Rentabilidade Econômica do Arrendamento de Terra para Cultivo de Eucalipto em São Paulo



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Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 http://dx.doi.org/10.1590/2179-8087.033113 ISSN 1415-0980 (impresso) ISSN 2179-8087 (olie) Artigo Origial Retabilidade Ecoômica do Arredameto de Terra para Cultivo de Eucalipto em São Paulo Vaderlei Satos de Souza 1, Romao Timofeiczyk Juior 2, Ricardo Berger 2, João Carlos Garzel Leodoro da Silva 2, Philippe Delacote 3 1 Departameto Operacioal, Empresa ERB - Eergias Reováveis, Curitiba/PR, Brasil 2 Departameto de Ecoomia Rural e Extesão, Uiversidade Federal do Paraá - UFPR, Curitiba/PR, Brasil 3 Laboratoire d`ecoomie Forestière, Ira-AgroParisTech, Nacy, Fraça RESUMO O presete estudo teve como objetivo aalisar o arredameto de terra para o cultivo de eucalipto o Vale do Paraíba, São Paulo. Utilizaram-se iformações de dez propriedades, sedo oito proprietários da terra, uma empresa de papel e celulose e um ivestidor em ativos florestais. As ferrametas ecoômicas utilizadas foram VPL, TIR e VET. Com uma TMA de 8,75% a.a., o cultivo de eucalipto com ivestimeto em terra a região estudada mostrou ser viável ecoomicamete em cico propriedades. Com a garatia de produtividade estabelecida em cotrato, o ivestimeto apresetou viabilidade ecoômica para o arredameto de terra, porém iviável para o ivestidor. A garatia de produtividade mostrou ser importate para mater a retabilidade para o ivestidor e para o arredado pois, sem a mesma, apeas três propriedades apresetaram viabilidade ecoômica para arredameto. Palavras-chave: avaliação ecoômica, preço da terra, arredameto florestal. Ecoomic Profitability of Lad Lease for Eucalyptus Cultivatio i Sao Paulo State, Brazil ABSTRACT The preset study aimed to aalyze the leasig of lad for the cultivatio of eucalyptus i Vale do Paraiba, Sao Paulo state, Brazil. We used iformatio from 10 properties, eight ladowers, a pulp ad paper compay, ad a ivestor i forestry assets. The ecoomic tools used were the Net Preset Value (NPV), Iteral Rate of Retur (IRR) ad Lad Expectatio Value (LEV). Cosiderig a miimum attractiveess rate of 8.75%, the cultivatio of eucalyptus with ivestmet i lad i the study area was ecoomically viable for oly five of the properties aalyzed. With the guaratee of productivity established i the cotract, the ivestmet was feasible for lad lease, but uecoomical for the ivestor. Esurig productivity was importat to maitai ecoomic viability for the ivestor ad the lessee, cosiderig that without productivity assurace oly three properties showed ecoomic viability for lad lease. Keywords: ecoomic evaluatio, lad price, forestry lease.

346 Souza VS, Timofeiczyk R Jr, Berger R, Silva JCGL, Delacote P Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 1. INTRODUÇÃO O desempeho ecoômico do setor florestal está itimamete ligado a capacidade de produção de madeira, sua pricipal matéria-prima. De acordo com dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Platadas (ABRAF, 2012), o Brasil possui aproximadamete 6,5 milhões de hectares com cultivos florestais, pricipalmete com pius e eucalipto. A madeira produzida esses cultivos é a pricipal fote de matéria-prima para o abastecimeto do setor moveleiro, celulose, madeira serrada, leha, paiéis e siderurgia. Dos 255 milhões de metros cúbicos de madeira cosumidos pelas idústrias do setor em 2011, 36% foram pela idústria de papel e celulose. Uma alterativa ecotrada pelo setor para suprir a demada crescete por madeira são parcerias para o cultivo florestal, torado-se uma prática estratégica para as empresas de celulose e papel. Localizadas geralmete em áreas com preço de terra elevado para a atividade florestal, veem a parceria com produtores rurais uma alterativa para o aumeto da sua base florestal. De acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA, 2011), o segmeto de papel e celulose possui 28,7% de sua floresta sob forma de fometo, pricipalmete com pequeos produtores rurais, represetado uma área de aproximadamete 377 mil hectares. O estado de São Paulo detém a terceira maior área platada com pius e eucalipto em parceria, sedo que do total de áreas sob fometo e arredameto com essas espécies, 18% estão o estado de São Paulo, somado 161,5 mil hectares (ABRAF, 2012). Uma das explicações para o aumeto de parcerias para a formação florestal está o alto ivestimeto em terras. De acordo com o Auário da Agricultura Brasileira (FNP, 2010), o estado de