Em debate, o crédito nos países iberoamericanos

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1 FinanceiroA revista do crédito ano 7 nº 56 jan-fev/2009 Em debate, o crédito nos países iberoamericanos TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: EXEMPLARES istockphoto.com/mecaleha/montagem EDF Economia internacional De George Bush a Barack Obama FGC A importância do Fundo no fomento às operações de crédito Os impactos da crise econômica mundial na América Latina, na Espanha e em Portugal são destaque nas apresentações do XX Congresso Fibafin

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3 Editorial: Rua Libero Badaró, º andar - São Paulo - SP Tel.: (11) Fax: (11) Diretoria Presidente Adalberto Savioli Vice-Presidentes Álvaro Augusto Vidigal, Aquiles Leonardo Diniz, Carlos Henrique Zanvettor, Érico Sodré Quirino Ferreira, José Arthur Lemos de Assunção, Luis Felix Cardamone Neto, Marco Ambrógio Crespi Bonomi, Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D Ávila Isola e Wilson Masao Kuzuhara Secretários Cláudio Messias Ferro e Edson Ueda Tesoureiros Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Pereira Capella Diretores Regionais Antônio Roberto Beldi (SP), Carlos Alberto Samogim (SP - Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Felicitas Renner (RS), Pedro Costa Carvalho (RJ), Sérgio Faria Lemos da Fonseca Junior (DF) e Tiziana Dadalto (ES) Diretores Executivos Gildo Rodrigues de Almeida, Gunnar Murilo, José Renato Simão Borges, Morris Dayan, Sandro Alexandre de Almeida, Sergio Antônio Cipovicci, Sérgio Barbanti Diretores Conselheiros Leonel Dias de Andrade Neto, Marcelo Torresi, Marcio Ronconi de Oliveira, Marcus André Oliveira, Paulo Roberto Tabaquim, Paulo Sérgio Borsato, Roberto Bronzere e Rubens Bution Conselho Consultivo Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon. Membros: Alencar Burti (ACSP), Francisco Valim (SERASA), Jackson Schneider (ANFAVEA), João Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC) e Sergio Antonio Reze (FENABRAVE) Conselho Fiscal Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e Istvan Karoly Kasznar. Suplentes: Roy Martelanc Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Economista-Chefe Istvan Karoly Kasznar Consultor Jurídico Cassio M. C. Penteado Jr. Financeiro A revista do crédito ISSN Conselho Editorial: Adalberto Savioli, Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial: Tamer Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável: Eliana Nigro (MTB ); Editoração e Produção Gráfi ca: EDF ( Pré-impressão e Impressão: Eskenazi; Periodicidade: bimestral Tiragem: exemplares As opiniões emitidas nos artigos assinados não refl etem necessariamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade dos autores. A reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação depende de autorização por escrito. Divulgação Gerenciar riscos cada vez mais e melhor Adalberto Savioli, Presidente da Acrefi Diante do cenário macroeconômico mundial, com tantas incertezas, queda de confiança das pessoas, redução da produção, maior volatilidade e, consequentemente, mais desemprego, o nível de inadimplência vai subir. Para minimizar esses efeitos indesejáveis, é preciso gerenciar a sinistralidade cada vez melhor, buscando uma análise minuciosa de todas as informações do cliente: financeiras, patrimoniais, suas garantias e sua idoneidade, não se esquecendo de reavaliar todas as ferramentas de recuperação de crédito. É hora de saber negociar, entender melhor o devedor, suas possibilidades, e buscar a melhor solução da pendência. Saber ceder para receber... Ou seja, em tempos de crise, precisamos reavaliar os conceitos de todo o ciclo de crédito. É justamente nesse ponto que reside o cerne da grande questão: qual seria a melhor calibragem do risco de crédito para manter os negócios andando sem perigo de uma alavancagem ameaçadora? Precisamos desenvolver o cadastro positivo no País, tirar os temores que ainda envolvem o compartilhamento de dados, buscar, de fato, a qualidade da carteira, o direcionamento correto do crédito, a equalização de forma mais acertada do risco x retorno, aumentar a automatização das decisões de crédito e melhorar a produtividade. De uma coisa temos ainda mais certeza: o crédito desenvolve a economia e a faz rodar, gerando riquezas e desenvolvimento. Portanto, vamos em frente; afinal, temos um papel importante e decisivo na continuidade do crescimento de nosso país! Nesta edição: 4 Evento Acrefi Congresso Fibafin: a característica e a qualidade do crédito na América Latina 10 Análise internacional A política econômica de George Bush a Barack Obama: transformações e mudanças profundas à vista 15 Artigo Retrospectiva sem perspectivas II 16 Tendência O varejo em Mercado de crédito FGC ajuda instituições a fomentar operações de crédito 20 Novo cenário Aquisições em época de crise 22 Artigo O que esperar do investimento em Artigo A exigência de registro do contrato de alienação fiduciária de veículos nos Cartórios de Títulos e Documentos 26 Projeções A crise econômica e as operações de crédito 28 Banco de dados

4 Evento Acrefi: Congresso Fibafin: a característica e a qualidade do crédito na América Latina Fotos: Andréa Felizolla Com a deflagração da crise econômica mundial, a discussão sobre a importância do crédito se torna cada vez mais imprescindível. Para isso, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) realizou, em novembro último, o XX Congresso Fibafin, da Federación Iberoamericana de Asociaciones Financieras Para abrir as discussões sobre Crédito ao Consumidor: Perspectivas de Médio e Longo Prazos, o presidente da Fibafin, Érico Sodré Quirino Ferreira, ressaltou a importância da entidade, que congrega todas as associações de crédito da América Latina, de Portugal e da Espanha. Com essa reunião, podemos comparar como funcionam as economias desses países e trocar experiências com a única intenção de fortalecer e melhorar a performance de todas as instituições, comentou ele. Adalberto Savioli, presidente da Acrefi, deu as boasvindas a todos os