CAPITALISMO EM PERSPECTIVA: UM BREVE ESTUDO SOBRE CRISES



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A MARgem A MA evista gem Revista Eletrônica de Ciências Humanas, Letras e Artes ISSN 2175-2516 89 CAPITALISMO EM PERSPECTIVA: UM BREVE ESTUDO SOBRE CRISES Rodrigo Janoni Carvalho (UFU) [1] Introdução Neste trabalho buscamos discutir algumas características sobre importantes crises do capitalismo nos últimos séculos, com ênfase na Grande Depressão que assolou o mundo em 1929 e a recente crise imobiliária norte-americana de 2008. Além destes momentos de tensão econômica, podemos apontar também outras crises de destaque, como a do petróleo nos anos 1970 ou, mais distantes ainda, as primeiras crises capitalistas relacionadas com as grandes navegações durante os séculos XVII e XVIII. Consideramos este breve estudo como um breve artigo, uma vez que para uma abordagem maior de um tema tão expressivo seriam necessárias pesquisas profundas demandando muito mais fôlego do que o realizado. Contudo, ILEEL esta análise pode-se consolidar como insuflador de um tema fortemente presente nos meios de comunicação recentes. O diálogo com diversas fontes, como se observa ao longo do texto, nos permite pensar alguns efeitos sociais que as crises econômicas provocam e as medidas adotadas no meio político em nível mundial, sob diferenciados pontos de vista. Breve histórico do sistema capitalista As primeiras características do capitalismo apareceram desde os fins do medievo num processo de transferência do centro da vida econômica, social e política com

90 ênfase no crescimento das cidades. Num primeiro momento, considerado précapitalista, podemos perceber alguns fatores que contribuíram na formação do sistema. Neste período, basicamente compreendido entre os séculos XVI ao XVIII, encontrou-se um forte acúmulo de riquezas gerado principalmente pelo comércio de especiarias e matérias-primas para além do solo europeu. Um outro momento bastante característico da formação deste sistema econômico é o capitalismo fabril pautado na revolução industrial por volta da segunda metade do século XVIII inicialmente na Inglaterra. O acúmulo de riquezas originárias do comércio de produtos industrializados e a enorme capacidade de transformação do ambiente são algumas características deste industrialismo, onde houveram consideráveis avanços tecnológicos e uma multiplicação de lucros ainda maior. Nos fins do século XIX consolida-se uma nova fase capitalista: a monopolista financeira. Ocorre um crescimento acelerado da economia capitalista sob um forte processo de centralização de capitais em indústrias, bancos, casas comerciais e principalmente, na acirrada concorrência. Como aponta John Hobson, é nessa estrutura do capitalismo moderno que a figura do financista se torna uma autoridade no sistema, onde em muitas situações pequenos grupos financeiros controlam os destinos industriais e políticos de países inteiros (HOBSON, 1983). É nesse momento que as corporações ganham espaço e influência cada vez maiores. Situação esta que se torna mais complexa até os dias atuais e pode ser perceptível na força de grandes empresas e financistas. O filme documentário The Corporation ilustra bem este cenário ao descrever o surgimento das corporações como pessoas jurídicas e que tipo de pessoas seriam do ponto de vista psicológico, além de evidenciar alguns aspectos como exploração de mão-de-obra ou a devastação do meio ambiente. Seria simples recortar fases do capitalismo para explicar a constituição deste sistema econômico-social. Devemos considerar que sua história representa uma longa duração onde encontramos diversas experiências políticas, sociais e econômicas. Para além de pontuar alguns momentos característicos do capitalismo, precisamos olhar para os momentos de crise que fizeram parte do seu próprio crescimento. Compreender as crises que o sistema vivenciou é fundamental para análise de alguns marcos e caracterizações.

