TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA APELAÇÃO CÍVEL N

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1 Ntátuald, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA - APELAÇÃO CÍVEL N /002, ORIGEM :Processo n da 3 a Vara da Fazenda Pública da 1 Comarca de Campina Grande-PB.. RELATOR :Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE :Sul América Seguros de Vida e Previdência S.A. ADVOGADO:Clávio de Melo Valença Filho, Herycka Donato Menezes e outros. APELADO :José de Souza Silva. ADVOGADO :Mário Félix de Menezes. DECISÃO MONOCRATICA EMENTA: APELAÇÃO CINTEL. Seguro de vida em grupo. Desconto em folha de pagamento. Falta de comprovação da anuência do segurado. Desconto indevido de parcelas. Pedido de devolução. Procedência parcial do pedido. Irresignação. Alegação de contratação de boa-fé. Pedido de não devolução do prêmio. Ausência de Anuência do segurado. Obrigação de devolução dos valores descontados indevidamente. Manutenção da sentença. Precedentes do STJ e deste Tribunal. Inteligência do art. 557, caput do CPC. Desprovimento do recurso. Prescreve - em cinco anos (CDC) a ação de restituição de - valores descontados da remuneração do servidor, a título de seguro de vida, sem a regular autorização deste... E requisito essencial para o desconto em folha de pagamento de servidor público a expressa anuência deste, sob pena de invalidade da avença. Não logrou a ré demonstrar a existência de autorização do autor para desconto de prestações do seguro, ônus que lhe cabia, restando caracterizado portanto o agir ilícito da demandada. Vistos etc.. Sul América Seguros de Vida e Previdência S.A. interpõe apelação - contra a Sentença do Juízo da 3.a Vara da Fazenda Pública da Comarca de Campina Grande, deste Estado, prolatada nos autos do processo ri , Ação Declaratória de Inexistência de Anuência Contratual Cumulada com - Pedido - de Indenização por Danos Morais, Repetição de Indébitos e outros pleitos ajuizado por José de Souza Silva em face da Apela -ite e do Estado da Paraíba, que; julgando parcialmente procedente o pedido exordifl para condenar a Promovida a restituir os valores descontados do suplicante, relativos ab seguro de vida em grupo, côrri correção monetária a partir da citação, respeitada(' pres\ rição quinquenal e, julgou improcedente o pedido em relação ao Estado da Parai a\, e,

2 Em suas razões a Apelante alega, preliminarmente, a prescrição da ação, considerando que a pretensão de reparação extingue-se em 01 (um) ano e, no mérito, afirma que a inclusão do Apelado na apólice do seguro está revestida de legalidade, pugnando, ainda, pela improcedência da solicitação de devolução dos prêmios pagos, acreditando que o beneficiário tinha conhecimento dos descontos. Pugnou, ao final, pelo provimento do recurso, f. 162/177. O Recurso foi tempestivo e está devidamente preparado. Em suas contrarrazões, o Apelado rebateu as teses apresentadas na Apelação, requerendo o desprovimento do apelo, f. 220/226. Não se tratando de matéria em que deva intervir o Ministério Público, deixo de determinar vistas dos autos àquele Órgão., RI TJ/PB, art, 127, XVIII. É O RELATÓRIO. José de Souza Silva ajuizou Ação Declaratória de Inexistência de Anuência Contratual Cumulada com Pedido de Indenizáção por Danos Morais, Repetição de Indébitos e outros pleitos em face da Sul América Seguros de Vida e Previdência S.A. e do Estado da Paraíba, objetivando que o Poder Judiciário declare a inexistência do Contrato de Seguro de Vida firmado pelo Estado da Paraíba, em benefício da Corporação, com desconto diretamente na folha de pagamento, em razão de em nenhum momento ter dado anuência a qualquer tipo de segáro. Nas alegações da Apelação, a Sul América Seguros alegou, preliminarmente, a prescrição da ação e, no mérito, alega que a inclusão do Demandante na apólice - de seguro mantida pela Apelante foi realizada -por solicitação -da Polícia Militar da Paraíba, a qual é responsável pela autorização dos descontós nos vencimentos dos seus membros, pugnando, ao final, pelo acolhimento da prescrição para extinguir o feito sem resolução de mérito, ou não acolhendo, pelo provimento do apelo. Quanto a prejudicial de prescrição suscitada pela Apelante, entendo que não merece ser acolhida, haja vista que não se trata de ação de cobrança de indenização do segurado em face da seguradora, mas sim de demanda em que se pretende a devolução de valores indevidamente descontados a título de seguro de vida, que é uma espécie de contrato de prestação de serviços. Trata-se, portanto, de prazo prescricional a.ser regulado pelo Código de Defesa do Consumidor, que estipula o lapso de 5 (cinco) ános, exatamente como determinou o magistrado de primeiro grau..". Como os descontos ocorreram no intervalo compreendido entre 1981 e agosto/2003, segundo o autor às f. 03, e a ação foi proposta 'em maio/2008 (f. 02), nem todo o período foi alcançado pela prescrição quinquenal, devendo ser mantida a sentença que determinou sua observância. Por estas razões, REJEITO a prejudicial de prescrição. No mérito, observa-se que o. Autor ingressou com a presente. ação alegando que o Estado da Paraíba estaria, desde até.agosto/2003, descontando indevidamente de seu contracheque o valor mensal de R$ 12,85 (doze reais e oitenta e cinco centavos), a título de seguro de vida em. grupo. O referido contrato de seguro teria sido celebrado entre a Policia Militar do Estado da Paraíba (estipulante) e Sul,Arnérica Seguros de Vida e Previdência S/A (seguradora), tendo como segurado o Autor, dentre outros servidores. No entanto, aduziu o Autor que não teria aderido ao contrato, tampouc autorizado os descontos, razão pela qual ingressou com a presente demanda em face d Estado da Paraíba e da seguradora, postulando a restituição dos valores e o recebinnto

