COMPOSIÇÃO E OCORRÊNCIA DE PRAGAS EM SEIS VARIEDADES DE FEIJOEIRO COMUM E REFLEXOS NA PRODUTIVIDADE Bruno Henrique Srdinh de Souz 1, Alcebídes Ribeiro Cmpos 2 1 Biólogo, emil: souzbhs@gmil.com, 2 Docente d FEIS/UNESP O feijão comum, Phseolus vulgris L., é o produto limentício mis populr e conhecido do pís, cuj produção se dá tnto em cultivos de subsistênci, relizdo por pequenos produtores, como tmbém em cultivos ltmente mecnizdos. O Brsil se destc como o mior produtor e consumidor mundil d leguminos (ALMEIDA, 2000), qul é plntd durnte três épocs do no: sfr ds águs, d sec e de inverno. A produção de feijão no pís, n sfr de 2008/2009, ultrpssou 3,5 milhões de tonelds em um áre plntd totl de 4 milhões de hectres, vlores referentes à som ds três épocs de plntio (CONAB, 2009). Dentre os ftores que prejudicm produtividde do feijoeiro destcm-se os rtrópodes fitófgos, cujos dnos podem ser observdos em quse tods s estruturs d plnt, desde semedur té colheit (MAGALHÃES & CARVALHO, 1988). Dinte dos dnos cusdos, o controle ds prgs tem sido feito principlmente pel utilizção de inseticids químicos (PACCINI NETO & BOIÇA JÚNIOR, 1984). Assim, outros métodos de controle devem ser vlidos fim de se reduzir o impcto cusdo pelos inseticids o mbiente, homem e outros nimis. A utilizção de vrieddes resistentes é considerd um tátic muito eficiente no controle de rtrópodes prgs, já que reduz su populção bixo do nível de dno econômico, não cus desequilíbrio o groecossistem nem prejuízo o produtor rurl (LARA, 1991). Vrieddes Pérol: lnçd pel Embrp em 2004, est vriedde do tipo crioc é resistente à ferrugem, o mosico comum e um rç de ntrcnose. Apresent tmbém resistênci intermediári à murch do Fusrium e à mnch ngulr. Devido seus ftores de resistênci, dispens significtivs plicções de defensivos químicos, reduzindo o custo de produção o gricultor. Em cultivo irrigdo, tinge um produção de 3000 kg/h, enqunto em condições de sequeiro cheg 2400 mil kg/h. IAC-Votuporng: vriedde do tipo crioc lnçd pelo Instituto Agronômico (IAC) em 2005. Apresent resistênci os fungos d ntrcnose, ferrugem e murch de Fusrium, lém do vírus do mosico comum, trnsmitido pel mosc-brnc. Sus plnts possuem porte semi-ereto ereto, ciclo de proximdmente 90 dis e produtividde médi de 2850 kg/h. IAC-Apuã: lnçd tmbém pelo Instituto Agronômico no no de 2005, vriedde possui os mesmos ftores de resistênci os ptógenos presentes no genótipo nterior, distinguindo-se dos outros mteriis produzidos pelo IAC por presentr grãos ligeirmente miores. Sus plnts são de porte semi-ereto, possui ciclo de 90 dis e produz em médi 2780 kg/h. IAC-Tybtã: vriedde do tipo crioc lnçd pelo Instituto Agronômico em 2002, pós 13 nos de melhormento genético, um vez que sus pesquiss se inicirm no no de 1989. Possui totl resistênci os fungos cusdores d ntrcnose e ferrugem e o vírus do mosico comum, lém de presentr certo nível de resistênci o mosico dourdo. Sus plnts são de
porte semi-ereto e possui ciclo de 86 dis no plntio ds águs e 90 nos plntios de sec e de inverno. Su produtividde médi é de 2400 kg/h. IAC-Tunã: diferentemente dos outros mteriis genéticos presentdos, est vriedde é do tipo feijão preto, tmbém desenvolvid e lnçd pelo IAC em 2005. É resistente à ntrcnose, ferrugem, murch do Fusrium e o vírus do mosico comum, e, d mesm form que s outrs cultivres, seus grãos possuem lto teor protéico, em torno de 20%. Seu ciclo é de proximdmente 90 dis, tingindo um produção médi de 2800 kg/h. IAC-Ybté: vriedde do tipo crioc lnçd pelo Instituto Agronômico juntmente com IAC-Votuporng, IAC-Apuã e IAC-Tunã no XXI Di de Cmpo de Feijão, em 2005. D mesm form que esss vrieddes, IAC-Ybté é resistente os fungos d ntrcnose, murch de Fusrium e ferrugem, lém de presentr resistênci o vírus do mosico comum. Sus plnts possuem porte semi-ereto ereto, crescimento indetermindo e flores brncs. Ess vriedde present um produtividde médi de 2780 kg/h. Experimento Com o objetivo de se vlir composição e ocorrênci nturl de rtrópodes prgs sobre