São Paulo possui o hectare de terra para reflorestameto mais caro do país. Rezede & Oliveira (2001) mecioam que o custo de oportuidade da terra represeta aproximadamete 5% do custo total de produção florestal o Brasil, sedo que pode aumetar de acordo com o valor das terras. Coforme Silva et al. (2008), se se cosiderar aida que as áreas de preservação permaete e de reserva legal ão poderiam ser utilizadas para a produção de madeira, o custo da terra pode chegar a 15% ou mais do custo de produção, depededo da topografia ou particularidade da região. Para o desevolvimeto de qualquer atividade ecoômica, três fatores são prepoderates: terra, capital e trabalho. No caso da atividade florestal para as empresas, o fator terra ecarece a produção pela imobilização de capital para sua aquisição, através dos impostos e custos de produção, além do problema social gerado pela cocetração fudiária. Por outro lado, para o proprietário rural que se ecotra o raio de atuação de uma empresa florestal, o fometo pode represetar uma oportuidade, facilitada pelo aporte de tecologia e apoio fiaceiro para a etrada a atividade, as diferetes modalidades de parceria (Rochadelli et al., 2008). Dessa forma, as parcerias florestais cumprem com três fuções básicas: (1) Suprimeto de madeira para a idústria de papel e celulose; (2) Possibilitar a ivestidores istitucioais empregar recursos fiaceiros em florestas platadas, sem a ecessidade de imobilizar capital em terra; e (3) Para o proprietário rural, a oportuidade de gerar receita, seja em cosórcio com as atividades já existetes ou mesmo em áreas margiais, sem aptidão para outros usos. Cada uma das partes evolvidas tem como pricipal objetivo obter o máximo retoro ecoômico possível. A parceria para ivestimetos florestais, coforme Oliveira et al. (2006), costitui compoete importate a reda familiar do produtor rural. Aida de acordo com os autores, é possível iferir que essa codição se dá pelo fato da fometadora pagar atecipadamete ao produtor para ele repassar ao empreiteiro, resposável pela execução de serviços pertietes à implatação, mauteção e colheita florestal. Porém, em muitos casos os serviços são executados pelos próprios membros da família do produtor. Além de suprir os iteresses idividuais, a parceria florestal traz gahos sociais e ambietais, de forma a torar o setor florestal mais produtivo e, ao mesmo tempo, cotribuir para o desevolvimeto de toda região em que está iserido. Os beefícios dessas parcerias são de iteresse do setor privado, govero e sociedade. Para a idústria, que ecessita de madeira, um programa de fometo florestal é visto como uma possibilidade de retoro do ivestimeto em matériaprima, a custos compatíveis, e também uma forma de propiciar uma melhoria em sua imagem com as parcerias formadas. Para govero e sociedade, por sua vez, tais programas cumprem certa fução social gerado impostos, empregos e favorecedo a fixação da mão de obra a região. Além disso, a exploração de florestas platadas cotribui para dimiuir a pressão

Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 Retabilidade Ecoômica do Arredameto de Terra 347 atrópica sobre as florestas ativas, favorecedo sua preservação e coservação, possibilitado também a recuperação de áreas degradadas (Oliveira, 2003). A prática florestal pelo pequeo e médio produtor rural atua a melhor distribuição das áreas com platios comerciais, servido como um mecaismo para descocetração fudiária (Fischer, 2007). Com o aumeto da prática de parcerias para o platio de florestas comerciais o Brasil, cresce a ecessidade de estudos para a avaliação ecoômica dessas parcerias. Timofeiczyk et al. (2007) citam que existem várias ferrametas para aálise de retabilidade de ivestimetos em projetos de logo prazo. Segudo os autores, o caso de ivestimetos florestais, as mais tradicioais são a do Valor Presete Líquido (VPL), Valor Presete Líquido Aualizado (VPLa), Taxa Itera de Retoro (TIR) e Valor Esperado da Terra (VET). Com o uso dessas ferrametas, o presete trabalho teve como objetivo pricipal aalisar a retabilidade ecoômica do cultivo de eucalipto a região do Vale do Paraíba, o estado de São Paulo, sob sistemas de parceria. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Área de estudo O trabalho foi realizado o Vale do Paraíba, estado de São Paulo. A área de estudo é composta por dez propriedades, compreededo um total de 1.030 ha, ode 668 ha são de áreas aproveitáveis com destio ao cultivo florestal de uma idústria de celulose e papel. Com o objetivo de estimular a oferta de madeira para suas uidades de produção, a empresa de celulose e papel icetivou o arredameto para o cultivo de platios comerciais através da participação de pequeos e médios produtores rurais da região. Para tato, a empresa de celulose e papel buscou a parceria com ivestidores istitucioais para o cultivo florestal. Dessa forma, o arredameto atede as ecessidades de cada um de seus participates. A empresa produtora de celulose e papel tem a garatia do forecimeto de madeira para a operação de sua uidade de produção. O proprietário rural, que já possui a terra, garate uma receita com a atividade florestal. Para o ivestidor, a vatagem está em estabelecer um ivestimeto com garatia de receita para seus acioistas e a ão imobilização do capital em terra. Esse cojuto de ações possibilita à empresa produtora de celulose e papel reduzir cosideravelmete a imobilização de capital, tato em terra como em floresta. Para a mauteção do arredameto de terra, podem-se estabelecer como pricipais direitos e deveres de cada uma das partes: a) Produtor rural (arredado): O proprietário rural cede a porção de terra para o cultivo de eucalipto, em troca tem direito a 30% de todo o volume de madeira colhido em sua propriedade. Do volume total de madeira a que tem direito, assume a obrigação de comercializar com o arredatário. b) Empresa de celulose e papel (arredatário): A empresa é resposável pela implatação e mauteção florestal, assumido 20% de todo o desembolso ecessário para a implatação florestal e 100% do custo total com a mauteção dos platios implatados as áreas arredadas. Aida são de total resposabilidade do arredatário os serviços para mater a saidade dos platios, icluido mão de obra e outros custos, liceciametos ambietais e ivetário florestal. O arredatário garate a compra de toda a madeira produzida sob sua resposabilidade as áreas arredadas. Aida é garatia da empresa uma produtividade míima de 280 m³ de madeira por hectare aos sete aos. Para toda a madeira comprada pelo arredatário, o preço míimo é estipulado em cotrato para o metro cúbico de madeira para processo (maiores diâmetros) e para leha (meores diâmetros). Os valores foram corrigidos de acordo com o Ídice Geral de Preços (IGP-M), da Fudação Getúlio Vargas (FGV). O arredatário tem a obrigação de comprar toda a madeira produzida, pelo preço estabelecido em cotrato. Aida tem o direito a 22% do volume total de madeira produzido as áreas arredadas. c) Ivestidor: Para reduzir os custos com ovos projetos florestais, buscaram-se os recursos fiaceiros ecessários através de parcerias. No caso dos arredametos florestais da empresa, a solução foi a parceria com ivestidores que teham em projetos florestais seu pricipal foco de aplicação fiaceira. O ivestidor istitucioal tem a resposabilidade de arcar com 80% de todo o desembolso realizado a implatação florestal. Esse valor realizado dá o direito a 48% de todo o volume de madeira produzido as áreas arredadas. Para reduzir os valores com trasporte de madeira, o arredameto é realizado as proximidades da fábrica, com

348 Souza VS, Timofeiczyk R Jr, Berger R, Silva JCGL, Delacote P Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 distâcias máximas de 90 km. O cotrato tem validade até a colheita, podedo ser reovado ou ão a cada iterveção a floresta, desde que todas as partes assim o queiram. 2.2. Dados utilizados Os dados para composição do estudo foram obtidos juto à empresa de celulose e papel. Foi realizada cosulta aos documetos referetes aos dados físicos e ecoômicos, bem como às codições para a implatação do cultivo florestal. O período de coleta dos dados foi de setembro a dezembro de 2010, com rechecagem e iformações complemetares obtidas após o período de coleta dos dados, estededo-se até fial de 2012. A fote de dados foi forecida pela empresa, através de mapas de uso do solo, ivetários, plaos de maejo, cotratos de arredameto florestal e plailhas de custos. 