação brasileira. O resultado desta demanda foi o aumento das exportações de farelo de soja em jan/09, para 937 mil toneladas, o maior volume desde jan/05, segundo a Secex. No mês, as exportações de soja também cresceram em relação a jan/08 (46,4%), para 614,5 mil toneladas, enquanto as de óleo de soja foram de 84,6 mil toneladas, decréscimo de 44,8%. Quanto ao desenvolvimento das lavouras no Brasil, apesar das chuvas no final de janeiro, o volume pluviométrico do mês foi insuficiente para recuperar a produtividade e garantir o desenvolvimento pleno dos grãos Desde as últimas semanas de dezembro, os estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm sido os mais prejudicados pela seca. As regiões produtivas do Sul apresentaram as perdas mais significativas. Já os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Bahia foram os que apresentaram melhores índices pluviométricos, mas a situação ainda é de alerta. Farelo Campinas - mercado de lotes R$/tonelada (à vista) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 7

8 Alimentação Vo l u m o s o c a i, m a s c o n c e n t r a d o eleva custo da dieta Em janeiro, de modo geral os preços dos fertilizantes fosfatados caíram, o que fez com que o custo da produção de volumosos reduzisse. As silagens de milho, sorgo e girassol, por exemplo, caíram cerca de 3%. Já os custos da silagem de capim tanzânia e de cana-de-açúcar (corte manual e mecanizado) tiveram alta, tendo em vista que utilizam maior quantidade de fertilizante à base de potássio e esse insumo teve aumento de preço. Campinas, por exemplo, os aumentos foram de 15% e 16%, respectivamente, entre dezembro de janeiro. Na média deste último mês, a saca do milho foi negociada a R$ 23,24 e a tonelada de farelo de soja, a R$ 855,76, na praça paulista. Em uma dieta à base de silagem de milho e concentrado para vacas de 15 litros/dia, o aumento no custo do concentrado foi de 14%. IMPRESSO Com relação aos alimentos concentrados (ração), as principais referências são o milho e o farelo de soja e ambos tiveram fortes altas. Na região de A leve redução dos custos dos volumosos, portanto, foi bem menos significativa do que o aumento dos gastos com o concentrado. Custos de produção de volumosos Janeiro/2009 Volumosos R$/ha R$/t MV R$/t MS Silagem de Milho 3.286,49 102,7 320,95 Silagem de Sorgo 3.795,06 101,2 316,26 Silagem de Tanzânia 7.655,69 81,66 408,3 Cana colheita manual 4.925,67 67,78 225,92 Cana colheita mecanizada 3.608,75 49,66 165,22 Silagem de Girassol 3935,48 98,39 327,96 Fonte: CEPEA/CNA Relação de troca: leite x uréia 8 Em dezembro/08, o produtor paulista precisou de litros de leite para adquirir uma tonelada de uréia, 29,4% a menos que em novembro. A melhora no poder de compra decorreu da forte queda no preço médio do insumo, de 30% no estado de São Paulo, passando de R$ 1.572,60 em nov/08 para R$ 1.097,50/t em. Nos mesmos período e região, o leite teve média de R$ 0,6366/litro, alta de 1,2%. No Paraná, a uréia desvalorizou 21,6% de novembro para dezembro, passando de R$ 1.700,00 para R$1.332,00/t, enquanto o preço médio do leite subiu 2,3%, para R$ 0,5632/litro. O resultado foi uma melhora de 23,4% no poder de compra do produtor paranaense, sendo necessários litros de leite para aquisição de uma tonelada do produto. Um dos motivos para a desvalorização da uréia foi a queda no preço do barril de petróleo, que caiu para US$ 38,60 em, segundo dados da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para uma cesta de preços dos países membros. Litros/t. Boletim do Leite - CEPEA/ESALQ/USP Já em Goiás, onde o insumo teve pequeno aumento de 0,42%, cotado à média de R$ 1.175,00/t em, foram precisos litros para a mesma troca, ou seja, 1,4% a mais que em novembro. Desde dezembro de 2007, o pior momento ao produtor paulista ocorreu em novembro/08, quando foram necessários litros de leite para a compra de uma tonelada do produto. No Paraná, a situação menos favorável foi verificada em outubro/08, de 4 mil litros de leite/tonelada. Para os goianos, o pior mês foi setembro/08, quando foram necessários litros de leite para a mesma troca dez/07 Relação de Troca - Leite X Uréia fev/08 abr/08 ago/08 PR GO SP out/08 Uso dos Correios Av. Centenário, 1080 CEP: Piracicaba, SP