PROLAPSO UTERINO ASSOCIADO À LEIOMIOMA - RELATO DE CASO UTERINE PROLAPSION ASSOCIATED WITH LEIOMIOMA - CASE REPORT

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1 PROLAPSO UTERINO ASSOCIADO À LEIOMIOMA - RELATO DE CASO UTERINE PROLAPSION ASSOCIATED WITH LEIOMIOMA - CASE REPORT Sarah Brasil VIEIRA 1, Yury Carantino Costa ANDRADE 1, Vanessa de Souza SOBREIRO¹, Raphael Vieira LOPES², Ana Cristina BRAGA, Antônio Alexandre Ribeiro VIEIRA², Carolina Barbosa CARVALHO Estudante de graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande, campus Patos/PB. sarahbrasilvieira@hotmail.com 2. Médico veterinário do Hospital Veterinário ETAVE - Fortaleza/CE. 3. Médica veterinária anestesista do Hospital Veterinário ETAVE - Fortaleza/CE. 4. Residente em Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, campus Patos/PB. RESUMO: O leiomioma é uma neoplasia benigna da musculatura lisa que pode acometer diversos órgãos, incluindo o útero, comum em cadelas idosas, não castradas. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de prolapso uterino associado à leiomioma em uma cadela, da raça poodle, com nove anos de idade que foi encaminhada ao Hospital Veterinário ETAVE da cidade de Fortaleza/CE. O animal apresentava como queixa principal, uma massa exteriorizada na vulva que havia aparecido há 3 dias. Após a anamnese e ao exame clinico foi solicitado pelo médico veterinário exames de imagem e patológicos. Com base nos exames instalou o diagnóstico presuntivo de prolapso uterino associado à leiomioma com indicativo de excisão cirúrgica. Os achados macroscópicos e microscópicos, pela histopatologia, confirmaram o diagnóstico de leiomioma, com prognóstico favorável. O precoce diagnostico juntamente com a terapia cirúrgica e o acompanhamento do profissional foram indispensáveis para recuperação do animal que recebeu alta no mesmo dia da realização da cirurgia e encontra-se com qualidade de vida. Palavras-chave: Benigna; Histopatologia; Prognóstico. Keywords: Benign; Histopathology; Prognosis. REVISÃO DE LITERATURA: O termo neoplasia é utilizado para designar um aumento de volume localizado, de uma massa anormal que em comparação com o do tecido normal, seu crescimento é excessivo, intencional e não autônoma. (WERNER, 2010). Os Anais do 38º CBA, p.1924

2 leiomiomas são tumores de origem mesenquimal, acometem a musculatura lisa de um determinado órgão, de caráter benigno, apresentam crescimento geralmente lento e baixo poder metastático, esses são os mais comuns tipos de neoplasias uterinas em cadelas (DALECK et al., 2008). De acordo com Mendonça et al. (2012) na ocorrência do leiomioma a hiperplasia é comum, por se tratar de um aumento do número de células no tecido, qualitativamente anormais. Tumores uterinos são raros nas cadelas (SIMPSON et al., 1998; KLEIN, 2001). Os animais acometidos com maior frequência são animais de meia idade a idosos (JOHNSTON et al., 2001; ETTINGER e FELDMAN, 2004). Tilley e Smith Jr. (2008) afirma não haver predisposição racial para esse tipo de neoplasia, esses tumores geralmente são silencioso, no cenário clínico e descoberto ao acaso. Essas neoplasias uterinas revelam geralmente, um crescimento lento, não invasivo e não metastático frequentemente associado à ausência de sinais clínicos (KLEIN, 2001 e JOHNSTON et al., 2001). Segundo Daleck et al. (2008) os portadores de leiomiomas podem apresentar aumento de volume abdominal e corrimento vaginal, como sinais clínicos menos frequente, para Fossum (2005) os que surgem do miométrio, podem se projetar no lúmem uterino, por um pedículo ou fazendo com que as paredes se evaginem. Tumores uterinos podem obstruir a cérvix e causar piometra, podendo também comprimir cólon, bexiga ou uretra, causando esforço ou obstrução (FOSSUM, 2005). O prolapso uterino é definido como uma eversão e uma protrusão de uma porção do útero, para o interior da vagina. Onde nota-se uma massa de mucosa em protrusão a partir da vulva. O reposicionamento do útero, no caso de prolapso uterino é o objetivo no tratamento cirúrgico, evitando infecções na massa que se encontra fora do seu posicionamento normal (FOSSUM, 2005). DESCRIÇÃO DO CASO: Um canino, fêmea, da raça poodle, com 9 anos de idade e pesando 6 Kg foi atendido no dia 28 dezembro de 2016 no Hospital Veterinário ETAVE em Fortaleza/CE. O animal foi encaminhado do hospital veterinário da UECE (Universidade Estadual do Ceará), com a queixa principal de um massa vulvar que havia aparecido há 3 dias. Na anamnese a proprietária informou que o animal além da presença da nodulosidade, Anais do 38º CBA, p.1925

