Aplicações das tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem das Ciências em nível superior

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1 Aplicações das tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem das Ciências em nível superior Roberta Dall Agnese da Costa 1, Caroline Medeiros Martins de Almeida 2, Júlio Mateus de Melo Nascimento 3 e Paulo Tadeu Campos Lopes 4 1 Aluna de Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Luterana do Brasil, r.dallagnese@gmail.com 2 Aluna de Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Luterana do Brasil, bio_logia1@hotmail.com 3 Aluno de Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Luterana do Brasil, julio_mateus18_nascimento@hotmail.com 4 Professor orientador - Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Luterana do Brasil, pclopes@ulbra.br Resumo O objetivo deste trabalho é elencar aplicações para utilizar as tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem das Ciências em nível superior. Conclui-se que as tecnologias digitais podem ser utilizadas com importantes contributos e de diversas formas, baseadas especialmente no ensino híbrido através de modalidades como a aprendizagem móvel. Palavras-chave Tecnologias Digitais; Processo de Ensino e Aprendizagem; Ensino Superior. 1. Introdução A sociedade atual é tecnológica, de tal modo que não é mais possível pensar em educação sem a utilização das tecnologias digitais (GARCIA, 2013). Com a revolução digital, os novos objetos tecnológicos e suas funcionalidades rompem com a lógica até então instituída sobre o ensino e aprendizagem das Ciências: as informações não são dominadas primordialmente pelo professor. Assim, os professores em todos os níveis de ensino precisam estar preparados para trabalhar com as tecnologias digitais e devem sentir-se seguros e encorajados a inovar (SILVA, 2010). 1

2 Portanto, considera-se que, diante das possíveis contribuições para a aprendizagem e, por consequência delas, o uso das tecnologias digitais no ensino das Ciências pode contribuir para o desenvolvimento dos futuros profissionais formados em nível superior. Desse modo, e considerando a relevância e emergência do tema, propôs-se uma discussão sobre a utilização pedagógica das tecnologias digitais elencando aplicações e experiências exitosas em relação ao processo de ensino e aprendizagem das Ciências em nível superior. 2. Tecnologias no ensino e aprendizagem das Ciências em nível superior Diante da grande quantidade de informações produzidas diariamente pelo conhecimento científico, os universitários precisam estar em constante atualização. Além disso, com a popularização das ferramentas tecnológicas o acesso às informações ficou simplificado. Desta forma, entende-se que o professor para fazer a diferença em sua sala de aula, além de ter destreza com seu conteúdo específico, deve também conhecer os recursos tecnológicos e saber direcioná-los da melhor forma para o ensino, de modo a proporcionar uma situação em que o aluno participe ativamente da própria aprendizagem (ASBAHR, 2005). No sentido de repensar estas novas salas de aula das Ciências na academia, voltando os olhares para o uso das tecnologias digitais e nos modelos de ensino e aprendizagem que ali ocorrem, emergem conceitos como o ensino híbrido e a aprendizagem móvel. Diante destes novos conceitos, diferentes combinações entre o uso das tecnologias digitais e o ensino das Ciências têm sido testadas, mas poucos são os relatos de experiência que indicam de forma mais pragmática os benefícios ou dificuldades encontradas (COSTA et al., 2012). 2.1 Ensino híbrido o melhor de dois mundos O ensino híbrido é uma abordagem que combina atividades pedagógicas presenciais e atividades realizadas com o amparo das tecnologias digitais (BACICH et al., 2015). Não se trata, portanto, de um modelo que rompe com a educação formal ou mesmo considerada tradicional, mas acrescenta a ela as potencialidades das tecnologias. No campo da educação em Ciências, com uma demanda crescente de atividades que proporcionem oportunidades autênticas e direcionadas aos estudantes, a aprendizagem on-line apresenta um grande potencial para contribuir com o ensino híbrido e personalizado. No ensino híbrido o estudante tem contato com a informação antes de entrar em sala de aula. Assim, o tempo em sala de aula, junto com professores e colegas, fica reservado para processos mais complexos e elevados do trabalho cognitivo, como a significação e avaliação do conhecimento (BACICH et al., 2015). Existem diferentes propostas de como combinar estas atividades, porém, de um modo geral, trata-se de concentrar o foco da aprendizagem no aluno, e não na 2

3 transmissão de conhecimentos, que o professor tradicionalmente realizava (BACICH et al., 2015). Experiências em ensino híbrido voltadas às Ciências em nível superior podem ser encontradas em Siqueira e Torres (2010). Neste trabalho os autores relatam o contato com temas interdisciplinares relacionados ao estudo da eletricidade e com os conteúdos curriculares profissionais através de uma proposta de hibridização do ensino da eletricidade na Engenharia. Além deste, uma experiência de formação docente para a hibridização no ensino em nível superior pode ser lida em Peixoto et al. (2015). Nela os autores apresentam uma proposta de oficina com o objetivo compartilhar com outros docentes as novas experiências e os desafios enfrentados na implementação de um projeto híbrido de ensino, a fim de melhorar a qualidade das aulas. 2.2 Aprendizagem móvel Na sociedade digital em que vivemos e, com a crescente portabilidade e a redução de custos de produtos e serviços, os dispositivos móveis estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. Em consequência disso, Cordenonzi et al. (2013) argumentam que, nas últimas décadas, tem-se vivenciado o surgimento de uma sociedade móvel, conectada, com uma variedade de fontes de informação, tecnologias e modos de comunicação disponíveis. Nesse contexto, Pachler et al. (2010) ressaltam que muitas pesquisas surgiram no cenário educacional relacionando sociedade, educação e tecnologia. Essas pesquisas são alimentadas pela evidente evolução das tecnologias digitais que incorporaram uma série de recursos que podem ser utilizados para fins educativos (SACCOL et al., 2011). A partir dessas pesquisas, surgem novos campos de estudo sobre ensino e aprendizagem baseadas no uso das tecnologias digitais.um dos campos emergentes no âmbito da tecnologia educacional é a aprendizagem móvel (BATISTA e BARCELOS, 2013). Isso porque as tecnologias digitais, tradicionalmente estáticas e preferencialmente voltadas ao uso do computador, estão emergindo para um paradigma altamente dinâmico (BARBOSA, et al., 2008). Aliado a isso, Kurtz et al. (2015) defendem que o fato de os estudantes carregarem os dispositivos móveis sempre consigo potencializa as oportunidades de seu uso e aumenta as chances de aprendizado. Experiências com dispositivos móveis relacionadas ao ensino das Ciências com foco em análises qualitativas que permitem aos sujeitos da pesquisa expressarem suas percepções sobre esta modalidade podem ser encontradas em Costa et al. (2015). Neste trabalho são relatadas as percepções dos acadêmicos sobre o desenvolvimento de um aplicativo para dispositivos móveis a ser utilizado como ferramenta de apoio nas aulas de anatomia humana. Com 3

