GEMETRIA DINÂMICA E ESTUD DE TANGENTES A CÍRCUL Luiz Calos Guimaães, Elizabeth Belfot e Leo Akio Yokoyama Instituto de Matemática UFRJ lcg@labma.ufj.b, beth@im.ufj.b, leoakyo@yahoo.com.b INTRDUÇÃ: CÍRCULS, SECANTES E TANGENTES Seja C(, A) o cículo (ou cicunfeência) com cento no ponto e passando pelo ponto A. Uma secante ao cículo C(, A) é uma eta que contém algum ponto de C(, A). A figua 1 mosta uma secante a C(, A) passando pelo ponto. A Figua 1: Reta secante a uma cicunfeência. É evidente que pelo ponto passa uma infinidade de secantes ao cículo. aa ve isto, basta toma um outo ponto sobe C(, A). aa cada ponto que escolhemos, a eta deteminada pelos pontos e é uma secante a essa cuva. bsevações: 1. o esta definição, uma secante intecepta um cículo no máximo em dois pontos. 2. A palava secante é esevada, usualmente, apenas paa etas que inteceptam o cículo em exatamente dois pontos. No decoe deste texto, vamos esclaece nossas azões paa a nossa escolha difeente da usual. Suponha que mantemos fixo o ponto, escolhemos um outo ponto sobe o cículo C(, A), e constuímos a secante que passa po e. odemos nos pegunta o que ocoeia se fizemos o ponto se apoxima mais e mais de?
2 odemos imagina que um poblema ocoe se levamos a coincidi exatamente com : são necessáios dois pontos (distintos) paa defini uma eta. No entanto, se tentamos o expeimento como fizemos com a figua constuída na tela do Tabulæ, o poblema, apaentemente, não se apesenta. (A explicação é que, devido à pouca esolução do mouse, é muito difícil coloca a ponto suficientemente peto de ). Existe uma foma de efomula a constução da secante que não apenas elimina o poblema, mas que também pemite deduzi mais facilmente uma seie de popiedades úteis. Considee, na figua 2, o tiângulo isósceles (quais são os lados iguais desse tiângulo?). M A Figua 2: onto médio de uma coda. Se M é o ponto médio da base, sabemos que M seá a altua coespondente a essa base (poque isso não vale, po exemplo, paa o lado?). Consequentemente, a eta é pependicula a M. Assim, a secante que passa pelos pontos e coincide com a eta que passa po M e é pependicula à eta M. que ganhamos com isto? bseve o que acontece quando se apoxima de. ponto médio M sempe existe, e coincide com quando e coincidiem. A pependicula a M, nesse caso, coincide com a pependicula a. odemos então dize que essa eta (a pependicula em a ) é o limite, quando tende a, das etas. Isto motiva uma definição de tangente que vai vale paa todas as cuvas: Definição: Dada uma cuva Γ, um ponto sobe essa cuva, mantido fixo, e um outo ponto, que se move livemente sobe Γ, se existi uma eta limite das etas secantes que passam po e, quando se apoxima de, diemos que essa eta é a tangente em à cuva Γ.
3 bsevação: No caso paticula em que Γ é o cículo C(, A), a tangente em um ponto sempe existe, e tem que se pependicula ao aio. o outo lado, como essa pependicula é única, podemos afima também que a pependicula ao aio é a tangente a C(, A) no ponto. CNSTRUÇÕES DE RETAS TANGENTES A UM CÍRCUL Agoa suponha que temos dados um cículo C(, A), e um ponto, situado no exteio desse cículo. Vamos discuti tês difeentes fomas de esolve o seguinte poblema: Constui as tangentes a C(, A) que passam pelo ponto. imeia Solução: aa ve a pimeia, considee inicialmente uma secante a C(, A), que passa pelo ponto, e cota C(, A) nos pontos e ' ( ve a tela Tangentes po um ponto 1, ilustada na figua 3). Seja agoa M o ponto médio de '. Já vimos que M é pependicula à secante, e potanto o tiângulo M é etângulo em M, com hipotenusa. Imagine todos os tiângulos etângulos que se podeia constui, tendo como hipotenusa. Você podeia dize qual é o luga geomético de todas as posições possíveis paa o teceio vétice M? ' M Figua 3: Reta secante ao cículo pelo ponto. Esse luga geomético é um cículo, tendo como diâmeto (poque?). Este cículo, como tem um ponto () foa de C(, A), e outo (o ponto ) no inteio de C(, A), intecepta C(, A) em dois pontos, que chamaemos de T e T ', como ilustado na figua 4.
