NEOPLASIA MAMÁRIA CANINA: EVIDENCIAS CLÍNICO - EPIDEMIOLÓGICAS CANINE MAMARIA NEOPLASIA: CLINICAL - EPIDEMIOLOGICAL EVIDENCES

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1 NEOPLASIA MAMÁRIA CANINA: EVIDENCIAS CLÍNICO - EPIDEMIOLÓGICAS CANINE MAMARIA NEOPLASIA: CLINICAL - EPIDEMIOLOGICAL EVIDENCES Camila Silva de MORAIS 1 ; Rachel Melo RIBEIRO 2, Ferdinan Almeida MELO 3, Maria Cristiane Pestana Chaves MIRANDA 4, Vicente Ferrer PINHEIRO NETO 5. 1Mestre em Ciência animal, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). camila_11morais@hotmail.com 2 Professora de farmacologia, Universidade federal do Maranhão (UFMA) Departamento de clinica farmacologia. 3 Professor de Doenças Bacterianas, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Departamento de Patologia animal. 4 Professora de Fisiologia animal, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Departamento das Clínicas veterinárias. 5Professor de cirurgia experimental, Universidade CEUMA. Departamento de Morfofisiologia. Resumo O presente trabalho teve por objetivo o estudo dos tumores mamários em cadelas. Este ocorreu no Hospital Veterinário Francisco Uchôa Lopes da Universidade Estadual do Maranhão, onde foram coletados dados e amostras de tumores em cadelas com suspeita de neoplasia mamária. Após os resultados do exame histopatológico 51 cadelas foram confirmadas com lesões malignas ou benignas das glândulas mamárias, das quais 42 (72,41%) se referiam a lesões malignas, com maior frequência para os carcinomas em tumor misto (43,1%) e 9 (15,52%) cadelas apresentaram tumores benignos com frequência mais expressiva para os tumores misto benigno (5/8,62%), sendo as mamas abdominais as mais atingidas pelos tumors mamários para ambos. A média de idade observada foi 10,3 anos caracterizando animais de idade média a idosos. Observou-se os cães da raça Poodle (27, 45%), SRD (33,33%) e Pastor alemão (9,80%) como as raças mais frequentes quanto ao pequeno, médio e grande porte, respectivamente. Quanto à alimentação a maioria fazia uso de ração adicionada de comida caseira (66,7%). As cadelas não castradas apresentaram-se em quantidade elevada (72,54%), porém poucas fizeram uso de anticoncepcional (5,9%), todavia para as duas variáveis os tumores malignos foram os maiores representantes. De acordo com os resultados, pode-se observar a alta frequência das neoplasias mamárias malignas em cadelas, sendo a castração tardia, uso de anticoncepcional e alimentação desbalanceada os principais indutores desta afecção. Palavras-chave: Neoplasia mamária. Ovariossalpingohisterectomia. Nutrição. Cadelas. Anais do 38º CBA, p.0501

2 Keywords: Breast tumor. Ovariossalpingohisterectomy. Nutrition. Female dogs. Introdução As neoplasias tem aumentado consideravelmente na rotina hospitalar de animais de companhia e assim assumindo grande importância clínica e epidemiológica na medicina veterinária (SALAS et al., 2015). O tumor de mama é a neoplasia mais encontrada em cadelas e para estes 41 a 53% são malignos, sendo 90% carcinomas (GILBERTSON et al., 1983). Fatores como idade, estímulo hormonal, nutrição, reprodução, meio ambiente e de origem genética tem sido apontados como responsáveis pela iniciação e progressão de tumores tanto em seres humanos como em cães (UVA et al., 2009). Sendo o estímulo hormonal o maior responsável pela alta incidência e desenvolvimento dos nódulos mamários em cadelas não castradas ou quando a ovariohisterectomia (OH) é efetuada tardiamente, com consequente estímulo mamário excessivo (DE NARDI, 2009). Objetivo Avaliar a distribuição e frequência com que as neoplasias mamárias acometem cadelas, associando-as aos dados clínicos e estadiamento tumoral, conforme a classificação TNM modificada para os tumores mamários caninos. Material e Métodos Neste estudo foram avaliadas 51 cadelas portadoras de tumor mamário, atendidas na rotina do Hospital Escola de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e de clínicas veterinárias. As cadelas foram submetidas a avaliação clínica, onde foram abordadas as variáveis clínico-epidemiológicas como: raça, porte, faixa etária, padrão alimentar, localização do nódulo nas mamas, castração e uso de anticoncepcional. Foram avaliadas também fisicamente através da palpação cuidadosa das mamas e abordagem dos nódulos mamários. Os tumores encontrados foram submetidos a exame histopatológico, e posteriormente classificados em benigno ou maligno e nãoneoplásico (hiperplasia, displasia ou inflamação). Foi realizado o estadiamento clínico com base no tamanho do tumor (T), envolvimento neoplásico de linfonodos regionais (N) e presença de metástases à distância (M) de acordo com o sistema TNM estabelecido pelo World Health Organization (WHO) para tumores mamários caninos (OWEN, 1980). Resultados e Discussão Anais do 38º CBA, p.0502

