VOTO. INTERESSADO: Coqueiros Transmissora de Energia S.A. CTE.

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1 VOTO PROCESSO: / INTERESSADO: Coqueiros Transmissora de Energia S.A. CTE. RELATOR: Diretor Reive Barros dos Santos. RESPONSÁVEL: Diretoria - DIR. ASSUNTO: Recurso Administrativo interposto pela Coqueiros Transmissora de Energia S.A. em face do Auto de Infração nº 1.020/2015, lavrado pela Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira SFF, que aplicou penalidade de multa em decorrência de fiscalização econômico-financeira e contábil. I RELATÓRIO Em 24 de janeiro de 2014, por meio do Ofício-Circular n 2/ SRE/ANEEL, a então Superintendência de Regulação Econômica - SRE solicitou à concessionária Coqueiros Transmissora de Energia S.A. - CTE o envio de cópias dos contratos relativos às receitas auferidas com outras atividades, não contempladas na Receita Anual Permitida RAP (Contrato de Concessão n 019/2008). 2. Em sequência, por meio do Despacho n 1.273, publicado no Diário Oficial da União de 8 de maio de 2014, seção 1, p. 67, v. 151, n 86, a Diretoria da ANEEL determinou à Concessionária que apresentasse, até o dia 23 de maio de 2014, as informações relativas às outras receitas. 3. Em 10 de setembro de 2014, em razão da negativa da empresa, por meio Ofício n 585/2014-SFF/ANEEL, a SFF solicitou à concessionária esclarecimentos adicionais sobre as informações prestadas. 4. Em 1º de outubro de 2014, a autuada enfim protocolou na ANEEL a Correspondência CTE 026/2014, SIC n / , com as informações requerids. 5. Em 22 de outubro de 2014, por meio do Memorando n 1107/2014-SFF/ANEEL, a SFF solicitou à SRE a análise das informações e contratos encaminhados pela Transmissora. 6. Em 29 de abril de 2015, por meio do Memorando n 149/2015-SGT/ANEEL, a Superintendência de Gestão Tarifária - SGT, que sucedeu a extinta SRE, informou que o benefício econômico anual auferido pela omissão da COQUEIROS, na RAP de 2014, foi de R$ ,17 (quatrocentos e vinte e um mil e novecentos e sessenta e sete reais e dezessete centavos). 7. Em 10 de setembro de 2015, por meio do Auto de Infração nº 1.020/2015, a SFF aplicou penalidade de multa no valor de R$ ,11 (cento e vinte e sete mil, quatrocentos e sessenta e sete reais e onze centavos), decorrente da confirmação de 01 (uma) não conformidade (NC.1).

2 8. Ato subsequente, em 02 de outubro de 2015, a autuada protocolou Recurso Administrativo contra o AI nº 1.020/2015, devidamente cadastrado, sob o SICnet nº / Em 15 de outubro de 2015, em juízo de reconsideração, a SFF aduziu que o recurso seria intempestivo e que, mesmo assim, não havia trazido a empresa nenhum fato novo em seu recurso. Manteve assim a penalidade aplicada, encaminhando os autos para apreciação pela Diretoria. 10. Em 26 de outubro de 2015, mediante sorteio, o processo foi a mim distribuído. 11. Em 4 de março de 2016, por meio do Memorando nº 91/2016 ASD/ANEEL, minha assessoria solicitou à Procuradoria Geral PGE manifestação sobre o assunto. 12. Em 15 de março de 2016, por meio do Parecer nº 136/2016/PFANEEL/PGF/AGU, a PGE manifestou-se pelo conhecimento e não provimento do recurso administrativo interposto pela Coqueiros, mantendo a autuação da SFF. 13. É o relatório. II FUNDAMENTAÇÃO 14. Trata-se de recurso administrativo interposto pela concessionária dos serviços de transmissão de energia Coqueiros Transmissora de Energia S.A, contra o Auto de Infração n.º 1020/2015- SFF, de 10/09/2015, lavrado pela SFF, que aplicou penalidade de multa no valor de R$ ,11 (cento e vinte e sete mil, quatrocentos e sessenta e sete reais e onze centavos), correspondentes a 1,68 % do faturamento anual da Concessionária, decorrente da confirmação de 01 (uma) não conformidade (NC.1), por não ter encaminhado, em tempo hábil, informações relativas a outras receitas, conforme tabela abaixo: NÃO CONFORMIDADE ENQUADRAMENTO DA INFRAÇÃO (REN n DOSIMETRIA PENALIDADE 63/2004) [%] VALOR [R$] ARTIGO INCISO NC.1 7º XVI Multa do Grupo IV 1, ,11 TOTAL 1, , Em sede de juízo de reconsideração, a SFF alegou que o recurso havia sido protocolado após o prazo recursal previsto no art. 33, da Res. 63/04, [...] o prazo para interposição de recurso será de dez dias, contado do recebimento do AR. 16. Todavia, ao examinar os autos, a PGE verificou não constar dos autos cópia do aviso de recebimento, dando conta da data em que o AI foi recebido na empresa, devidamente assinado por responsável no endereço indicado. Informa, ainda, que A página dos correios indicada pela SFF não aponta o endereço de quem recebeu o documento, nem a assinatura deste. No caso concreto, o site ainda informa que o documento foi devolvido ao remetente em Brasília-DF, como segue: 19/10/ :16 Brasília / DF Objeto devolvido ao remetente 19/10/ :30 Brasília / DF Objeto saiu para entrega ao remetente

