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Transcrição:

1 PN.1217/99, Ag.: TC V.ª Real Sto. António; Ag.es: Cândida Rosa Gomes Dias, Rua Eça de Queiroz, 47, V.R.S. António, [Maria da Encarnação Dias de Jesus Leiria, c/c José Raimundo Martins da Palma, Circular Rainha Sta. Isabel, edf. Olago, 20, 5º esq., Cacém, Alice Luis Dias Leiria, c/c Serge Marie Serina Conceição,Rua Eça de Queiroz, 47, V.R.S. António]; Ag.os: Fernando Rodrigues Contreiras, Rua João de Deus, 34, V.R.S. António; João Fernando da Conceição Contreiras, c/c Maria da Graça Vasques Ribeiro Contreiras, Rua Dr. Manuel de Arriaga, 78, 1º V.R.S. António, Joaquim Manuel da Conceição Contreiras, c/c Maria Manuela Gonçalves Silva Contreiras, Sítio das Hortas, V.R.S. António. Acordam no Tribunal da Relação de Évora 1. Inicialmente proposta com o fundamento em denúncia válida e, operante em 06.10.92, de contrato de arrendamento rural ao agricultor autónomo, os AA. [Ag.os] pediram, já depois do saneador 1 e com a apresentação do rol 2, a declaração (ex novo) da caducidade do contrato de arrendamento objecto do litígio, para o efeito alegando, em síntese: a) O arrendatário faleceu em 09-05-98; b) O cônjuge, para quem o arrendamento se deveria transmitir, não comunicou ao senhorio que pretendia exercer tal direito, no prazo de 180 dias, após a morte do arrendatário. 1 Not. por carta de 26.10.98. 2 Ap. 12.11.98. 1

2 2. Responderam os RR. [Ag.es] dizendo: a) O senhorio faleceu em 29-07-98, na pendência da acção; b) Só a partir da data do trânsito em julgado da sentença que decidiu o incidente de habilitação de herdeiros (25-03-99), é que se pode saber-se a quem deveria ser comunicada a intenção de exercer o direito à transmissão do arrendamento; c) Não operou a caducidade, nem do contrato, nem do direito à transmissão. 3. Responderam os AA., pugnando agora pelo despejo imediato: a).trata-se de arrendamento rural na modalidade de arrendamento ao agricultor autónomo; b) A R. não é agricultora, não exercendo, nem nunca tendo exercido, tal actividade; c) O prazo de caducidade não se suspende, nem se interrompe, senão nos casos em que a lei o determina, e começa a contar-se desde o momento em que o direito puder legalmente ser exercido 3 ; d) O art. 24º/2, DL 385/88, 25.10, não estabelece nenhuma causa suspensiva ou interruptiva da caducidade; e) Os habilitados por falecimento do senhorio já eram também AA. na presente acção; f) A pretensão dos RR. não passa de uma manobra dilatória, para retardar a entrega do prédio, sem qualquer benefício visível, pois não o cultivam. 4. Deve ter-se por assente: a) O A., Fernando Rodrigues Contreiras, faleceu em 29-7-98, na pendência da causa; b) Foram habilitados como seus sucessores, para prosseguirem na posição do A., os filhos João Fernando e Joaquim Manuel e respectivas mulheres, por sentença proferida em 09-03-99; 2

3 c) Em 25-8-95 falecera a A., mulher, tendo sido então julgados habilitados como seus sucessores, por sentença de 15-07-97, o A. Fernando Contreiras, marido, e os mesmos filhos e respectivas mulheres; d) Em 09-05-98, faleceu o arrendatário, Renato de Jesus Leiria, R. nesta acção, deixando como cônjuge sobrevivo a R. Cândida Rosa Gomes Dias; e) Com a apresentação do rol de testemunhas (11.11.98) a R. Cândida Rosa Gomes Dias juntou aos autos certidão de óbito do marido Renato Bruno de Jesus Leiria, solicitando a notificação dos AA. para os fins que tivessem por convenientes; f) Também com a apresentação do rol (12.11.98), juntaram os AA. a mesma certidão de óbito. E pediram a extinção da instância por inutilidade superveniente da lide (caducidade do arrendamento, por não exercício do direito de transmissão); g) Entretanto, suspensa a instância, e pedida a habilitação dos herdeiros do A. e R. maridos, foi proferida a decisão indicada em b); h) Transitada, a R. pediu, em 27.04.99, na resposta ao requerimento dos AA., indicado em f), a notificação dos AA. da intenção de exercer o direito à transmissão do arrendamento, substituindo-se assim ao marido falecido no contrato de arrendamento em litígio. 5. A decisão recorrida considerou caduco o contrato de arrendamento celebrado entre o A. e o R. (maridos), relativo ao prédio rústico, sito em Hortas, freguesia e concelho de Vila Real de Santo António, composto de terra de semear e de regadio, com nora e levadas, com diversas árvores de fruto e casas de recolha de alfaias agrícolas, inscrito na respectiva matriz sob o nº 231 e, em consequência, ordenou o despejo imediato de tal prédio: a) O arrendamento rural não caduca por morte do arrendatário, e transmite-se ao cônjuge sobrevivo 4 ; 3 Art.s 328º e 329º CC. 4 Vd. arts. 23º, nº 1 e nº 2, al. a), e 24º, nº 2, do DL. 385/88, 25-10. 3