3 apresentava corrimento vaginal sanguinolento e tenesmo. No exame físico foi constatado a presença de uma massa pendular, sem mais alterações digna de nota. Logo após a anamnese e o exame clinico foi solicitado pelo médico veterinário hemograma, bioquímica sérica, ultrassonografia abdominal, eletrocardiograma e radiografia torácica e excisão cirúrgica para retirada do nódulo. A suspeita clínica do quadro do animal era tumor de colo de útero ou prolapso uterino. A proprietária optou somente pela realização do procedimento cirúrgico uma semana após o diagnóstico. Retornando um dia anterior ao procedimento com o animal, apreensiva pois a protrusão uterina havia aumentado. Ao observar os exames complementares, o hemograma revelou um quadro de trombocitopenia, rouleaux eritrocitário, plaquetas gigantes. Na ultrassonografia foi constatado uma vesícula urinária com debrirúria discreta, útero com hiperplasia endometrial cística discreta e o ovário com a presença de um cisto. Os demais exames complementares não foram realizados, por opção da proprietária. No decorrer do exame físico houve rompimento do útero, o que determinou procedimento da cirurgia de emergência. Havendo a retirada da neoplasia, ovarioisterectomia e sondagem uretral do paciente. Um fragmento do nódulo foi encaminhado para exame histopatológico, onde foi diagnosticado leiomioma, com estadiamento patológico, neoplasia benigna bem diferenciada. No pós operatório foi receitado a aplicação de oxitetraciclina (Terramicina ) injetável, via IM, 10mg/ Kg a cada 96 horas no total de cinco aplicações. Meloxicam, (Maxican 0,2%) injetável, via SC 0,2 mg/kg cada 96 horas, no total de cinco aplicações. O uso oral de Stormogyl 10, 1 drágea/10kg a cada 24 horas, por dez dias. Meloxican (Maxican 0,5mg) 0,1 mg/kg cada 24horas, por quatro dias. Suplemento vitamínico (Hemolitan ) 1 ml/kg cada 12 horas, durante vinte dias. E para uso tópico Vetaglós pomada, aplicar na ferida cirúrgica a cada 12 horas, até a completa cicatrização. Foi recomendado o uso do colar elisabetano, retornar diariamente para avaliar a sonda e a ferida cirúrgica e com 10 dias para a retirada dos pontos. O animal se apresentou estável após a cirurgia e sem reincidência da neoplasia. DISCUSSÃO: Apesar do quadro clínico de trombocitopenia em que o animal se encontrava, o procedimento cirúrgico foi realizado mesmo sendo contraindicado, devido a ruptura uterina. Esses tumores podem ser de origem hormônio dependente, visto que ocorrem Anais do 38º CBA, p.1926

4 mais comumente em fêmeas idosas e não castradas (ETTINGER & FELDMAN, 1997; BRICHARD & SHERDING, 1998), corroborando com as características observadas na paciente relatada. Ettinger e Feldman (2004) acrescenta que os sinais clínicos normalmente incluem uma massa perineal de crescimento lento, massa que faz protrusão para fora da vulva ou, com menor frequência, sangramento ou corrimento vulvar. Isso permite afirmar que o animal relatado se encontrava com sinais clínicos semelhantes ao relatado pela literatura. A avaliação laboratorial não fornece resultados esclarecedores ou patognomônicos de neoplasia uterina, mas proporciona melhor acompanhamento do paciente. (DALECK et al., 2008). Radiografia e ultrassonografias podem visualizar massa uterina, capaz de expor detalhes e origem da neoplasia (FOSSUM, 2005; DALECK et al., 2008). Para Tilley e Smith Jr. (2008) usa-se também como método de diagnóstico, a avaliação citológica em casos de efusão abdominal e exame histopatológico necessário para diagnóstico definitivo. O tratamento eletivo destes tumores para Klein (2001), Ettinge e Feldman (2004), Daleck et al. (2008), Tilley e Smith Jr. (2008) é a excisão cirúrgica conservativa para remoção completa da massa, associado a ovarioisterectomia no momento da cirurgia é considerado um tratamento curativo para o leiomioma. Com prognóstico considerado excelente, onde o procedimento cirúrgico se mostra eficaz e curativo por ser um tumor benigno (DALECK, 2008). A cirurgia de ovarioisterectomia preveni a reincidência da neoplasia, não sendo necessário fazer tratamentos quimioterápicos para metástases. CONCLUSÃO: O prolapso uterino foi ocasionado pela presença do leiomioma no colo do útero. A terapêutica utilizada, ovarioisterectomia, mostrou-se eficiente, segura e curativa prevenindo assim a reincidência da neoplasia. REFERÊNCIAS: BIRCHARD, J.; SHERDING, R. Clínica de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, p.1028, Anais do 38º CBA, p.1927

5 DALECK, C. R.; NARDI, A. B. e RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca, 2008, 612p. ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 1ª ed São Paulo:Manole,., v.2, p , , ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, p FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. 2º ed. São Paulo: Roca, p.644, JOHNSTON, D. S.; KUSTRIZ, R. V. M.; OLSON, P. N. S. Canine and feline Theriogenology. Philadelphia: Saunders, 2001, p KLEIN, M. K.; Tumors of the female Reproductive System, in WIHTROW, S. J.; MACEWEM, E. G., Small animal Clinical Oncology, 3ª.ed Philadelphia: Saunders 2001, p MENDONÇA, L. M.; SOUZA, G. R.; CARVALHO, G. V.; FREITAS, F. N.; PERIN, C. R.; SILVA, P.A. M. Leiomioma vaginal em cadela SRD. Revista eletrônica nutritime. Artigo 171.v 9, n 04 p jul/ago SIMPSON, G.; ENGLAND, G. C. W.; HARVEY, M. Manual of Small animal reproduction and Neonatology, Hampshire UK: BSAV, 1998, 200 p. TILLEY, L. P.; SMITH JR, F. W. K. Consulta veterinária em 5 minutos: espécie canina e felina. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2008, 1550p. WERNER, P. R. Patologia geral veterinária aplicada. São Paulo: Roca, P Anais do 38º CBA, p.1928

6 Anais do 38º CBA, p.1929