3 16/10/ :21 Rio De Janeiro / RJ Objeto-encaminhado de Unidade de Distribuição em Rio De Janeiro / RJ para Unidade Operacional em Rio De Janeiro / RJ 15/10/ :14 - Rio De Janeiro / RJ Objeto devolvido aos Correios 17/09/ :14 -Rio De Janeiro / RJ Objeto entregue ao destinatário 17/09/ :00 Rio De Janeiro / RJ Objeto saiu para entrega ao destinatário 17. Portanto, como não há como precisar a data em que a empresa recebeu o AI, é forçoso concluir pelo conhecimento do recurso, pois não há como ser declarada a sua intempestividade. 18. Quanto ao mérito, a recorrente alega em sua defesa que: (i) não recebeu o Ofício-Circular n 2/2014-SRE/ANEEEL; (ii) não teve conhecimento do Despacho n 1.273, de 22 de abril de 2014; e que (iii) não existem contratos relativos às receitas auferidas com outras atividades, não contempladas na Receita Anual Permitida (Contrato de Concessão n 019/2008). 19. Informa que tomou conhecimento do Ofício apenas após a leitura da Nota Técnica n º 195/2014, de 26/06/2014, quando então enviou a Carta CTE 026/2014, SIC n / , para a SFF, ressaltando que, por entendimento teórico, não teria outras receitas que devam ser consideradas para efeitos de revisão da RAP. 20. Todavia, a partir da análise das informações relativas a essas outras receitas, a SGT apurou valores em excesso na RAP de 2014, no montante de anual de R$ ,17 (até junho de 2014), comprovando, portanto, a Não Conformidade NC.1 constatada no AI nº 1.020/2015, lavrado pela SFF. 21. A transmissora, também, aduziu que não agiu de forma deliberada, o que tornaria inadequado o enquadramento e a consideração de que houve prejuízos aos serviços e vantagens auferidas da conduta. Entretanto, restou comprovado nos autos que a empresa omitiu informações necessárias ao processo de revisão, mesmo tendo sido expressamente provocada para que apresentasse tais dados. Os dados somente foram apresentados após a SFF apurar indícios da existência deles nos balancetes encaminhados anteriormente. Nesse sentido, resta clara a responsabilidade da empresa pelo não cumprimento da determinação. 22. Em seguida, a empresa questiona o fato da dosimetria da multa ter levado em conta a vantagem auferida. Aduz que, de posse dos dados, a SFE determinou o desconto dos valores a maior recebidos na tarifa fixada, em 2014, para o período subsequente (2015/2016). Ou seja, percebendo a irregularidade, a ANEEL determinou a devolução dos valores cobrados a maior aos consumidores e usuários que arcam com os valores das tarifas de transmissão. 23. Tal medida, contudo, conforme esclarece a SFF, não elide a responsabilidade da empresa. A glosa de valores somente teve lugar após a fiscalização apurar e descobrir a omissão de receitas que não foram enviadas pela empresa. Trata-se assim de uma correção ante a verificação de um ilícito anterior. Por meio da irregularidade apontada na Não Conformidade NC.1, a empresa obteve uma RAP maior do que a devida e dela usufruiu até o momento em que a irregularidade foi descoberta. A glosa posterior é uma consequência da reparação da irregularidade, e não desconstitui a vantagem de natureza concreta que foi auferida.

4 24. Diante do exposto, tendo sido a multa devidamente fundamentada, restando cumpridos os princípios da legalidade, razoabilidade e proporcionalidade na fixação do valor da penalidade, acompanho a recomendação da SFF e, também, da PGE pela manutenção da multa aplicada. III DIREITO 40. A presente análise foi realizada com observância dos seguintes dispositivos normativos: (i) Lei nº 9.427/1996; (ii) Contrato de Concessão nº 019/2008 e seus aditivos; e (iii) REN nº 63/2004. IV DISPOSITIVO 25. Diante do exposto e do que consta do Processo / , voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso administrativo interposto pela Coqueiros Transmissora de Energia S.A.-CTE, em face do Auto de Infração nº 1.020/2015, lavrado pela Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira SFF, que aplicou penalidade de multa em decorrência de fiscalização econômicofinanceira e contábil, com vistas a manter a penalidade aplicada de R$ ,11 (cento e vinte e sete mil, quatrocentos e sessenta e sete reais e onze centavos). Brasília, 5 de abril de REIVE BARROS DOS SANTOS Diretor

5 AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL DESPACHO Nº, DE 5 DE ABRIL DE 2016 O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL, no uso de suas atribuições regimentais, tendo em vista deliberação da Diretoria e o que consta do Processo nº / , decide: (i) conhecer do Recurso Administrativo interposto pela Coqueiros Transmissora de Energia S.A. CTE, em face do Auto de Infração nº 1.020/2015, lavrado pela Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira SFF, para, no mérito, negar-lhe provimento; e, por conseguinte, (ii) manter a multa aplicada no valor de R$ ,11 (cento e vinte e sete mil, quatrocentos e sessenta e sete reais e onze centavos). ROMEU DONIZETE RUFINO