participantes e fez uma breve apresentação, iniciando com um relato sobre a economia mundial. Para ele, o G20 já esperava uma crise mais direta e acredita que as ações de todos os governos realizadas até a data não irão resolver de vez o problema. Para o Brasil, o lado bom da história é bastante relevante. Tivemos em 2008 o investment grade, que garante ao País um bom status. Além disso, o País descobriu grande reserva de petróleo e mantém alta reserva cambial. Temos, ainda, mais de R$ 170 bilhões em compulsório para serem utilizados em linhas de financiamento, alavancagem baixa e alto nível de provisionamento de crédito, esclareceu Savioli. Em suas previsões iniciais, Savioli salientou que o Brasil cresce mais do que a média mundial em 2009, tendo a inflação dentro dos controles do governo e uma taxa de desemprego que poderá chegar a 10,9% no final do ano. Segundo dados apresentados, essa taxa caiu de 12% em 2007 para 8% em A inadimplência subirá, mesmo que preocupe alguns, mas ainda em patamares controláveis, girando em torno de 8,4% para pessoa física. Temos várias oportunidades com a crise. Uma delas é a implantação do cadastro positivo, que vai alavancar maior desenvolvimento do crédito no País, pois terá maior qualidade do crédito com maior nível de checagem, prazos e taxas diferenciadas, disse Savioli. Falando de crédito no Brasil, Francisco Valim, presidente da Serasa, mostrou que, em 2006, existia um baixo estresse financeiro, elevando-se um pouco em Já para 2008, o estresse cresceu bastante e irá continuar neste ano. As economias dos países desenvolvidos estavam mais aquecidas, por isso poderão sofrer moderadamente com a crise. Porém, vários fatores dificultarão o crédito mundial, como a diminuição das exportações e importações. Para o Brasil, a redução dos contratos internacionais afeta muito, pois estão baseados nas commodities. O governo atua na melhoria desse ponto crítico do comércio exterior para preservar a liquidez, aliviando o empoçamento de crédito, comentou Valim. O executivo demonstrou o crescimento do crédito no País nos últimos anos. Em 2000, a relação crédito/pib era de apenas 27,7%, tendo ultrapassado os 41% em A média de crescimento do crédito foi de 25%, e a inadimplência está estabilizada, não tendo picos ou alarme. 4 FINANCEIROACREFI

5 1 2 1 Érico Ferreira, presidente da Fibafin 2 Adalberto Savioli, presidente da Acrefi 3 Francisco Valim, presidente da Serasa Experian Para 2009, teremos uma situação de crescimento menor, com oferta reduzida de crédito e mais controle na concessão. Mesmo assim, teremos um ano relativamente parecido com o anterior. Vale lembrar que as instituições estão com disponibilidade financeira bem reduzida, disse Valim. Para ele, também é de extrema importância a implantação das informações positivas na concessão do crédito. A palavra de ordem, para o presidente da Serasa, é compartilhamento de informações. Quanto mais informação se tem dos clientes, melhor qualidade terá o crédito, tanto para este cliente quanto para as instituições financeiras. No exterior A Asociación Nacional de Entidades Financieras Especializadas en Micro Finanzas (Asofin), da Bolívia, atua em todo o país com o intuito de diminuir a pobreza. Atende cerca de 19% da população economicamente ativa (PEA) em depósitos e possui uma carteira de 7,5% da PEA. Uma das principais dimensões da pobreza é a falta de renda, e a preocupação geral é com emprego sustentável e de qualidade. Para diminuir essa defasagem, é preciso investimento em setores intensivos de mão-de-obra, esclareceu o engenheiro Herbert Müller, representante da Asofin. Para ele, os pobres não têm acesso ao sistema, e as entidades devem oferecer mecanismos para que essa camada da população tenha crédito e emprego. Os mentores dessa ação serão tanto o governo quanto a iniciativa privada. É preciso intervir no mercado financeiro para assegurar a disponibilidade de recursos para que os segmentos da população de excluídos tenham as seguintes características: grande escala, permanência, eficácia e eficiência. 3 Na Bolívia, o setor de microcrédito existe há mais de 20 anos e é crescente há 10, com a carteira evoluindo de US$ 203 milhões em 1999 para mais de US$ 1,2 bilhão em Os bancos tiveram uma curva descendente entre 1999 e 2006, quando começaram a ter uma leve elevação nas suas carteiras. A associação cresce forte desde 1999 e hoje tem escala e permanência de longo prazo, afirmou Müller. Pelos dados da entidade, o desenvolvimento se deu em função da eficiência com a queda das taxas de administração, que resultou em queda dos juros, hoje os mais baixos da América Latina. A qualidade da carteira aumentou e a inadimplência ficou em 1%, para devedores acima de 90 dias. Joaquim Vial, representante da Asociación Nacional de Establecimientos Financieros de Crédito (Asnef), da Espanha, comentou que aquele era um momento difícil de falar de mercado econômico, em função da abrangência da crise mundial e, principalmente, do mercado de crédito. O que nos chamou a atenção foi o forte crescimento do crédito ao consumidor em todos os países. Isso veio como resposta ao crescimento do mercado financeiro, e os números falam sozinhos, com aumento do crédito na ordem de dois dígitos entre 2005 e Nos países do Mediterrâneo, o crescimento chegou ao triplo da média mundial, esclareceu Vial. Porém, para ele, essa é uma expansão global e, portanto, terá uma queda também global. Mas traz vários fundamentos que explicam a forte aceleração do crédito: renda, riqueza, condições financeiras, confiança do consumidor, expansão econômica, inflação de ativos, inovações econômicas e alta taxa de crescimento. FINANCEIROACREFI 5

