Visros, relatados e discutidos os presentes autos acima. APELANTE : Banco do Brasil S/A - Adv. Francisco Ari de Oliveira

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1 :f 4 ovuei e - ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N /001 RELATOR Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque APELANTE : Banco do Brasil S/A - Adv. Francisco Ari de Oliveira APELADOS : José Augusto Dantas - Adv. Breno Amaro Formiga Filho EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. CAUTELAR EXIBITÓRIA. DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DA MOTIVAÇÃO DA SUSTAÇÃO AO PAGAMENTO DE CHEQUES. Procedência do pedido. Irresignação do réu. Alegada a necessidade de restrição dos documentos cuja exibição se requer e ausência de fundamentação quanto à finalidade da prova. Cabimento em parte. Provimento parcial do apelo A hipótese dos autos contempla três motivos distintos de devolução de cheques e a obrigatoriedade de apresentação de tais documentos admite exceção quando justificada a restrição. - Não prescinde que o juiz, em sede de ação cautelar, explicite na sentença a finalidade da prova a ser exibida, de acordo com o seu convencimento, conforme preconiza o art. 165 do Código de Processo Civil. N. 4? LI" / identificados: Visros, relatados e discutidos os presentes autos acima

2 - ` 9 ACORDA a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba em DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, por unanimidade. RELATÓRIO Trata-se de apelação cível interposta pelo BANCO DO BRASIL S/A contra sentença de fl. 48, através da qual o Juízo de Direito da 4 a Vara Cível da Comarca da Capital julgou procedente ação cautelar de exibição de documentos movida por JOSÉ AUGUSTO DANTAS., Em suas razões, encartadas às fls. 51/53, aduz o apelante que a decisão vergastada necessita de reforma posto que, à sua ótica, a determinação judicial não atinge, apenas, cheques devolvidos por sustação ordenada pelo emitente da ordem. Ou seja, alega-se que medida cautelar alcançará devoluções de cheques por insuficiência de fundos e por furto ou roubo. Assevera ainda, o apelante, que a pretensão do apelado exorbita o que determina o art. 24 da Resolução do Banco Central, além do que aquele não teria demonstrado ser o portador dos cheques originais, não tendo a decisão objurgada explicitado a finalidade da prova a ser exibida. A apelada apresentou contra-razões às fls. 58/61, requerendo a confirmação da decisão a quo por ser a mesma literalmente irretocável. 110 Instada a se pronunciar, a douta Procuradoria de Justiça emitiu parecer de fls. 74/78, opinando pelo provimento parcial do recurso. É o relatório. VOTO. \ Sustenta o apelante que a hipótese dos autos não contempla Ni apenas cheques devolvidos por sustação ordenada pelo emitente da ordem, mas ik \ também devoluções de cheques por insuficiência de fundos e por furto ou roubo Z. e' 1n S,, demonstrado aves dtal dargumentação tontledrecempfl guarida 5/a posto que r cabalmente através.!::,. Com efeito, são três os motivos justificadores da devolução e.._, c o 2 dos cheques em comento, nos exatos moldes do art. 6 da Resolução n 1.631/1989.-, ':":