4 ' T M T' Figua 4: Deteminação das etas tangentes ao cículo passando pelo ponto. o que podemos afima que a eta T é tangente à cicunfeência? bseve que as etas T e T' são tangentes a C(, A) poque, pela constução, os tiângulos T e T' são etângulos, em T e em T' espectivamente (veja a obsevação feita logo após a definição de tangente). otanto, paa constui as etas tangentes a C(, A) que passam pelo ponto, podemos pocede da seguinte foma: constua o cículo auxilia que tem o segmento como diâmeto. Constua as etas que ligam aos pontos de inteseção T e T, desse cículo com C(, A). Essas etas são as tangentes pocuadas. odemos nos pegunta o que ocoe quando o ponto é levado paa o inteio de C(, A). Nesse caso, o cículo com como diâmeto fica inteiamente contido no inteio de C(, A), e não há intecessão com a cicunfeência. A constução feita no Tabulæ se compota coetamente: não existem tangentes a C(, A) que passem po um ponto em seu inteio. Mas existe também uma posição intemediáia: quando está situado exatamente sobe a cicunfeência C(, A). Vamos nos dete um pouco mais sobe este caso. Teemos então dois cículos, C(, A) e o cículo com diâmeto, como ilustado na figua 5. Seja ' o cento desta última, de modo que podemos denotá-la po C(', ). s pontos, ', e são colineaes, poque é diâmeto. otanto, a tangente em a C(, A) é também tangente a C(', ) em. A cicunfeência C(', ) não toca C(, A) em nenhum outo ponto além de (po que?). ' Figua 5: Deteminação da eta tangente quando o ponto petence à cicunfeência. Definição: dizemos que duas cicunfeências são tangentes em um ponto (ou que se tocam em ) se a eta tangente em a uma delas é também tangente à outa.
5 aciocínio empegado paa enconta a segunda e a teceia solução paa o poblema de enconta as tangentes a C(, A) po um ponto dado utiliza tansfomações: espectivamente, uma otação e uma eflexão. Segunda Solução: Considee o ponto, exteno à cicunfeência C(, A) (ve tela Tangentes po um ponto 2 ). segmento intecepta C(, A) em um ponto. Como ilustado na figua 6, Sabemos constui a tangente a C(, A) pelo ponto : basta taça a eta, pependicula a passando po. Sejam ' e os dois pontos em que intecepta a cicunfeência C(, ), com cento em e passando po. ponto pode se giado em tono de, até que ele coincida com. Se, ao fazemos isto, imaginamos a eta também giando em tono de, vemos que ela se mantém tangente a C(, A), e vai passa po quando e coincidiem, isto é, teemos uma tangente a C(, A) passando po. Mas obseve que esta mesma otação leva em ', e sobe um dos pontos de tangência pocuados. Concluí-se que os pontos de tangência que buscamos são os pontos de inteseção dos segmentos ' e com C(, A). ' " Figua 6: Reta tangente ao cículo passando pelo ponto. aa obte os pontos de tangência, basta liga, na figua acima, o ponto aos pontos e. s pontos de T e T, inteseções desses segmentos com C(, A) são os pontos que deteminam as tangentes a esse cículo passando pelo ponto. Teceia Solução:
6 Imagine o poblema esolvido, seja T um dos pontos de tangência pocuados, e seja T a tangente coespondente (ve tela Tangentes po um ponto 3 ). Suponha que efletimos o ponto com elação a T, obtendo o ponto '. segmento ' é pependicula a T, e T é o seu ponto médio. Consequentemente, e ' estão à mesma distância de, isto é, estão sobe a cicunfeência com cento em e passando pelo ponto. o outo lado, o ponto ', como é o esultado da eflexão de com elação a T, está também sobe a cicunfeência de cento e aio 2. otanto, os pontos de inteseção da cicunfeência de cento e aio 2 com a cicunfeência de cento em e passando po, nos dão os pontos de tangência desejados, como ilustado na figua 7. aa obte os pontos de tangência: constua as cículos de cento e passando po, e de cento e aio igual ao dobo da cicunfeência oiginal. btenha os pontos de inteseção e dessas duas cicunfeências, e constua os segmentos e. s pontos de inteseção desses dois segmentos com a cicunfeência oiginal C(, A) nos dão os pontos de tangência T e T pocuados. " T' 2. T ' Figua 7: Teceia constução paa as etas tangentes a um cículo RBLEMAS RESLVIDS UTILIZAND GEMETRIA DINÂMICA oblema 1: Suponha que são dadas duas etas e, e um ponto sobe. Constua um cículo que passa po, e é tangente simultaneamente a e a.
