ADENOCARCINOMA NASAL EM CÃO: RELATO DE CASO

Documentos relacionados
PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Adenocarcinoma nasal em cão: relato de caso

Campus Universitário s/n Caixa Postal 354 CEP Universidade Federal de Pelotas.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO E HISTOPATOLÓGICO DE NEOPLASMAS CUTÂNEOS EM CÃES E GATOS ATENDIDOS NA ROTINA CLÍNICA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVIÇOSA 1

CARCINOMA TUBULOPAPILAR DE MAMA EM FELINO RELATO DE CASO

Universidade Federal do Ceará Faculdade de Medicina Liga de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Jônatas Catunda de Freitas

OSTEOSSARCOMA CONDROBLÁSTICO: Relato de Caso

NEUROBLASTOMA OLFATÓRIO EM GATO - RELATO DE CASO OLFACTORY NEUROBLASTOMA IN A CAT CASE REPORT

ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASMAS FELINOS DIAGNOSTICADOS DURANTE O PERÍODO DE 1980 A INTRODUÇÃO

CRISTINE CIOATO DA SILVA 1 ; CLAUDIA GIORDANI 2 ; THOMAS NORMANTON GUIM 3 ; CRISTINA GEVEHR FERNANDES 4, MARLETE BRUM CLEEF 5 1.

Palavras-chave: cão, tumor, sistema nervoso. Keywords: dog, tumor, neurological system. Revisão de Literatura

IMUNOISTOQUÍMICA COMO DIAGNÓSTICO DEFINITIVO DE ADENOCARCINOMA BRONQUÍOLO-ALVEOLAR MUCINOSO EM CÃO RELATO DE CASO

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0644

Palavras-chave: Dermatologia, oncologia, cães Keywords: Dermatology, oncology, dogs

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1

Neoplasias. Benignas. Neoplasias. Malignas. Características macroscópicas e microscópicas permitem diferenciação.

Tumores renais. 17/08/ Dra. Marcela Noronha.

AVALIAÇÃO CLÍNICA, HEMATOLÓGICA E HISTOPATOLÓGICA DE TUMORES ESPLÊNICOS EM CÃES

HEMANGIOSSARCOMA INTRANASAL EM UM PACIENTE CANINO RELATO DE CASO

Anais do 38º CBA, p.0882

Patologia Buco Dental Prof. Dr. Renato Rossi Jr.

COLANGIOCARCINOMA EM UM CANINO COM MÚLTIPLAS METÁSTASES1 1 CHOLANGIOCARCINOMA IN A CANINE WITH MULTIPLE METASTASES

REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN: Ano IX Número 18 Janeiro de 2012 Periódicos Semestral

CARCINOMA SÓLIDO MAMÁRIO EM CADELA COM METÁSTASE CUTÂNEA TRADADA COM CARBOPLATINA

LINFOMA NASAL IMUNOBLÁSTICO DE IMUNOFENÓTIPO B EM FELINO - RELATO DE CASO IMMUNOBLASTIC NASAL IMMUNOFENOTHERAPY B LYMPHOMA IN FELINE - CASE REPORT

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Aspectos cirúrgicos no tratamento de tumores hepatobiliares caninos: uma revisão

Clarisse Alvim Portilho et all

Palavras-chave: canino, mastocitoma, neoplasma, pele Keywords: canine, mastocitoma, neoplasm, skin

EXOFTALMIA ASSOCIADA À SIALOCELE DA GLÂNDULA ZIGOMÁTICA DE CÃO- RELATO DE CASO

HIPERADRENOCORTICISMO CANINO ADRENAL- DEPENDENTE ASSOCIADO A DIABETES MELLITUS EM CÃO - RELATO DE CASO

AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS (Ultrasonographic evaluation of mammary gland tumour in dogs)

ETUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE NEOPLASIAS DE CÃES E GATOS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO

M.V. Natália Oyafuso Da Cruz Pet Care Centro Oncológico SP

CISTO DO DUCTO NASOPALATINO: RELATO DE CASO

NEOPLASIA MAMÁRIA CANINA: EVIDENCIAS CLÍNICO - EPIDEMIOLÓGICAS CANINE MAMARIA NEOPLASIA: CLINICAL - EPIDEMIOLOGICAL EVIDENCES

Oncologia. Caderno de Questões Prova Discursiva

Autor : Larissa Odilia Costa Binoti Co-autores : Bernardo Relvas Lucas Camila Bae Uneda Daniella Leitão Mendes Juliana Cagliare Linhares

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1 STUDY OF MAMMARY NEOPLASMS IN DOGS