s vrieddes de feijoeiro Pérol, IAC-Votuporng, IAC-Apuã, IAC-Tybtã, IAC- Tunã e IAC- Ybté, um experimento foi conduzido n Fzend de Ensino, Pesquis e Extensão d Fculdde de Engenhri de Ilh Solteir FEPE/UNESP, loclizd no município de Selvír-MS, cuj precipitção médi nul é de 1300 mm, umidde reltiv do r entre 70 e 80 % e tempertur médi nul de 23,5 ºC. Pr semedur, relizd em 18/04/07, utilizou-se o delinemento de blocos o cso, com seis trtmentos representdos pels vrieddes descrits nteriormente e qutro repetições. Cd prcel experimentl constituiu-se de qutro linhs de cinco metros de plnts espçds 0,5 m entre si, com um densidde de 15 plnts/m, totlizndo 24 prcels experimentis. Não foi utilizdo nenhum trtmento com inseticids n áre do ensio fim de serem vlids s infestções nturis ds prgs. No totl form relizds nove mostrgens, semnlmente, entre os meses de mio e junho, inicids em 05/05/07. Em cd mostrgem form coletdos 10 folíolos do terço medino e 10 folíolos do terço superior ds plnts por prcel, fim de serem verificds s presençs de insetos e ácros, respectivmente. Por fim, form contdos em lbortório o número de ninfs ds espécies de rtrópodes que ocorrerm n cultur, cujos ddos form trnsformdos em x+0,5, submetidos à nálise de vriânci pelo teste F, tendo s respectivs médis comprds pelo teste de Tukey, 5 % de probbilidde. Os ddos dos rtrópodes referentes o ftor dis pós emergênci ds plnts form submetidos à nálise de regressão polinomil. Ocorrênci de prgs As mostrgens relizds o longo do ciclo d cultur possibilitrm verificr ocorrênci de qutro espécies de insetos, quis sejm d cigrrinh Emposc kremeri Ross & Moore, pulgão Aphis crccivor Koch, tripes Thrips plmi Krny e mosc-brnc Bemisi tbci (Genndius) biótipo B, lém do ácro brnco Polyphgotrsonemus ltus (Bnks). Observrm-se diferençs significtivs n ocorrênci de todos os rtrópodes em função dos dis pós emergênci ds plnts em que form relizds s mostrgens, pesr d bix infestção dos mesmos (Figur 1).
Artrópodes/10 folíolos 6 5 4 3 2 1 Cigrrinh Pulgão Tripes Ácro brnco Mosc-brnc Y = 0,0121x 2-0,0383x + 0,7607 (R 2 = 0,8972) Y = -0,0397x + 1,0305 (R 2 = 0,6080) Y = -0,0158x 3 + 0,3607x 2-2,681x + 7,585 (R 2 = 0,9788) Y = 0,0099x 3-0,1025x 2 + 0,3026x + 0,4727 (R 2 = 0,9962) Y = -0,0105x 3 + 0,1907x 2-1,1075x + 2,7905 (R 2 = 0,9525) 0 10 17 24 31 38 45 52 59 66 Dis pós emergênci ds plnts Figur 1. Número médio (x+0,5) de cigrrinh, pulgão, tripes, ácro brnco e mosc-brnc em relção às semns de mostrgens. Selvíri-MS, 2007. O número de cigrrinh presentou um crescimento constnte dos 10 os 66 dis pós emergênci ds plnts, o qul se justou o modelo qudrático (R 2 =0,8972). Ao contrário do que foi observdo pr cigrrinh, houve um decréscimo de form liner (R 2 =0,6080) no número de pulgões, o qul diminuiu constntemente desde os 10 té os 66 dis pós emergênci ds plnts. A ocorrênci de tripes ns diverss vrieddes de feijoeiro seguiu o modelo cúbico (R 2 =0,9788), presentndo um médi pouco mior que 5 indivíduos/10 folíolos os 10 dis pós emergênci ds plnts, qul decresceu continumente té um médi pouco superior 1 indivíduo/10 folíolos os 38 dis, mntendo-se esse vlor té últim mostrgem. A incidênci de ácro brnco tmbém se justou o modelo cúbico (R 2 =0,9962), onde o número desse rtrópode mnteve-se prticmente constnte dos 10 os 38 dis pós emergênci ds plnts, com número médio pouco inferior 1 indivíduo/10 folíolos. Pssdo esse período, houve um crescimento contínuo no número desse ácro, o qul tingiu um médi superior 2 indivíduos/10 folíolos os 66 dis pós emergênci ds plnts. Já ocorrênci d mosc-brnc seguiu o modelo cúbico (R 2 =0,9525), onde o número desse inseto decresceu de 2 indivíduos/10 folíolos os 10 dis pós emergênci ds plnts té um médi de 1 indivíduo/10 folíolos, os 31 dis. Após esse período, o número de moscbrnc se mnteve constnte té os 59 dis pós emergênci, presentndo um tendênci diminuir prtir dess époc. Não houve diferençs significtivs n ocorrênci de nenhum ds prgs entre s seis vrieddes de feijoeiro vlids (Figur 2).