3 Dentre o total de cadelas avaliadas, 42 animais (72,41%), apresentaram neoplasias mamárias malignas, dos quais destacou-se o carcinoma em tumor misto, seguidos dos carcinomas tubulares. Porém, Salas et al. (2015), em seus estudos mais recentes, reportaram os adenocarcinomas como as lesões mais frequentes, seguidas dos tumores mistos e fibrossarcomas. Enquanto que Oliveira et Al. (2003), Cassali et Al. (2009) e Oliveira Filho et Al.( 2010) também observaram a alta prevalência dos tumores mistos malignos. As cadelas foram ainda classificadas de acordo com o sistema TNM e alocadas em estádios oncológicos, o que permitiu observar que grande parte destas apresentavam-se em estágios mais avançados da doença (III, IV e V) comparado aos estágios iniciais (I e II) com menor frequência. Importantes resultados também foram citados por Dittrich et al. (2014) que detectaram 85% de cadelas com tumores mamários pertenciam a estádios mais avançados da doença. Para o fator idade, observou-se que no momento do diagnóstico as cadelas que mais apresentaram massas tumorais malignas tinham entre 5-12 anos, com média 10,3 anos, estando de acordo com os estudos de Biondi et al. ( 2014) sobre aspectos clinico-patológicos dos tumores mamários caninos, onde encontraram animais acometidos em uma faixa de etária de 9.3 ± 2.32 anos. Quanto ao porte e as raças dos animais, verificou-se que os animais de pequeno porte foram os mais prevalentes com destaque para os poodles com 27,5%. Constatou-se também que a menor frequência se deu em animais de grande porte, tendo como maior representante o Pastor Alemão (9,8%). Já os animais de médio porte apresentaram frequência intermediária, porém os SRD foram os mais prevalentes dentre todas as raças estudadas, 33,3%. É importante ressaltar que a maior frequência dos tumores mamários ocorreu entre os animais considerados de raça em comparação com os animais sem raça definida (SRD) (67,5% vs. 33,3%, respectivamente). Os resultados citados acima estão de acordo com o trabalho de Salas et al (2015), quando estudaram a epidemiologia dos tumores mamários em cadelas. Quanto à localização dos tumores nas glândulas mamárias, constatou-se maior frequência de acometimento nas mamas abdominais em quantidade de 18/42 (42,9%). A região inguinal foi a segunda localização mais acometida com 16/42 (38,1%) por animais que apresentavam nódulos malignos. Assim, foi demonstrado que o desenvolvimento de neoplasias é mais frequente, segundo Fonseca e Daleck Anais do 38º CBA, p.0503

