9 O QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL?
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- Sarah Ramalho Azeredo
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1 9 O QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL? Constituição Federal - Art Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A gestão ambiental (GA) é uma prática muito recente, que vem ganhando espaço nas instituições públicas e privadas. Através dela é possível a mobilização das organizações para se adequar à promoção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado.seu objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, serviços e ambiente de trabalho, em toda organização, levando-se em conta o fator ambiental. Atualmente ela começa a ser encarada como um assunto estratégico, porque além de estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de custos diretos (redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas) e indiretos (por exemplo, indenizações por danos ambientais). Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam. (BARBIERI, José Carlos. GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL Conceitos Modelos e Instrumentos) No caso do setor público, a Gestão Ambiental apresenta algumas características diferenciadas. O governo tem papel fundamental na consolidação do desenvolvimento sustentável, porque ele é o responsável pelo estabelecimento das leis e normas que estabelecem os critérios ambientais que devem ser seguidos por todos, em especial o setor privado que, em seus processos de produção de bens e serviços, se utiliza dos recursos naturais e produz resíduos poluentes. Por isso mesmo, além de definir as leis e fiscalizar seu cumprimento, o poder público precisa ter uma atitude coerente, responsabilizando-se também por ajustar seu comportamento ao princípio da sustentabilidade, tornando-se exemplo de mudança de padrões de consumo e produção, adequando suas ações à ética socioambiental. 1
2 9.1 INTRODUÇÃO As questões ambientais têm implicações crescentes e importantes para as empresas. O meio ambiente empresarial apresenta tanto riscos quanto oportunidades, e as empresas bem-sucedidas estão tentando, cada vez mais, controlar os riscos e desenvolver as oportunidades. Elas fazem isso por, pelo menos, duas razões: poupar dinheiro, diminuindo os custos e reduzindo a probabilidade de compromissos financeiros; ganhar dinheiro, expandindo-se no merca- do ou conseguindo novos mercados. Risco ambiental: Pode ser a contaminação ou degradação do solo, do ar ou das águas em virtude de acidente em seu processo produtivo que acabe por prejudicar a posição da empresa no mercado nacional ou internacional, ou mesmo causar danos ou doenças à trabalhadores ou à comunidade local. Oportunidade ambiental: Num mercado globalizado, competitivo e de consumidores exigentes, a gestão ambiental passou a ter maior relevância, pois as empresas mais bem controladas têm seus custos reduzidos por que: Consomem menos matérias-primas e insumos, Geram menos resíduos, reutilizam, reciclam. Vendem resíduos Gastam menos com o controle da poluição e recuperação ambiental. Ao reduzir os custos de produção, as empresas elevam sua competitividade, podendo cobrar preços menores e melhorar sua imagem. Surgem também novas oportunidades de negócios, que podem gerar emprego e renda. Hoje, mais de 61 mil empresas em todo o mundo têm implantado sistemas de gestão ambiental, com base na norma ISO Muitas outras estão introduzindo tais 2
3 sistemas para controlar os riscos e identificar as oportunidades de negócios ambientais de maneira mais sistemática e eficiente. A evolução das abordagens da questão ambiental vem sofrendo mudanças a partir do momento em que a sociedade passou a se preocupar com a qualidade de vida e o futuro do planeta. Inicialmente, com as constatações de que as atividades produtivas geram poluição e degradação ambiental, a abordagem era de controle das atividades poluidoras dissociadas do processo de produção, que adicionam custos para despoluir. Assim, vivia-se um dilema entre desenvolver e não poluir ou degradar o meio ambiente, onde as ações ambientais eram encaradas como externalidades, que sempre resultavam em aumento de custos para despoluição e recuperação de áreas e recursos naturais degradados. Essa abordagem deu lugar à compreensão de que as questões ambientais estão relacionadas diretamente com o processo produtivo, na qual a poluição dos recursos naturais, através da geração de resíduos e emissões, representa desperdício de insumos e matérias-primas. Assim, surgiram as normas internacionais, principalmente as da série ISO 14000, onde estão estabelecidos requisitos para