3 , do Banco Central do Brasil', bem como da Circular n 2.655/1996 do Banco Central do Brasi1 2. o Em consonância com o art. 25 da Resolução n 1.682/90 do Banco Central do Brasil, o Banco sacado é obrigado a fornecer todas as informações que permitam a identificação e localização do emitente quanto solicitado pelo portador do cheque devolvido apenas pelos motivos 11 a 14, 21, 22 e 31. Na hipótese dos autos, evidencia-se a necessidade do fornecimento de informações exclusivamente dos cheques devolvidos pelo motivo 21 (contra-ordem ou sustação ao pagamento pelo emitente ou pelo portador), evidenciado pelo que dispõe o art. 36 da Lei dos Cheques n 7.357/1985, o qual prevê: Art. 36. Mesmo durante o prazo de apresentação, o 110 emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestado ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito.. Ora, é patente que o Banco sacado possui, por força dos dispositivos supra transcritos, os documentos justificadores da sustação dos cheques devolvidos sob o motivo 21 (por contra-ordem), não havendo justificativa plausível para que o Banco se negue a fornecê-los ao portador dos cheques em comento, mormente porque, se o procedimento legal quanto à prática das rotinas administrativas internas do sacado foi obedecido, não há que se esquivar quando da necessária transparência de seus atos. 110 No que pertine aos cheques devolvidos pelo motivo 12 (sem previsão de fundos), constata-se a ausência de amparo legal que justifique a determinação de apresentação de documentos relativos ao inadimplemento dos títulos de crédito, cabendo ao credor, enfim, demandar contra o devedor expressamente identificado na ordem. Quanto à alegativa de que o apelado não teria demonstrado ser o portador dos cheques originais, esta não prospera. Restou comprovado, N 11. ) I.... e... 1 Art. 6. O cheque poderá ser devolvido por um dos motivos a seguir classificados: U 12 - Cheque sem fundos - r apresentação -g" Contra-ordem (ou revogação) ou oposição (ou sustação) ao pagamento pelo emitente ou pelo..... e= E,t; 0 c..., o portador contra-ordem ou oposição ao pagamento motivada por furto ou roubo ; 1

4 .. - através dos documentos acostados ao presente caderno processual, que todos os cheques encontram-se endossados em favor do apelado. Deste modo, tem-se que o endosso é o ato jurídico por meio do qual se transfere a terceiro a propriedade de um título de crédito à ordem, não havendo, portanto, que se falar em falta de comprovação quanto à propriedade dos referidos títulos. Assevera, ainda, o apelante, que a decisão objurgada não tratou de explicitar a finalidade da prova. O eminente Humberto Theodoro Júnior 3 argumenta que "A instrução sumária que é própria do processo cautelar não necessita gerar a certeza de todos os fatos articulados pelo autor, mas deve dar-lhe a idéia de plausibilidade do perigo de dano, levando o julgador a admitir como provável a ocorrência de dano iminente." 010 Complementando, ainda que: "Este juízo há de ser demonstrado com argumentos lógicos na sentença concessiva da medida cautelar." Neste sentido, não prescinde que o juiz, em sede de cognição sumária e preventiva, explicite na sentença a finalidade da prova, sendo suficiente a exposição de motivos que culminaram com aquela decisão. Destarte, vislumbro que a sentença a quo encontra-se plenamente de acordo com os requisitos exigidos pelo art. 165 da Lei Adjetiva Civil, não havendo motivos para reformá-la sob este aspecto. Diante do exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL AO APELO, para reformar a sentença a quo no que pertine à restrição dos documentos cuja apresentação se concede, ou seja, para que o Banco apelante exiba as autorizações para sustação dos cheques devolvidos apenas pelo motivo 21, a fim de que o apelado tome conhecimento sobre a prejudicialidade do direito de receber o crédito a que, supostamente, faz jus. É corno voto. 1 -* Presidiu à sessão o Exmo Des. Marcos Cavalcanti de / 4)1111 Albuquerque. Participaram da sessão, além do relator, Eminente Des Marcos olik Cavalcanti de Albuquerque, o Exmo Dr. Carlos Neves da Franca Neto, Juiz de e.. Direito convocado para substituir o Exmo. Des. Manoel Paulino da Luz a Exma. Dra.,4.. Maria das Graças Morais Guedes, Juíza de Direito convocada para substituir a Desa 4 - Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti.,.\ C7 2 e cl â 3 Processo Cautelar, Revista e Atualizada, 19a edição, Livraria e Editora Universitária de Direito, 2000, pg. 163

5 Presente ao julgamento o Exmo. Sr. Dr. Francisco Sa - Macedo Vieira, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da Segunda C: a el, o Egré Tribunal de Justiça da Paraíba, João Pessoa, 05 de j o2sp. /17/ es. Marcos Cavalcantt e Albuqueklte RELATOR mg/3

6 Is RIBUNAL DE JUSTIÇA. Coordnrioria Jud12,