DECISÃO RELATÓRIO. Página 1 de 6. Proc nr EJC. Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil

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1 DECISÃO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Nº AI: 122/AFZ/2007 Nº PROC.: / Nº CRED.: INTERESSADO: EMPRESA DE TRANSPORTES AÉREOS DE CABO VERDE TACV S.A. ISR/RO: nº ROCE02SFZ /07 PASSAGEIRA: JUANA DE ANDRADE LUCINI RELATOR: Edmilson José de Carvalho Mat. SIAPE nrº RELATÓRIO - Trata de recurso impetrado pela empresa supracitada por multa pecuniária imposta através de processo administrativo por infração aos preceitos da Lei nº de 19 de dezembro de 1986 que dispõe sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica CBAer, na sua essência o artigo Passageira insatisfeita com a execução de seu contrato de transporte aéreo formaliza seu protesto junto à fiscalização da ANAC no Aeroporto de Fortaleza/CE (SBFZ) através do Registro de Ocorrência (R.O.) nº ROCE02SFZ /07 (fl.01), no qual relata que a empresa aérea supracitada, ciente de atraso de mais de 4 (quatro) horas no voo TCV 0665, previsto para as 20h45min do dia 09 de novembro de 2007, não encaminhou os passageiros para hotel, adiando o voo para as 04h45min do dia 10 de novembro de 2007, com 8 (oito) horas de atraso. - De acordo com a passageira, o Gerente da companhia ainda teria prestado informações inexatas aos passageiros quanto ao horário do voo e quanto a disponibilidade da rede hoteleira. - Por fim, relata que a única assistência oferecida foi em forma de voucher para alimentação, no valor de R$ 21,00 (vinte e um reais), o que segundo a passageira não cobria a despesa, uma vez que o prato mais barato do restaurante era no valor de R$ 23,00 (vinte e três reais). - Visando compor a apuração dos fatos relacionados no RO supracitado, o Chefe da Seção de Aviação Civil de Fortaleza - SAC FZ - solicitou (fl.05) em 16 de novembro de 2007 o envio de justificativas, acompanhadas de documentos comprobatórios, em papel timbrado, com carimbo e assinatura do responsável pelas seguintes informações: a) Qual a Causa dos fatos citados pelos passageiros? ; b) Quais as facilidades oferecidas aos passageiros? ; e c) Se o atraso foi superior a quatro horas, por que não foi oferecido hotel? - Em resposta a solicitação feita pela ANAC, o representante da empresa informou (fl.06), correspondente as indagações anteriores que: a) O referido atraso deu-se em razão de problemas técnicos; b) Foi oferecido jantar aos passageiros; e c) Não foi oferecido hotel por causa de falhas na comunicação entre a base de Fortaleza/CE e o centro de operações da TACV em Cabo Verde. - O presente processo administrativo sancionador teve início após lavratura do Auto de Infração nº 122/AFZ/2007 (fl.07) de 25 de novembro de 2007, para a empresa TACV por deixar de fornecer hotel a passageira, em decorrência de atraso de mais de oito horas de do voo TACV 0665, do dia 09 de novembro de Infração capitulada no artigo 302, inciso III, alínea u do CBAer. - A empresa aérea apresenta Defesa Prévia (fl.09) protocolado em 10 de dezembro de Página 1 de 6