implementação de Sistemas de Gestão Ambiental - SGAs, a serem implantados nas empresas, e certificados segundo os requisi- tos estabelecidos. Esses requisitos passaram a ter importância no comércio internacional, fazendo com que grandes empresas exportadoras passassem a implementar SGAs. As pequenas empresas fornecedoras passaram também a sofrer exigências quanto à gestão dos seus aspectos ambientais. Desta forma, é fundamental que as empresas ganhem competitividade pela implementação de procedimentos de gestão ambiental, tanto para a sua sobrevivência no mercado global, quanto para controle dos aspectos ambientais, garantindo a sustentabilidade do processo de desenvolvimento e, conseqüentemente, a melhoria da qualidade ambiental e de vida da população. A implantação de Sistemas de Gestão Ambiental numa empresa garante a redução de cargas poluidoras geradas, porque envolve a revisão do processo produtivo com vistas à melhoria contínua do desempenho ambiental da organização, resultando em redução de desperdícios de matérias-primas e insumos e das emissões de poluentes e resíduos. A certificação desses sistemas é um mecanismo que permite ser formalizada a internalização dos sistemas e dos instrumentos previstos nas políticas ambientais das organizações. 9.2 A ORIGEM DO SGA As empresas têm adotado uma série de respostas aos desafios ambientais, desde não fazer nada à reação de crise, até a integração da gestão ambiental na administração geral da empresa por meio do sistema de gestão ambiental. 3
4 Durante os últimos vinte anos a adoção de sistemas de gestão ambiental pelas empresas tem sido estimulada, principalmente devido ao desenvolvimento e à experiência de duas ferramentas administrativas: O aumento do custo das obrigações ambientais levou companhias na América do Norte e na Europa a desenvolverem auditorias ambientais como ferramentas de gerenciamento, para identificar problemas ambientais e para monitorar o desempenho ambiental da companhia, de maneira similar à do balanço financeiro, usado para medir o desempenho financeiro. A primeira meta era assegurar o cumprimento das leis e regulamentações ambientais na companhia. Depois, o enfoque foi estendido para cobrir o monitoramento das melhores práticas de gestão, avaliando vulnerabilidades ambientais. Os conceitos do Controle de Qualidade Total (CQT), apesar de originalmente direcionados para a redução e, às vezes, para a eliminação de defeitos (não-cumprimento de especificações) na elaboração e aperfeiçoamento da eficiência dos processos comerciais, têm sido cada vez mais aplicados nas questões de gestão ambiental. A auditoria ambiental foi desenvolvida nos anos 70 e 80 por companhias tais como Allied Signal, Westinghouse, Philips e outras, em resposta ao crescente custo de não cumprir a legislação de saúde e segurança ambiental em países altamente regulados, como EUA, Canadá e Europa Ocidental. Uma auditoria de conformidade monitora o cumprimento das leis e regulamentações. Uma diligência devida (due diligence) ou auditoria de pré-aquisição é usada pelas empresas para identificar as vulnerabilidades ambientais (possível existência de passivo ambiental) e os problemas de um local ou empresa antes que qualquer investimento seja feito. Os resultados desta auditoria de pré-aquisição podem afetar o nível de investimento, o preço de compra, futuros investimentos e custos de operação relacionados ao local, ou até a decisão final sobre o investimento. 4
5 Hoje em dia, o termo auditoria ambiental expandiu-se e é, muitas vezes, usado para significar avaliação ambiental, ou auditoria do SGA. A Avaliação Ambiental é realizada para identificar riscos, problemas e oportunidades ambientais quando o SGA está em funciona- mento; é similar à auditoria de pré-aquisição. A Auditoria do SGA é uma ferramenta para determinar se o SGA se encaixa nos arranjos planejados pela organização e se ele foi implementado e mantido como planejado. Historicamente, as organizações vêm tratando as questões ambientais de três maneiras: Sem ação Elas não reconhecem oportunidades ou ameaças ambientais até que seja tarde demais. Com reação A administração espera que eventos e assuntos sejam decididos externamente antes de tomar providências para lidar com elas. Estas empresas podem se beneficiar em curto prazo, mas nunca estarão certas de como abordar as áreas problemáticas, e estarão mal equipadas quando o problema ocorrer. Com prevenção Estas empresas monitoram questões e preocupações ambientais como parte de seus negócios diários e formulam respostas antes que a situação se torne crítica. Esta política não significa que estas empresas escapem das dificuldades, mas elas estão mais bem preparadas para lidar com situações de crise. Para esses casos, algumas organizações consideram até a precaução (quando não se pode prever o que pode acontecer). 9.3 OBJETIVOS Uma avaliação ambiental ou uma auditoria ambiental tem, pelo menos, uma séria desvantagem: apesar de ser uma valiosa ferra-menta administrativa, pode descrever somente a situação ambiental da empresa na época em que a avaliação ou a auditoria forem realizadas. Seguir as não-conformidades não é uma garantia de que, depois de algum tempo, essas ou outras deficiências no controle dos aspectos ambientais da organização não irão ocorrer. Faz-se 5
