GOL TRANSPORTES AÉREOS S/A

Transcrição

1 DECISÃO Agência Nacional de Aviação AI/NI: 1028/GER5/2006 Nº PROC.: NOME DO INTERESSADO: GOL TRANSPORTES AÉREOS S/A ISR - RO / PASSAGEIRO: 228/SAC-PA/ Sr(a). Jorge Federico Doldan Berlan RELATOR: Marcus Vinícius Alves Percinoto - Especialista em Regulação - Mat. SIAPE: RELATÓRIO O Processo Administrativo nº (doravante Processo), gerado pela Notificação de Infração 1028/GER-5/2006 (Notificação de Infração doravante), lavrado a 07 de agosto de 2006 (fls. 13), chega a esta Junta Recursal em segunda instância administrativa, após interposição de Recurso por parte da empresa GOL TRANSPORTES AÉREOS S/A, (doravante Empresa ou Interessado) conforme previsto nos artigos 57, e 58, inciso I, da Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e regulamentado pelos artigos 16, 17 e 18 da Resolução nº. 25 de 25 de abril de Segue transcrita a motivação da autuação, nos termos do art. 50 e 1º da mesma Lei: Em 18/07/2006, no aeroporto Internacional de Porto Alegre SBPA, a GER 5 constatou que ao atrasar o voo 7464 [em verdade, segunda etapa do transporte contratado,7466/7464, partindo do Rio de Janeiro (SBGL), fazendo conexão em Porto Alegre (SBPA) e tendo como destino Montevideo (SUMU), partindo às 22h50 de SBPA, Voo doravante] em mais de 04 horas, não forneceu as facilidades previstas no parágrafo 2º do art. 22 das Condições Gerais de Transporte, aprovadas pela Portaria 676/GC-5, de 13/11/2000, ao [Sr.] Jorge F. Doldan Berlan [ora nomeado Passageiro], com reserva confirmada, conforme ISR. O Passageiro preencheu Impresso de Sugestões e Reclamações relatando os transtornos sofridos, afirmando que não foram disponibilizadas informações adequadas por parte da Empresa, nem tampouco acomodações, comunicação, dentre outras facilidades previstas. Resta acostada à folha 02 prova de contrato de transporte. No Relatório Complementar de ISR (fls. 06), complementado por cópia do Movimento de Aeronaves em Aeródromo correspondente, o Fiscal de Aviação Civil (FAC) declarou que a empresa tentou acomodar os passageiros em hotéis na cidade de Porto Alegre e na região metropolitana, mas que não foi possível devido a dois congressos, um de medicina e outro de odontologia, que geraram a lotação de praticamente todos os quartos dos hotéis. Apenas alguns passageiros restaram acomodados. O FAC declarou ter acompanhado os esforços da Empresa durante os contatos realizados com diversos estabelecimentos, das 02h às 04h. Por fim, declarou que o motivo do cancelamento do Voo foram as condições meteorológicas adversas. Prestando esclarecimentos preliminares (fls. 08), a Empresa declara que o cancelamento se deveu a condições meteorológicas adversas, que foi fornecida alimentação e hospedagem e que a reacomodação aconteceu para o voo 7464, do dia 19, às 14h00, informação confirmada pelo FAC. Acostou-se Metar do dia 09, que revela tempo bom às 23h00 de Porto Alegre. Às 00h00, no entanto, o tempo já apresenta pioras, com visibilidade de 5000 metros. Colacionou-se também mensagem eletrônica enviada a Hotel (fls. 10), referente à acomodação de 24 dos passageiros, bem como voucher de refeição. Em seu Parecer (fls. 12), o FAC reiterou as informações, indicando que o tempo de espera em aeroporto dos que não puderam ser acomodados foi de 15h48min.