O século XX foi marcado por períodos fundamentais para a história do sistema capitalista. Primeiramente, dos anos 1910 aos 1940 alastrou-se a era da guerra total, como denomina Eric Hobsbawm. No período entre-guerras, a crise de 1929 marcou uma forte depressão, a maior então do capitalismo. Houvera um forte abalo na lógica capitalista pela superprodução resultando numa depressão ao longo dos anos 1930. A Segunda Guerra Mundial viria solucionar os problemas daqueles anos, isto é, a guerra fortaleceria o sistema com base na vitória das principais potências ocidentais. O pós-guerra (1945-1970) é marcado pelo maior e melhor período de crescimento capitalista caracterizado como uma fase fordista-keynesiana ou era de ouro nas palavras de Hobsbawm. Este foi o segundo momento de destaque no século passado, representando bons ares ao sistema. Em seguida, na conflagração da conhecida crise do petróleo, temos a reformulação capitalista com base na fase de acumulação flexível perante uma era de crises e incertezas. O próprio petróleo, grande símbolo daquela crise, foi envolvido em diversas guerras político-ideológicas. Os anos 1970 e 1980, politicamente, foram marcados pela consolidação do neoliberalismo na Inglaterra (Margareth Thatcher), nos Estados Unidos (Ronald Reagan) e Chile (Augusto Pinochet). O Brasil experimentaria este modelo de gestão estatal nos anos 1990. À respeito das crises capitalistas Alexandre Versignassi aponta que estas acabam e voltam, pois a economia vive de ciclos, como as estações do ano, de acordo com o mesmo. Logo, o que acontece hoje em função do mercado imobiliário norte-americano é comum na história. O século passado foi marcado por diversas crises, onde se firmaram problemas para a lógica capitalista. Contudo, se renovando o capitalismo apresenta novas formas de rearticulação de políticas econômicas perante o louvado progresso tecnológico suportando novas fronteiras. Para alguns talvez seja possível um outro mundo fora do capitalismo; para outros um dia o sistema cairá por terra. Todavia, é complicado pensar em cenários futuros, principalmente diante de uma crise tão breve como a atual. Somente lançando mão do tempo e de suas transformações que podemos pensar em novas formas de desenvolvimento, dado que o capitalismo se faz presente em nossas vidas se reconfigurando numa velocidade ainda mais surpreendente a cada abalo que sofre. 91

Transformações capitalistas no século XX Como apontamos, a Grande Depressão de 1929 caracterizou um maior colapso capitalista até aquele momento então. Foi um período considerado o de maior recessão econômica causando altas taxas de desemprego, queda de produtos internos, quedas de produção industrial e de ações. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os países europeus se encontravam devastados e economicamente enfraquecidos mediante uma retração de consumo gritante. Os Estados Unidos, em contrapartida, foi beneficiado com os resultados de guerra, aproveitou o momento com lucros exorbitantes face às suas exportações, tornando-se assim o maior credor mundial e superando a posição ocupada pela Inglaterra durante tantos anos. [...] as guerras foram visivelmente boas para os EUA. Sua taxa de crescimento nas duas guerras foi bastante extraordinária, quando aumentou mais ou menos 10% ao ano. Em ambas os EUA se beneficiaram do fato de estarem distantes da luta e serem o principal arsenal de seus aliados, e da capacidade de sua economia de organizar a expansão da produção de modo mais eficiente que qualquer outro.[4] (HOBSBAWM, 1995, p. 55) 92 A produção norte-americana atingiu taxas de prosperidade nunca antes experimentadas caracterizando, num primeiro momento, o chamado American Way of Life, durante os anos 1918 e 1928, onde era perceptível níveis de qualidade de vida excelentes, geração de empregos, ILEEL queda de preços, aumento da produtividade da agricultura, consumo intensivo, expansão de crédito e parcelamento de pagamentos. Entretanto, com o passar dos anos as economias européias se reergueram e passaram a importar cada vez menos dos norte-americanos, caracterizando uma retração de consumo. Haviam mais mercadorias do que consumidores. Isto ocasionou uma forte queda da produção e o aumento do desemprego. Tal retração geral provocou a queda das ações no mercado em função da crise de superprodução deflagrada. Este cenário perdurou até 1933 sendo revertido após os primeiros efeitos provocados pelo New Deal, encabeçado por Keynes, com base em diversos programas de ajuda social. A Segunda Grande Guerra viria por solucionar economicamente os países vencedores,