6 Evento Acrefi: Na Bolívia, o setor de microcrédito evoluiu de US$ 203 milhões em 1999 para mais de US$ 1,2 bi em 2008 Após setembro de 2007, essa situação começou a se inverter. Os fundamentos são outros e as razões para a queda são simples: aumento do risco após um período de forte aceleração; menor crescimento econômico; incertezas do impacto da crise sobre o Produto Interno Bruto (PIB); e endividamento elevado das famílias. Na Espanha, o crédito experimentou uma evolução mais dinâmica do que nos outros países da zona do euro. Em contrapartida, sentiu uma queda maior em função das dúvidas quanto ao futuro e da capacidade de pagamento das famílias, comentou ele. Para o executivo, a Espanha teve grande desenvolvimento do crédito em função dos planos de financiamentos de longo prazo. Estes foram motivados pelo aumento da renda per capita, pela alta propensão de crédito ao consumo e pelo fato de a dívida das famílias ainda não ser alta em relação à sua riqueza. Teremos fortes ajustes de agora em diante e o que vai determinar é a renda da família, a queda do preço dos ativos e o desemprego no país. O crédito será afetado nesse período e toda a economia espanhola será, também, afetada. Acredito que a recessão irá passar lentamente e o retorno do crédito ao consumidor será bastante vagaroso, finalizou Vial. Augusto Magliano, representante da Asociación de la Banca Especializada (ABE), da Argentina, concordou com os palestrantes anteriores e falou que era muito difícil fazer qualquer comentário e previsões sobre o que vira. Acredito que o primeiro impacto será uma concentração brutal no crédito, tanto nos países emergentes quanto nos desenvolvidos. O impacto será maior ainda sobre a bancarização, principalmente na América Latina, onde é muito baixa ou medíocre, salientou Magliano. Segundo ele, na Argentina, os números são mais baixos do que a média da América Latina. Cerca de 11% das empresas e mais de 36% das famílias não têm conta em banco. Mas esse número começou a ser modificado com a política de bancarização, em que foram abertas mais sucursais (a partir de 2006), houve promoção ao crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) e ao microcrédito e forte modernização dos meios de pagamento (2007). Além desses aspectos, foram criados uma nova classe de instituição financeira e um novo meio de pagamento semelhante ao cheque, uma conta de base transacional de utilização maciça e existe, ainda, um projeto de regulamentação sobre terceirização [outsourcing] de serviços financeiros. Isso incrementa o interesse pela utilização de instituições bancárias, analisou. Mas a principal motivação para essa utilização, segundo o executivo, é o desenvolvimento da capilaridade bancária, que, na Argentina, é bem inferior a do Brasil: os bancos ainda não têm interesse nas chamadas contas básicas (semelhante ao Caixa Fácil no Brasil), por não terem muita rentabilidade e por exigirem muita capilaridade. A Argentina pode e deve aproveitar as experiências existentes em outros países, com um custo bem menor, até em função das dimensões do país, disse Magliano. Para finalizar o primeiro dia de trabalhos do Congresso, Carlos Pöllhuber, da Equifax, falou da Evolução das Ferramentas de Crédito e Cobrança para o Consumidor, que passa pelo conhecimento estratégico da qualidade do crédito e do birô de informações. Hoje, podemos dizer que o ciclo de negócios passa por quatro etapas fundamentais: prospecção, com dados baseados em informações demográficas que podem fazer crescer o negócio; concessão, baseada em informações cadastrais e restritivas; gestão, limitada pelo pouco conhecimento do comportamento do cliente; e cobrança, baseada em escores de propensão e de alto custo, afirmou Carlos Pöllhuber. Para ele, é fundamental a implantação de informações positivas para a indústria do crédito. Com ela, será possível a segmentação do mercado por meio do conhecimento comportamental do usuário do crédito, podendo-se tratar consumidores diferentes de forma semelhante. Existe muita oportunidade com a implantação de dados positivos e demográficos, como ofertas orientadas ao perfil e potencial de risco de cada cliente; modelos de propensão à compra que podem estimular ativação; limites adequados à capacidade de pagamento; prevenção a fraudes; gerenciamento de limites; fidelização/retenção; segmentação/priorização; entre outras, comentou Pöllhuber. Mas, para que isso possa acontecer, os desafios também são enormes. Iniciando pela regulamentação da utilização das informações positivas; adaptação das ferramentas para tratamento de novas variáveis; uso das novas variáveis nas políticas e estratégias existentes; adaptação das plataformas de crédito para a utilização dessas variáveis; uso de modelos analíticos com as novas variáveis; aplicação de novos modelos analíticos; adaptação das plataformas existentes para incorporar as novas estratégias. Para falar dos Desafios para Expansão do Crédito, Renato Martins Oliva, presidente da Associação Brasileira dos Bancos (ABBC), traçou as principais dificuldades para tal. Uma delas, talvez a principal, é a dimensão territorial do País. Isso gera baixa densidade demográfica, comparada 6 FINANCEIROACREFI

7 Herbert Müller, representante da Asofin 2 Joaquim Vial, representante da Asnef 3 Augusto Magliano, representante da ABE 4 Carlos Pöllhuber, da Equifax 5 Renato Martins Oliva, presidente da ABBC com outros países a Alemanha tem 231 pessoas por quilômetro quadrado, enquanto no Brasil são 22 pessoas por quilômetro quadrado. Essa é, acredito, a maior dificuldade e o maior desafio para os bancos ampliarem a sua área de atuação e as carteiras de crédito. Hoje, temos no País mais de municípios sem agência bancária ou posto de atendimento, alertou Oliva. Segundo ele, ainda existe uma grande demanda não atendida pelos serviços financeiros: 57% dos residentes urbanos maiores de 18 anos não possuem conta bancária (dados do Banco Mundial, 2002); dois terços desse público demonstram interesse em ter uma conta em banco; 67% dos aposentados e pensionistas do INSS não possuem conta-corrente bancária; 31% dos mesmos aposentados e pensionistas residem em zona rural; e 25 milhões de famílias não têm conta em banco e estão concentradas nas periferias das grandes cidades. Isso pode ser reflexo das reformas estruturais não realizadas, como 3 o fato de 40% do PIB brasileiro concentrar-se nas mãos do Estado; não há um eficiente gerenciamento de escassez com corte de despesas de custeio