2.3. Fluxo de caixa Utilizou-se o modelo de fluxo de caixa descotado, o qual cosidera a variação que o diheiro possui ao logo do tempo. Horgre (1985) mecioa que esse é o melhor método para tomadas de decisão, sedo que um aspecto importate do fluxo de caixa descotado é seu efoque as etradas e saídas de caixa e ão o lucro líquido, tal como calculado o setido de cotabilidade pelo regime de competêcia. Com base os custos totais com implatação e mauteção florestal, preços de madeira e produtividade, foram elaborados o fluxo de caixa para o ivestimeto sem e com a aquisição de terra. Dessa forma, a aálise possibilitou avaliar ecoomicamete o ivestimeto para cada um dos participates do arredameto. O arredatário e o ivestidor ão arcam com o valor da terra, custeado apeas um percetual do custo com a implatação e mauteção da florestal. Já o arredado ão arca com os ivestimetos ecessários para a formação da floresta, porém, tem o valor da terra seu ivestimeto. Com base o valor médio da madeira o Vale do Paraíba, o preço estipulado em cotrato para o metro cúbico de madeira as áreas arredadas foi corrigido pelo IGP-M para a data da colheita. O fluxo de caixa com a iclusão do valor da aquisição da terra parte do pressuposto que o custo o ao zero com a terra refere-se à sua compra, ou seja, saída de capital para aquisição de um hectare de terra. No último ao do fluxo de caixa, correspodete à receita proveiete da veda de madeira em pé, é acrescido também à receita a veda da terra, e isso se deve ao fato de que a terra é vedida, etrado como receita o fluxo de caixa. Bittecourt (2006), aalisado a viabilidade ecoômica do Nim Idiao, com ivestimeto iicial em terra, utilizou seu valor como saída de caixa o ao zero e o fial do ciclo como etrada de caixa. 2.4. Taxa míima de atratividade (TMA) A TMA utilizada o presete trabalho foi de 8,75% a.a., a mesma utilizada como pagameto dos juros por empréstimos juto à liha de fiaciameto do Programa de Platio Comercial e Recuperação de Floresta. Isso parte do pressuposto de que o ivestimeto dever ser remuerado a uma taxa o míimo igual às cobradas pelos pricipais fiaciametos florestais. 2.5. Métodos de aálise de ivestimetos Após a obteção do fluxo de caixa cotedo as etradas e saídas moetárias ao logo do horizote de plaejameto, utilizaram-se ferrametas da egeharia ecoômica para avaliação da retabilidade. Os métodos utilizados foram os métodos do Valor Presete Líquido (VPL), Valor Esperado da Terra (VET) e Taxa Itera de Retoro (TIR). 2.6. Valor Presete Líquido (VPL) Expresso em valores moetários e largamete utilizado para medir a eficiêcia ecoômica de um ivestimeto, é obtido através da soma algébrica dos valores, descotados do fluxo de caixa, segudo a taxa míima de atratividade adotada. De acordo com Timofeiczyk (2004), o VPL pode ser expresso pela Equação 1: j ( 1 ) ( 1 ) (1) VPL = Rj + i Cj + i j= 0 J= 0 Em que: Rj = Receitas o período de tempo j cosiderado; Cj = Custos o período de tempo j cosiderado; = Duração do projeto em aos ou em úmero de períodos de tempo; i = Taxa aual de juros, expressa de forma decimal. j

Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 Retabilidade Ecoômica do Arredameto de Terra 349 2.7. Taxa itera de retoro (TIR) A TIR é alcaçada quado o VPL do fluxo de caixa se iguala a zero. Forece a taxa da real retabilidade do ivestimeto e por essa razão é cosiderada a taxa itera do empreedimeto. Segudo Timofeiczyk (2004), a TIR é obtida pela Equação 2: j ( 1 ) ( 1 ) 0 (2) j= 0 j= 0 j TIR= Rj + i Cj + i = Em que: Rj = Receitas do período de tempo j cosiderado; Cj = Custos do período de tempo j cosiderado; = Duração do projeto em aos ou em úmero de períodos de tempo. 2.8. Valor esperado da terra (VET) Davis & Johso (1987) afirmam que o VET é o valor que expressa o VPL de uma área de terra ua a ser utilizada para a produção de madeira, calculado com base uma série ifiita de rotações. Esse critério é utilizado para determiar a rotação ecoômica e o preço máximo de compra de terra ua, cosiderado-se uma série ifiita. De acordo com Silva et al. (2002), o VET é obtido pela Equação 3: ( Rj Cj)(1 i) + j= 0 (3) VET = (1 + i) 1 Em que: VET = Valor esperado da terra; Rj = Receitas líquidas descotadas; Cj = Custos totais descotados; i = Taxa de descoto; = Idade de rotação da floresta. Timofeiczyk (2004) cometa que para ocorrer um excedete ecoômico a TIR do ivestimeto florestal deve ser maior do que a TMA. O autor afirma que o excedete passa a ser o quato pode ser gasto para adquirir a terra ou o valor máximo que se pode gastar ela e aida permitir a remueração dos fatores e do proprietário. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Custos As parcerias florestais, quado realizadas com empresas de grade porte como as do setor de papel e celulose, podem ter os custos com implatação florestal uma vatagem. Com vasta experiêcia o cultivo de florestas de rápido crescimeto, essas empresas geralmete possuem uma grade estrutura que permite ecoomia de escala, o que pode acarretar em custos meores. A região do Vale do Paraíba possui codições edafoclimáticas propícias para a produção florestal. Isso facilita o cultivo de eucalipto como alterativa de fote de reda para os agricultores. Porém, a região possui uma grade diversidade de tipos de solo que, em razão das características que cada um apreseta, exigem tratametos difereciados, variado de acordo com as exigêcias utricioais de cada um. As propriedades aalisadas apresetaram variações o custo de implatação, pricipalmete pelas difereças existetes a formação do relevo. De acordo com Oliveira et al. (2006), quato mais acidetado o terreo, maior os custos com a atividade florestal. Na Tabela 1 são apresetados os custos totais, distribuídos de acordo com as operações ecessárias à implatação e mauteção de um hectare de floresta de eucalipto, dada as codições da área estudada. Os custos variaram de acordo com a propriedade estudada, tedo como pricipal fator as codições do terreo. As propriedades com os maiores custos de implatação (4, 6, 8, 9 e 10) são as que apresetam piores codições de relevo. Os solos apresetam características diferetes para cada área arredada, implicado em diferetes recomedações de adubação, com impactos os custos de isumos. Os custos com mauteção são diferetes para cada ao após o platio, devido meor ecessidade com operações de roçada e capia com o amadurecimeto do platio (Dubè, 1999). Do valor total do custo com a formação florestal, 87% foi com a implatação e 13% com a mauteção. O valor correspodete a mauteção, que foi todo de resposabilidade do arredatário, represetou 43% do seu custo total, comprometidos a formação florestal. A difereça do maior valor, referete à propriedade 4, em relação ao meor, da propriedade 1, foi em fução dos maiores custos com estradas, limpeza de área e isumos. 3.2. Receitas Timofeiczyk (2004) afirma que o volume produzido por uma floresta é um dos pricipais compoetes para a formação da receita. Cercado de muita icerteza, geralmete é um grade iibidor para parcerias de logo prazo. Uma alterativa ecotrada para o

350 Souza VS, Timofeiczyk R Jr, Berger R, Silva JCGL, Delacote P Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 arredameto esse trabalho foi a garatia de um volume míimo quado da colheita. Assim, as florestas que ão atigirem o volume de 280 m³/ha, o arredatário garate o pagameto equivalete ao volume da garatia. O volume garatido pelo arredatário de 40 m³/ha ao ao é compatível com a produtividade média dos platios de eucalipto o Brasil, que, de acordo com a BRACELPA (2011), produzem 41 m³/ha, com potecial para 50 m³/ha. A Tabela 2 apreseta as receitas brutas descotadas para o ao zero, a uma taxa de 8,75% a.a. Cosiderado que para os cultivos as áreas que ão atigiram o volume míimo de madeira estipulado em cotrato a multiplicação pelo preço da madeira é sobre o volume da garatia. Dessa forma, a receita do arredatário represeta a subtração das receitas do ivestidor e do arredado da receita total com a madeira produzida as áreas arredadas. Além da demada da madeira para processo, há também demada de madeira em forma de leha, utilizada como eergia em caldeiras. Da receita bruta total com a veda da madeira em pé, após a distribuição dos percetuais sobre o volume de madeira a que o ivestidor e o arredado têm direito, de acordo com a garatia, o percetual restate do arredatário foi de 16%. Nota-se que o arredatário custeia a madeira a que tem direito de acordo com o cotrato, porém parte dela é utilizada para garatir o volume prometido para o ivestidor e o arredatário. A receita bruta total, dada a garatia de produtividade, ao fial ficaria distribuída em 51% Tabela 1. Custos totais (R$/ha) com implatação e mauteção florestal. Table 1. Total cost (R$/ha) with deployig ad maitaiig forest. Ao 0 Ao 1 Ao 2 Ao 3 Ao 4 Ao 5 Ao 6 Ao 7 Propriedades Implatação florestal (R$/ha) Mauteção florestal (R$/ha) 1 (3.695) (141) (92) (74) (62) (62) (62) - 2 (3.920) (150) (98) (78) (65) (65) (65) - 3 (3.973) (147) (99) (79) (66) (66) (66) - 4 (4.855) (151) (121) (97) (81) (81) (81) - 5 (3.793) (145) (95) (76) (63) (63) (63) - 6 (4.510) (153) (113) (90) (75) (75) (75) - 7 (3.730) (142) (93) (75) (62) (62) (62) - 8 (4.144) (149) (103) (83) (69) (69) (69) - 9 (4.362) (145) (109) (87) (73) (73) (73) - 10 (4.188) (151) (105) (84) (70) (70) (70) - Total (41.169) (1.477) (1.028) (823) (686) (686) (686) - Fote: Elaborado pelos autores (2012). Tabela 2. Receita bruta da veda de madeira em pé com as garatias de cotrato (R$). Table 2. Gross reveue from the sale of stadig