novas tecnologias, novas pedagogias? A evolução das práticas pedagógicas
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- Ana do Carmo Barroso Gabeira
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1 novas tecnologias, novas pedagogias? A evolução das práticas pedagógicas
2 transformações educacionais Novo olhar sobre o uso de tecnologia em sala de aula pode refletir melhores práticas pedagógicas O professor do século 21 é, antes de mais nada, um aprendiz. A afirmação, da consultora em Tecnologia para a Educação Cristiana Mattos Assumpção, retrata o que parece ser o grande desafio dos educadores diante dos recursos tecnológicos. Se em todas as profissões a atualização e a busca constante por novos conhecimentos se fazem necessárias, para o professor isso se tornou urgente. Afinal, suas práticas de ensino precisam, de alguma forma, acompanhar esse intenso processo de transformação. O ponto de partida, segundo Cristiana, é a mudança na concepção do uso de tecnologia em sala de aula. Uma vez que o professor estude e compreenda a profundidade dessa transformação, ele saberá escolher as melhores tecnologias que o apoiarão em sua prática, afirma. Assim, antes de alterar suas estratégias, o docente deve assumir o papel de aluno. Rumo ao sucesso da atuação pedagógica 2
3 E há muito o que aprender, na opinião dos especialistas. O professor brasileiro, em média, não conhece maneiras diferentes de se pensar a aula, observa o mestre em Educação Celso Antunes. A aula de hoje ainda é expositiva, tal como era décadas atrás. Mas, se ele conseguir utilizar outras técnicas, mesmo em condições materiais precárias, poderá tornar o aluno plenamente protagonista, capaz de perceber que o aprendizado se dá por meio do texto, da exposição, do contato com os colegas e da observação da sociedade, complementa. Tecnologia como meio Já que o foco está na estratégia, as tecnologias devem ser empregadas como recursos de apoio ou seja, como meio e não como fim. O uso que se dá ao recurso é muito mais importante que o recurso em si, continua Celso, que também é especialista em Inteligência e Cognição. E questiona: Será que o professor usa as tecnologias no sentido de desenvolver a criatividade, o pensamento operatório e a reflexão? Ou ele está apenas instigando o esquema de memorização? Neste caso, teria a atitude de um professor comum que apenas passa pela vida do estudante, sem transformá-lo. Uma vez que o professor estude e compreenda a profundidade dessa transformação, ele saberá escolher as melhores tecnologias que o apoiarão em sua prática. Cristiana Mattos Assumpção consultora em Tecnologia para a Educação 3
4 Na opinião de Cristiana, os países que hoje se destacam em educação estão refazendo seus sistemas de ensino para seguir uma linha que incorpora metodologias ativas, avaliação formativa e tempo para desenvolver o aluno de forma holística, como um ser cognitivo, mental e corporal. Trata-se de uma ótica voltada para habilidades socioemocionais, que resgata o ensino de Arte e integra os conhecimentos para trabalhar desafios significativos. Esse movimento é também um reflexo de que as tecnologias mudam de forma bem mais rápida que as pedagogias e isso é positivo, no entendimento da especialista. O fator humano e o trabalho com o cérebro para a aprendizagem não mudaram. Existem muitas pesquisas que embasam as propostas pedagógicas com dados de sucesso. O importante é focar na aprendizagem e saber qual tecnologia disponível nos ajudará a alcançar o nosso objetivo. Inovando nas práticas e incorporando aquelas que já estão surtindo mais efeito a longo prazo, construiremos uma educação transformadora que usa muito as tecnologias, independentemente de qual delas esteja disponível no momento. 4
5 Transformação do aluno Celso considera fundamental perceber em que medida as tecnologias podem transformar a aula e, sobretudo, o aluno, sempre levando em conta a avaliação a ser feita. Importa pouco se o estudante sabe ou não o significado daquela tecla que ele aciona, e sim por que a aciona e o que ela tem a ver com a sua vida. Aí sim ele está sendo preparado para a modernidade. O jovem pode ser muito hábil em alguma ferramenta digital, mas será que essa habilidade o ajuda em Matemática ou Língua Portuguesa?, indaga. E é justamente a preocupação com a prática pedagógica, na visão de Cristiana, que deve nortear o processo de escolha da tecnologia. Uma vez definido o objetivo educacional, o professor deve se perguntar: essa tecnologia vai me permitir fazer algo que eu não conseguiria sem ela? Ela vai me ajudar a fazer algo que eu já fazia, mas de maneira melhor? Se a resposta for não para as duas perguntas, é melhor buscar outras ferramentas. Usar tecnologia apenas por usar só atrapalha. Quanto às formas de se inovar na sala de aula, Cristiana enxerga muitas possibilidades. Hoje é possível pensar em uma aula mais personalizada, mesmo com turmas maiores, pois há tecnologias que ajudam a gerenciar todo o processo de aprendizagem. Há ainda ambientes on-line em que os alunos podem trabalhar de forma colaborativa, documentando e visualizando seu progresso e suas rotinas mentais, o que facilita o aprender a aprender, aponta. O jovem pode ser muito hábil em alguma ferramenta, mas será que essa habilidade o ajuda em Matemática ou Língua Portuguesa? Celso Antunes especialista em Inteligência e Cognição 5
6 Entre as ferramentas disponíveis gratuitamente na internet, a consultora sugere o Moodle, ambiente virtual no qual o professor pode organizar cursos com as respectivas entregas e discussões dos alunos, e o Google, ideal para o gerenciamento de pastas, documentos, slides e planilhas compartilhadas. Para a elaboração de mapas mentais, que ajudam o estudante a organizar seus pensamentos e ideias, a referência é Cmap Tools (cmaptools.softonic.com.br). Já o Socrative e o Scratch permitem a programação de jogos como quizzes. Caminhos da formação E como o professor pode se preparar para trabalhar com as tecnologias em sala de aula? Cristiana indica como referência o Currículo da Cidade, lançado em 2017 pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Está muito bem embasado, explica os conceitos com citações aos melhores pesquisadores e ainda dá um norte ao que deve ser alcançado em cada série. Outra recomendação são cursos de extensão, pós-graduação e oficinas oferecidas por diferentes instituições (veja abaixo). 6
7 No que diz respeito às dificuldades de acesso às ferramentas, os dois especialistas concordam que elas não devem ser vistas como barreiras para as novas práticas pedagógicas. Hoje, existem diversos projetos atuando com sucatas e materiais caseiros. Sem falar que o celular pode ser um grande aliado, pois a maioria dos alunos já tem um. Há também centros comunitários, fundações e ONGs que podem firmar parcerias com a escola para a criação de oportunidades em tecnologia, enumera Cristiana. Um bom professor pode suprir, na medida do possível, a carência material por meio de um novo modelo de ensino, do mesmo modo que ele faria em escola particular, garante Celso. As boas práticas podem ser incorporadas mesmo com pouco acesso às tecnologias, completa a consultora. Não há motivo para não começar, finaliza. Fontes de apoio à formação Confira alguns sites que podem enriquecer sua prática em sala de aula: Porvir.org: porvir.org/especiais/maonamassa Traz inovações na estratégia pedagógica e no uso de ferramentas tecnológicas Aprendizagem Criativa: aprendizagemcriativa.org Rede de aprendizagem criativa formada por educadores, artistas, pesquisadores, empreendedores e estudantes 7
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