93 liderados pela potência americana. O pós-guerra representou uma era de ouro e prosperidade único para o capitalismo, pelo menos aos países liberais ocidentais. As décadas de 1950 e 1960 foram marcadas pela organização fordista-keynesiana, pela estética modernista e a funcionalidade e eficiência do trabalho. A elevação do padrão de vida e de tecnologia modificou os hábitos das pessoas. Percebemos uma forte intervenção estatal pela tomada de frente por parte deste organismo no controle das políticas fiscais e monetárias. É este mesmo que determina as prioridades de investimentos em transportes, indústrias de base, políticas de seguridade social, educação, habitação, saúde, etc. Com base naquela prosperidade, a produção e o consumo são ampliados pelos fluxos de comércio internacional e de investimentos, em que os Estados Unidos assumiram uma posição hegemônica como grande banqueiro mundial chegando às partes mais extremas pelos braços das corporações. Se por um lado os benefícios foram grandes, nem todos foram atingidos de forma homogênea. A exclusão permaneceu e os serviços públicos de má qualidade também. Percebe-se uma extensão das periferias das cidades e freqüentes fluxos migratórios. Há ainda destruições de culturas locais pela massificação e globalização, ressaltando as contradições do capitalismo. O crescimento anteriormente apontado encontrou seus limites em torno da crise do petróleo nos anos 1970. Para alguns autores como David Harvey, aquele momento histórico de crise é caracterizado como uma fase de acumulação flexível face à uma era de incertezas e crises (HARVEY, 2009, p. 6-7). O embargo dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP foi fatal aos países europeus e os Estados Unidos, de modo que houve um déficit de oferta, nacionalizações de petrolíferas e uma série de conflitos envolvendo os grandes produtores árabes. Os preços do barril atingiram valores expressivos aumentando em torno de 400% e desestabilizando a economia mundial. Em 1956, o presidente do Egito nacionalizou o canal do Suez de antiga propriedade de capitais ingleses e franceses provocando uma crise devido a importância do canal como passagem de exportações na região. Em seguida, a então crise do petróleo de 1973 foi marcada pelo aumento considerável do preço do barril de

petróleo como forma de protesto antiamericano e antiisraelita. É nesta década ainda que ocorre uma crise política no Irã e guerra deste país com o Iraque, provocando uma desorganização do setor petrolífero. Posteriormente, em 1991, a Guerra do Golfo protagonizou episódios de incêndio de poços petroleiros por parte dos iraquianos, ocasionando impactos ambientais e econômicos enormes. A quadruplicação dos preços exigiu ajustes macroeconômicos em todos países industrializados, de modo que a acumulação flexíveis de capitais se tornou um marco decisivo nas gestões político-econômicas sejam pelas mudanças tecnológicas seja pela automação e constituição de novas linhas de produção. Como conseqüência houve uma flexibilidade dos processos de trabalho e dos padrões de consumo. O acesso à informação é vital na atualidade provocando mudanças nas noções de tempo e espaço, assim como uma maior pressão sobre a força de trabalho. Estes anos neoliberais apresentaram níveis altos de desemprego, ganhos modestos de salários e um sucateamento dos recursos materiais e humanos, principalmente pelo mercado terciarizado. A acumulação flexível é marcada pela sua rapidez de giro da produção e do consumo. Em função disto, ocorreu uma reorganização do sistema econômico em evidência do poder do Fundo Monetário Internacional FMI e do Banco Mundial. Percebemos mudanças na estrutura de poder, em que os Estados Unidos se tornaram mais dependentes que nos anos de Guerra Fria do comércio exterior com o crescimento do poder financeiro e a capacidade de produção européia, japonesa e chinesa. A crise de 2008 A atual crise financeira em função do mercado imobiliário norte-americano não tem nada de nova nem significa o começo do fim do capitalismo. A sua abrangência, em mesma medida que as crises anteriormente apontadas, é global pelo fato de hoje não existirem mais fronteiras econômicas. As crises são inerentes ao sistema capitalista e renovam este cada vez mais que se evidenciam. Apesar das interferências governamentais, a crise atual se alastrou pela queda de valores de imóveis. Os financiadores que contavam com uma valorização dos imóveis aumentaram as taxas de crédito; este acréscimo levou a um aumento da inadimplência em virtude de 94