timber with the guaratees of the cotract (R$). Propriedades Total Ivestidor Arredado Arredatário Processo Leha Processo Leha Processo Leha Processo Leha 1 98.741 4.773 47.396 2.291 29.622 1.432 21.723 1.050 2 749.903 43.715 386.998 22.559 241.874 14.100 121.031 7.055 3 305.992 18.611 177.062 10.769 110.664 6.731 18.265 1.111 4 335.430 20.402 183.386 11.154 114.616 6.971 37.428 2.276 5 245.870 14.333 126.885 7.397 79.303 4.623 39.682 2.313 6 823.664 48.014 425.063 24.778 265.665 15.487 132.936 7.749 7 359.095 41.332 198.057 22.796 123.785 14.248 37.253 4.288 8 190.549 11.108 98.336 5.732 61.460 3.583 30.754 1.793 9 436.304 26.537 209.426 12.738 130.891 7.961 95.987 5.838 10 557.529 18.888 267.614 9.066 167.259 5.666 122.656 4.155 Total 4.103.076 247.712 2.120.221 129.281 1.325.138 80.801 657.716 37.629 Fote: Elaborado pelos autores (2012).

Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 Retabilidade Ecoômica do Arredameto de Terra 351 para o ivestidor, 33% para o arredado e 16% para o arredatário. 3.3. Aálise ecoômica para o cultivo de eucalipto Quado ão foi realizado o ivestimeto em terra, os resultados apresetaram retoro ecoômico satisfatório. O VPL médio ecotrado foi de R$ 2.015/ha e TIR de 14,8% a.a. (Tabela 3). Os valores ecotrados para o VPL com sial positivo mostram que o projeto, sem o ivestimeto em terra, possui valor das receitas maior que o dos custos, cosiderado a TMA utilizada. A TIR calculada para todas as propriedades mostrou se maior que a TMA, idicado que o ivestimeto em eucalipto essas codições possui retabilidade maior que a taxa de remueração alterativa do capital. Resultados semelhates foram ecotrados por Rezede & Oliveira (2001). Com o ivestimeto em terra, a TIR do projeto caiu em média 40%, com uma taxa de retoro iferior à TMA utilizada (Tabela 3). A aquisição de terra para o cultivo de eucalipto, cosiderado as codições apresetadas o trabalho, mostra que a retabilidade ficará abaixo da expectativa de retoro do capital. Isso pode ser verificado pelo fato de o VPL médio para as propriedades ter assumido valor egativo, comprovado que a TIR calculada foi meor que a TMA (Tabela 3). Portato, os resultados reforçam a melhor opção das grades empresas de base florestal pelo arredameto ao ivés de adquirirem terra para a realização de platios próprios. Após cosiderar o ivestimeto em terra, metade das propriedades aalisadas teve sua TIR reduzida a valores iferiores a TMA, idicado que seu retoro ão é mais viável quado cosiderada a taxa de descoto utilizada. As propriedades 1, 2, 5, 9 e 10, mesmo com a redução a TIR, mativeram seus valores acima da TMA, respectivamete com 11%, 9%, 9,4%, 9,1% e 9,7%. O valor médio da terra o Vale do Paraíba, o estado de São Paulo é de R$ 4.549 por hectare. O VET para as propriedades estudadas ficou a média em R$ 4.537 por hectare, o que idica que em média a atividade florestal ão é ecoomicamete viável ao preço de terra vigete a região, cosiderado todas as premissas adotadas. As propriedades que apresetaram valores de VET por hectare compatíveis com a atividade foram: 1 (R$ 7.548), 2 (R$ 4.897), 5 (R$ 5.213), 9 (R$ 4.983) e 10 (R$ 5.824). Cohecedo os resultados para a viabilidade ecoômica do cultivo de eucalipto a região de estudo, pode ser realizada a aálise ecoômica idividual para cada um dos participates o arredameto florestal. De acordo com o critério do VPL, os valores idividuais são apresetados a Tabela 4, com os resultados para o ivestidor, arredatário e arredado. O ivestidor obteve a média um VPL egativo em R$ 13,00 por hectare o que, de acordo com esse critério, mostra que o ivestimeto ão é viável Tabela 3. Valor presete líquido, taxa itera de retoro e valor esperado da terra para o cultivo de eucalipto a região do Vale do Paraíba, estado de São Paulo, com e sem ivestimeto em terra. Table 3. Net Preset Value, Iteral Rate of Retur ad Expected Value of the Earth, for the cultivatio of eucalyptus i the Vale do Paraíba, São Paulo, with ad without ivestmet i lad. Propriedades SIT CIT TIR (%) VPL (R$/ha) TIR (%) VPL (R$/ha) VET (R$/ha) 1 18,7% 3.312 11,0% 1.292 7.458 2 15,5% 2.175 9,0% 155 4.897 3 13,3% 1.411 7,6% (609) 3.178 4 11,0% 802 6,7% (1.218) 1.807 5 16,0% 2.315 9,4% 295 5.213 6 13,2% 1.540 7,9% (480) 3.468 7 14,9% 1.856 8,4% (164) 4.179 8 14,6% 1.936 8,6% (84) 4.358 9 15,02% 2.213 9,1% 193 4.983 10 16,1% 2.587 9,7% 567 5.824 Média 14,8% 2.015 8,7% (5) 4.537 CIT = Com ivestimeto em terra; SIT = Sem ivestimeto em terra. Fote: Elaborado pelos autores (2012).

