Palavras-chave: canino, mastocitoma, neoplasma, pele Keywords: canine, mastocitoma, neoplasm, skin

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1 1 NEOPLASIAS CUTÂNEAS MALIGNAS DIAGNOSTICADAS EM CÃES NO SETOR DE PATOLOGIA ANIMAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Rafael Cavalcante SANGUANINI 1, Yago Danilo Pereira PINTO 1 ; Lucas dos Santos DANTAS 1, Eric Saymom Andrade BRITO 2, Regiani Nascimento Gagno PORTO 3, Moema Pacheco Chediak MATOS 3 1 Estudante de Graduação em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, rafael_sanguanini@hotmail.com 2. Residente no Setor de Patologia Animal, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás, 3. Professor do Setor de Patologia Animal, Escola de Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de Goiás. regianiporto@hotmail.com Resumo Neste estudo, foi realizado um levantamento retrospectivo dos diagnósticos de neoplasias cutâneas malignas de exames histopatológicos de cães, realizados no Setor de Patologia Animal EVZ/UFG, no período de janeiro 2012 a dezembro Verificaram-se as seguintes informações: raça, sexo, idade e diagnóstico morfológico. Foram diagnosticadas 146 neoplasias malignas cutâneas nos 140 registros avaliados, sendo listados 18 tipos de neoplasias malignas cutânea, classificadas quanto suas origens embriológicas e histológicas, em tumor de células redondas (34,23%), de origem epitelial (28,73%), mesenquimal (18,49%) e melanocítica (18,49%). A neoplasia mais frequente foi o mastocitoma. Não houve diferença referente ao sexo. Os cães SRD foram os mais acometidos, seguidos pela raça Pit Bull. Em relação à faixa etária, os animais adultos foram os que mais apresentaram neoplasias malignas cutâneas, seguidos pelos cães idosos. Palavras-chave: canino, mastocitoma, neoplasma, pele Keywords: canine, mastocitoma, neoplasm, skin Introdução A pele é um dos órgãos mais comumente acometido pelo aparecimento de neoplasias. Isso ocorre devido sua grande extensão e sua maior exposição a fatores oncogênicos, como insultos químicos, físicos e fatores ambientais. Características intrínsecas da pele, como o elevado índice de renovação celular, aumentam a susceptibilidade e consequentemente a possibilidade de ocorrência de mutações. Além disso, a grande variedade de tipos celulares, propicia o desenvolvimento de ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0460

2 2 diferentes tipos de tumores (BELLEI et al., 2006; BARROS et al., 2008; BRONDEN et al., 2010, FERNANDES et al., 2015). Sendo a pele um órgão visível, alterações cutâneas, como presença de nódulos ou lesões, podem despertar a atenção do tutor, fazendo com que este procure o médico veterinário (SOUZA et al., 2006). O objetivo deste trabalho foi o de realizar um estudo retrospectivo dos casos de neoplasias cutâneas malignas diagnosticados no Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, em um interstício de quatro anos. Material e Métodos Para o levantamento da casuística de neoplasias cutâneas malignas em cães foram analisados os registros de biópsia do Setor de Patologia Animal, da Escola de Veterinária e Zootecnia, da Universidade Federal de Goiás (SPA/EVZ/UFG), entre o período de janeiro de 2012 a dezembro de Levou-se em consideração raça, idade, sexo e o diagnóstico histopatológico. Para cães que apresentaram mais de uma neoplasia cutânea maligna, cada neoplasia foi contabilizada separadamente. As neoplasias foram identificadas quanto a suas origens embriológicas e histológicas, como descrito por Goldschmidt e Hendrick (2002). Resultados e Discussão Entre os anos de 2012 e 2015, dos 1352 registros, incluindo necropsias e biopsias, realizados no SPA/EVZ/UFG, 140 animais apresentaram neoplasias cutâneas de caráter maligno, correspondendo a 10,35% do total. Destes, foram concretizados 146 diagnósticos histopatológicos, já que alguns apresentaram mais de um tipo de tumor maligno na pele ao mesmo tempo, fato também mencionado por Barros et al. (2008). Dezoito tipos de neoplasias cutâneas malignas foram elencadas. Destas 34,23% eram originárias de tumores de células redondas, 28,73% de origem epitelial, 18,49% mesenquimais e 18,49% melanocíticos. Silveira et al. (2006) relataram em seu estudo que 42% eram de origem mesenquimal, 35% epitelial, 15% de células redondas e 8% melanocíticos.; já Fernandes et al. (2015) verificou 39,89% de origem epitelial; 28,42% mesenquimal; 25,86% de células redondas e 5,83% melanocíticos. No entanto, estes dois trabalhos levaram em consideração também neoplasias cutâneas benignas. As neoplasias de células redondas observadas foram ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0461