e aumento da capacidade de investimentos; o sistema trabalhista desestimula a produção e não incentiva o emprego formal; a carga tributária sobre a sociedade, além de ser alta, tem baixa performance na distribuição da renda; e, por fim, o PIB brasileiro cresceu bem menos do que o de outras economias emergentes 4 nos últimos 25 anos, comentou. Com o passar dos anos, o tomador de crédito brasileiro passou a ter um perfil comportamental com as seguintes características: grande racionalidade na tomada de decisão; forte impessoalidade em relação ao empréstimo; uso do recurso tomado para atendimento de necessidades efetivas; pesquisa da melhor alternativa, mesmo sem ter conhecimento específico; baixo endividamento e comprometimento da renda com empréstimos financeiros. Mas as mudanças vieram mesmo assim e o crédito ao consumidor cresceu mais de 25% ao ano nos últimos três anos. Uma das modalidades que auxiliaram esse crescimento foi o crédito consignado, implantado por lei em 2003 e com forte atuação a partir do ano seguinte. Trouxe uma forte tendência na tomada de crédito, com juros mais baixos, baixa burocracia, prazos médios e atendeu uma fatia de público com poucas opções. Primeiro foi o funcionalismo público e depois os demais assalariados, que, mesmo com ganhos pequenos, puderam concorrer ao crédito, salientou. FINANCEIROACREFI 7

8 Evento Acrefi: Para ele, outro fator que alavancou o crédito e o atendimento bancário no País foi a criação dos correspondentes bancários, também ponto importante para o crescimento do consignado. Em 2008, as operações de crédito consignado com correspondentes chegaram a 35 milhões. Somos adolescentes quando se fala de crédito no mundo todo. Assim, Paulo Isola, diretor gerente do Bradesco, iniciou sua apresentação no Congresso. Segundo seus dados, a partir do 3 início da década de 1990, o brasileiro começou a vislumbrar o potencial crescimento do crédito e da economia no País. O Brasil tinha, até 2005, 4 bilhões de cheques emitidos, na sua grande maioria, pré-datados. Porém, para Isola, não devemos esperar um crescimento grande em crédito ao consumidor nos próximos anos. A manutenção das taxas de crescimento será vista com muita ressalva. Boa parte do crescimento foi obtida pela carteira de pessoa jurídica, e a carteira de pessoa física vem perdendo espaço na participação do estoque de crédito no País. Um dos principais impulsos para o crescimento do crédito no Brasil foi a ampliação do emprego formal e da renda do trabalhador. Os estoques de crédito bateram todos os recordes, chegaram a R$ 1,14 trilhão e a relação com o PIB, em 41,4%. Os cenários futuros são diferentes daqueles vistos até aqui, salientou Isola. Para ele, apesar de a inflação estar dando o ar da graça, está controlada e não apresenta forte pressão. Porém, haverá redução na oferta e nos prazos para a concessão do crédito, além de um custo de captação maior. A queda na taxas de juros poderá ser uma questão fundamental para a manutenção da oferta de crédito, não igual à oferta anterior à crise. Uma das maiores preocupações é com a taxa de emprego. Enquanto se mantiverem, podemos ver uma economia estabilizada. Porém, já há uma alta no desemprego em função da crise. Se esta for a tendência, a oferta será menor, as exigências maiores e podem fazer crescer a inadimplência, mas em patamares administráveis, finalizou Paulo Isola. Do Paraguai, veio Carlos Rivarola, representante da Asociación de Entidades Financieras del Paraguay (Adefi), que demonstrou o crescimento do microcrédito no país Paulo Isola, diretor gerente do Bradesco 2 Carlos Rivarola, representante da Adefi 3 Istvan Kasznar, economista-chefe da Acrefi Esse tipo de crédito no Paraguai é muito importante para o desenvolvimento, principalmente, das atividades primárias, que são realizadas por pequenas propriedades em sua maioria. A balança comercial do país é deficitária desde 2000 e a participação das exportações é significativa, comentou. A exportação de carne representa 16%; a de farinhas, mais 9%; e os cereais, 8%. O crescimento do microcrédito para o setor agrícola foi de 14% no país. O número de clientes também cresceu (30%). O que ajudou o crédito no país foi o grande crescimento das instituições bancárias, cerca de 45%, e de mais 11% de instituições financeiras, esclareceu Rivarola. Para o executivo, os bancos paraguaios estão ganhando em solidez e em capilaridade, o que oferece maior poder de crescimento, mesmo em épocas de crise mundial. Para finalizar os trabalhos do XX Congresso Fibafin, Istvan Kasznar, economista-chefe da Acrefi, apresentou um estudo realizado pela entidade sobre a inadimplência no Brasil. Segundo ele, pode-se perceber que o mercado de crédito é fortemente direcionado pelas demandas e situações orçamentárias do Estado, que, mediante o giro da dívida pública, atrai para si e força a vinda das poupanças. O crédito que sobra, livre, torna-se caro, com taxas de juros reais elevadas, 8 FINANCEIROACREFI

9 Congresso mobilizou setor de crédito que contraem a demanda por crédito. Resultam, então, uma proporção relativamente pequena de créditos livres ao setor privado/pib e relativamente elevada de créditos direcionados mediante aplicação em títulos públicos/pib. Em que pese a retomada da inflação em fins de 2007 e seu combate mediante a elevação das taxas de juros e controles monetários com aumento da base monetária no período 2003/2007, configura-se nitidamente uma nova fase, de retomada e crescimento do volume de crédito concedido à livre iniciativa no País. A expansão de crédito saltou de 24,61% em 2003 para a relação ESF/PIB de 36,59% no ano de 2007 (41,4% em 2008). Expandir o crédito pessoal e livre é necessário, saudável e alavanca o bem-estar da nação, contudo, possui seus limites e sutilezas, vinculadas à capacidade de pagamento dos devedores e à formação de sua renda para sustentar e quitar dívidas, comentou o economista. Para ele, a crise norte-americana de 2007 em diante, culminando na parada literal do mercado de crédito em setembro de 2008, em função dos abusos cometidos na expansão