6 necessária estabelecer procedimentos no sistema para assegurar que os objetivos e as metas ambientais da empresa sejam efetivamente atingidos. Além do mais, em razão das relações entre diferentes unidades funcionais da organização ser, muitas vezes, complexas, há uma necessidade de se ter um sistema de coordenação. Um SGA, portanto, pretende ligar esses diferentes processos por meio de uma rede de ações, procedimentos, documentos e arquivos, com o objetivo de: Estabelecer uma política ambiental e uma base para a gestão ambiental efetiva; Identificar e controlar aspectos ambientais significativos à organização, respectivos impactos e riscos relacionados; Definir e documentar tarefas, responsabilidades, autoridades e procedimentos específicos para assegurar que cada colaborador interno cumpra suas tarefas ajudando a minimizar ou eliminar os aspectos ambientais que poderiam se converter em impactos ambientais negativos da empre-sa no meio ambiente; Identificar, monitorar e cumprir as exigências legais; Promover a comunicação interna e externa; Estabelecer metas de curto, médio e longo prazo para o desempenho ambiental, assegurando o equilíbrio de custos e benefícios, para a organização, para seus acionistas e outras partes interessadas; Determinar a necessidade de recursos para atingir tais metas e garantir responsabilidades por elas, além de medir seu desempenho em relação a padrões e metas preestabelecidos e reorientar sua abordagem, quando necessário; Manter a direção informada e treinar pessoal para cumprir eficazmente os compromissos assumidos; Estabelecer uma sistemática para identificar o potencial e atender a situações de emergência, prevenindo e mitigando impactos delas decorrentes; Identificar oportunidades de negócios ambientais; Integrar a gestão ambiental e a função administrativa geral de uma organização, porque o meio ambiente é um dentre vá-rios assuntos que afetam o desempenho de uma empresa. Um sistema de gestão ambiental isolado não seria efi ciente; e Promover a melhoria contínua dos processos, produtos e serviços, por meio da abordagem do PDCA (Plan, Do, Check, Act) ou Plano, Ação, Verificação e Melhoria contínua, como ferramenta de gestão do sistema de identificação e solução de problemas. Embora a comunicação dos objetivos e resultados ambientais da empresa ao público externo 6
7 não seja um elemento básico de um SGA, esta tem sido considerada importante como objeto de marketing ambiental. 9.4 DEFINIÇÕES Para facilitar o entendimento foi elaborado um glossário, com conceitos extraídos de diversas fontes bibliográficas que incluem, entre outras: Legislação ambiental brasileira, básica; Norma Internacional ISO para Sistemas de Gestão Ambiental Especificação com guia de uso e outras normas ISO da série 14000, já publicadas; e A Carta Empresarial para o Desenvolvi- mento Sustentável da Câmara do Comércio Internacional Elementos Básicos Os Sistemas de Gestão Ambiental serão diferentes para diferentes tipos de organizações, dependendo da natureza, tamanho e complexidade das atividades, produtos e serviços de cada uma. Os elementos básicos incluem: Uma política ambiental expressando o compromisso da direção da empresa de incorporar a gestão ambiental. Compreende-se a política ambiental como sendo uma declaração pública das intenções e princípios de ação da empresa em relação ao meio ambiente. A declaração deve orientar a definição dos objetivos gerais que a organização quer alcançar. Programa ambiental ou um plano de ação, descrevendo medidas que a empresa tomará na vigência do SGA. O programa ambiental ou o plano de ação traduz a política ambiental da organização em objetivos e metas e identifica as ações para atingi-lo. Define as responsabilidades dos colabora- dores internos e aloca os recursos humanos e financeiros necessários para a sua implementação. Além disso, o programa deve levar em consideração os aspectos ambientais da organização, uma visão geral das exigências legais e outros requisitos aplicáveis. Estrutura organizacional estabelecendo tarefas, delegando autoridades e definindo responsabilidades para implementar as ações. No caso de empresas com locações múltiplas ou diferentes atividades comerciais, estão incluídas estruturas organizacionais para a empresa como um todo, assim como para as unidades de operação separadas. Os representantes da alta administração tem uma típica relação de comunicação direta com os executivos (direção) da empresa. A integração da gestão ambiental com as operações comerciais, que inclui procedimentos para incorporar as medidas ambientais em outros aspectos das operações da empresa, tais como: - a saúde e segurança ocupacional, 7