O diagnóstico. cutâneas. Neoplasias Cutâneas 30/06/2010. Neoplasias Epiteliais. Neoplasias Mesenquimais. Neoplasias de Origem Neural

PRINCIPAIS SINDROMES PARANEOPLÁSICAS HEMATOLÓGICAS DE CÃES COM LINFOMA MAIN PARANEOPLASTIC HEMATOLOGICAL SYNDROMES OF DOGS WITH LYMPHOMA

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES¹ 1. Juliana Costa Almeida2, Maria Andreia Inkelmann3, Daniela Andressa Zambom4,

LIPOSSARCOMA CANINO EM MEMBRO PÉLVICO DIREITO RELATO DE CASO 1

TESTE DE AVALIAÇÃO. 02 novembro 2013 Duração: 30 minutos. Organização NOME: Escolha, por favor, a resposta que considera correta.

FRATURA DE MANDÍBULA SECUNDÁRIA À DOENÇA PERIODONTAL EM CÃO: RELATO DE CASO

MASTECTOMIA COMO TRATAMENTO DAS NEOPLASIAS MAMÁRIAS DE CADELAS: FREQUÊNCIA E CORRELAÇÃO COM O TIPO HISTOLOGICO

Sobre o câncer de pulmão

TABELA DE PROCEDIMENTOS SUS

O QUE É? O RABDOMIOSARCOMA

FIBROSSARCOMA ORAL EM CÃO - RELATO DE CASO

CARCINOMA PULMONAR MESTASTÁTICO RESPONSIVO À QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA EM CADELA: RELATO DO CASO

Tomografia dos Seios Paranasais

NEOPLASIA MAMÁRIA EM CADELA 1 CANINE MAMMARY NEOPLASM

Lâmina 32 Neoplasia Benigna (Simples) Leiomioma Uterino Neoplasia benigna constituída pela proliferação de fibras musculares lisas, dispostas em

INTRODUÇÃO AO LINFOMA EM GATOS

Carcinoma adenoide cístico de nasofaringe localmente avançado: Relato de caso

TUMOR VENÉRO TRANSMISSÍVEL EXTRAGENITAL EM CÃES RELATO DE DOIS CASOS TRANSMISSIBLE VENEREAL TUMOR EXTRAGENITAL IN DOGS - REPORT OF TWO CASES

Imagem da Semana: Ressonância nuclear magnética

FÍSTULA INFRAORBITÁRIA EM CÃO RELATO DE CASO INFRA-ORBITAL FISTULA IN DOG - CASE REPORT

CARCINOMA APÓCRINO DE SACO ANAL EM FELINO - RELATO DE CASO

Universidade Federal do Ceará Módulo em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Tumores das Glândulas Salivares. Ubiranei Oliveira Silva

BIOLOGIA. Hereditariedade e Diversidade da Vida Câncer. Prof. Daniele Duó

Residente em Cirurgia de Cabeça e Pescoço

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

Ameloblastoma acantomatoso canino: aspecto clínico-diagnóstico e manejo terapêutico

OSTEOCONDROSSARCOMA DE MAMA RELATO DE CASO OSTEOCONDROSSARCOMA OF MAMA CASE REPORT

05/01/2016. Letícia Coutinho Lopes 1. Definição Fibroma Ossificante Epidemiologia Oncogênese

Caso Clínico - Tumores Joana Bento Rodrigues

CÂNCER DE BOCA E OROFARINGE

RINOSCOPIA E RADIOLOGIA NO AUXÍLIO DIAGNÓSTICO DE ADENOCARCINOMA NASAL EM CÃO RELATO DE CASO

XIV Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - CONPAVEPA - São Paulo-SP

Linfoma extranodal - aspectos por imagem dos principais sítios acometidos:

Cintilografia Óssea com 99mTc-MDP na suspeição do câncer de próstata.

RELATO DE CASO DE SINUSITE MAXILAR POR FÍSTULA OROANTRAL COM DIAGNÓSTICO TARDIO

22 - Como se diagnostica um câncer? nódulos Nódulos: Endoscopia digestiva alta e colonoscopia

16º Imagem da Semana: Radiografia do Joelho

Anais do 38º CBA, p.1751

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL EXTRAGENITAL PRIMÁRIO: CAVIDADE ORAL, NASAL E CUTÂNEO RELATO DE CASO

Conceito e Uso do PET/CT em Cabeça e Pescoço. Carlos Eduardo Anselmi

PROLAPSO UTERINO ASSOCIADO À LEIOMIOMA - RELATO DE CASO UTERINE PROLAPSION ASSOCIATED WITH LEIOMIOMA - CASE REPORT

Palavras-chave: neoplasia hematopoiética, cavidade oral, tegumento, cão. Keywords: hematopoietic neoplasm, oral cavity, integument, dog.

AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E HEMATOLÓGICA DO TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL EM CÃES NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UFCG

UTILIZAÇÃO DE PET CT NO DIAGNÓSTICO DE NEOPLASIA PULMONAR

Concurso Público UERJ 2012 Prova discursiva Médico Ccirurgião Geral

ADENOCARCINOMA SIMPLES TUBULOPAPILAR RELATO DE CASO SIMPLE ADENOCARCINOMA TUBULOPAPILLARY - CASE

REDUÇÃO DE METÁSTASE PULMONAR EM CANINO COM FIBROSSARCOMA RELATO DE CASO REDUCTION OF PULMONARY METASTASE IN CANINE WITH FIBROSSARCOMA - CASE REPORT

SARCOMA ANAPLÁSICO COM CÉLULAS GIGANTES EM CANINO DOMÉSTICO ANAPLASIC SARCOMA WITH GIANT CELLS IN DOMESTIC CANINE

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL (TVT) CUTÂNEO CANINO: RELATO DE CASO TRANSMISSIBLE VENEER TUMOR CUTANEOUS IN DOG: CASE REPORT

Cada ampola contém mg de undecanoato de testosterona em solução oleosa injetável de 4 ml (250 mg de undecanoato de testosterona/ml).

LIPOMA INTERMUSCULAR EM CÃO: RELATO DE CASO 1 INTERMUSCULAR LIPOMA IN DOG: CASE REPORT

DIAGNÓSTICO DE TUMORES DE MAMA: PARTE II

PROIBIDA A REPRODUÇÃO

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ NÚCLEO DE DISCIPLINAS INTEGRADAS DISCIPLINA DE CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS IV

CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS NO PAVILHÃO AURICULAR EM FELINO 1

TÍTULO: COLESTEATOMA DE CONDUTO AUDITIVO EXTERNO COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE PATOLOGIAS DA ORELHA EXTERNA

DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE PULMÃO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1 Médico Veterinário, Residente, Universidade Federal Rural do Semi-Árido,

Trabalho de biologia

Terapia conservadora da mama em casos multifocais/multicêntricos

XXIII Jornadas ROR-SUL. 15, 16 e 17 Fevereiro 2016 Lisboa

Transcrição:

ADENOCARCINOMA NASAL EM CÃO: RELATO DE CASO SILVA, Cristine Cioato da ¹; SCOPEL, Débora¹; SPRANDEL, Lucimara 1 ; NUNES, Fernanda Camargo¹; FORTES, Tanise Pacheco¹; SILVA, Fábio da Silva e²; VIVES, Patrícia Silva 2. ¹ Acadêmicas do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas UFPel ² Médico Veterinário do Hospital Universitário Veterinário HUV-UFPel 1. INTRODUÇÃO As doenças da cavidade nasal e dos seios paranasais podem ter várias causas, que muitas vezes são difíceis de identificar. (BIRCHARD & SHERDING, 1998). Entre os processos patológicos crônicos situados na cavidade nasal, os tumores parecem ter a maior prevalência (BISSET, DROBATZ, MCKNIGTH & DEGERNES, 2007; TASKERS et al., 1999). Isto porque a estrutura tissular nasosinusal apresenta condições ideais ao desenvolvimento de neoplasias, pois é composta por glândulas, epitélio, vasos sanguíneos, tecido conjuntivo, ossos e cartilagens (SILVA et al., 2008). Cerca de 1% de todos os tumores diagnosticados em cães e gatos se encontram na cavidade nasal e/ou nos seios paranasais (BIRCHARD & SHERDING, 1998). Essas neoplasias podem originar-se de quaisquer tecidos formadores dessas estruturas, e podem ser benignas ou malignas (OLIVEIRA, 2009). Contudo, nessa região, as formas malignas de tumor são mais comuns. Os tumores malignos geralmente têm origem nos 2/3 caudais das vias aéreas superiores e, frequentemente, invadem os seios paranasais, destruindo rapidamente o local e as estruturas moles, ósseas e ao redor da cavidade nasal, progressivamente (MORRIS & DOBSON, 2007; SILVA et al., 2008). Essas neoplasias são lentas em sofrer metástase e a maioria dos pacientes morre com doenças locais recorrentes antes de se formarem metástases (MORRIS & DOBSON, 2007). Os sinais comumente apresentados em casos de tumores nasais são intermitentes, inicialmente, e constituem-se de descarga nasal aquosa, mucóide, purulenta e/ou hemorrágica, com ocorrência unilateral no início; epistaxe; espirros; congestão nasal e/ou obstrução de vias aéreas superiores, provocando ruídos estertores e estridores; e epífora decorrente de obstrução do ducto nasolacrimal. Esses sinais progridem ao longo de alguns meses e podem tornar-se mais graves (MORRIS & DOBSON, 2007). Estes sinais são comuns a várias outras afecções da cavidade nasosinusal, podendo ser impossível diferenciá-las clínica ou macroscopicamente (OLIVEIRA,

