PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

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1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO AGRAVO LEGAL EM APELAÇÃO CÍVEL Nº /SP /SP RELATOR : Juiz Federal Convocado Silvio Gemaque APELANTE : Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ADVOGADO : JOAO LUIZ MATARUCO : HERMES ARRAIS ALENCAR APELADO : IRACEMA DE OLIVEIRA RODRIGUES ADVOGADO : ALINE CRISTINA SILVA LANDIM AGRAVADA : DECISÃO DE FOLHAS No. ORIG. : Vr GUAIRA/SP RELATÓRIO O Senhor Juiz Federal Convocado Silvio Gemaque (Relator): Trata-se de agravo legal interposto pela autarquia previdenciária em face da decisão monocrática (fls. 175/182) que, com fundamento no art. 557 do Código de Processo Civil, deu parcial provimento à apelação do INSS apenas para fixar a verba honorária em 10% (dez por cento) das parcelas vencidas até a data da prolação da sentença. Sustenta a agravante, que o termo inicial do benefício deve ser fixado na data da juntada do laudo pericial aos autos, momento em que se configurou a resistência à pretensão da parte autora. Argumenta, ainda, que a agravada está em gozo de aposentadoria por invalidez, desde 13/01/2006, benefício inacumulável com outra aposentadoria ou auxílio-doença, razão pela qual o feito deve ser extinto por carência superveniente de ação, ou, então, ser determinada a compensação entre os valores pagos na via administrativa. Constatada a sua tempestividade, apresento o feito em Mesa para julgamento, a teor do que preceitua o artigo 80, I, do RI/TRF, 3ª Região. 1 de 6 20/09/ :45

2 2 de 6 20/09/ :45 É o relatório. VOTO O Senhor Juiz Federal Convocado Silvio Gemaque (Relator): A Nona Turma deste Tribunal Regional Federal da Terceira Região tem reiteradamente decidido que não merece ser reformada a "Decisão que não padece de qualquer ilegalidade ou abuso de poder, estando seus fundamentos em consonância com a jurisprudência pertinente à matéria devolvida a este E. Tribunal." (Processo nº , Relator Desembargador Federal NELSON BERNARDES, j. 20/07/2009). Vale dizer, em sede de agravo legal, a controvérsia limita-se ao exame da ocorrência, ou não, de flagrante ilegalidade ou abuso de poder, a gerar dano irreparável ou de difícil reparação para a parte. Nesse sentido, também: "PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO LEGAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. COMPLEMENTAÇÃO DE PENSÃO. RFFSA. EXCLUSÃO DA UNIÃO FEDERAL DA LIDE. JULGAMENTO NOS TERMOS DO ART. 557, 1º-A, DO CPC. POSSIBILIDADE. ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER INEXISTENTES. I - Decisão proferida com fundamento na faculdade dada ao relator pelo art. 557, 1º-A, do CPC, não havendo necessidade de dar-se à parte a oportunidade de apresentação de contrarrazões, providência que iria de encontro com a intenção do legislador de dar celeridade ao processo. II - Em sede de agravo legal, a controvérsia limita-se ao exame da ocorrência, ou não, de flagrante ilegalidade ou abuso de poder, a gerar dano irreparável ou de difícil reparação para a parte, vícios inexistentes na decisão que deu provimento ao agravo de instrumento, que objetivava a reforma daquela proferida em primeira instância que determinou a exclusão da União Federal, como sucessora da RFFSA.

3 3 de 6 20/09/ :45 III - Razões recursais que não contrapõem tal fundamento a ponto de demonstrar o desacerto do decisum, limitando-se a reproduzir argumento visando a rediscussão da matéria nele decidida. IV - Agravo legal a que se nega provimento." (Processo AI AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator(a) JUIZA MARISA SANTOS Sigla do órgão TRF3 Órgão julgador NONA TURMA Fonte DJF3 CJ1 DATA:13/05/2010 PÁGINA: 449 Data da Decisão 03/05/2010 Data da Publicação 13/05/2010). A decisão agravada, ao analisar o pedido de concessão de aposentadoria por invalidez, considerou incontroversas a qualidade de segurado e o cumprimento do período de carência e, no tocante à presença de moléstia incapacitante concluiu, através do laudo médico pericial, que a autora padece de hérnia de disco, hipertensão arterial sistêmica, artrose nos joelhos e tendinopatia em ombros, moléstias que geram sua incapacidade total e permanente para atividades que exijam esforço físico. Tais moléstias associadas ao conjunto probatório fornecido apontam a impossibilidade de reabilitação da requerente para outra atividade que lhe garanta a subsistência, principalmente se for considerada a sua idade, conta com mais de 65 anos, e o fato de sempre ter desempenhado atividade de auxiliar de cozinha, razão pela qual foi concedida aposentadoria por invalidez, com termo inicial fixado na data da cessação indevida do auxíliodoença (fl /03/2004), tendo em vista que à época a autora já se encontrava incapacitada para o trabalho. Contra a r. decisão monocrática a autarquia previdenciária interpôs o presente agravo legal pugnando pela reconsideração da mesma. Tal recurso previsto no art. 557, 1º, do Código de Processo Civil tem o propósito de submeter ao órgão colegiado o controle da extensão dos poderes do relator, bem como a legalidade da decisão monocrática proferida, não se prestando à rediscussão de matéria já decidida. Conforme consta do laudo pericial (fls. 137/139), analisado em conjunto com os atestados, relatórios e exames médicos (fls. 76/116), a parte autora apresenta hérnia de disco, hipertensão arterial sistêmica, artrose nos joelhos e tendinopatia em ombros, tendo percebido em diversas ocasiões o benefício de auxílio-doença previdenciário, conforme se verifica dos documentos de fls. 28/116. Ocorre que, de acordo com a documentação citada, a parte autora ainda padece das mesmas moléstias que motivaram a concessão do auxílio-doença, razão pela qual correta a r. decisão agravada ao fixar o termo inicial da aposentadoria por invalidez no dia imediatamente posterior ao da cessação indevida do auxílio-doença anteriormente concedido à requerente, uma vez que restou demonstrado nos autos não haver ela