8 - compras, - desenvolvimento de produtos, - associações e aquisições, - marketing, - finanças, etc. Inclui o desenvolvimento de procedimentos ambientais especiais, geralmente especificados em manuais e outras instruções de trabalho, descrevendo medidas e ações a se-rem tomadas na implementação do programa ambiental ou plano de ação. Os procedimentos ambientais podem abranger: - Documentação do SGA e controle dos documentos; - Controle operacional: procedimentos e critérios para as operações e atividades, assim como para os bens e serviços, fornecedores e contratados da organização; - Cálculo dos riscos e planos de ação de emergência, para identificar acidentes em potencial e evitar que se tornem catástrofes. Procedimentos para monitoramento, medição e manutenção de registros para documentar e monitorar os resultados de ações e programas específicos, assim como os efeitos globais das melhorias ambientais. Ações corretivas e preventivas para eliminar causas reais ou potenciais de nãocumprimento dos objetivos, metas, critérios e especificações. SGA. Auditorias para verificar a adequação e eficiência da implementação e funcionamento do Análises críticas para a avaliação formal pela alta direção visando a adequação do SGA à luz das mudanças de circunstâncias. Comunicação interna e externa recebendo e respondendo a comunicação das partes interessadas internas e externas, assim como: - comunicação em todos os níveis da organização; - no nível externo, relações com a comunidade para comunicar a postura e as metas ambientais da organização às pessoas interessadas de fora da empresa, e mantê-las informadas sobre questões, dificuldades ou outros assuntos ambientais específicos que possam afetá-las, mantendo uma postura de transparência. Treinamentos para assegurar que todos os empregados entendam onde estão insertos no contexto do SGA e em relação a suas atividades de trabalho, além da conscientização das questões 8
9 ambientais relevantes, à política ambiental, os objetivos, metas e o papel de cada empregado no sistema de gestão ambiental. 9.5 COMO DESENVOLVER UM SGA Algumas empresas começam a desenvolver seus sistemas de gestão ambiental a partir do zero. Muitas delas, se não a maioria, já têm alguns procedimentos administrativos ou elementos de sistema que as levam, convenientemente, à incorporação dos assuntos ambientais. Muitas organizações dispõem de um colaborador interno responsável pela proteção da saúde do trabalhador, que também pode assumir as responsabilidades ambientais. A alta gerência da empresa, ou um gerente de fábrica, pode encarregar-se do desenvolvimento do SGA. Grandes empresas nacionais ou multinacionais muitas vezes procuram influenciar seus fornecedores a melhorar suas capacidades de atingir os padrões ambientais, de saúde, de segurança e de produtos. As ações da empresa são divididas em quatro fases: 1.- Planejamento, 2.- Ação, 3.- Verificação e 4.- Aperfeiçoamento. 9
10 9.5.1 Planejamento (Plan) Planejamento A fase de planejamento inclui a identificação e classificação dos aspectos ambientais, o levantamento dos requisitos legais aplicáveis e a definição de objetivos e metas ambientais. Os empresários precisam fazer as perguntas fundamentais relativas a seus negócios. Onde estamos agora e para onde queremos ir? Responder a estas perguntas envolve três passos: Fazer Avaliação Ambiental Inicial: compreender a posição ambiental atual da empresa, as exigências legais impostas a ela, os aspectos ambientais relevantes, suas práticas e postura, identificação dos pontos fortes e fracos; Obter uma visão clara do futuro próximo: compreender os prováveis aspectos e impactos ambientais futuros e suas implicações na empresa, a fim de identificar os riscos e as oportunidades ambientais; e Estabelecer uma Política Ambiental: definir como a empresa irá reagir às questões ambientais atuais e futuras, se antecipado a elas. A política ambiental deve ser estabeleci- da pelo(s) alto(s) executivo(s) da empresa, mesmo que as propostas possam vir de todos os níveis da força de trabalho. Definir metas, todavia, é um processo que deve ser apoiado e duplamente avaliado por toda a cadeia de comando. Os níveis mais baixos na hierarquia têm importante papel a cumprir, pois podem assegurar a viabilidade das metas. Algumas empresas envolvem outras partes interessadas, tais como órgãos oficiais de governo, clientes, consumidores e até grupos ambientais, na definição de metas e estratégias. No desenvolvimento de objetivos e metas, planos de ação e procedimentos estratégicos estão 10