95 mais imóveis terem sido retomados para saldar dívidas e ao serem colocados no mercado contribuíram para a baixa de preços. Quando era tarde e o mercado percebeu a bolha existente, o ciclo passou a operar em outra direção, desvalorizando os imóveis e aumentando taxas e devedores inadimplentes. No princípio, esta crise era encarada como apenas um pequeno problema de não-pagamento naquele setor específico estadunidense, caracterizada como crise do subprime. Na segunda metade de 2008, inúmeras notícias negativas derrubaram as principais bolsas de valores mundiais. O tesouro norte-americano assumiu o controle de companhias do setor hipotecário como as irmãs Fannie Mãe e Freddie Mac e o quarto maior banco americano, Lehman Brothers, que pediu concordata. Para se ter noção dos impactos, a American International Group AIG solicitou ajuda monetária na cifra de US$ 40 bilhões de dólares. A denominada crise do subprime ganhou destaques e se transformou numa recessão financeira internacional. Assim, derrubaram-se os arranjos sobre os quais as modernas políticas desenvolvimentistas se sustentavam. A crise necessitou de uma intervenção mais incisiva dos aparelhos estatais sobre a dinâmica econômica, pela busca de soberania dos Estados no zelo de suas políticas de seguridade de emprego, renda, consumo e investimento. Uma crise iniciada no mercado imobiliário se infiltrou no sistema financeiro e se espalho por vários setores econômicos. O enorme risco de falência mobilizou o governo norte-americano a propor pacotes bilionários de ajuda aos bancos com balanços comprometidos. O mercado de trabalho sofreu uma forte contração no aumento de taxas de desemprego, chegando a 2,6 milhões de pessoas nesta situação, uma taxa maior desde o fim da II Guerra (FOLHA, 2009). Neste cenário de crise surgiram os conflitos urbanos, que segundo Harvey, são decorrências da acumulação de capital. O mercado deveria ser regulado por algum órgão internacional e não ser deixado se auto-regular. Para além disso, os Estados Unidos deveriam ser monitorados de modo que agem livremente de qualquer controle sobre as leis de mercado (HARVEY, 2009, p. 6-7). Assim, a crise deve ser encarada com um fenômeno urbano do ponto de vista de Harvey. Esta recessão deveria ser discutida com base no super-aquecimento do mercado imobiliário americano desde os anos 2000. O consumidor americano teve seu

orçamento arrochado e o fornecimento de crédito aumentou, logo as pessoas não saldavam suas dívidas e continuavam gastando. O capital financeiro poderia assim atuar no cenário urbano fornecendo moradias e estimulando demanda pelas mesmas. Para o Brasil, os efeitos não foram imediatos devido à regulação bancária mais rígida que dos países desenvolvidos. O país não contaminado pelos títulos podres do sistema hipotecário americano e manteve patamares de crédito e liquidez aceitáveis. Todavia, ao ser atingido na esfera real da economia, grandes partes dos setores do aparto produtivo nacional demonstraram vulnerabilidade frente à crise deflagrada. As grandes evidências disto foram os níveis recordes de demissões registrados no início de 2009 como resultado da expressiva queda da atividade industrial. O ônus social do capitalismo Diante das massivas notícias sobre a crise atual nos mais variados meios de comunicação percebemos diversas variáveis relativas à queda da bolsa, ao risco país, às perdas de setores econômicos e incríveis taxas de desemprego. Contudo, perante tantas informações pouco se considera os impactos reais às vidas das pessoas frente essa avalanche de informações predominantemente marcadas por números e mais números. Dessa forma, precisamos pensar também a situação das pessoas que se envolvem com os efeitos diretos das crises econômicas e têm suas vidas transformadas, assim como seus sonhos e anseios pela quebra de uma montadora ou um grande banco, por exemplo. No estado de Minas Gerais, cidade que se dedicam exclusivamente às atividades mineradoras sofreram grande impacto com a perda de arrecadação proveniente em última análise da crise mundial. Pense no impacto que uma paralisação de uma grande siderúrgica ou mineradora provoca numa cidade que vive basicamente desta atividade. Socialmente os impactos são profundos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, a taxa de desemprego no Brasil saltou de 8,5 para 9,0 no mês de março de 2009 (BRASIL, 2009). Nos Estados Unidos 651 mil postos de trabalho foram fechados em fevereiro do mesmo ano e a Espanha possuía uma das maiores taxas de desemprego do mundo e a maior do continente europeu (UNITED STATES, 2009). São pessoas reais, nossos 96

