APELANTE : Rina Righi (Adv.Iara Lucena)

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1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA APELAÇÃO CÍVEL N /001 RELATOR : Desembargador João Machado de Souza APELANTE : Rina Righi (Adv.Iara Lucena) APELADO : Banco do Nordeste do Brasil S/ A (Adv. Fernanda Halime F. Gonçalves) PROCESSUAL CIVIL. Ação declaratória de nulidade. Vinculo conjugal não comprovado. Documento apresentado em língua estrangeira. Ilegitimidade Ativa. Extinção do processo sem julgamento do mérito. Inteligência do art. 267, VI, CPC. Recurso manifestamente improcedente. Desprovimento da apelação. - Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão' em vernáculo, firmada por tradutor juramentado (Artigo 157 do CPC). - Cabe ao relator, por meio de decisão monocrática negar provimento a recurso manifestamente improcedente. Vistos etc. Cuida-se de recurso de apelação manejado por RINA RIGHI contra sentença (ff. 105/106) proferida pelo Juízo da 2 Vara da Comarca de Guarabira, que extinguiu sem julgamento de mérito ação declaratória de nulidade proposta em face do BANCO DO NORDESDE DO BRASIL S/A. Aduz a recorrente (ff. 109/114) que a decisão guerreada merece ser revista nesta Corte, pois se encontra em descompasso com o acervo probatório encartado aos autos, argüindo que os documentos apresentados junto com a exordial demonstram, à saciedade, sua legitimidade para propor a presente demanda, sendo induvidoso o seu vínculo conjugal com o Sr. Ermano Sala,

2 4 contratante junto ao banco recorrente de financiamento através de cédula rural hipotecária. Alega, ainda, que o douto magistrado não se pronunciou acerca do pedido de nomeação de intérprete para traduzir o documento de (f. 08) para a língua portuguesa. Requereu, ao final, a reforma total da sentença ora atacada a fim de que seja declarada parte legítima para figurar no pólo ativo da demanda. Em suas contra-razões (ff. 116/123), o apelado pugna pelo desprovimento do recurso. A Procuradoria de Justiça emitiu pareceu (ff. 130/132) opinando pelo desprovimento do apelo. É o breve relato. Decido. Trata-se de ação declaratória de nulidade, em que RINA RIGHI, ora apelante, objetiva a anulação do negócio jurídico firmado entre o seu esposo, ERMANNO SALA, e o Banco do Nordeste do Brasil, por meio de cédula rural hipotecária sob o n. SIAC 97, datada de 10 de setembro de 1997, na qual, segundo alega, não consta sua outorga uxória. Decidindo a final, a questão levada' à sua apreciação, o MM Juiz, proclamou a ilegitimidade ativa de parte, com o que não se conformou a recorrente, arrazoando que: 1) os documentos apresentados junto com a exordial demonstram, à saciedade, sua legitimidade para propor a presente demanda; 2) o magistrado não se pronunciou acerca do pedido de nomeação de intérprete a fim de traduzir o documento de (f. 08) para a língua portuguesa. desconstituir. Com efeito, não merece reforma a decisão que se pretende Compulsando-se os presentes autos, verifica-se que a autora/apelante pretende a anulação do negócio jurídico consubstanciado na contratação de cédula rural hipotecária, na qual o seu cônjuge anuiu em pagar ao banco recorrido, a importância de R$ ,00 (trinta e oito mil, seiscentos e quinze reais), hipotecando, na ocasião, imóveis de propriedade do casal. Dessume-se também que, de fato, não consta, na referida cédula a aposição da assinatura da autora/recorrente. No entanto, ao ajuizar a demanda, a autora não comprovou a sua condição de esposa de Ermanno Sala. A alegação de que consta no çaderno

3 processual a certidão de casamento dos cônjuges não basta para modificar a decisão proferida na primeira instância, eis que o documento foi lavrado em italiano e dos autos não se extrai que tenha sido traduzido para a língua portuguesa. De acordo com o que preconiza o art. 157 do Código de Processo Civil, verbis: "Art Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado". Quanto à alegação de que o magistrado indeferiu a tradução da certidão de casamento redigida em italiano, por ocasião da audiência de conciliação de ff. 104/106, determinando a sua devolução à parte autora, não há o que se rever a respeito, haja vista que o momento da juntada da versão é no mesmo instante em que tiver havido a juntada do documento estrangeiro. Entendendo que pode haver exceção, Theotonio Negrão, em nota ao artigo 157, do Código de Processo Civil, menciona que se dispensa a tradução, se o documento for em língua espanhola (Superior Tribunal de Justiça-RT 756/125, JTI 213/239, JTA 112/176) (Código de processo civil e legislação processual em vigor. 33 ed. atual. até 16 de janeiro de São Paulo: Saraiva, 2002, p. 241, nota 2b). Essa, no entanto, não é a hipótese dos autos. A certidão de casamento é documento essencial, ou seja, é indispensável à propositura da ação, razão pela qual deveria ter sido acostado aos autos com sua respectiva tradução. Deste modo, tem-se como premissa irrefutável para o reconhecimento da legitimidade da autora em ação que pretende anular negócio jurídico por ausência de outorga uxória é a comprovação do estado civil de casada, mediante documento hábil para este fim. Não obstante os argumentos do apelante de que teria cumprido tal ônus processual, mediante a inserção nos autos da certidão de f. 08, tem-se que sua irresignação não pode prosperar. In casu, o fato impeditivo da legitimidade da recorrente se traduz na ausência de comprovação de sua qualidade para demandar, ou seja, não é parte legítima para figurar no pólo ativo da demanda. A regra geral é a de que a pessoa que se afirma titular do direito lesado é a mesma pessoa que aciona o Poder Judiciário.

4 Dispõe o artigo 557 do Código de Processo Civil que o relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. Diante do exposta, NEGO PROVIMENTO À APELAÇÃO, com fulcro no artigo 557 do diploma processual, por ser o recurso manifestamente improcedente. P. I. João Pessoa, 19 de junho de DESEMBARGA OÃO MACHADO DE S luza RELATOR 4/

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