4 resultados bastante significativos, esta investigação revelou o grande interesse e receptividade dos acadêmicos em utilizar estratégias de aprendizagem móvel em suas vidas acadêmicas. Além desta, Montes e Souza (2010) apresentam estratégias de ensino para os acadêmicos de medicina. Algumas das estratégias apresentadas neste trabalho podem ser adaptadas e potencializadas com o uso dos dispositivos móveis como, por exemplo, a montagem de fotogalerias e a utilização de questões para a avaliação e autoavaliação através de quizzes. 3. Conclusões Com o avanço das tecnologias digitais e sua repercussão nos ambientes educativos observamos mudanças profundas no processo de ensino e aprendizagem. Apesar das tecnologias estarem presentes em praticamente todos os momentos do nosso dia-dia, nas academias das Ciências ainda são pouco ou subutilizadas. Assim, este trabalho se propôs a elencar duas aplicações contemporâneas e com potencial contributo para o ensino e a aprendizagem das Ciências especificamente em nível superior. Com a conceituação e contextualização dos conceitos de ensino híbrido e aprendizagem móvel pode-se observar reais possibilidades de utilizar os recursos das tecnologias digitais no ensino superior. Já as experiências apontadas, quando estudadas com maior profundidade podem indicar caminhos e inspirar para práticas que visem a contribuir com a qualidade do ensino das Ciências nas academias. 4. Referências Asbahr, F.S.F. (2005). A pesquisa sobre a atividade pedagógica: contribuições da teoria da atividade. Revista Brasileira de Educação. n. 29, p Bacich, L.; Neto, A.T.; Trevisani, F.M. (2015). Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação. Porto Alegre: Penso Editora. Barbosa, D.N.F.; Sarmento, D.F.; Barbosa, J.L.V.; Geyer, C.F.R. (2008). Em direção a Educação Ubíqua: aprender sempre, em qualquer lugar, com qualquer dispositivo. Revista Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p Batista, S.C.F.; Barcelos, G.T. (2013). Análise do uso do celular no contexto educacional. Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 11, n. 1, p Cordenonzi, W.; Muller, T.J.; Amaral, H.; Piovesan, S.D.; Reategui, E.B.; Tarouco, L.M.R.; Lima, J.V. (2013). Mobile Q Construção de uma Comunidade de Prática sobre Mobile Learning. Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 11, n. 1, p Costa, H.; Rozzet, K; Carvalho, S; Odelius, C. (2012). Hibridização no ensino 4

5 superior: avaliação de uma iniciativa na disciplina Introdução à Administração. Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 10, n. 3. Costa, R.D.A.; Almeida, C.M.M.; Nascimento, J.M.M. (2015). Percepções de acadêmicos sobre o desenvolvimento de um aplicativo para dispositivos móveis como ferramenta de apoio ao ensino e a aprendizagem em anatomia humana. Revista Educacional Interdisciplinar, v. 4, n. 1, p.1-7. Garcia, F.W. (2013). A importância do uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Educação a distância, v.3,n.1,p Kurtz, R.; Macedo-Soares, T.D.; Ferreira, J.B.; Freitas, A.S.; Silva, J.F. (2015). Fatores de impacto na atitude e na intenção do uso do m-learning: um teste empírico. Revista Eletrônica de Administração, v. 21, n. 1, p Montes, M.A.A.; SOUZA, C.T.V. (2010). Estratégias de ensino-aprendizagem de anatomia humana para acadêmicos de medicina. Ciências & Cognição, v. 15, n. 3, p Pachler, N.; Bachmair, B; Cook, J. (2010) Mobile Learning: Structures, New York: Springer. Peixoto, R.T.R.C.; Gonçalves, P.V.A.J.; Alvin, H.H.; Amorin, H.C.S.; Araújo, A.V.A. (2015). O emprego das tecnologias de informação e comunicação no ensino superior: relato de experiência sobre a oficina Modelo Híbrido de Ensino. Revista Docência do Ensino Superior, v. 5, n. 1, p Saccol, A.Z.; Schlemmer, E.; Barbosa, J. (2011) M-learning e U-learning: novas perspectivas da aprendizagem móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson Education. Silva, L.P. (2010). A utilização dos recursos tecnológicos no ensino superior. Revista Olhar Científico, v. 1, n. 2, p Siqueira, L.M.; Torres, P.L. (2010) O ensino híbrido da eletricidade utilizando objetos de aprendizagem na engenharia. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 27, n. 2, p