3 de indenização pelos danos morais alegados. O MM. Juiz condenou apenas a seguradora à devolução dos valores, entendendo não existir dano moral indenizável. Ademais, mesmo a Apelante alegando que a responsabilidade é do estipulante, responsável pelo envio da documentação com a anuência dos segurados, não há como negar que os valores descontados foram inteiramente repassados à seguradora, ficando esta com os valores é quem tem a obrigação de restitui-los ao Autor. De fato, para que o ente público começasse a proceder aos descontos no contracheque do promovente, este deveria ter aderido expressamente ao grupo de segurados e autorizado a operação diretamente em seus vencimentos, porém, nem a Apelante nem o ente estatal não foram capazes de provar a existência dessa permissão. Ainda que se possa falar na possibilidade de responsabilização do Estado, não se pode afastar a responsabilidade da seguradora perante o Promovente para a devolução das quantias descontadas sem sua autorização, portanto, devida a restituição dos prêmios comprovadamente descontados da remuneração do Autor, uma vez que este foi privado de parte de seus vencimentos. Não se pode efetuar descontados nos contracheques de servidores sem que estes os autorizem sob a alegação não comprovada de que se trata de imposição legal. Deveria a Apelante colacionar aos autos a norma estadual que alega existir, em cumprimento aos art. 337 do CPC, que determina que a parte que invoca direito estadual deve provar seu teor e sua vigência. Não o tendo feito, resta descumprida a norma do art. 333, I, do CPC. Não há como ocorrer o retomo ao status «quo ante, pois a cobertura securitária já foi oferecida ao Autor, não havendo meio de ser "devolvida", no entanto, impedi-lo de receber o valor das parcelas descontadas de seu contracheque corresponderia a reconhecer a validade de ato eivado de nulidade, uma vez que se trata de suposto "contrato de seguro" ao qual o promovente não manifestou qualquer vontade de anuir, mas que teve seu patrimônio diminuído para o pagamento do respectivo prêmio. O Superior Tribunal de Justiça vem decidindo que a falta de outorga de mandato para a contração de seguros, enseja a restituição dos prêmios pagos por servidores públicos, do seguinte teor: "Processual Civil. Recurso Especial. Ação de conhecimento sob o rito ordinário. Contrato de seguro de vida. Sindicato estipulante. Dec-Lei n o ,art. 21, 2. Ausência cie mandato dos segurados. Desconto do prêmio em folha de pagamento. Ilicitude. Prescrição viritenária. Usufruto do contrato. Impedimento à restituição do prémio. Dissídio jurisprudencial não comprovado. Correção monetária. Termo a quo. Data do efetivo prejuízo.- A lei, ao atribuir, ao estipulante a 'condição de mandatário, não o autorizou,ope leg is, a firmar contrato de seguro em favor do segurado, sem que este, previamente, não lhe tenha outorgado mandato para tal. - É vintenária a prescrição do direto à reparação dos danos causados por ilícito absoluto. O acórdão paradigma trazido a confronto deve ser devidamente comprovado por cópia ou pela citação do repositório oficial que o publicou, sob pena de não conhecimento do recurso especial fulcrado em dissídio jurisprudencial. - O termo a quo para a incidência de c eção monetária, nas hipóteses de ilícito absoluto, é a data do efetivo prejuío, çonforme dispõe o E. n. 43 da Súmula do C. STJ - Recursos especiais a ce ao se. conhecem. (REsp /RO, ReL Ministra NANCY AND TERCEIRA TURMA,julgado em , DJ p. 31

4 Nesse sentido Jurisprudência desta Corte: "APELAÇÃO CÍVEL. Ação declaratória de inexistência de anuência contratual c/c repetição de indébito c/c indenização por danos morais. Policial Militar. Seguro de vida em grupo. Prêmio descontado diretamente no contracheque. Não-adesão. Ausência de autorização do segurado. Sentença. Procedência parcial. Dano moral. Não-reconhecimento. Restituição devida. Irresignação. Prescrição quinquenal. CDC. Preliminar de ilegitimidade. Rejeição. Mérito. Desprovimento. - Prescreve em cinco anos CDC a ação de restituição de valores descontados da remuneração do servidor, a título de seguro de vida, sem a regular autorização deste. - A seguradora é parte legitima para figurar no pólo passivo da demanda em que se postula a devolução de prêmio descontado sem autorização do suposto segurado, pois foi ela quem auferiu lucro com a operação. - É devida a restituição dos prêmios descontados indevidamente do contracheque do autor, pois este foi privado de parte de seus vencimentos em razão de contrato celebrado em seu nome, sem sua expressa e necessária autorização. TJPB" - Acórdão do processo n Órgão (I Câmara Cível) - Relator DES. MANOEL SOARES_MONTETRO - j. em 15/10/2009 Sendo assim, entendo indevidos os descontos em folha de pagamentos dos valores atinentes ao prêmio do seguro de vida firmado com o estipulante, porque não há prova de contrato celebrado com o militar ou autorização expressa deste, o qual teve descontados os valores do prêmio em seu respectivo contracheque. Posto isso, tendo em vista que o Recurso interposto confronta-se com os precedentes já citados, e a Decisão guerreada, ao contrário, com eles se sintoniza, nos termos do art. 557, capuz' do Código de Processo Civil, nego-lhe provimento, mantendo a sentença irretocável. Publique-s5.4ntime-se. Gabinete/no. J/PB em Jo -o-pessoa-pb, 23 de agosto de 2010 Des Snmero Marcelo da Fonseca Oliveira Relator.

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