vizinhos ou nós mesmos e não somente as perdas financeiras estimadas em 4 trilhões de dólares [2] que são afetadas. Estas são algumas razões para também pensarmos o lado social mediante os efeitos das recessões econômicas. Um olhar sobre as crises Para Alexandre Versignassi, a crise que estamos vivenciando vai acabar. E voltar. O autor cita como exemplo uma situação semelhante vivenciada a mais de 300 anos na Inglaterra. De uma hora para outra a crise surgiu, a bolsa de valores despencou e o dinheiro ficou raro. Os empréstimos sumiram e todos começaram a gastar menos. Não haviam créditos nem clientes e várias companhias fecharam, principalmente as de navegação. Naquele tempo, o governo precisou agir para evitar o colapso completo delimitando os grandes culpados pela crise: a ganância dos homens. Pode parecer incrível, mas tudo isto ocorreu em 1697. O estado inglês precisou intervir colocando rédeas no mercado financeiro após o estouro da bolha que deu lugar a maior crise dos primórdios do capitalismo. Aquele cenário nos traz semelhanças com o mundo de agora. A atual crise não tem nada de nova nem significa o começo do fim do capitalismo; somente é maior na medida em que hoje não existem mais barreiras econômicas. São basicamente quatro passos que as crises capitalistas enfrentaram: 2010 1) Novas oportunidades de investimento (Internet, imóveis, etc.) criam chances de lucros cada vez maiores no mercado financeiro; 2) Quanto mais lucro se espera, mais as ações sobem. Investidores novatos entram no negócio; 3) Companhias novas lançam ações para aproveitar a euforia. Pessoas e empresas fazem fortunas da noite para o dia. O crédito fica facinho; 4) As expectativas de lucro não viram realidade. Investidores fogem. Bancos tomam calote. O crédito some, a economia trava. E vem a crise. (VERSIGNASSI, 2009, p. 25-6) 97 Mesmo diante da crise citada, do século XVII, a mesma serviu de base para construção do mundo e fortalecimento do sistema econômico graças ao cassino de

98 ações e a invenção do comércio global. Depois disso vieram dezenas de crises e transformações para o capitalismo, de modo que este se revitaliza a cada abalo modificando-se às novas realidades que enfrenta. Frederico Mazzucchelli apresenta uma interessante análise em entre alguns aspectos da crise de 1929 e a de 2008. Num contexto de intensas incertezas que vivemos é inevitável este tipo de comparação na medida em que observamos o profundo impacto da recessão que assola parte significante do sistema financeiro global. Mais ainda, a produção, os empregos, os investimentos, de modo geral, a situação econômico-social foram fortemente afetadas. O peso das riquezas das operações financeiras e a interligação de vários segmentos de mercado em escala mundial são hoje infinitamente maiores do que no final da década de 1920. Estamos atualmente diante de um processo monumental de desvalorização de ativos superior àquele momento registrado. Por outro lado, a intervenção de governos no andamento da crise atual foi está sendo muito maior e imediata, principalmente no que diz respeito à concessão de capitais ou estatização de empresas quebradas. O fato é que tudo isto ocorre depois desta fase tão larga, sem paralelo na história do capitalismo, de 50 anos de acumulação ininterrupta (salvo uma pequeníssima ruptura em 1974/75) assim como também tudo o que os círculos capitalistas dirigentes, e em particular os bancos centrais, aprenderam da crise de 29, tudo isso faz com que a crise avance de maneira bastante lenta (CHESNAIS, 2009). Mazzucchelli considera a ação dos governos como tipicamente keynesiana pela busca do fortalecimento do circuito de crédito-gasto-renda, em que os líderes dos países buscam intervir na economia mediante absoluta preferência pela liquidez. Este cenário era impensável em 1929. Em contrapartida, há uma semelhança interessante naquelas duas situações de recessão: a fragilidade da regulação e o relaxamento da percepção de riscos. Durante a Grande Depressão, as respostas para a crise foram primeiramente desastradas e geraram problemas como a propagação de quebras, contração da produção e explosão do desemprego. Naquele caos econômico-social, os governos norte-americano e alemão, firmados em projetos disciplinadores, conseguiram reverter a situação de colapso com a regulação rígida do sistema financeiro. Roosevelt promoveu