2 2007, reportando-se ao documento de fl.06, recebido pela Fiscalização ANAC em 19 de novembro de 2011, no qual apresenta as razões do atraso, bem como as providências tomadas e a razão pela qual não acomodou os passageiros em hotel. - A autoridade competente de 1ª instância em Processo Administrativo da ANAC - (fls.13-14) não considerou o documento de fl.09, seguindo o processo à revelia e observando o artigo 22, 2º das Condições Gerais de Transporte, aprovada pela portaria nº 676/GC-5, de 13 de novembro de 2000, afastando o cabimento de circunstâncias atenuantes e agravantes que pudessem influir na dosimetria da pena, considerou que a Cia. Aérea deixou de oferecer as devidas facilidades no caso do referido cancelamento, imputou multa no valor R$7.000,00 (sete mil reais), como sanção administrativa, conforme a Tabela do anexo II da Resolução da ANAC nº 25 de 25 de abril de Eis o breve relatório. RESUMO DO RECURSO - A Empresa impetra Recurso tempestivo (fls.20-24), alegando precipuamente a prescrição intercorrente da Ação Punitiva, uma vez que a infração ocorreu em 09 de novembro de 2007 e a notificação da decisão em primeira instância foi exarada em 22 de julho de 2011 (3 anos, 8 meses e 13 dias depois). - Na análise dos fatos, declara que: 1. O voo VR 665 do dia 09/11/2007 sofreu atraso em virtude de problemas técnicos; 2. Em 19/11/2007 conforme se comprova ás fl.06, e empresa aérea oficiou a ANAC informando que foi oferecido à passageira jantar, porém ela deixou de ser acomodada em hotel por não haver disponibilidade de hotelaria em Fortaleza e também por que a base de Fortaleza não estava conseguindo comunicação com o centro de operações da TACV em Cabo Verde; 3. A empresa reitera que em momento algum se escusou a responder as acusações que lhe foram imputadas e que como prova de tal assertiva, a empresa apresentou por escrito informações e esclarecimentos em 19 de novembro de 2007, seis dias antes de ser lavrado o Auto de Infração. - Entretanto, ressalta que a defesa não foi analisada pela primeira instância, conforme parecer de fl.13, no qual, foi considerado que a empresa não a apresentou até a data da decisão e que transcorrido o prazo de 20 (vinte) dias para apresentação da referida defesa, seguiu-se o processo à sua revelia. - A Empresa protesta também pela incompetência da Autuante alegando que de acordo com o artigo 38, inciso II, do anexo I da Resolução da ANAC nº 110 de 15 de setembro de 2009 e com o artigo 100, inciso III do referido anexo, caberia somente à Diretoria, às Superintendências e as Gerências Gerais a competência legal para aplicar penalidades resultantes do descumprimento da legislação aeronáutica. E que o responsável pela Lavratura do Auto de Infração, Sr. Ronnie Coutinho de Souza (Mat. SIAPE ) não teria competência legal para exarar qualquer ato administrativo sancionatório. De acordo com a defesa, auto seria portanto nulo de pleno direito por ter sido expedido por pessoa sem competência legal e, segundo a defesa, por uma divisão de que sequer existe no Regime Interno. - Alega que a decisão aplicada da multa no valor de R$ 7.000,00(sete mil reais) limitase a concordar com o parecer (fls.14) e que não há na citada decisão voto ou relatório que lhe desse fundamentação legal e que nenhum Técnico em Regulação ou Analista teria autorização legal para relatar ou propor sanção nos autos de infração. - Protesta ainda pela ilegalidade da norma que permite a atualização ou majoração do Página 2 de 6

3 valor das multas que, de acordo com a Lei de criação da ANAC e com a Resolução nº 110 de 15 de setembro de 2009, só pode ser alterada por Lei ordinária. -Ademais, alega que o valor imputado à empresa, fere os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, uma vez que não houve a revelia e que segundo a defesa, sequer houve infração. - Por fim, requer a nulidade do auto de infração, a extinção do processo administrativo e que todas as intimações sejam feitas em nome do Advogado CARLOS PAIVA - OAB/RJ , Rua Ouvidor, 161 5º andar Grupo 507, Centro, Rio de Janeiro RJ CEP , sob pena de nulidade. PARECER DO RELATOR PRELIMINARMENTE: - O Auto de Infração é o ato princípio de um processo administrativo, assim está descrito na Lei nº de 19 de dezembro de 1986, que dispõe o sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBAer): Art Toda vez que se verifique a ocorrência de infração prevista neste Código ou na legislação complementar, a autoridade aeronáutica lavrará o respectivo auto, remetendo-o à autoridade ou ao órgão competente para a apuração, julgamento ou providências administrativas cabível. - Onde a Resolução ANAC nº 25 de 25 de Abril de 2008, complementa: Art. 4º O processo administrativo terá início com a lavratura do Auto de Infração AI. - O auto de infração como principal documento de um processo administrativo sancionador deve se cobrir da formalidade prevista em legislações específicas como a Resolução ANAC nº 25 de 25 de abril de 2008 e a Instrução Normativa nº 08 de 06 de junho de O Auto de Infração que deu inicio ao presente processo administrativo, a descrição da legislação infringida pela autuada assim como a declaração errônea de que a empresa autuada não se pronunciou sobre explicações solicitadas sobre as ocorrência do dia 09/11/07 na data de sua lavratura, ou seja em 25 de novembro de 2007, quando foi certo que as informações foram recebidas em 19 de novembro de 2007, assim faz-se necessário a retificação da descrição da ocorrência do referido Auto de Infração. - A empresa autuada apresenta Defesa tempestiva em 10 de dezembro de 2007, através de seu Representante, reiterando as informações apresentadas em 19 de novembro de 2007, no entanto a autoridade competente de 1ª instância em Processo Administrativo da ANAC - (fls.13-14), não fez analise das manifestações apresentadas provocando desta forma o cerceamento de defesa da interessada, conforme previsto na Lei nº de 29 de janeiro de 1999, que regula os processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal: Art. 2 o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Página 3 de 6