2009). Assim, para se chegar a um diagnóstico definitivo, é necessária a realização de exames complementares utilizando técnicas de diagnóstico por imagem como radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e rinoscopia, além da análise histopatológica (MESSIAS, 2008). Também são recomendados a contagem sanguínea completa (CSC), o perfil bioquímico sérico e de urinálise, o perfil de coagulação, o teste de ELISA (ensaio imunoabsorvente ligado à enzima) e a sorologia fúngica (BIRCHARD & SHERDING, 1998). O tratamento é principalmente direcionado ao controle local da doença, levando em consideração a insensibilidade do tumor e sua proximidade a órgãos como cérebro e olhos, o que restringe as opções de tratamento e complica o manejo do animal (MORRIS & DOBSON, 2007). As neoplasias benignas podem ser removidas cirurgicamente e não há necessidade de outros tratamentos associados. Já as malignas, requerem a remoção cirúrgica total do tumor, associada à radioterapia ou à quimioterapia, ou as duas últimas isoladamente (SILVA et al., 2008). O presente trabalho constitui-se do relato do caso clínico de um cão atendido no Hospital Universitário Veterinário da Universidade Federal de Pelotas, no ano de 2009, cujo diagnóstico foi adenocarcinoma nasal. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foi atendido em março de 2009, no HUV-UFPel, um cão macho, de 8 anos de idade, da raça Collie, cujo proprietário relatava a presença de sangramento nasal há mais de um mês. Ao exame físico, constatou-se uma massa tumoral na região maxilar. Foram então solicitados pelo clínico, um exame radiológico da cavidade nasal do animal e também outros exames complementares, como hemograma e exame histopatológico do tumor. Além desses, também foi realizado um exame citológico do tumor, para excluir a suspeita de tumor venéreo transmissível. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas imagens radiográficas, verificou-se um aumento de volume na região do focinho, acima dos dentes caninos superiores e perda dos padrões ósseos turbinados, com rarefação dos mesmos (Figura 1). Figura 1. Imagem radiográfica da cavidade nasal e seios paranasais em projeção lateral esquerda.

Segundo o laudo do exame histopatológico, tratava-se de um tumor maligno originado a partir de glândulas apócrinas (como as sudoríparas), denominado adenocarcinoma nasal. Aproximadamente 80% dos tumores intranasais são malignos, sendo que os adenocarcinomas são os mais comuns, 31%, seguido pelo carcinoma de células escamosas, 28% e pelo condrossarcoma, 12% (BIRCHARD & SHERDING, 1998; SILVA et al., 2008). Histologicamente, o adenocarcinoma é classificado como uma neoplasia epitelial e caracteriza-se pela presença de células em paliçada, ocorrendo devido à diferenciação glandular maligna dos tecidos (MESSIAS, 2008; SILVA et al., 2008). Fatores como a idade e a raça desse animal também auxiliaram ao apontamento de um diagnóstico, pois cães de focinho longo e de raças de porte médio a grande como Collie, Labrador, Golden Retriever e Pastor Alemão, entre outras, são os mais afetados por neoplasias nasosinusais (MORRIS & DOBSON, 2007; SILVA et al., 2008). A faixa etária mais acometida varia de 7 a 12 anos e, alguns autores, descrevem nessa espécie uma leve predileção por machos (MORRIS & DOBSON, 2007; SILVA et al., 2008). O tratamento indicado foi a excisão cirúrgica total do tumor e o procedimento realizado foi uma trepanação nasal esquerda. O tempo médio de sobrevivência dos animais afetados não tratados é de 3,1 meses (BIRCHARD & SHERDING, 1998; RASSNICK et al., 2006). Porém, as várias opções de tratamento podem prolongar o seu período de sobrevivência, com qualidade de vida, para até 47,7 meses, em média (RASSNICK et al., 2006). Cinco meses após a cirurgia, o proprietário relatou que o cão havia se recuperado bem do procedimento e que não apresentava mais sangramento nasal, evidenciando o sucesso do tratamento. Porém, como os índices de recorrência desse tipo de tumor excedem 60% e há evidências de que podem recorrer anos após o tratamento (RASSNICK et al., 2006), o proprietário foi orientado a continuar realizando consultas e exames periódicos a fim de verificar o surgimento de recidiva. Metástases não são tão comuns nesse tipo de neoplasia, e só ocorrem em cerca de 40% dos casos, sendo que os locais mais comuns de aparecimento de metástases são cérebro, linfonodos, pulmões e fígado (SILVA et al., 2008). Contudo, mesmo que esse índice seja considerado baixo quando comparado ao potencial metastático de outros tumores, a hipótese de haver formação de metástase não deve ser ignorada. Algumas neoplasias podem ainda infiltrar estruturas adjacentes e produzir deformidades faciais, perda de dentes e exoftalmia (OLIVEIRA, 2009). As neoplasias de maior tamanho podem também interferir no fluxo do ar, causando respiração estertorosa (OLIVEIRA, 2009). Se houver invasão da caixa craniana, o tumor intranasal pode ainda causar sinais neurológicos, principalmente convulsões, mas isso ocorre somente em 20% dos casos e é mais comum em tumores neuroendócrinos (MORRIS & DOBSON, 2007; SILVA et al., 2008). A dor pode ainda forçar o animal a andar com a cabeça baixa e levar a alterações comportamentais como agressividade ou depressão (MORRIS & DOBSON, 2007). Nenhum desses sinais era apresentado pelo animal, demonstrando que o tumor ainda não havia invadido as estruturas próximas à cavidade nasal, o que também ficou claro na radiografia.