do crédito imobiliário, da geração de hipotecas podres subprime, evidencia que existe um limite para a oferta de créditos e, quando ele é ultrapassado, põe em crise até mesmo o mais poderoso sistema econômico. Antes que ocorram abusos no mercado de crédito brasileiro, satisfeito e mais ou menos estressado de 2004 em diante, é importante que medidas de autorregulação do mercado se implantem severa e disciplinadamente, para evitarem-se inadimplementos e falências futuras, cujo desfecho aumenta custos e desgastes e pode pôr em risco o crescimento e o desenvolvimento de longo prazo. Nesse sentido, enfatiza-se que mais vale aumentar a Toda expansão possui seus limites e mais vale o crescimento seguro e regular do que o explosivo de fôlego curto, seguido de operações de rescaldo às pessoas físicas e empresas e de socorros bancários qualidade e a quantidade das medidas de precaução e prudência do que criar, após a devastação gerada por grandes crises econômicas e recessões, medidas curativas de efeitos duvidosos, alertou Kasznar. Conclusões estratégicas Para o economista, as conclusões estratégicas são que as crises bancárias no mundo foram precedidas por uma oferta de crédito expansiva, real e agressiva. Uma rápida e continuada deterioração do ambiente macroeconômico, sem a adoção de medidas firmes e vigorosas, aprofunda as crises e aumenta as perdas da sociedade e do sistema bancário. Porém, a inadimplência está e estará em patamares totalmente administráveis tanto quanto a economia for administrada. No Brasil, de 2005 em diante, experimentam-se, com uma certa sensação de satisfação, a expansão vigorosa do crédito ao consumidor e a capacidade de o Estado sustentar com empréstimos a retomada maior do crescimento do PIB. Contudo, toda expansão possui seus limites e mais vale o crescimento seguro e regular do que o crescimento explosivo e de fôlego curto, seguido de operações de rescaldo às pessoas físicas e empresas e de socorros bancários, que em sua dimensão fiscal, mediante impostos, acabam saindo dos bolsos do contribuinte, finalizou Istvan Kasznar. FINANCEIROACREFI 9

10 Análise internacional: A política econômica de George Bush a Barack Obama: transformações e mudanças profundas à vista Jan/2009 O ano de 2009 se caracteriza por se iniciar com ventos de esperança e fé na pessoa do novo presidente dos Estados Unidos da América, Barack Hussein Obama. Após tomar posse numa série de festejos monumentais, para o qual 4 milhões de norte-americanos foram convidados e compareceram, cabe a Obama, o primeiro presidente negro dos EUA, país que mais uma vez derruba um complexo tabu, desta vez associado à forte discriminação racial que por séculos e até bem o início dos anos 1960 assolou a América, resolver, no rescaldo das cinzas do governo Bush, um novo momentum para a economia e sociedade mais poderosa do mundo. A herança e o desafio que se apresentam ao Partido Democrata, recém-empossado no poder, são, como tudo o que diz respeito à América, líder mundial, monumentais. Afinal de contas, estão em jogo a hegemonia americana no mundo; o aprumo da economia e sua moralização enquanto liberal, mas capaz de sujeitar-se a regras e regulamentações que não repitam e descambem em especulações, selvagerias e quebras empresariais e da pessoa física incontornáveis; a emissão de sinais inequívocos que reconduzam à credibilidade nas instituições; a volta do equilíbrio das contas públicas, abaladas por déficits sucessivos; a definição do que fazer com as guerras no Iraque e no Afeganistão; e a capacidade de aumentar investimentos para progredir com ciência e tecnologia e gerar ganhos de produtividade de alcance global. O novo governo não começa com uma tábula rasa, posto que a riqueza que molda a sociedade americana permanece bem firme, apesar dos abalos. Contudo, a ignição democrática de governança pública precisará retomar as macrodimensões que movem a causa, o interesse e a qualidade de vida da nação, vista como referência mundial de progresso e desenvolvimento, especialmente aos olhos do ocidente. Essas macrodimensões se centram nas variáveis política, econômica, jurídica, tecnológica e internacional. Procuraremos a seguir tratar desses assuntos, com vista a compreender o que poderá trazer e gerar a crise profunda do modelo de produção norte-americano. Istvan Kasznar, Ph.D. economista-chefe da Acrefi istvan@acrefi.org.br 10 FINANCEIROACREFI

11 O governo de George Bush Em janeiro do ano 2001, quando George W. Bush assumiu a presidência dos Estados Unidos da América, a sociedade norte-americana estava profundamente dividida. Republicanos e democratas haviam praticamente empatado nas eleições presidenciais, o vice-presidente Albert Gore, candidato democrata, festejava discretamente seus resultados eleitorais e dava como certa sua eleição na Flórida, onde o irmão de George, Jeff Bush, atuava como governador. A demora em sair os resultados eleitorais em dezembro de 2000 criou um triste clima de suspeitas. E quando George Bush assumiu, não houve festa maior, popular, nas ruas, o que, em geral, é um sinal de aceitação com aclamação de um novo presidente. Simples, sintomática e gravissimamente, a escolha presidencial recaiu e sucedeu por conta da existência de uma maioria de juízes republicanos que assegurou a sua conquista na Corte Suprema. Essa situação fazia prever um governo complicado. O Partido Democrata poderia fazer questionamentos acerca da legitimidade das eleições e do processo de ascensão ao poder máximo nos EUA. Assunto interno ao mundo, todavia, sobrou a sensação de que, do ponto de vista político, as instituições eleitorais e seus regulamentos estavam defasados e necessitavam de reformas. Estas não seriam realizadas nem ocorreriam quatro anos depois, quando o presidente George Bush, clamando questões de segurança nacional e a favor da luta contra o terrorismo, que atacou Nova York com o fatídico setembro de 2001, foi reempossado, ante a surpresa mundial. Rápido em criar guerras, o presidente Bush mergulhou os Estados Unidos na guerra do Afeganistão, um produtor de ópio em terras