11 relacionados uns com os outros. O levantamento dos aspectos e impactos relativos aos processos e serviços de uma empresa são, em conjunto com o levantamento dos respectivos requisitos legais aplicáveis, a parte mais demorada e crítica da montagem de um sistema. Esta deve ser feita com o máximo de detalhes possível para melhor refletir sua organização. Tudo o mais depende desta etapa e, por isso, sua importância. E, por fim, quanto mais o plano de ação leva em consideração os pontos de vista e interesses de todos os níveis da empresa, maior a probabilidade de ele ser realista e de o sistema ficar com a cara da empresa, o que resulta na sua sustentabilidade Ação (Do) A fase de implantação e operação do sis- tema implica a definição de estrutura e responsabilidades, treinamentos, comunicação, elaboração da documentação do sistema, incluindo a criação de procedimentos de controle operacional e atendimento das situações de emergência. As pessoas encarregadas da implementação das ações devem definir responsabilidades e procedimentos, que devem ser aprovados pela alta direção. Nesta fase, o levantamento das atividades, sua descrição, incluindo sua interação com o meio ambiente, é a parte principal. A partir daí é que as outras atividades dessa etapa se desenvolvem Verificação (Check) Nesta etapa são empreendidas ações de monitoramento e medição conforme padrões ou requisitos legais são levantados, não conformidades, gerados registros e faz-se uma auditoria do sistema para avaliação da eficácia da sua implantação e maturidade. Estes resultados são analisados junto à direção da empresa, que promove uma análise crítica e determina mudanças de rumo, quando necessário, e/ou melhorias e ajustes ao sistema. A empresa deve possuir instrumentos para responder à pergunta como estamos indo?. Esses instrumentos de controle e monitora-mento geralmente incluem exigências para relatórios sobre o desempenho ambiental e geração de resíduos (sólidos líquidos e gasosos). Eles também incluem ações corretivas e preventivas, procedimentos e processos de auditoria ambiental. O objetivo desta fase é avaliar a real postura ambiental da empresa em relação às suas políticas definidas e aos objetivos e metas descritos no plano de ação. 11
12 9.5.4 Aperfeiçoamento/Melhoria (Act) Quaisquer deficiências ou imprevistos identificados são corrigidos, o plano de ação deve ser revisado e adaptado às novas circunstâncias, e os procedimentos são melhorados ou reorientados, se necessário. A análise crítica periódica do plano de gestão assegura que o SGA continue a ser sensível às mudanças, identificando oportunidades de aperfeiçoamento, como novos conhecimentos científicos sobre os impactos ambientais de um produto químico, inovação tecnológica, novos processos e produtos, novos mercados, câmbio, regulações governamentais e mudanças nas exigências dos clientes e consumidores. Em resumo, essa etapa busca a melhoria contínua dos processos e serviços da organização no que tange a sua relação com o meio ambiente e, conseqüentemente, o desempenho ambiental da empresa. Uma melhoria pode ser tão simples quanto um controle de um procedimento existente, ou o desenvolvimento de um novo procedimento ou investimento para corrigir um problema não previsto, ou até a redefinição das metas e objetivos ambientais da empresa, em resposta a mudanças nas circunstâncias internas e externas. Com este método, sempre que a direção da organização identificar as mudanças que podem ou devem ser feitas no SGA, será inevitável voltar à fase de planejamento para introduzir tais alterações na Política Ambiental e no Plano de Ação. Virtualmente, cada SGA em operação hoje em dia é composto de ferramentas derivadas desse modelo, e todas as normas ambientais em desenvolvimento ou no processo de implementação o seguem. Os novos padrões de gestão ambientais nacionais e internacionais são todos baseados nisso (por exemplo, este é o conceito que sustenta a estrutura da Norma ISO 14001). 12