352 Souza VS, Timofeiczyk R Jr, Berger R, Silva JCGL, Delacote P Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 ecoomicamete. O arredado, para as duas situações em relação ao ivestimeto em terra, apresetou VPL positivo, idicado de maeira geral que para o arredameto de terra o Vale do Paraíba a atividade florestal remuera a taxas maiores que a TMA utilizada. Para o arredatário, o VPL calculado foi egativo em R$ 185,00 por hectare, idicado que de acordo com esse critério ão é viável ecoomicamete (Tabela 4). Para o arredatário, fica claro que a garatia de produtividade iviabiliza o arredameto. Para todas as propriedades aalisadas que ão alcaçaram a produtividade míima de 280 metros cúbicos por hectare, o ivestimeto mostrou ão ser viável do poto de vista ecoômico para todos os critérios utilizados a aálise. Para o ivestidor, que tem a produtividade de madeira garatida pela empresa de celulose e papel, o custo de implatação florestal foi decisivo para os resultados ecotrados. As propriedades com meores VPL são as que tiveram os maiores custos com implatação florestal. Para o arredado, o fator prepoderate para os resultados em termos de VPL foi a produtividade de cada propriedade, com valores líquidos presetes maiores para as que obtiveram um volume de madeira maior que o da garatia. A Tabela 5 apreseta os valores de acordo com o critério da TIR para cada um dos evolvidos o arredameto florestal. De acordo com os resultados obtidos, o arredado e o arredatário apresetaram TIR, a média, maior que a TMA. O ivestidor obteve Tabela 4. Valor presete líquido em R$/ha, para ivestidor, arredatário e arredado, com e sem ivestimeto em terra. Table 4. Net Preset Value for the Ivestor i R$/ha, ad Leased Teat, with ad without ivestmet i lad. Propriedades Ivestidor Arredatário Arredado SIT CIT 1 503 501 2.654 198 2 126 (145) 2.510 78 3 79 (861) 2.508 76 4 (648) (764) 2.508 76 5 231 (106) 2.510 78 6 (360) (307) 2.510 78 7 222 (517) 2.465 40 8 (59) (205) 2.510 78 9 (230) 233 2.517 84 10 6 317 2.586 142 Média (13) (185) 2.528 93 SIT = Sem ivestimeto em terra; CIT = Com ivestimeto em terra. Fote: Elaborado pelos autores (2012). Tabela 5. Taxa itera de retoro aual para ivestidor, arredatário e arredado, com garatia de produtividade. Table 5. Iteral Rate of Aual Retur for the Ivestor, Teat ad Leasehold, ad with guaratee of productivity. Propriedades Ivestidor Arredatário Arredado 1 11,1% 10,6% 9,4% 2 9,3% 13,3% 9,0% 3 9,1% 13,1% 9,0% 4 6,0% 9,8% 9,0% 5 9,9% 14,0% 9,0% 6 7,2% 11,0% 9,0% 7 9,8% 13,9% 9,0% 8 8,5% 12,4% 9,0% 9 7,7% 11,4% 9,0% 10 8,8% 11,0% 9,2% Média 8,7% 12,0% 9,1% Fote: Elaborado pelos autores (2012).