montanhosas, altas e inóspitas. E, a seguir, apesar dos apelos contrários de inúmeros de seus colaboradores, abriu fogo contra o Iraque, em nome da democracia. Como essas guerras durarão mais este ano, o legado republicano inclui o envolvimento em guerras improdutivas, custosas porque também longínquas, que geram déficits públicos mensais de US$ 10 bilhões. E o tempo mostrou que não havia perigos de ordem nuclear e de bombas devastadoras no Iraque. Sem maior respaldo para cobrar disciplina da sociedade, o governo americano fez vista grossa para o crescente consumo, financiado por juros de curto e longo prazo em queda, a ponto de a taxa de juros de títulos públicos mergulhar para 2% anuais, quando deveria ser de 3,6% ou mais, para manter alguma disciplina nas contas públicas. Eric Draper/White House A reação dos mercados financeiros veio na forma de criativas e amigas formas de se financiar o consumo doméstico, de tal forma que, se no início dos anos 1990 cada família americana devia em média US$ 60 mil, em 2008 esse valor saltara para o dobro, ou US$ Isto é, para cooptar a população, deu-se prosseguimento a uma equivocada farra de crédito; fez-se vista grossa ante o que os bancos emitiam como papéis; aceitou-se pagar e financiar, por meio de agências imobiliárias e títulos públicos como as fannie maes e ginnie maes, a casa própria da população mais carente, em prol do interesse social, acreditando-se que o assunto estouraria bem mais adiante, por volta do ano 2011; e enfraqueceram-se a fiscalização e a controladoria pública nos mercados. A emergência e a disseminação de uma vasta engrenagem dolosa, fomentada por créditos podres e por fundos sem lastro, dos quais o melhor exemplo é dado pelo gestor Madoff, no epicentro do capitalismo e do liberalismo mundial, geraram uma destruição avassaladora de imagem do capitalismo financeiro e dos mecanismos de se deixarem as economias livres, nas mãos invisíveis fornecidas pelos encontros entre a oferta e a demanda. A imagem do capitalismo à moda americana sofreu uma chamuscada global. E adquirir uma má imagem custa caro: ninguém se esquece dela tão cedo; investir para recuperar a imagem custa caro e demora muito; e é dada munição aos críticos do status quo, para que se aprofundem urgentes mudanças. Bush deixa o governo economicamente endividado e com Obama espera-se o início de uma nova era Pete Souza/White House FINANCEIROACREFI 11

12 Análise internacional: Neste quadro, herdado pelo novo presidente, Obama, a assunção da governança se involucra num conjunto de realidades prévias rapidamente mutantes, que fazem patinar as análises e os diagnósticos e podem, por erros, levar a situações complexas, porque imprevisíveis. As incertezas e os medos se repetem. E com eles, no dia-a-dia, as autoridades recuperam velhos métodos para sair de crises, além de repetirem as doses de remédios à exaustão, não necessariamente obtendo os resultados que estimavam receber. Bill Clinton, durante seu governo, entre 1993 e 2001, repassou a Bush um superávit fiscal estimado em US$ 4,3 trilhões. Em 2009, a herança deficitária alcançou US$ 6,2 para um mesmo período de oito anos. Bush deixa o governo economicamente lascado, fissurado, endividado e a sociedade, sedada à base de uma oxigenação artificial com a injeção de pacotaços de centenas de bilhões de dólares em recursos públicos. Estes, em última instância, são o dinheiro do contribuinte, aquele que, em curto e médio prazo, pagará caro pelas disfunções governamentais vividas entre 2001 e Não que o problema do endividamento das famílias americanas fosse novo. Mas viver eternamente do crédito alheio, em longo prazo, é inviável. Caberá à sociedade americana reconfortar-se com a ideia de que sua afluência tem limites, também dados pela limitação dos créditos e empréstimos ao consumidor. Esses fatos, em conjunto, estimulam a ideia de que o presidente Obama precisará e haverá de fazer firmes, profundas e ousadas mudanças na economia e na sociedade norte-americana. É também aí que remanesce a esperança num governo que abra as portas da modernidade e aprume a sociedade para os novos rumos magnos evolutivos do século 21. Governo Obama, um depositário de esperanças e renovações Espera-se o início de uma nova era, mediante as políticas públicas múltiplas a serem adotadas pelo presidente Barack Obama e o Partido Democrata, que eleito com 53% das cadeiras no Congresso, pode tomar decisões prementes com diminuta, mas confortável, folga. E as necessidades de atacar e resolver em vários flancos são bem claras. No campo econômico, entre novembro e dezembro, os EUA perderam 1,1 milhão de empregos formais. Os créditos desapareceram, seja para as corporações gigantescas, seja para os micro e pequenos empresários, seja para as pessoas físicas e famílias. Sobra apenas crédito em escala paquidérmica para as empresas que se confessam em crise, ilíquidas e prontas a demitir ou fechar as portas. O problema é que a lista de pedintes não para de crescer. Alguns parecem viciados na demanda e obtenção de ajuda e voltam a repetir a dose, num sinal indefectível de dependência e de incapacidade de resolver seus próprios problemas. E o arrefecimento da demanda cria um círculo não virtuoso, que aprofunda ainda mais a crise. Enquanto anuncia-se que o novo governo terá US$ 1,14 trilhão à sua disposição para gastar e investir no processo de saneamento econômico, o cidadão comum descobre que as verbas não são para resgatar e salvar o maior criador e mantenedor de empregos, que são os micro e pequenos empresários. As verbas se dirigem à antiquada e envelhecida indústria automobilística norte-americana e aos bancos, entre outros, que alegam limpar de títulos podres as suas carteiras combalidas de ativos. Nesse sentido, dói aos americanos ver a sua indústria modelo, a automobilística, que gerou e mudou o seu way of life por todo o século 20, quebrar e falir irremediavelmente. Mas, se as mudanças nesse setor aconteceram, como no Japão, com carros econômicos e que fazem 21 km por litro de gasolina; e no Brasil, onde os carros flex e os movidos a