13 9.6 FUNÇÕES DA EMPRESA QUE SERÃO ENVOLVIDAS Em termos funcionais, o SGA diz respeito, virtualmente, a todas as atividades comerciais produtivas e administrativas da empresa: Produção: controle de poluição e produção mais limpa são questões óbvias do SGA. Outras questões podem incluir proteção ao trabalhador, a prevenção ou diminuição dos acidentes, e a prevenção de danos ambientais de longo prazo causados pelas atividades ou produtos da empresa. Os responsáveis pela produção devem ser capazes de contar com o SGA na ajuda do controle de vulnerabilidades ambientais relacionadas aos processos produtivos, incluindo, por exemplo, a seleção de técnicas e tecnologias apropriadas. Finanças: diretores financeiros de empresas em muitos países estão descobrindo que obter financiamento para projetos com taxas favoráveis depende da sua habilidade em demonstrar que sua empresa controla riscos, inclusive os ambientais. Além do mais, eles precisam trabalhar mais próximos aos planejadores da organização para determinar as necessidades globais de financiar planos e entender como as questões ambientais podem afetar a aprovação desses projetos e o tempo necessário para receber essas aprovações. Administração e distribuição: exigências na embalagem, tipos de materiais e recuperação e reciclagem dos produtos impõem novas demandas de distribuidores em grandes mercados internacionais. Planejamento e desenvolvimento: obter permissão de planejamento para novos projetos, assim como para a expansão de operações existentes, hoje em dia, muitas vezes, requer a determinação de uma tarifa sobre impactos ambientais e dar garantias do desempenho ambiental. Em muitas partes do mundo, transações de propriedades podem resultar na aquisição de taxas sobre a poluição causada pelas atividades anteriores daquele local, fato que deve ser levado em conta nas negociações (ver Auditoria de Aquisição). Pesquisa e Desenvolvimento: os critérios ambientais devem ser considerados no desenho do produto para atingir as exigências do público, requisitos legais, padrões nacionais internacionais ou para assegurar que os produtos tenham aspectos e impactos ambientais mínimos, por meio do seu ciclo de vida, da forma e do uso de matéria-prima, por intermédio da manufatura e distribuição, uso do produto e disposição final. Marketing: em vários países os consumidores têm esperado um aspecto ambiental dos produtos que adquirem. Produtos que tenham potencial de sérios impactos no meio ambiente devem estar sujeitos a regulamentação internacional ou boicote dos consumidores. 13
14 9.7 QUEM VAI SUPERVISIONAR O SISTEMA? Um SGA precisa de liderança, apoio e comprometimento contínuos dos altos níveis de gerência da empresa para obter sucesso. Em grandes organizações, toda a série de questões a serem abrangidas pelo SGA é confiada a um grupo de gestão ambiental de alto nível (Comitê de Gestão, ou Ecotime). Esse grupo deve ser liderado por um alto funcionário (RA), assim como pelo presidente, ou o gerente da empresa, por exemplo. Tal grupo é muitas vezes responsável pela saúde e segurança dos empregados, assim como pelas preocupações ambientais, já que há uma sobreposição entre essas áreas. Em grandes empresas, normalmente cada departamento tem um responsável pela gestão ambiental, que interage com o RA e o comitê, diretamente. Em pequenas ou médias empresas é comum que haja um RA e um pequeno comitê com responsabilidades específicas, como comunicação interna e externa, treinamento, entre outras Quem deve ser envolvido? Como as questões ambientais podem ter, virtualmente, um impacto em todas as funções da empresa, um SGA precisará abranger to- dos os aspectos e operações dentro da organização, incluindo todo o ciclo de vida dos produtos e serviços, o que representa atividades externas à organização, como a disposição de resíduos, terceiros, fornecedores. Decisões quanto à Política Ambiental, Objetivos e Metas e Análise Crítica são de responsabilidade da direção da empresa, motivo pelo qual esse comprometimento e apoio devem começar de cima e descer ao nível de supervisão. No entanto, o sucesso ou fracasso do SGA é definitivamente decidido no nível operacional da empresa. As pessoas encarregadas da implementação dos procedimentos e que são responsáveis pelo desempenho ambiental devem ser suficientemente motivadas e encorajadas a cumprir seus compromissos. Os colaboradores internos precisam ser consultados durante o desenvolvimento do SGA. Seus comentários sobre o que funciona e o que não funciona serão valiosos nas fases de implementação, revisão e aperfeiçoamento do SGA, além de ser o grande diferencial entre a empresa que consegue manter um SGA com desempenho ambiental crescente, e a que não consegue. Essa consulta incentiva todos os colaboradores a compreenderem e sentirem uma parte da responsabilidade pelo sucesso dos sistemas. 14
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