Prof. Raul Franzolin Neto Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos Universidade de São Paulo Campus de Pirassununga E_mail:

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Transcrição:

INGESTÃO DE ALIMENTOS Prof. Raul Franzolin Neto Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos Universidade de São Paulo Campus de Pirassununga E_mail: rfranzol@usp.br 1

RUMINANTES E SELEÇÃO DE ALIMENTOS 1. Selecionadores de concentrados White-tailed deer, mosse 2. Intermediários Caprino, caprino de montanha, red deer 3. Consumidores de forragens e volumosos grosseiros Bovinos, ovinos, búfalos, bisão Adaptado Hofmann in Church, D.C., 1993 2

FATORES QUE AFETAM A INGESTÃO DE ALIMENTOS 1. Fatores intrínsecos ao animal Diferenças entre espécie animal Idade e Peso corporal Condição corporal Tipo de produção (carne, leite, trabalho) Nível de produção (crescimento, lactação, acabamento, gestação, etc.) 3

FATORES QUE AFETAM A INGESTÃO DE ALIMENTOS 1. Fatores intrínsecos ao animal Raça, Sexo e Individualidade Ingestão compensatória Características do sistema digestivo Saúde animal (doenças e parasitoses) Consumo de água 4

CONSUMO DE ÁGUA 5

CONSUMO DE ÁGUA 6

CONSUMO DE ÁGUA 7

2. Fatores intrínsecos ao alimento Digestibilidade, densidade, palatabilidade, equilíbrio, arranjamento espacial Volumosos secos: fenos, palhas, cascas, bagaço de cana e outros resíduos da agricultura Volumosos verdes: pastagens, capineiras, plantas forrageiras Silagens: milho, sorgo, gramíneas, leguminosas composição: teor MS, proteína, fibra padrão de fermentação: acidez total, níveis de ácido láctico, ácido butírico, amônia e outros 8

2. Fatores intrínsecos ao alimento Concentrados energéticos: grãos de cereais, raízes e tubérculos, milho, sorgo, trigo, arroz, mandioca, polpa cítrica, melaço (palatabilizante) Níveis elevados de energia e baixa em fibra; apresentam alta densidade {<18% FB e <20% PB } 9

2. Fatores intrínsecos ao alimento Concentrados protéicos: farelos de soja, algodão, amendoim, trigo, girassol, farinhas de peixe; nitrogênio não-protéico (uréia, biureto, amônia) {<18% FB e >20% PB } Suplementos minerais Suplementos vitamínicos 10

2. Fatores intrínsecos ao alimento Espécie de forragem Gramíneas versus leguminosas (IV > em leguminosas) Espécies tropicais versus temperadas (IV > em temperadas) Misturas de gramíneas e leguminosas Cultivares e seleção Crescimento primário ( # estádio de maturidade) Rebrota (< talos e lignina = > IV) Partes da Planta (IV > folhas) Estágios de crescimento (IV < com a maturidade) 11

2. Fatores intrínsecos ao alimento Fertilidade do solo (aumento da produção massa e não há efeito consistente sobre a ingestão voluntária) Adubação N, P, S, Mg e Ca Condição climática para planta forrageira (alterações estacionais) Processo de conservação Secagem ou Desidratação (Fenação) Peletização (aumenta a IV de forragens de baixa qualidade e pouco efeito em forragens de alta qualidade) Ensilagem (IV < em silagem do que forragem fresca) 12

3. Fatores extrínsecos ao animal e ao alimento Clima: altas e baixas temperaturas, chuvas, umidade, etc. Processamento dos alimentos: fenação, ensilagem, moagem (tamanho de partículas), maceração (grãos na água) Frequência de alimentação 13

CARACTERÍSTICAS DA INGESTÃO Hábitos da ingestão (Table 5-1) Mais que 12 horas em ingestão e ruminação Ruminante pode mastigar 30.000 a 50.000 vezes/dia 14