Cigrrinh Pulgão Tripes Mosc-brnc Ácro brnco 2,5 2 Artrópodes/10 folíolos 1,5 1 0,5 0 IAC-Ybté IAC-Tunã IAC-Tybtã IAC-Votuporng IAC-Apuã Pérol Vrieddes Figur 2. Número médio (x+0,5) de cigrrinh, pulgão, tripes, mosc-brnc e ácro brnco sobre seis vrieddes de feijoeiro. Selvíri-MS, 2007. As vrieddes de feijoeiro form igulmente infestds pel cigrrinh em condições nturis de cmpo. IAC-Tybtã foi que presentou mior número médio de E. kremeri, 1,04 ninfs/10 folíolos mostrdos, sem muito que diferir de Pérol, com 0,90 ninfs/10 folíolos, vriedde que presentou o menor número médio do inseto. Com relção à infestção de pulgão, este rtrópode foi o menos incidente sobre s plnts de feijoeiro, não hvendo distinção significtiv de su presenç sobre s diferentes vrieddes testds. Tripes foi prg mis ocorrente sobre s plnts de feijoeiro. A vriedde IAC-Tunã foi quel que presentou mior número do inseto, 2,31 indivíduos/10 folíolos, não diferindo significtivmente, entretnto, de IAC-Apuã, que foi vriedde menos infestd, com respectivos 1,78 indivíduos/10 folíolos. O número de mosc-brnc tmbém não diferiu esttisticmente entre s vrieddes, hvendo pens um ligeir diferenç numéric entre Pérol, que foi vriedde que presentou mior quntidde de ninfs do inseto, e IAC-Apuã, menos infestd, com 1,01 e 0,87 indivíduos/10 folíolos, respectivmente. D mesm form que os outros rtrópodes, o ácro brnco tmbém ocorreu indistintmente nos folíolos superiores de tods s vrieddes, sem muito que distinguir Pérol, 1,09 indivíduos/10 folíolos, de IAC-Apuã, 0,88 indivíduos/10 folíolos, vrieddes que presentrm mior e menor número de P. ltus, respectivmente. Produtividde No finl d cultur, proximdmente 90 dis pós emergênci ds plnts, form colhidos qutro metros lineres de plnts em cd prcel experimentl e, deste totl, 10 form seprds pr se vlir o número e peso ds vgens, peso totl ds sementes e peso de 100 sementes (Tbel 1). O restnte ds plnts colhids foi utilizdo pr se clculr produtividde d cultur (Figur 3).