4 VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; Art. 3 o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; - Em recurso a interessada contesta que na decisão da 1ª instância não há citação da fundamentação legal utilizada assim como aduz que nenhum Técnico em regulamentação ou Analista Administrativo tem autorização legal para relatar ou propor sanção nos autos de infração. Assim é oportuno observar o previsto na Lei nº 9784 de 29 de janeiro de 1999: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 1 o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Grifos meus. NO MÉRITO: - Pelos motivos expostos na preliminar, deixo de analisar o mérito do recurso impetrado, e voto pela anulação da Decisão (fls.13-14) e que o presente processo administrativo retorne para o órgão de sua origem para prolatar nova Decisão, posterior a analise de verificação da necessidade de que o Auto de Infração deva ser refeito considerando os fatos disposto no presente processo, conforme previsto na Lei nº de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal: Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. É o voto do Relator. Rio de Janeiro, 18 de outubro de EDMILSON JOSÉ DE CARVALHO Membro da Junta Recursal da ANAC Matricula SIAPE nº Página 4 de 6

5 Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil CERTIDÃO DE JULGAMENTO JR AUTUAÇÃO Nº AI: 122/AFZ/2007 Nº PROC.: / Nº CRED.: INTERESSADO: EMPRESA DE TRANSPORTES AÉREOS DE CABO VERDE TACV S.A. ISR/RO: nº ROCE02SFZ /07 PASSAGEIRA: JUANA DE ANDRADE LUCINI RELATOR: Edmilson José de Carvalho Mat. SIAPE nrº PRESIDENTE DA SESSÃO: Sergio Luis Pereira Santos ASSUNTO: Não disponibilizar a facilidade de hospedagem na ocorrência de atraso de voo em prazo superior a 4(quatro) horas Enquadramento no CBAer, artigo 302, inciso III, alínea u combinado com a Portaria nº 676/GC5 de em artigo 22 e parágrafo 2º. CERTIDÃO Certifico que Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, deliberou por anular a Decisão do ato sancionador e por retornar o presente processo, para o órgão competente de origem do presente processo administrativo, nos termos do voto do Relator. O Presidente da Junta Recursal, Sr. Sergio Luis Pereira Santos e o Membro da Junta Recursal Sr. Carlo André Araripe Ramalho Leite votaram com o Relator. Rio de Janeiro, 20 de outubro de Sergio Luis Pereira Santos PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Página 5 de 6

6 DESPACHO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Encaminhe-se a Secretaria da Junta Recursal para anulação da Decisão e, conseqüentemente, cancelamento da multa aplicada nos termos da Certidão de Julgamento em decisão prolatada e restitua o presente processo ao órgão competente de 1ª instância para proferir nova Decisão em conformidade com o descrito no voto do Relator. Rio de Janeiro, 20 de outubro de Sergio Luis Pereira Santos PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Página 6 de 6

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