4. CONCLUSÕES O clínico veterinário precisa estar atento e não deve descartar uma suspeita de neoplasia intranasal, antes de realizar todos os exames necessários. Afinal, mesmo que não sejam tão comuns, uma vez que representam 1% de todas as neoplasias que podem acometer caninos, os tumores nasosinusais têm uma grande capacidade invasiva e destrutiva das estruturas locais, podendo desencadear grande morbidade, e até a morte dos animais afetados. Contudo, a detecção e o tratamento precoces dessa enfermidade podem dar ao animal um período de sobrevida maior e com mais qualidade. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIRCHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders: Clínica de pequenos animais. São Paulo: Roca, 1998, c.18, p.609-611. BISSET, S.A., DROBATZ K.J., MCKNIGTH. A. & DEGERNES L.A. (2007). Prevalence, clinical features, and causes of epistaxis in dogs: 176 cases (1996-2001).Journal of the American Veterinary Medical Association, 231 (12), 1843-1850. Citado por: MESSIAS, M. S. Tumores nasosinusais em cães. Dissertação de mestrado integrado em medicina veterinária. Universidade Técnica de Lisboa- Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2008. MESSIAS, M. S. Tumores nasosinusais em cães. Dissertação de mestrado integrado em medicina veterinária. Universidade Técnica de Lisboa- Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2008. MORRIS, J.; DOBSON, J. Oncologia em pequenos animais. 5.ed. São Paulo: Roca, 2007, c.7, p.98-100. OLIVEIRA, D. M. de. Sistema Respiratório - Doenças Específicas da Cavidade Nasal e dos Seios. Disciplina de Anatomia Patológica Veterinária. Universidade Estadual do Ceará. Faculdade de Veterinária. Disponível em: <http://www.nugen.uece.br/arquivos/anatpatologica/.../doencas7.pdf> Acessado em: 18/08/2009 RASSNICK, K. M.; GOLDKAMP, C. E.; ERB, H. N., SCRIVANI, P. V.; NJAA, B. L.; GIEGER, T. L.; TUREK, M. M; MCNIEL, E. A.; PROULX, D. R.; CHUN, R.; MAULDIN, G. E.; PHILLIPS, B. S.; KRISTAL, O. (2006). Evaluation of factors associated with survival in dogs with untreated nasal carcinomas: 139 cases (1993-2003). Journal of the American Veterinary Medical Association, 229 (3), 401-406. Citado por: MESSIAS, M. S. Tumores nasosinusais em cães. Dissertação de mestrado integrado em medicina veterinária. Universidade Técnica de Lisboa- Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2008. SILVA, C. V.; DALECK, C. R.; NARDI, A. B. D.; RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca, 2008, c.21, p.336-338. TASKERS, S., KNOTTENBELT, C.M., MUNRO, E.A.C., STONEHEWER, J., SIMPSON, J,W. & MACKIN, A.J. (1999). Aetiology and diagnosis of persistent nasal disease in the dog: a retrospective study of 42 cases. Journal of small animal practice, 40, 473-478. Citado por: MESSIAS, M. S. Tumores nasosinusais em cães. Dissertação de mestrado integrado em medicina veterinária.

Universidade Técnica de Lisboa- Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2008.