3 3 mastocitoma, correspondendo a 30,82% do total de diagnósticos analisados, tumor venéreo transmissível (2,05%) e linfoma (1,36%). Entre as de origem epitelial, verificou-se carcinoma de células escamosas (CCE) com 17,80% dos casos, carcinoma de células basais (3,42%), carcinoma perianal (3,42%%), carcinoma baso-escamoso (2,05%), carcinoma de glândula apócrina (0,68%), carcinoma sebáceo (0,68%) e tricoepitelioma maligno (0,68%). Já as de origem mesenquimal foram o hemangiossarcoma (10,27%), fibrossarcoma (2,05%), sarcoma histiocítico (2,05%), sarcoma indiferenciado (2,05%), neurofibrossarcoma (0,68%), sarcoma anaplásico (0,68%) e o schwannoma maligno (0,68%). O único representante das neoplasias melanocíticas foi o melanoma (18,49%). Bellei et al. (2006), Souza et al. (2006) e Silva et al. (2011) também descrevem em seus estudos o mastocitoma, melanoma, CCE e hemangiossarcoma como as neoplasias mais frequentes. No presente relato, as raças mais acometidas por neoplasias cutâneas malignas foram os cães SRD (36,3%), seguidos do pit bull, daschund, boxer e pinscher com índices de 13,70%; 8,22%; 6,85% e 6,16% respectivamente. As demais raças apresentaram valor inferior a 5%, sendo estas, em ordem decrescente, o poodle, pastor alemão, rottweiler e cocker spaniel, shih tzu, husky siberiano, labrador, bull terrier, boder collie, dogue alemão, fila brasileiro, golden retriever, pastor belga, pug e sharpei. Em relação aos cães SRD, resultados semelhantes foram obtidos por Bellei et al. (2006), Silveira et al (2006) e Meirelles et al (2010). Somente Fernandes et al. (2015) mencionam o pit bull e o daschund entre as raças mais frequentemente acometidas e, juntamente com Bellei et al. (2006) e Meirelles et al. (2010) mencionam o boxer como a segunda raça mais prevalente. Todos estes autores verificaram que o Poodle tem maior predisposição a ter neoplasias cutâneas, fato não observado no presente trabalho, podendo ser explicado devido à redução do número de animais desta raça, em Goiânia e cidades próximas, nos últimos anos. As neoplasias mais frequentes em cães SRD foram mastocitoma (30,19%), CCE (18,87%) e melanoma (16,98%), observações semelhantes foram feitas por Meirelles et al (2010). Em Pit bulls, as neoplasias que mais apareceram foram CCE (30%), hemangiossarcoma (25%) e mastocitoma (20%), o que corrobora com os resultados descritos por Fernandes et al (2015). Em daschunds, foi observado melanoma (58,34%), mastocitoma (16,67%) e hemangiossarcoma (8,33%). Carmargo et al. (2008) e Meirelles et al (2010), mencionam o daschund como entre as raças mais acometidas por melanomas. Por fim, em boxers, a prevalência foi mastocitoma (80%), CCE ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0462