4 (2000) e Oliveira Filho et al. (2010) nas mamas que apresentam maior quentidade de tecido mamário, como as mamas abdominais e inguinais., assemelhando-se ao presente estudo. Em nosso trabalho pode-se observar que a grande maioria das cadelas se alimentavam de ração associada à comida caseira 34/51 (66,7%), e para estas 29/51 (69,04%) desenvolveram nódulos malignos. A ração comercial (industrial) é considerada uma dieta previamente balanceada, portanto a adição de outros alimentos como petiscos ou de substitutos alimentares como forma de interação social e afetiva entre o proprietário e o cão pode levar ao consumo excessivo de nutrientes, excedendo as necessidades energéticas do animal e contribuindo para desenvolvimentos de tumores em animais (JERICÓ & SCHEFFER, 2002) Quanto à influência hormonal, já estudada e comprovada por Millán et al., (2013) na iniciação de tumores mamários, observou-se que a castração precoce foi pouco relatada em nosso estudo, apenas 14/51 (27,45%), sendo as cadelas não castradas as mais prevalentes 37 (72,54%). Assim percebe-se a falta de informação dos tutores quanto aos fatores preventivos da castração. Nesta pesquisa o uso de contraceptivos foi informado em 3 (5,9%) casos. Destes, dois apresentaram neoplasias malignas e apenas um apresentou neoplasia benigna. Entretanto, não foi informado o tipo de contraceptivo administrado nos cães deste estudo. O uso contínuo e prolongado de progesterona ou progestinas sintéticas tem sido diretamente relacionado ao aumento no número de tumores mamários. Segundo Peleteiro (1994) a ação do estrógeno e progesterona leva a um desenvolvimento do sistema tubular, estimulando o desenvolvimento de neoplasias estrógeno/progesterona dependentes. Conclusão Os resultados indicam que os tumores mamários são lesões de grande prevalência e relevância em cadelas, principalmente de meia idade a idosas, podendo sua frequência ser diminuída através de alimentação balanceada, erradicação do uso de progestágenos e inclusão da castração como principal meio de prevenção desta afecção. Referências BIONDI, L. R. et al. Canine mammary tumors in Santos, Brazil: clinicopathological and survival profile. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci, v. 51, n. 3, p , Anais do 38º CBA, p.0504

5 CASSALI, G. D.; MELO, B. M.; MADUREIRA, N.; FERREIRA, E.; BERTAGNOLLI, A. C.; RIBEIRO, G. M.; CAMPOS, C. B. Mammary gland diagnosis of the Laboratory of Comparative Pathology - UFMG, from 2000 to In: 34 World Small Animal Veterinary Association Congress, 2009, São Paulo. Clínica Veterinária (Suplemento). São Paulo: Editora Guará. 14: , DE NARDI, A. B. et al. Neoplasias mamárias. Daleck CR, De Nardi AB, Rodaski S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca, p , GILBERTSON, S. R. et al. Canine mammary epithelial neoplasms: biologic implications of morphologic characteristics assessed in 232 dogs. Veterinary Pathology Online, v. 20, n. 2, p , MILLÁN, Y. et al. Sex Steroid Hormones and Tumors in Domestic Animals. INTECH Open Access Publisher, OWEN L. N. TNM Classification of tumors in domestic animals. Ed. Geneva: World Health Organization, DITTRICH, R. L.; DORNBUSCH, P. T.; GUÉRIOS, S. D. Alterações no hemograma de cadelas com neoplasia mamária. Cienc. anim. bras., Goiânia, v.15, n.1, p , FONSECA C. S.; DALECK C. R. Neoplasias mamárias em cadelas: influência hormonal e efeito da ovário-histerectomia como terapia adjuvante. Ciência Rural, v. 30, n. 4, JERICÓ, M. M.; SCHEFFER, K. C. Aspectos epidemiológicos dos cães obesos na cidade de São Paulo. Clínica Veterinária, São Paulo, v. 7, n. 37, p , OLIVEIRA, L. O. et al. Aspectos epidemiológicos da neoplasia mamária canina. Acta scientiae veterinariae. Porto Alegre, RS. Vol. 31, n. 2 (2003), p , OLIVEIRA FILHO, J. C. et al. Estudo retrospectivo de tumores mamários em cães. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 30, n. 2, p , PELETEIRO, M. C. Tumores mamários na cadela e na gata. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 89, n. 509, p , SALAS, Y. et al. Epidemiological Study of Mammary Tumors in Female Dogs Diagnosed during the Period : A Growing Animal Health Problem. PloS one, v. 10, n. 5, 2015 UVA, P. et al. Comparative expression. pathway analysis of human and canine mammary tumors. BMC Genomics, v. 10, n. 135, p. 1-20, Anais do 38º CBA, p.0505