álcool são um sucesso; nos EUA, continuam-se produzindo carros enormes que consomem o petróleo que os EUA não possuem e vão buscar na marra no Oriente Médio, como no Iraque. Os bancos norte-americanos deixam todos os clientes atônitos, no mínimo, ao não apresentar, entre junho e dezembro, um comportamento normal. Bom e importante exemplo é dado por bancos americanos um quer comprar o outro e, no final, estende a mão para pedir do Fed, o Banco Central dos EUA, US$ 18 bilhões. Isto é, à primeira vista parece sadio e forte, porque acena com a vontade de compra de outro banco. No momento seguinte, confessa não ter caixa. Da mesma forma, o símbolo maior do banking americano, na figura do Bank of America, solicitar auxílio significa que nenhum banco está imune ou longe da crise e o mercado interbancário está minado por uma crise de confiança monumental. Em quem acreditar? Quem possui uma carteira ilesa, limpa e operacional? Quem consegue ser saneado de vez, a ponto de não recorrer, e passa a puxar outras empresas bancárias ao crédito interbancário sadio? Por ora, ninguém sabe. E, por essas razões e questões, caberá ao governo Obama reaver, reconstituir e reconquistar a confiança abalada nas instituições, nos órgãos públicos, nos bancos, nas indústrias e nas famílias em geral. O pacote que o presidente recebe ao inaugurar sua administração, de US$ 825 bilhões, é monumental e é por dois anos. Mas será que recupera o projeto americano com presteza? Essa forma de agir, a de dar liquidez ao sistema a todo custo, merece ser questionada e abordada em detalhe maior, o que se fará na seção seguinte. Lorde Keynes e a armadilha da liquidez A dinheirama que se coloca à disposição da nova administração apresenta cifras estonteantes. À primeira vista, deve resolver os problemas de liquidez imediata. Mas será que resolve o cerne do problema macroeconômico atual, que passa pela delicada questão da credibilidade nas instituições e nos seus recentes gestores? Acredite-se que não, até 12 FINANCEIROACREFI

13 porque alguém, grupos e lobbies mobilizaram a sociedade na direção do endividamento; da invenção de papéis sem lastro; no processo de liberar créditos amigavelmente, sem olhar seriamente os cadastros negativos e positivos e a capacidade de pagamento; da mudança de aplicações, forçando-se a pessoa física a sair dos papéis pré-fixados, para os pós-fixados; e afins. Aos investidores internacionais, os bancos americanos e europeus ofereciam títulos e ações profusamente, entre os anos 1990 e 2008, assim como fundos de investimento. Mas estranhamente, após a oferta, frequentemente se eximiam de recomendar certos fundos, alegando dúvidas quanto à sua segurança. Com isso, eles mesmos minaram a credibilidade sobre os papéis que dispunham aos aplicadores. Então, as soluções que virão precisarão de um pluralismo em finanças, de um holismo, que até dezembro de 2008 não se constatavam no mundo. Que os burocratas no setor público possuem a fama de ser capazes de gastar o dinheiro público numa velocidade de bólidos, isso é consensual. Que o grau de sensibilidade em relação a esses gastos é baixo, isso também faz parte das avaliações sobre tecnocratas nos EUA, afinal de contas, é dinheiro da viúva e não sai do seu próprio bolso. Mas, então, o comprometimento com a alocação mais séria e produtiva desses recursos pode ser submetida a dúvidas, isso é uma certeza. O ato de gastar suficientemente rápido em projetos de alto retorno socioeconômico e com grande produtividade do capital será um grande desafio para o novo governo. O plano de recuperação econômica deverá ser especialmente sensível à capacidade de gerar, manter e aumentar o nível de empregos. E, sabidamente, a recuperação de carteiras podres em bancos não gera grande massa de empregos, nem moverá a massa salarial na direção do consumo. A liberação de grandes somas de dinheiro público necessitará levar em conta o fato de que não é fácil gastar bem, objetivamente e com racionalidade. Projetos que oferecem empregos podem ser apresentados, mas a sua elaboração, implantação e resultante real podem levar muitos anos para aparecer. Esse é o caso dos projetos de água e de abastecimento; remodelação de barragens e áreas que precisam de diques para a contenção de águas pluviais, fluviais e as geradas por inundações; a reconstrução de redes elétricas; a remodelação do setor da saúde; e investimentos em computação para a educação infantil. Esses projetos lembram ligeiramente alguns promovidos por Franklin Delano Roosevelt, o mítico estadista norte-americano que, entre 1933 e 1945, definiu e reestruturou a economia americana moderna, mergulhada em 1929 no avassalador crack da Bolsa de Nova York. Diversos analistas insistem em comparar os tempos e os desafios atuais que o presidente Obama enfrentará, dado o rigor da crise atual, àqueles de Roosevelt. O governo Bush deixa a sociedade sedada à base de uma oxigenação artificial com a injeção de pacotaços de centenas de bilhões de dólares em recursos públicos Nada mais equivocado. Os tempos são outros, bem diferentes e mais complexos para a América de hoje. Após o que seria um erro de interpretação de política monetária por fazer, em , segundo os economistas Milton Friedman e Anna Schwarc, que se debruçaram nos anos sobre os dados do Fed, e que levou à não-injeção e emissão monetária naqueles fatídicos anos, o que levou a taxa de desemprego nos EUA a 33%, convencionou-se afirmar que crises depressivas precisam de maciça injeção e emissão monetária para serem resolvidas. Lorde Keynes, genial economista inglês, acentuou a importância da presença do Estado quando os mecanismos do livre mercado não funcionam e receitava o aumento do gasto público, logo a intervenção do Estado. Não importava, dizia ele, que um trabalhador desempregado fizesse em buraco, enquanto o seguinte, atrás dele e outros tantos formando fila, fosse o preenchendo. O importante era assegurar empregos, que implicariam pagamentos de gastos salariais e estes, como renda, implicariam a elevação do consumo, o que aqueceria a demanda por bens e serviços, a