2 Quando da Defesa (fls. 15), reiteram-se as informações prestadas anteriormente, com as mesmas provas. Em Decisão fundamentada (fls. 20), aplicou-se à empresa multa de R$ ,00 (dez mil reais), considerando-se feridas as disposições do art. 302, inciso III, alínea u do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), combinado com o disposto nas CGT. Ciente da Decisão, o Interessado apresenta Recurso tempestivo (fls. 22), no qual solicita o cancelamento da multa, fundamentando-se no artigo 22 das CGT. É o Relato do Processo. VOTO DO RELATOR NO MÉRITO Dado o cancelamento, resta saber se ao passageiro foi oferecido reembarque para um voo de serviço equivalente dentro do limite de tempo de 4 (quatro) horas, conforme detalhado pelo art. 22 das Condições Gerais de Transporte (CGT): CBA: Art Em caso de atraso da partida por mais de 4(quatro) horas, o transportador providenciará o embarque do passageiro em vôo que ofereça serviço equivalente para o mesmo destino, se houver, ou restituirá, de imediato, se o passageiro o preferir, o valor do bilhete de passagem. Port. 676: Art. 22. Quando o transportador cancelar o vôo, ou este sofrer atraso, ou, ainda, houver preterição por excesso de passageiros, a empresa aérea deverá acomodar os passageiros com reserva confirmada em outro vôo, próprio ou congênere, no prazo máximo de 4(quatro) horas do horário estabelecido no bilhete de passagem aérea. 1º Caso este prazo não possa ser cumprido, o usuário poderá optar entre: viajar em outro vôo, pelo endosso ou reembolso do bilhete de passagem. 2º Caso o usuário concorde em viajar em outro vôo do mesmo dia ou do dia seguinte, a transportadora deverá proporcionar-lhes as facilidades de comunicação, hospedagem e alimentação em locais adequados, bem como transporte de e para o aeroporto, ser for o caso. (...) (grifos meus) O art. 22 das Condições Gerais de Transporte atribui ao transportador a responsabilidade de re-embarcar o passageiro dentro de quatro horas. Se se antevir a impossibilidade de embarque,

3 enumeram-se as alternativas a critério da Empresa, quais sejam, re-embarque num vôo próprio com serviço equivalente ou num vôo congênere. No caso de não existir nenhum vôo alternativo passa a haver opção, por parte do Passageiro, entre viajar em outro voo, endosso ou reembolso. De qualquer modo, mesmo que o prazo não possa ser cumprido, não consta dispositivo expresso isentando-a de responsabilidade pelo não cumprimento do prazo de 4 (quatro) horas supracitado. O usuário concordando em viajar noutro voo, a Empresa deve proporcionar facilidades necessárias à minimização do transtorno causado pelo atraso, quais sejam, alimentação, sala de espera confortável, idas e vindas ao aeroporto, gastos com hospedagem caso o passageiro não resida na cidade. As exceções à responsabilidade da Empresa pelos danos decorrentes do atraso do transporte aéreo contratado estão arroladas abaixo: Art O transportador responde pelo dano decorrente: (...) II - de atraso do transporte aéreo contratado. 1 O transportador não será responsável: (...) b) no caso do item II, se ocorrer motivo de força maior [6] ou comprovada determinação da autoridade aeronáutica [7], que será responsabilizada. (marcações com números e grifos meus) Entrando no fulcro do mérito, podemos verificar que a reacomodação disponibilizada ao Passageiro ocorreu depois do lapso de 4 (quatro) horas previsto em legislação. O atraso ocorreu devido a um motivo de força maior qual seja, condições climáticas adversas. Houve fornecimento de facilidades na medida do possível, conforme relatório do FAC. As justificativas apresentadas isentam o Interessado da responsabilização pelo cancelamento. Apesar de não ter sido fornecido hotel para todos os passageiros, a declaração do FAC demonstra que a Empresa buscou cobrir as despesas decorrentes da interrupção da viagem. Deste modo, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso, anulando a sanção aplicada em primeira instância. É o meu voto. MARCUS VINÍCIUS ALVES PERCINOTO Membro-Suplente da Junta Recursal Especialista em Regulação de Aviação Civil Matrícula Siape nº

4 Agência Nacional de Aviação CERTIDÃO DE JULGAMENTO AUTUAÇÃO Nº AI/NI: 1028/GER5/2006 Nº PROC.: NOME DO RECORRENTE: GOL TRANSPORTES AÉREOS S/A ISR/RO PASSAGEIRO: 228/SAC-PA/2006 Jorge Federico Doldan Berlan PRESIDENTE DA SESSÃO: Sérgio Luís Pereira Santos - matrícula RELATOR: Marcus Vinícius Alves Percinoto - matrícula ASSUNTO: Facilidades Enq.:art. 302, III, u C/C: Portaria 676/GC-5, de 13 de novembro de 2000 CERTIDÃO Certifico que a Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, deu provimento ao recurso, anulando a multa aplicada em primeira instância administrativa, nos termos do voto do Relator. O Membro Titular, Sr. Edmilson José de Carvalho, e o Presidente em Exercício da Junta Recursal, Sr. Sérgio Luís Pereira Santos, votaram com o Relator. SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DA JUNTA RECURSAL

5 DESPACHO Agência Nacional de Aviação Nº AI/NI: 1028/GER5/2006 Nº PROC.: NOME DO RECORRENTE: GOL TRANSPORTES AÉREOS S/A ISR/RO PASSAGEIRO: 228/SAC-PA/2006 Encaminhe-se à Secretaria da Junta Recursal para as providências de praxe. SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DA JUNTA RECURSAL