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Transcrição:

DECISÃO RELATOR: matrícula 1.064.742 RELATÓRIO Trata o presente processo de notificação de infração, lavrada no dia 25.07.2005, em Manaus, com fundamento no art. 299, V do Código eiro de Aeronáutica, por ter permitido o preenchimento com dado inexato o Plano de Voo da aeronave PT-RVS (Campo 18 Aeródromo de Destino), de propriedadae da RORAIMA TAXI AÉREO Ltda. fls. 08. A autuação teve origem em fiscalização de rotina na aeronave onde foi observado que as cargas colocadas na aeronave tinham como endereçamento as localidades de DEMINI e BALAWA- U, ambas aldeias indígenas em área Yanomami coberta pela SBR-701, com pistas não registradas ou homologadas. No entanto, o plano de voo consta como destino a Fazenda Depósito/Pacaraima/RR radial 340. No plano o comandante declara radial 250, 90º de diferença do rumo a ser seguido pelo plano. O relatório do fiscal aponta, ainda, que os funcionários da empresa confirmaram que o destino da carga e do voo eram as localidades descritas acima. O fiscal também registra em seu relatório que o piloto não negou que ira para as aldeias indígenas, apenas justificou que faria um pequeno sobrevôo, sem especificar o motivo. Vale registrar que o relatório vem acompanhado de um parecer circunstanciado, onde a fiscalização registra os planos de vôos dos últimos cinco dias e acosta o movimento trimestral abril, maio e junho do ano de 2005 do aeródromo Fazenda Depósito SIRF fls. 01/06. Regularmente notificada, a empresa apresentou defesa, afastando quelaquer erro no preenchimento ou dado inexato em relação ao destino. Sustenta que o campo 18 do plano de voo não se trata de destino, mas apenas de informações complementares fls. 09. Em 31.10.2006, entendeu a Gerência de Fiscalização de Serviços Aéreos na manutenção da multa, conforme art. 299, V do Código eiro de Aeronáutica, fixada então em R$5.000,00 (cinco mil reais) fls. 14. Em 17.01.2007, a empresa, através de procurador, apresenta recurso à Junta Recursal, postulando pela anulação da multa aplicada, reproduzindo os termos de sua defesa. Não acostou documentos de prova fls. 16/22. Processo n. 613.894/06-2/ASA Página 1

É o relatório. VOTO DO RELATOR AVIAÇÃO GERAL. ART. 299, V, CBA. PREENCHIMENTO DO PLANO DE VOO COM DADOS INEXATOS. RECURSO IMPROVIDO. A autuação foi realizada com fundamento no art. 299, V do Código eiro de Aeronáutica - CBA, Lei n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986, que dispõe o seguinte: Art. 299. Será aplicada multa de (vetado) ate 1.000 (mil) valores de referência, ou de suspensão ou cassação de quaisquer certificados de matrícula, habilitação, concessão, autorização, permissão ou homologação expedidos segundo as regras deste Código, nos seguintes casos: (...) V - fornecimento de dados, informações ou estatísticas inexatas ou adulteradas; A notificação de infração teve origem em inspeção realizada pelo fiscal, que realizou um trabalho minucioso, valendo-se da constatação de que a carga continha endereçamento para as localidades de DEMINI e BALAWA-U, aldeias indígenas Yanomamis, cobertas pela SBR-701, quando o plano de voo registrava destino diverso Fazenda Depósito/Pacaraima/RR, radial 340. Ademais, valeu-se do depoimento de funcionários da empresa, que confirmaram o destino real da carga. Também o piloto foi questionado e confirmou a intenção de fazer um sobrevôo na área indicada na carga. No entanto, o principal elemento de prova trazido aos autos é o movimento trimestral do Aeródromo Fazenda Depósito SITF, do período de abrio, maio e junho de 2005, encaminhado ao SERAC-7 pela empresa NORTEAGRO LTDA, onde restou provado que a aeronave PT-RVS não teve pousos ou decolagens no aeródromo referenciado no plano de voo fls. 04/05 e 06. A empresa notificada negou o fato em sua defesa e em seu recurso. No entanto, não foi capaz de trazer aos autos qualquer prova que pudesse sustentar suas alegações. Com efeito, goza o ato administrativo e em especial a medida de polícia do atributo da presunção de veracidade, que, no entanto, pode ser elidida por prova a ser produzida pelo particular. Oportunizada a defesa à empresa autuada, não foi capaz de provar que de fato sua aeronave pousou no destino informado em seu plano de voo. Prestar as informações representa um dever da empresa que viabiliza o exercício do poder de polícia pela autoridade e que, portanto, não admite possa ser dispensado. Processo n. 613.894/06-2/ASA Página 2

Vale registrar que não se trata apenas de um dever enquanto concessionário, mas também enquanto parte no processo administrativo. Nesse sentido, inclusive, o art. 4º da Lei 9784/99, in verbis: Art. 4 o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I - expor os fatos conforme a verdade; II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; III - não agir de modo temerário; IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. (grifo nosso) Finalmente, o fornecimento de dados inexatos desmerece a atuação do fiscal, compromete a perquirição da verdade e prejudica a prestação do serviço público como um todo. Assim, houve de fato à legislação vigente, em especial o art. 299, V do Código eiro de Aeronáutica. Ausentes circunstâncias atenuantes e agravantes, assim consideradas aquelas expressamente previstas no art. 22 da Resolução n. 25/08. A decisão de primeira instância administrativa aplicou multa de R$5.000,00 (cinco mil reais). Não incidindo circunstância agravante ou atenuante, deve a penalidade ser valorada em seu grau médio, conforme expressa previsão no art. 57 da Resolução n. 25/08. Convém observar que a Resolução n. 25/08 prevê o valor médio para a hipótese em apreço de R$7.000,00 (sete mil reais). No entanto, a multa aplicada guarda sintonia com a legislação vigente à época IAC 012/1001, que apenas estabelecia valores máximos. Ademais, eventual reforma para agravamento da sanção dependeria do cumprimento da exigência prevista no art. 64, parágrafo único, da Lei 9784/99, que prevê a necessidade de intimação do recorrente para formule suas alegações antes da decisão, o que compromete a duração razoável do presente processo. Nesse sentido, deve ser mantida a multa, no valor aplicado pela autoridade fiscal. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo conhecimento e não provimento do recurso, mantendo-se a multa aplicada pela primeira instância administrativa. É como voto. RELATORA Processo n. 613.894/06-2/ASA Página 3

CERTIDÃO DE JULGAMENTO AUTUAÇÃO PRESIDENTE DA SESSÃO RELATOR: matrícula 1.064.742 ASSUNTO: aviação geral art. 299, Vdo CBA CERTIDÃO Certifico que Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, conheceu do recurso, negando-lhe provimento, para que seja mantida a multa aplicada, nos termos do voto da Relatora. Os Srs. Membros Sérgio Luís Pereira Santos e Edmilson José de Carvalho votaram com a Relatora. PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Processo n. 613.894/06-2/ASA Página 4

DESPACHO Encaminhe-se o presente a Secretaria da Junta Recursal para as providências de praxe. PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Processo n. 613.894/06-2/ASA Página 5