Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa

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1 ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa APELAÇÃO CÍVEL N Relator: Des. José Di Lorenzo Serpa. Apelante: João Anselmo dos Santos (Adv. Cícero Ricardo A. Alves Cordeiro e Jurandir Pereira da Silva ). Apelado: Banco do Brasil S/A (Adv. Mércia Carlos de Souza e outros) Vistos. Trata-se de Apelação Cível (f Is. 80/87) interposta por JOÃO ANSELMO DOS SANTOS, inconformado com a sentença prolatada pelo Juízo da 124 Vara Cível da Capital (fls. 73/79), que julgou improcedente a ação de cobrança movida em face do BANCO DO BRASIL S/A, acolhendo a prejudicial de mérito de prescrição, quanto à correção do saldo de poupança com base no IPC de junho de No mérito, o magistrado sentenciante julgou improcedente a pretensão do apelante, por não haver nos autos prova da existência de saldo na contapoupança. Nas razões do recurso, alegou o apelante ter preenchidos os pressupostos processuais, já que indicou o número da conta-poupança e da agência, tendo, inclusive, requisitado cópia dos extratos bancários, para analisar se a instituição financeira teria aplicado os índices corretos de atualização monetária.

2 Nas contrarrazões (fls ), o apelado pugnou pela manutenção da sentença, sem nenhum reparo. A Procuradoria de Justiça, às fls. 97/100, emitiu parecer opinando pela negativa de seguimento ao recurso, nos termos do art. 557, caput, do CPC, mantendo-se a decisão de primeiro grau em todos os seus termos. É o relatório. DECIDO: Versam os autos sobre ação de cobrança de expurgos inflacionários a qual, na decisão recorrida, foi acolhida a prejudicial de mérito de prescrição vintenária, quanto ao Plano Bresser e, ante a ausência de prova da existência de saldo positivo na conta-poupança do apelante nos meses requeridos, foi rejeitado o pedido em relação ao período remanescente. termos. A sentença merece ser confirmada em todos os seus No que diz respeito à prescrição reconhecida pelo Juízo monocrático, de fato, constata-se, à toda evidência, que em relação ao período de junho de 1997 operou-se a prescrição vintenária, já que ação só foi proposta em setembro de Logo, não há o que ser reformado na decisão combatida a respeito de tal matéria. Vencida a questão prejudicial, tem-se que melhor sorte não acompanha o apelante nos demais pontos da lide. Analisando os autos, constata-se que o apelante apresentou em Juízo a cópia de solicitação de extrato de conta-poupança (fls. 19/21) à agência bancária. Igualmente, consta do caderno processual a resposta da instituição financeira, afirmando não ser possível localizar os documentos requeridos, o que não pode, sob qualquer prisma, confirmar a tese do recorrente de que possuía saldo na conta-poupança, no período indicado na inicial, referente a janeiro e fevereiro de 1989, março e abril de 1990 e fevereiro de 1991 pugnados.

3 Sendo assim, não há qualquer prova a ratificar a titularidade de poupança à época desses planos econômicos, pois o documento de fls. 19/21 se refere apenas ao protocolo de solicitação de documento. Inservível, pois, como meio probatório, por se tratar de peça em que os dados são fornecidos pelo próprio interessado onde é indicado o número de suposta conta poupança. Sobre o tema, a jurisprudência já se posicionou: APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS EM CADERNETA DE POUPANÇA. DISTRIBUIÇÃO DOS ENCARGOS PROBATÓRIOS. Constitui pressuposto da exibição de documento a existência deste em poder da parte requerida (CPC, art. 355) e, negando esta tê-lo em seu poder, impõe-se ao requerente a produção de prova que infirme a alegação da suplicada (CPC, art. 357), ônus que aquele incumbe, ate porque inviável exigir-se desta que produza prova negativa. Sentença mantida. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Ng , Segunda Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Fernando Flores Cabral Junior, Julgado em 25/03/2009) (grifo nosso). CADERNETA DE POUPANÇA. Diferenças de remuneração, do Plano Bresser. Ação julgada procedente na origem. Apelo do réu. Autor que não prova sequer por dícios sue era titular de contas-sou san a. Ônus sue lhe c bia. Apelo provido. (ACR ng Câmara de Direito Privado. TJSP. Rel.: Dyrceu Cintra. Julg.: 15/01/2009. Pub.: 30/01/2009) (grifo nosso). Entrementes, acerca do Plano Verão, conclui-se que o recorrente logrou êxito em fornecer indícios de que era titular de caderneta de poupança no ano de 1989, uma vez que colacionou aos autos cópia de declaração de imposto de renda nesse período (fls. 56/60).

4 Ocorre que não há como se saber precisamente a data de abertura da referida conta-poupança, o que inviabiliza a restituição dos expurgos desse Plano, pois esses índices só são aplicados às cadernetas que tiverem sido criadas até o dia 15 do mês de janeiro de Conclui-se, portanto, que em se tratando de cobrança relativa a expurgos inflacionários, constitui dever do autor demonstrar, de forma inequívoca, que à época dos planos econômicos mantinha conta poupança, com saldo positivo, no estabelecimento de crédito promovido. Dele era o ônus da prova quanto ao fato constitutivo de seu direito, nos termos do art. 333, I, do CPC. Desta forma, diante das considerações acima formuladas, não há outra seara a ser percorrida senão a improcedência do pedido. Assim, ante o exposto, RECURSO, com fulcro no art. 557, caput, do CPC. NEGO SEGUIMENTO AO Publique-se. Intime-se. João Pessoa, O de fevereiro de 20 DES. JO Dl LORENZO SERPA RELATOR

5 T9 3 DE JUSTIÇA vadenadoria Judiciártir:. Mitstrado