Tbel 1. Número e peso médio (g) de vgens, peso médio (g) de sementes e de 100 sementes em 10 plnts/vriedde de feijoeiro. Selvíri-MS, 2007. VARIEDADES Nº VAGENS PESO VAGENS PESO SEMENTES PESO 100 SEMENTES IAC-Ybté 138,00 185,00 130,00 21,98b IAC-Tunã 116,25 172,50 122,50 20,76b IAC-Tybtã 117,25 152,50 100,00 20,66b IAC-Votuporng 113,50 127,50 95,00 21,41b IAC-Apuã 153,75 192,50 140,00 21,23b Pérol 153,50 267,50 200,00 26,76 F 1,02 ns 2,39 ns 2,38 ns 10,75* C.V. (%) 28,24 33,72 37,40 6,38 Médis seguids pel mesm letr não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). IAC-Apuã e Pérol form s vrieddes que produzirm mior número de vgens, 153,75 e 153,50, respectivmente, enqunto IAC-Votuporng foi quel que presentou o menor número. Consequentemente o número de vgens, Pérol e IAC-Apuã tmbém presentrm os miores vlores pr peso de vgens, 267,5 g e 192,5 g, respectivmente. IAC-Votuporng foi vriedde que presentou o menor peso de vgens, 127,5 g. Pérol foi vriedde que presentou mior peso de sementes, 200 g, enqunto IAC- Votuporng obteve o menor vlor pr esse prâmetro, 95 g. Já em relção o peso de 100 sementes, Pérol tmbém foi vriedde que presentou o mior vlor, 26,76 g, diferindo esttisticmente ds demis. 2000 1600 Produção (kg/h) 1200 800 400 0 IAC-Ybté IAC-Tunã IAC-Tybtã IAC- Votuporng IAC-Apuã Pérol Vrieddes Não houve diferençs significtivs entre s produtividdes estimds pr s diferentes vrieddes, porém, verificou-se nítid distinção numéric entre lgums dels. A vriedde IAC-Tunã foi mis produtiv, com um médi de 1719,00 kg/h, seguid por Pérol (1468,88 kg/h), IAC-Tybtã (1442,63 kg/h), IAC-Votuporng (1386,50 kg/h), IAC-Ybté (1356,25 kg/h) e IAC-Apuã (1032,63 kg/h), respectivmente.
De modo gerl, verificrm-se diferençs significtivs n ocorrênci de todos os rtrópodes prgs em função dos dis pós emergênci ds plnts em que form relizds s mostrgens. Em relção às espécies de prgs, tripes foi mis ocorrente sobre s plnts de feijoeiro, não hvendo diferençs esttístics de su infestção ou de qulquer outro rtrópode entre s vrieddes vlids. IAC-Apuã obteve o mior número de vgens, enqunto Pérol presentou os miores número de vgens, peso de vgens e peso de 100 sementes. Por fim, vriedde IAC-Apuã foi que presentou mior produtividde. As crcterístics relcionds às produções de vgens e sementes como à produtividde totl (kg/h) provvelmente são ftores intrínsecos às própris vrieddes, já que não houve diferençs significtivs n infestção dos rtrópodes entre s mesms. Em condições de cmpo, bixs populções de prgs podem cusr poucos dnos às plnts, impossibilitndo muits vezes se diferencir s vrieddes resistentes ds suscetíveis. Torn-se necessário, portnto, relizção de experimentos semelhntes com semedurs em diferentes épocs fim de se esperr miores densiddes populcionis dos rtrópodes, pr então se verificr com miores diferençs o comportmento desss vrieddes frente o tque ds prgs. Referêncis bibliográfics ALMEIDA, L. D. O feijão crioc: reflexos de su doção. In: DIA DE CAMPO DE FEIJÃO, 16, 2000, Cpão Bonito. Anis...Cmpins, Instituto Agronômico, 2001. 83 p. CONAB. Acompnhmento d sfr brsileir. Disponível em: <www.conb.gov.br/conbweb/downlod/sfr/9gros_09.08.pdf>. Acesso em: jun. 2009. LARA, F. M. Princípios de resistênci de plnts insetos. 2. ed. São Pulo: Ícone, 1991. 336 p. MAGALHÃES, B. P.; CARVALHO, S. M. Insetos ssocidos à cultur. In: ZIMMERMANN, M. I. O.; ROCHA, M.; YAMADA, T. Cultur do feijoeiro: ftores que fetm produtividde. Pircicb: Associção Brsileir pr Pesquis d Potss e do Fosfto, 1988. p. 573-589. PACCINI NETO, J.; BOIÇA JÚNIOR, A. L. Eficiênci de produtos químicos no controle de Bemisi tbci (Genn., 1889) e Emposc kremeri Ross & Moore, 1957, n cultur do feijoeiro. In: JORNADA CIENTÍFICA DE ILHA SOLTEIRA, 1, 1984, Ilh Solteir. Anis...Ilh Solteir, Unesp, p. 102, 1984.