- O possuidor de imóvel rural que o recebeu em doação através de escritura particular, tem z) interesse processual para ajuizar ação de

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1 -ESTADO DA PARAlBA.141j".''4= PODER JUDICIÁRIO Apelação Cível n /001 Relator: Des. Luiz Silvio Ramalho Júnior Apelante: Antônio Pereira da Silva Filho e Roniomário de Lima Silva Advogado: Décio Geovânio da Silva Apelado: Jorge Xavier de Almeida Advogada: Maria da Vitória Pereira Cabral DIREITO CIVIL. Usucapião Imóvel rural. Escritura particular de doação do imóvel. Interesse processual. Existência. ln r\ - O possuidor de imóvel rural que o recebeu em doação através de escritura particular, tem z) interesse processual para ajuizar ação de -c- - usucapião com o fim de ver reconhecido o seu s. o o< domínio sobre o imóvel, uma vez que a escritura fi (9 E o' pública é essencial a validade dos negócios < jurídicos que visem a transferência de direitos 0; reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país. VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima identificadas: ACORDA a Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, dar provimento ao apelo, para anular a sentença, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. RELATÓRIO Trata-se de ação de usucapião intentada por ANTÓNIO PEREIRA DA SILVA FILHO E RONIOMÁRIO DE LIMA SILVA, aduzindo, na inicial, que há 35 anos prestam serviços na propriedade do Sr. Jorge Xavier, e, como indenização pelo tempo e pelos serviços prestados, o proprietário e esposa resolveram lhes doar 20 hectares de terra, sendo dita doação transcrita em documento particular.

2 t ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO Alegam, ainda, que lhes falta a legalidade dada por escritura pública feita no Cartório de Registro de Imóveis. Assim, pugnam pela declaração do domínio do imóvel em questão. Citações e intimações devidamente realizadas. Audiência de instrução e julgamento às fls. 50. s. O in A juíza de direito da comarca de Barra de Santa 2< E Rosa julgou extinta a ação sem julgamento de mérito, com fulcro no < art. 267, VI do CPC, entendendo que faltava aos autores interesse o ; Lu processual, haja vista que estes já possuíam escritura particular de doação (fls. 90/91). In-esignados, os autores interpuseram apelação, alegando que a doação do imóvel foi feita, porém a averbação no registro público continua intacta, não havendo desmembramento legal nem registro da parte pertencente aos apelantes. Asseveram, ademais, que o interesse processual está imbuído na necessidade de todo e qualquer cidadão para ver sua pretensão satisfeita. Pugnam, por fim, que seja anulada a sentença para que o juízo singular julgue o mérito (fls. 93/95). Parecer da Procuradoria opinando pelo desprovimento do recurso (fls. 102/103). É o relatório. relator. VOTO Des. Luiz Sílvio Ramalho Júnior Cuida-se de discussão acerca de sentença que julgou o processo extinto sem julgamento do mérito, com fulcro na Lei Processual Civil, art. 267, VI, ao argumento que o autor é carecedor de interesse processual, urna vez que os requerentes já possuíam o domínio do imóvel usucapiendo e a escritura particular de doação da terra, quando do ajuizamento da ação de usucapião.

3 -,t, ESTADO DA PARAÍBA 5,4" PODER JUDICIÁRIO, De fato, é manifesto o interesse processual dos apelantes no julgamento de mérito da lide. Com efeito, segundo o alegado, dispõem eles de uma escritura particular de doação de uma parte de terra de 20 (vinte) hectares, por eles possuída há mais de cinco anos, e necessitam, assim, de um título que possa ser registrado no Registro de Imóveis, razão pela qual promoveram a ação de usucapião. o o Em verdade, diferentemente do entendimento da juíza O < o (.2 "a quo", o fato dos apelantes terem uma escritura particular de doação do E ti < imóvel em questão não lhes retira o interesse processual na ação, pois o que.9 ; 2 Lu,f3 eles almejam é o domínio do imóvel, e este só se transfere através de t*)j escritura pública, que é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem a transferência de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 20 (vinte) salários mínimos, conforme dispõe o art. 108 do novel Código Civil. Portanto, como os apelantes não dispõem de escritura pública de doação do imóvel se valeram da ação de usucapião, cuja sentença servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis, conforme estatuem os arts e 1245 do C.C/2002. A sentença impugnada, assim, incorreu em error in procedendo quando extinguiu o processo sem resolução de mérito, por falta de interesse processual dos autores; devendo, por tal razão, ser anulada, para que outra seja proferida em seu lugar, com apreciação de mérito. Isto posto, pelos motivos acima expostos, dou provimento ao apelo para anular a sentença impugnada, a fim de outra seja proferida com apreciação de mérito. É o voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Des. Antônio de Pádua Lima Montenegro. Participaram do julgamento, além do relator, Eminente Des. Luiz Sílvio Ramalho Júnior, o Exmo. Dr. José Guedes Cavalcanti Neto, juiz convocado para substituir o Exmo. Des.Abraham Lincoln da Cunha Ramos e o Exmo. Des. Antônio de Pádua Lima Montenegro. Presente ao julgamento o Exmo. Sr. Dr. José Raimundo de Lima, Procurador de Justiça Convocado.

4 roige,k ESTADO DA PARAÍBA : :,taabk3 PODER JUDICIÁRIO Sala das Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, João Pessoa, 11 de Julho de Desembargador Luiz Silvio Ramalho ún4r RELATOR

5 5 TRiBUNAL DE JUSTIÇA Coordenadoria Judlehlria,jjJ figgiostrgdg 1_ 70