CARACTERÍSTICAS DA INGESTÃO 15

CARACTERÍSTICAS DA INGESTÃO Mecanismos da ingestão Ruminantes não tem incisivos superiores, mas possuem fortes dentes mandibulares (pré-molares e molares) e incisivos inferiores. 16

CARACTERÍSTICAS DA INGESTÃO Eficiência da mastigação (Table 5-2 ; Fig 5-2) 17

18

CARACTERÍSTICAS DA INGESTÃO Eficiência da ruminação (Table 5-2) Unidades de FDN ingerida / unidade de tempo de ruminação Aumentando a quantidade consumida diminui o tempo de ruminação por unidade de parede celular (FDN) Tamanho corporal é o principal fator na ER Maior habilidade na ER em ruminantes adultos força mandíbula, eficiência na mastigação e volume intestinal 19

CONTROLE DA INGESTÃO Físico Fisiológico Psicogênico Sistema nervoso Central Controle Hormonal Interação tecido adiposo e sistema nervoso 20

CONTROLE DA INGESTÃO 21

AUMENTANDO A INGESTÃO DE FORRAGENS Práticas de manejo (melhores pastagens) Suplementos proteicos e nitrogênio não proteico Suplementos energéticos (diminuem a IV de forragens mas aumenta da MS total da dieta) Suplementos minerais (forragens deficientes) Tratamentos físicos e químicos (NaOH; NH 3 ) Seleção e melhoramento genético de plantas 22

INGESTÃO DE MATÉRIA SECA A ingestão voluntária de matéria seca pode ser expressa em: a) g MS/kg 0,75 b) % Peso Vivo (kg MS) Ingestão média de matéria seca pelas espécies de ruminantes: Ovinos em crescimento: 60-75g MS/kg 0,75 Ovelhas em lactação: 138g/kg 0,75 23

INGESTÃO DE MATÉRIA SECA Bovinos adultos: 1 3% MSI Kg PV Dieta baixa qualidade: 1 2% MSI Kg PV Dieta boa qualidade: 2-3% MSI Kg PV 24

INGESTÃO DE MATÉRIA SECA Bovinos em crescimento: 80g MS/kg0,75 Vacas em lactação: (16 kg leite/dia)= 135 g MS/kg 0,75 correção: 0,2 kg MS/kg de leite IMS (kg): 0,022 PV(kg) + 0,2 (Produção Leite kg) 25

INGESTÃO DE MATÉRIA SECA Caprinos em crescimento: 66g MS/kg 0,75 Cabras em lactação: 119,6g MS/kg 0,75 Búfalos em crescimento: 97,4g MS/kg 0,75 Búfalas em lactação: 133g MS/kg 0,75 26

INGESTÃO DE ENERGIA E PROTEÍNA Utilização de energia caracterizada pela eficiência de utilização da energia liberada da forragem durante o processo de digestão. Utilização de proteína através dos aminoácidos absorvidos no intestino delgado. Aminoácidos são provenientes da Proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não degradável no rúmen (PNDR) e NNP. 27

DIGESTIBILIDADE DA MATÉRIA SECA DA FORRAGEM Varia com a proporção de conteúdo celular e da FDN Variação entre espécies de forragem Variação com os mesmos fatores da ingestão voluntária e fatores que afetam a população microbiana no rúmen DMS pode ser melhorada pela seleção de plantas; tratamentos químicos (NaOH, NH3); adoção de manejo para manter pastagem em estágio imaturo de crescimento permitindo que o animal selecione alta MSD evitando a superlotação das pastagens 28

REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS UNIDADES ENERGÉTICAS 1 Kcal = 4,184 KJ (Quilo Joule) 1 KJ = 0,239 Kcal 1 kg NDT = 4,41 Mcal ED 1 Mcal ED = 0,82 Mcal EM 1 kg MOD (Matéria Orgânica Digestível) = 1,05 kg NDT 1 FU (Scandinavian Feed Unit) = 2,82 Mcal EM 29