4 4 (10%) e hemangiossarcoma (10%), relato similar foi feito por Fernandes et al (2015). Neste estudo, 51% dos animais eram fêmeas e 49% eram machos. Mas este resultado é pouco relevante, já que a diferença entre sexos é muito pequena, como mencionado por Bellei et al (2006) e Fernandes et al (2015). No entanto, dos cinco casos de carcinoma perianal, deste estudo, quatro ocorreram em machos, estando de acordo com Meirelles et al. (2010) e Fernandes et al. (2015), que mencionam as neoplasias perianais como mais comuns em machos, pois são andrógeno dependentes. Os animais adultos foram os mais acometidos por tumores cutâneos malignos (46,42%); resultado semelhante foi descrito por Bellei et al (2006). Animais idosos apresentaram 32,85% e jovens 13,57%, relatos similares foram feitos por Silveira et al (2006). A idade dos animais não foi informada em 7,14% dos casos deste estudo. Em animais jovens e adultos, as neoplasias mais comuns foram mastocitoma (30% e 35,38%, respectivamente) e CCE (25% e 18,46%), Em Silva et al (2011), cães adultos também foram os mais acometidos por estes tipos de neoplasias. Contudo, apesar destes autores considerarem raras as neoplasias em animais jovens, o CCE foi o tipo mais comum. Cães idosos desenvolveram principalmente melanoma (30,61%) e mastocitoma (26,53%). Silva et al (2011) relatam achados semelhantes e Teixeira et al. (2010), que trabalhou somente com melanomas, verificou maior prevalência nesta mesma faixa etária. Conclusão Neste estudo retrospectivo foi possível verificar que o mastocitoma foi a neoplasia cutânea maligna mais frequentemente observada. Os cães SRD, seguidos pela raça pit bull, são os mais acometidos por estes tumores. O fator sexo parece não interferir no surgimento da enfermidade. No entanto, cães adultos e idosos são mais propensos a desenvolverem neoplasias malignas de pele. Referências BARROS, R.M.; JACOBINA, G.C.; ECCO, R.; SILVA, C.E.V.; GALERA, P.D. Carcinoma das células escamosas multicêntrico em cão. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.9, n.1, p , jan/mar, BELLEI, M. H. M.; NEVES, D. S.; GAVA, A.; LIZ, P. P.; PILATI, C. Prevalência de neoplasias cutâneas diagnosticadas em caninos no estado de Santa Catarina, ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0463

5 5 Brasil, no período entre 1998 a Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.5, n.1, p , BRONDEN, L.B.; ERIKSEN, T.; KRISTENSEN, A.T. Mast cell tumours and other skin neoplasia in Danish dogs data from the Danish Veterinary Cancer Registry. Acta Veterinaria Scandinavica, Copenhagen, v.52, n.6, 1-6, CAMARGO, L. P.; CONCEIÇÃO, L. G.; COSTA, P. R. S.; Neoplasias melanocíticas cutâneas em cães: estudo retrospectivo de 68 casos ( ). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v.45, n.2, p , FERNANDES, C. C.; MEDEIROS, A. A.; MAGALHÃES, G. M.; SZABÓ, M. P. J.; QUEIROZ, R. P.; SILVA, M. V. A.; SOARES, N. P. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 31, n. 2, p , 2015 GOLDSCHMIDT, M. H; HENDRICK, M. J. Tumors of the Skin and Soft Tissues. In: MEUTEN, D. J. (Ed). Tumors in Domestic Animals. Iowa: Blackwell, p MEIRELLES, A. E. W. B.; OLIVEIRA, E. C.; RODRIGUES, B. A.; COSTA, G. R.; SONNE, L.; TESSER, E. S.; DRIEMEIER, D. Prevalência de neoplasmas cutâneos em cães da Região Metropolitana de Porto Alegre, RS: casos ( ). Pesquisa Veterinária Brasileira, Seropédica, v.30, n.11, p , SILVA, T. R.; FRANÇA, T. N.; CUNHA, T. R. M.; PRADO, J. S.; BRITO, M. F. Neoplasias Cutâneas de Cães Diagnosticadas no Laboratório de Histopatologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro de 1995 a Revista de Ciências da Vida, Seropédica, v. 31, n. 1, p , SILVEIRA L. M. G.; CUNHA F. M.; MARZANO T. F.; CALDERARO F. F.; BONAMIN L. V. Estudo crítico de neoplasias cutâneas em cães. Revista do Instituto de Ciências da Saúde, São Paulo, v.24, n.3, p , SOUZA, T. M.; FIGHERA, R. A.; IRIGOYEN, L. F.; BARROS, C. S. L. Ciência Rural, Santa Maria, v. 36, n. 2, p , TEIXEIRA, T. F.; SILVA, T. C.; COGLIATI, B.; NAGAMINE, M. K.; DAGLI, M. L. Z. Retrospective study os melanocytic neoplasms in dogs and cats. Brazilian Journal of Veterinary Pathology, Belo Horizonte, v.3, n.2, p , ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0464