o saneamento do setor bancário estadunidense e estabeleceu regulamentações financeiras abandonando o padrão-ouro e colocando o dólar em progressiva trajetória de queda. Assim, os juros estavam libertos do câmbio fixo e a expansão de crédito bancário pôde irrigar a economia e estimular a alta dos preços. Hitler converteu o sistema financeiro como um braço do Reichbank impondo controle absoluto nas transações de moedas estrangeiras oferecendo oxigênio para a economia alemã. Em ambos casos, a disciplina sobre as finanças privadas foi fundamental para a saída dos escombros da profunda depressão. Para hoje seria necessário uma imperiosa reintrodução de padrões mais rígidos para redimensionar o funcionamento do sistema financeiro mundial visando à estabilidade mínima das economias capitalistas. Mazzucchelli aponta uma diferença significativa entre os dois momentos históricos que não pode ser desconsiderada. No inicio dos anos 1930, a proporção da população economicamente ativa empregada nas atividades agrícolas e extrativas era próxima a um quarto nos Estados Unidos, e a um terço na Alemanha. Com a Depressão, dada a maior sensibilidade dos preços agrícolas às variações da demanda, a renda real da população empregada no campo despencou. [...] parcela relevante dos recursos públicos administrados pelo New Deal e pelos nazistas foi direcionada exatamente para a reversão do quadro devastador que se abateu sobre a agricultura. Hoje, esta questão nem se quer é colocada: nem a proporção da população empregada no campo é relevante, ILEEL nem a participação da agricultura na criação de renda tem uma expressão econômica digna de maiores preocupações. É provável, entretanto, que o mercado imobiliário de hoje seja a agricultura de ontem: a dimensão da crise dos ativos relacionados às hipotecas de alto risco (subprime) ainda não é mensurável. (MAZZUCCHELLI, 2008, p. 65) Dessa forma, é possível que na atual crise financeira a intervenção estatal seja tão intensa quanto foi para retirar a agricultura da depressão nos anos 1930. Não é previsível para a crise atual um desdobramento parecido com a Grande Depressão. Até porquê o mundo de hoje é diferente do mundo à 80 anos atrás. A intervenção tem 99

evitado maiores desastres em virtude da derrota fragorosa do liberalismo iludido pela regulação dos mercados e pela euforia das finanças desregulamentadas. Considerações finais Para pensarmos as recessões econômicas do sistema capitalista é importante direcionarmos nossos olhares para as diversas contribuições do conhecimento humano como a história, a economia, a ciência política, a geografia, as ciências sociais, etc. O acesso à inúmeras formas de pensar e conceber o mundo nos abrem portas para entendermos o que se passa em sociedade. As crises capitalistas são cíclicas, funcionais e agem no sentido de reestruturar e reformular o sistema, ainda que sejam necessários elementos considerados obsoletos e de tempos passados. Isto é, em determinados momentos, a recorrência ao Estado e sua intervenção se tornam necessárias. Muito criticada tal atuação estatal, o apoio estatal se tornou evidente quanto as ordens do livre-mercado dão sinais de limites. No atual momento de crise se fala na volta de práticas intervencionistas, como a estatização de bancos e a injeção de capital. Em linhas gerais, procuramos pontuar alguns aspectos notáveis entorno das crises capitalistas e a vida cotidiana das pessoas, na medida em que é preciso olhares atentos nos discursos interpretativos das crises e até onde uma recessão poderá afetar nossas vidas em sociedade. REFERÊNCIAS: A LUTA PELA ESPERANÇA. Direção: Ron Howard. Produção: Brian Grazer, Ron Howard e Penny Marshall. Intérpretes: Russell Crowe, Renée Zellweger, Paul Giamatti, Craig Bierko, Paddy Considine e outros. Los Angeles: Universal Pictures, 2005. Legendas em Espanhol, Francês e Português. 1DVD video (144 min). ARRIGHI, Giovanni. O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso tempo. Trad. Vera Ribeiro. São Paulo: Contraponto/UNESP, 1996. BEAUD, Michel. História do capitalismo de 1500 até os nossos dias. Tradu. Maria Ermantina Pereira. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 100 BEINSTEIN, Jorge. A crise na era senil do capitalismo: esperando, inutilmente, o quinto Kondratieff.

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[1] E-mail: rudrigu7@gmail.com [2] Cálculo estimado da crise mundial, publicado em noticia pela BBC em 21/09/2009. Disponível em: <www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/04/ 090421_fmirelatorio2_bg_ac.shtml>. Acesso em: 06/04/2009. 103