4 b) O titular que queira exercer o direito à transmissão comunicará porém tal vontade, por escrito, ao senhorio, no prazo de 180 dias após a morte do arrendatário, sob pena de caducidade; c) A R., cônjuge sobrevivo, não procedeu à comunicação nesse prazo; d) Justificou a falta de tal comunicação com o desconhecimento de quem fossem os sucessores do senhorio, falecido dois meses e vinte dias após o arrendatário, o que só veio a saber após o trânsito em julgado da decisão do respectivo incidente de habilitação de herdeiros; e) Mas no caso dos autos, não existe qualquer norma que determine a suspensão ou interrupção do prazo, já que é estabelecido em norma de natureza substantiva, que não se confunde com as normas processuais que determinam a suspensão da instância pelo falecimento da parte, e enquanto não transitar em julgado a decisão que julgue a respectiva habilitação; f) Aliás, neste caso, nem a identificação dos sucessores do falecido apresentaria especial dificuldade, uma vez que designadamente os dois filhos, que tinha, já haviam sido habilitados, juntamente com o senhorio, como sucessores da mulher deste e mãe daqueles; 6. Os recorrentes apresentaram as seguintes conclusões: a) Finda a fase dos articulados, todos os factos constitutivos, extintivos ou modificativos do direito podem fundamentar um articulado superveniente; b) Por isso, finda tal fase, alegando-se a caducidade do exercício do direito à transmissão do arrendamento, tal facto, integrando o conceito de facto superveniente, deve ir a esse articulado próprio; c) Que no entanto deve ser apresentado no prazo do art. 506º/2 CPC; d) Assim, o articulado somente deve ser admitido nos 10 dias anteriores à notificação da data designada para julgamento, ou na audiência de discussão e julgamento; 4

5 e) De todo o modo, a apresentação de articulado superveniente, em momento posterior ao despacho saneador, não permite que o julgador o aprecie e decida da pretensão controvertida; f) É que a matéria de facto alegada em articulado superveniente terá de vir a ser incluída na base instrutória, para depois ser apreciada na sentença final; g) Qualquer decisão tomada em contrário está ferida de nulidade; h) Por outro lado, o titular do direito à transmissão por morte do arrendamento rural somente pode exercê-lo desde que conheça a identidade do senhorio; i) Tendo este falecido, e estando em curso a respectiva habilitação de herdeiros, o exercício de tal direito só pode efectivar-se após o trânsito em julgado da decisão final do incidente, sendo irrelevante que tenha havido anterior habilitação, mas por morte de outrem (conjugue do senhorio); j) Mas o não cumprimento do disposto no art. 24º/2, DL 385/88, 25.10, não determina sequer a caducidade do arrendamento rural; k) E ao entender-se que este preceito comina a sanção da caducidade, deve ser julgado inconstitucional, por violar o princípio da igualdade (art.13º CRP), não podendo ser aplicado pelos tribunais (art. 207º CRP); l) Ao decidir como decidiu, a decisão recorrida violou, por erro de interpretação e aplicação, o disposto nas seguintes normas legais: Art.s 201º, 202º, 506º/1.2, 510º, 511º e 668º CPC; Art. 24º, DL 385/88, 25.10; Art.s 13º e 207º CRP; m) Deve ser revogada, para se ordenar o prosseguimento dos autos. 7. Nas contra alegações disseram os recorridos: a) O requerimento dos AA., que suscitou a declaração de caducidade do contrato, não constitui um articulado superveniente, no sentido dos art.s 506º ss. CPC; 5

6 b) Constitui sim um incidente inominado de que o julgador deve conhecer imediatamente, respeitado que seja, tal como foi, o contraditório; c) Deste modo, o julgador decidiu bem, ao julgar de imediato, não violando quaisquer normas legais; d) É que o arrendatário faleceu na pendência da causa, e o cônjuge não comunicou ao senhorio, no prazo de 180 dias, a vontade de exercer o direito à transmissão do arrendamento; e) Ora, a falta de comunicação, dentro daquele prazo, importa caducidade do direito e a consequente extinção do contrato (art. 24º/2, DL 385/88, 25.10); f) E tratando-se de um prazo de caducidade, aplicam-se as regras gerais relativas à figura, nomeadamente os art.s 328º e 329º CC; g) Estas normas estabelecem que o prazo de caducidade não se suspende, nem se interrompe, senão nos casos em que a lei o determina, o qual começa correr no momento em que o direito puder legalmente ser exercido; h) No caso dos autos não existe norma que determine quer a suspensão quer a interrupção deste prazo de caducidade, que começou a correr no dia seguinte ao falecimento do arrendatário; i) Mais de 180 dias depois, a R. não comunicou aos senhorios a vontade de exercer o direito à transmissão do contrato; j) Logo, a sentença recorrida decidiu bem ao declarar caduco o arrendamento; k) Por outro lado, o arrendamento rural e o arrendamento urbano, dispõem de regimes jurídicos diferenciados, dadas as suas especificidades; l) Situações concretas desiguais devem ser objecto de tratamento desigual, sem violação portanto do art. 13º CRP; m) O disposto no art. 24º/2, DL 385/88, 25.10 não viola assim o princípio da igualdade, sendo por isso legal a sua aplicação, pois não enferma de inconstitucionalidade; 6