7 imeia solução: Sabemos que o cento do cículo pocuado está sobe a pependicula à eta taçada a pati do ponto (poque?). Se as etas são concoentes, o execício 6, acima, nos diz que o cento do cículo pocuado está também sobe uma das bissetizes das etas e. As inteseções dessas etas com a pependicula a constuída a pati de nos dão os centos dos cículos pocuados, como ilustado na figua 9. 1 ' 2 Figua 9: imeia solução paa o poblema I. bseve que se e não são concoentes, essa solução tem que se modificada, levando em conta o execício 7. Abaixo apesentamos uma outa solução, que se aplica paa quaisque pa de etas e. Segunda solução: Constua um cículo auxilia, tangente a em (ve a tela oblema 1 ). Constua as duas tangentes a esse cículo, 1 e 2, que são paalelas a (execício A. 5), como ilustado na figua 10. Agoa sejam, e os pontos em que a pependicula a taçada a pati de intecepta espectivamente, 1 e 2. A azão h = / define uma homotetia, com cento em, que leva a eta 1 em, e o cículo auxilia em um dos cículos que buscamos (poque?).
8 ' 1 ' 2 " Figua 10: Segunda solução paa o poblema I A azão h = / define uma segunda homotetia com cento em, desta vez levando a eta 2 em, e o cículo auxilia no segundo cículo que buscamos (poque?). Discuta ainda poque essa constução é válida mesmo quando e se tonam paalelas. oblema 2: Suponha que são dadas duas etas e, e um ponto. Constua um cículo que passa po, e é tangente simultaneamente a e a. Solução: Constua um cículo auxilia, tangente simultaneamente a e a (aba a tela oblema 1 ). Existem dois casos possíveis, coespondendo a centos sobe cada uma das bissetizes (ve figua 11). Agoa sejam e os pontos de inteseção da eta com um desses cículos. As azões h =/, e h = / definem duas homotetias de cento, que levam espectivamente e sobe. Cada uma dessas homotetias tansfoma o cículo auxilia sobe um dos cículos pocuados no poblema. '
9 Figua 11: Solução paa o poblema 2. bsevação: discuta ainda poque essa solução não é válida no caso em que as duas etas são paalelas. Constua uma solução paa esse caso. oblema 3: Suponha que são dadas tês etas, e. Constua os cículos que são tangentes simultaneamente a essas tês etas. Solução: Vamos desenvolve apenas o caso mais geal, em que as tês etas se inteceptam duas a duas em tês pontos, deteminando o tiângulo ABC mostado na figua 12. bseve que a tangência a duas das etas detemina a condição de que o cento do cículo está sobe uma das bissetizes destas etas. A " B C ' Figua 12: Solução paa o caso mais geal do poblema 3. Considee agoa uma dessas etas e a teceia, e teemos a posição de um dos centos: o ponto de inteseção das duas bissetizes deteminadas pelos dois paes de etas. Isto vai nos da, neste caso, quato posições possíveis paa o cento dos cículos buscados: uma delas é ilustada na figua. Constua uma tela no Tabulæ com todas as soluções, e discuta os demais casos, dependendo da disposição elativa das etas. bsevação: este poblema tem inteesse também no estudo de tiângulos. s cículos que deteminamos coespondem aos tês cículos ex-inscitos, tangentes extenamente a dois dos tês lados (a figua ilusta um deles) e ao cículo inscito ao tiângulo.
10 oblema 4: Suponha que temos dada uma eta, e dois pontos A e B. Constua um cículo que passa po A e po B, e é tangente à eta. Solução: aa pocede a análise do poblema, considee o poblema esolvido, como na figua 13 (ve também a tela oblema 4.). Sabemos que o cento do cículo buscado está sobe a mediatiz de AB (po que?), mas desconhecemos a posição do ponto de tangência T, que pemitiia detemina a posição do cento do cículo que buscamos. B T A I Figua 13: Solução paa o poblema 4. o outo lado, é fácil se convence de que a mediatiz de AB é um eixo de simetia do poblema: se efletimos a eta com espeito a essa mediatiz, a eta esultante deve ainda se tangente ao cículo que buscamos. odemos desta foma eduzi o poblema ao poblema 2: constua a mediatiz de AB, obtenha a eta, simética a com espeito a essa mediatiz, e constua os cículos que passam po A e são tangentes a e a. ALAVRAS CHAVE: Geometia Dinâmica, Geometia, Tangentes. REFERÊNCIAS GUIMARÃES, L.C.; BELFRT, E. Roteios de Laboatóio de Geometia. Rio de Janeio: IM-UFRJ, 1999. GUIMARÃES, L.C.; BELFRT, E. Geometia Dinâmica no Ensino Básico. São José do Rio eto, S: SBMAC, 2003.
11 HADAMARD, J. Leçons de Géométie Elementaie (2 volumes). ais: Jacques Gabay, 1988 HEATH, Thomas L. Euclid - The Thiteen Books of The Elements. 2ª edição. New Yok: Dove. 1956. LEGENDRE, A. M. Elementos de Geometia Tadução da 5 a. edição fancesa (1801, ais: Libaie de Fimin Didot Fèes). Rio de Janeio: Impensa Régia, 1809.