4 4 de 6 20/09/ :45 recuperado sua capacidade laboral, em consonância com o entendimento desta 9ª Turma e decisões do STJ. Conforme alegou a autarquia e resta comprovado à fl. 202, a parte autora está em gozo de benefício de aposentadoria por invalidez desde 13/01/2006 (DIB). A carência superveniente ocorre no curso do processo, geralmente decorrente do comportamento do réu, tem como conseqüência o desaparecimento do interesse de agir. Todavia, não é caso de extinção do feito por falta de interesse de agir, uma vez que a parte autora ajuizou a presente demanda em 27/05/2004 requerendo benefício por incapacidade laborativa e, durante a instrução da ação a autarquia concedeu na via administrativa, o benefício de aposentadoria por invalidez. Contudo, a agravada faz jus às parcelas do benefício por incapacidade desde a data da cessão indevida do benefício de auxílio-doença. Anoto que, diante da impossibilidade de cumulação de aposentadoria e auxílio-doença ou mais de uma aposentadoria, conforme o disposto no artigo 124, incisos I e II, da Lei nº 8.213/91, a aposentadoria por invalidez, ora concedida, deve ser paga a partir da data considerada na r. decisão agravada observando-se a compensação dos períodos que recebeu auxílio-doença a fim de evitar a cumulação dos benefícios. Portanto, ainda que a aposentadoria por invalidez tenha sido concedida posteriormente ao ajuizamento desta ação, é certo que a parte autora possui interesse no recebimento dos valores a que faz jus quando houve a cessação indevida do auxílio-doença, uma vez que, na instrução probatória, ficou demonstrado que desde aquela data a parte autora preenchia os requisitos da aposentadoria por invalidez. Assim, não há que se falar em carência superveniente. Mantenho a r. decisão recorrida na parte em que fixa o termo inicial da aposentadoria por invalidez na data da cessação indevida do auxílio-doença, todavia, deve ser observada a compensação dos valores pagos em duplicidade, nos termos da legislação de regência.

5 Diante do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO AGRAVO LEGAL, nos termos da fundamentação. É o voto. Silvio Gemaque Juiz Federal Convocado Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE:214 Nº de Série do Certificado: 44366AC5 Data e Hora: 16/5/ :58:40 AGRAVO LEGAL EM APELAÇÃO CÍVEL Nº /SP /SP RELATOR : Juiz Federal Convocado Silvio Gemaque APELANTE : Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ADVOGADO : JOAO LUIZ MATARUCO : HERMES ARRAIS ALENCAR APELADO : IRACEMA DE OLIVEIRA RODRIGUES ADVOGADO : ALINE CRISTINA SILVA LANDIM AGRAVADA : DECISÃO DE FOLHAS No. ORIG. : Vr GUAIRA/SP D.E. Publicado em 26/5/2011 EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO LEGAL. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. DATA DA CESSAÇÃO INDEVIDA DO AUXÍLIO-DOENÇA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ NA VIA ADMINISTRATIVA. CARÊNCIA NÃO CARACTERIZADA. INTERESSE PELOS VALORES ATRASADOS. 1. O termo inicial do benefício de aposentadoria por invalidez, se o segurado estava em gozo de auxíliodoença, é o dia imediato da cessação deste benefício, nos termos do art. 43 da Lei 8.213/ A concessão posterior, na via administrativa, de aposentadoria por invalidez não configura carência de 5 de 6 20/09/ :45

6 6 de 6 20/09/ :45 ação por falta de interesse de agir, eis que ao autor é assegurado o recebimento dos valores devidos desde a cessação indevida do benefício de auxílio-doença. 3. É vedado o recebimento conjunto de aposentadoria e auxílio-doença ou de mais de uma aposentadoria. Inteligência do art. 124, I e II, da Lei nº 8.213/ Ao autor é garantido o pagamento de aposentadoria por invalidez desde a data da cessação indevida do auxílio-doença observando-se que as parcelas pagas na via administrativa devem ser compensadas na forma legal a fim de evitar o recebimento em duplicidade. 5. Agravo legal do INSS provido parcialmente. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Nona Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, dar parcial provimento ao agravo legal, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. São Paulo, 16 de maio de Silvio Gemaque Juiz Federal Convocado Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por: Signatário (a): SILVIO CESAR AROUCK GEMAQUE:214 Nº de Série do Certificado: 44366AC5 Data e Hora: 16/5/ :58:32