7 n) O despacho recorrido respeitou, por consequência, a legalidade, fez correcta interpretação e aplicação da lei, decidiu com justiça, pelo que deverá ser mantido. 8. O recurso está pronto para julgamento. 9. Defendem os recorrentes que a matéria da extinção do contrato de arrendamento rural ajuizado, por caducidade do direito à transmissão por morte do arrendatário, deveria ter sido apreciada, quando muito, em sentença final, sopesados todos os outros elementos do litígio, e que vinham do impulso e contestação iniciais. Pelo contrário, sustentam os recorridos que se trata de incidente inominado a exigir decisão restritiva, e imediata, respeitado o contraditório. No entanto, o problema enfrentado pela decisão recorrida apresenta contornos de verdadeiro confronto com a inicial pretensão. Se na verdade o contrato se extinguiu por denúncia válida, já nem era transmissível a posição de arrendatário, à data do falecimento do R. Nesta perspectiva, o falecimento, e falta de comunicação da intenção de tomar a posição do arrendatário (por quem de direito), não constitui sequer facto constitutivo, modificativo ou extintivo, no contexto da situação jurídica trazida à acção, que é base e recorte da lide: trazer ao debate tais circunstâncias implica, em boa verdade, abandonar o pedido, tal como foi formulado. Por isso mesmo, terá sido que os AA. pediram inicialmente a extinção da instância, por inutilidade superveniente. Em todo o caso, a lei não prevê, ainda assim, neste domínio, qualquer incidente inominado, porém como bem sustentam os recorrentes a possibilidade, por via de articulado superveniente, de se alegarem novos factos, de interesse para a justa decisão. Mas parece que esses factos terão de adquirir relevância em face do pedido e da causa de pedir, sem alteração qualitativa, como talvez não seja o caso. Donde, a dúvida de nem sequer poderem ser admitidos (aqueles que foram aduzidos pelos AA.) à discussão mediante superveniência. Na verdade, ou os recorridos desistiam 7

8 do pedido e intentavam convencer a R., opondo-lhe o motivo da extinção do contrato, por não lhe ter sido transmitida a posição de arrendatária, ou continuavam a manter a pretensão com base na causa de pedir arquitectada (em manifesta contradição lógica com as novas, e irrelevantes, circunstâncias). É que não faz sentido começar por alegar a extinção do contrato e já depois ficciona-lo como permanecente, mas não transmitido, logo reextinto. Assim, parecem ter alguma razão os recorrentes: quando muito a matéria que foi objecto da decisão recorrida só adquiriria pertinência se e quando se decidisse pela invalidade da denúncia, inicialmente alegada. Todavia, nesta direcção, abrir-se-ia também a via do estabelecimento de uma base alternativa do pedido, que não é admissível, perante a manifesta falta de acordo nesse sentido, e o disposto no art. 273º/1 CPC. Concluímos, por conseguinte, pela extraneidade do problema enfrentado pela decisão recorrida, segundo a conformação e o momento da causa, vista a pretensão que em concreto os AA. formularam (ao alegarem a caducidade do direito à transmissão da posição contratual do arrendatário), ainda assim sem que se não deixe de dizer poder representar a simples persistência na posição que a R. assumiu e assume na lide, uma verdadeira tácita e automática comunicação da intenção de a sucessível pretender tomar o papel, no contrato, do marido falecido, tanto que ainda fez juntar aos autos, e dentro do prazo da intervenção processual que corria, para os fins que os AA. tivessem por convenientes, certidão do óbito na proximidade da expiração da requerida delonga de 180 dias, após o decesso. Nunca haveria pois de ser decretado o despejo imediato (efeito incidental não previsto na lei), nem de decidir, desde já, sobre a caducidade do contrato de arrendamento, nem verdadeiramente de levar os factos novos, e supervenientes, à base instrutória (aqui, desde logo por isso não ter sido pedido; antes pretendida, e pelo contrário, ou a extinção da instância, por inutilidade, ou o despejo imediato; mas também por legal proibição). 8

9 10. Atento o exposto, vistos os art.s 201º, 202º, 273º/1 e 506º CPC, decidem revogar a decisão recorrida, para que prossigam os autos com a designação de Audiência, e manutenção da base instrutória já estabelecida 5. 11. Custas pelos agravados, sucumbentes. 5 Chama-se a atenção para a circunstância de os sucessores do R., arrendatário, não terem sido habilitados, ainda que isso tenha sido pedido no incidente que desembocou na habilitação dos herdeiros do A.. 9