Floresta e Ambiete 2015; 22(3): 345-354 Retabilidade Ecoômica do Arredameto de Terra 353 em média valores abaixo da TMA, idicado que o ivestimeto como um todo ão está sedo remuerado detro das expectativas. Os valores da TIR do ivestidor abaixo da TMA foram cosequêcia pricipalmete dos resultados calculados para as propriedades 4 (6%), 6 (7%), 8 (8%) e 9 (8%). Cosiderado a TIR média para o ivestidor sem a participação dessas propriedades seu valor foi de 10%. Dessa forma, de acordo com esse critério, ão seria recomedado ao ivestidor a reovação do cotrato de arredameto para essas propriedades. O arredado, diferetemete do ivestidor, ão tem a possibilidade de optar por outra propriedade, visto que a terra é sua e ela está imobilizado seu capital. Porém, cosiderado a garatia de produtividade, todas as propriedades apresetaram retabilidade ecoômica, ou seja, TIR maior que a TMA. 4. CONCLUSÕES - Cosiderado uma taxa míima de atratividade de 8,75% a.a., de acordo com os dados aalisados, o cultivo de eucalipto com ivestimeto em terra a região do Vale do Paraíba mostrou ão ser atrativo ecoomicamete. Para essa taxa de descoto, apeas cico propriedades apresetaram TIR maior que a TMA. - Cosiderado a garatia de produtividade estabelecida em cotrato, o ivestimeto como um todo se mostrou viável ecoomicamete para o arredameto de terra. - O arredatário, cosiderado a garatia de produtividade, apresetou TIR meor que a TMA para todas as propriedades que obtiveram produção de madeira meor que a da garatia. A parceria somete é viável ecoomicamete com uma produtividade real média maior que a apresetada. - Para a garatia de produtividade, todas as propriedades foram ecoomicamete atrativas, de acordo com o critério da TIR, para o arredameto da terra. - A garatia de produtividade mostrou-se importate para mater a atratividade ecoômica para o ivestidor e para o arredado. STATUS DA SUBMISSÃO Recebido: 5 mar., 2013 Aceito: 4 mar., 2015 AUTOR(ES) PARA CORRESPONDÊNCIA Romao Timofeiczyk Juior Departameto de Ecoomia Rural e Extesão, Uiversidade Federal do Paraá - UFPR, Av. Prefeito Lothário Meisser, 632, Jardim Botâico, CEP 80420-030, Curitiba, PR, Brasil e-mail: romao.timo@gmail.com REFERÊNCIAS Associação Brasileira de Celulose e Papel - BRACELPA. Relatório Estatístico 2011. Brasília; 2011. [cited 2013 Ja 7]. Available from: http:// http://www.bracelpa.org.br/bra2/ sites/default/files/public/ra02-relatorioflorestal_2010.pdf. Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Platadas - ABRAF. Auário Estatístico 2012, ao base 2011. Brasília; 2012. [cited 2013 Ja 7]. Available from: http://www.abraflor.org.br. Bittecourt AM. O cultivo do NIM idiao (azadirachta idica a. juss): uma visão ecoômica [dissertação]. Curitiba: Setor de Ciêcias Agrárias, Uiversidade Federal do Paraá; 2006. Davis LS, Johso KN. Forest maagemet. New York: McGraw Hill, 1987. Dubè F. Estudos técicos e ecoômicos de sistemas agroflorestais com Eucalyptus SP o oroeste do Estado de Mias Gerais: o caso da compahia mieira de metais [dissertação]. Viçosa: Setor de Ciêcias Agrárias, Uiversidade Federal de Viçosa; 1999. Fischer A. Icetivos em programas de fometo florestal a idústria de celulose [tese]. São Paulo: Departameto de Admiistração, Uiversidade de São Paulo; 2007. Horgre CT. Itrodução à cotabilidade gerecial. 5. ed. Rio de Jaeiro: Pretice-Hall do Brasil; 1985. Iforma Ecoomics - FNP. AGRIANUAL: auário da agricultura brasileira 2010. São Paulo: FNP; 2010. Oliveira AD, Valverde SR, Coelho FMC. Aspectos de relevâcia ecoômica o fometo florestal a partir da percepção dos produtores rurais evolvidos. Revista Árvore 2006; 30(4): 593-601. http://dx.doi.org/10.1590/ S0100-67622006000400012. Oliveira PRS. Diagóstico e idicadores de sustetabilidade em fometo florestal o Estado do Espírito Sato [tese]. Viçosa: Uiversidade Federal de Viçosa; 2003. Rezede JLP, Oliveira AD. Aálise ecoômica e social de projetos florestais. Viçosa: UFV; 2001.

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