indústria, logo a economia como um todo. Numa noite fria, no meio do salão de um hotel americano, enquanto debatia políticas de aquecimento econômico junto a Dexter White, secretário de Finanças dos EUA, Keynes derrubou toalha, pratos, garfos e facas no chão. Apontou para o garçom, diante dos demais comensais, e disse: Vejam, para este, agora, garanti o emprego. E, na política monetária, poderia suceder uma armadilha tal, na visão acertada dele, que as taxas de juros, de tão baixas, não atrairiam as aplicações dos investidores. Eles ficariam à espera de um momento melhor para aplicar seus capitais, se a economia deflacionasse ou permanecesse no sentido da deflação. Portanto, pode haver semelhanças, mas o momento é outro. Franklin Delano Roosevelt concebeu e aplicou o New Deal, que teve no fundo três edições e cujas edição e implantação não foram nada pacíficas. Tribunais tentavam anular as ações do presidente. Ele teve de lutar com o Poder Judiciário frontalmente e, após numerosas pressões, conseguiu fazer acordos que aposentaram e substituíram vários juízes. No New Deal, investiu-se numa autêntica remodelação da América que gerou mais de 8 milhões de empregos. O Tennessee Valley Administration, que produziu barragens e energia elétrica, foi um dos programas mais emblemáticos daquela época. Ele não se repetirá nem terá paralelo em nossa era. Houve investimentos em estra- FINANCEIROACREFI 13

14 Análise internacional: das, reflorestamento, diques e ferrovias. Ainda assim, em 1937, a indústria sofreu novo baque e sua produção levou a nova recessão. Os EUA saíram da crise e da depressão dos anos 1930 de vez quando o esforço de provimento de materiais para o combate na Segunda Guerra Mundial se fez sentir. Enquanto numerosos homens iam à guerra e enfrentavam o nazismo no front, as mulheres ocupavam os postos de trabalho e produziam as balas de canhão. As taxas de desemprego caíram também por causa dessa tipologia de mobilização. No momento atual, espera-se que se defina uma retirada total, ou parcial, ao longo de alguns anos, das tropas existentes no Iraque, um contingente de aproximadamente 140 mil soldados, que já sofreram baixas de 4 mil. Com isso, o déficit público mensal cairia, o que daria maior valor à moeda americana e liberaria recursos para esforços de construção doméstica. Sair da guerra sem manchar a imagem de liderança e de capacidade de combate será outra questão delicada a decidir. Seus custos não se farão sentir imediatamente. A retirada faz economias no curto prazo. Se bem feita, aumenta economias e eficiências de longo prazo. Se mal feita, atiça e aumenta a coragem dos inimigos, do terrorismo internacional, e isso pode ter seus custos para o esquema militar dos EUA. Para o Congresso dos EUA, o desafio está lançado. E lhe será difícil identificar projetos que gerem fluxos e retornos líquidos positivos de caixa no longo prazo, que são objeto de financiamento e aplicação imediata no curto prazo anos , e que gastam corretamente o dinheiro em questão de meses. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Brasil, tão valorizado e bem recebido pela população brasileira, é um bom referencial para esse caso. Em 2008, apenas 15% das aplicações orçadas pelo PAC foram realmente executadas. Medidas previsíveis Por uma questão de bom senso, várias medidas ganham a simpatia dos especialistas, por fazerem sentido e serem racionais. Independentemente da força da crise, para resolver seus problemas internos e dar bases para a formação de uma nova tranquilidade à ordem mundial, as autoridades focalizarão sobre a manutenção de liquidez financeira, para que haja solvência no sistema; apresentarão mais e claras regras aos mercados financeiros, para operar-se com menos especulação e criatividade que desemboque em perdas irrecuperáveis aos aplicadores; incentivarão a liberação de crédito até certos limites, para que não ocorram mais sobreendividamentos; reforçarão os estímulos fiscais, com o corte das alíquotas de imposto, os subsídios seletivos ao consumo da população de renda baixa e a liberação de coupons para aumentar o consumo sobre uma renda maior; e reestruturarão o mercado hipotecário. Ajudar a indústria automobilística, pelo seu porte, importância, geração de empregos e resultados de exportação, permanecerá como atividade de Estado. Contudo, é de se esperar que as autoridades peçam contrapartidas e resultados a cada liberação adicional de recursos. Isso significa que a tecnologia e a ciência, nos EUA, serão instigadas e convidadas a apontar, descobrir e adotar inovações, que deverão ser redutoras e eficientes em custos. Dados os montantes envolvidos nas operações de salvação e modernização, aplica-se o antigo aviso econômico: quanto maiores forem a quantidade e o valor dos estímulos financeiros, sua qualidade poderá cair inevitavelmente. Será, então, preciso ser seletivo para que as escolhas públicas confirmem o que as economias liberais disseminaram e provaram na teoria: que a produtividade marginal do capital nas mãos do setor privado é maior do que a produtividade marginal do capital nas mãos do setor público. De capital importância será reconquistar a confiança das pessoas e dos empresários na solvência e na rentabilidade dos títulos e dos fundos que circularão no mercado. Igualmente, tão importante será determinar quem tem credenciais para administrar fundos, carteiras de empréstimos e recursos financeiros no ramo da habitação. Grande parte do mundo simpatiza com Barack Obama, o homem que estampa no rosto que veio para mudar. Seus 100 primeiros dias serão essenciais para mostrar com qual vigor e acuidade quererá realmente marcar seu nome na história mundial; e como será o legado americano neste fim de década, para todo o século 21. Assessoria financeira, assessoria jurídica e cobranças administrativas Cobranças amigáveis (CDC, Leasing e cartões) Jurídico (Banco autor e Banco réu) Reintegração de posse Busca e apreensão NOVA FILIAL Ribeirão Preto 14 FINANCEIROACREFI Atuação em São Paulo, Grande São Paulo e filiais em Santos (cobrindo todo o litoral), Bauru e Sorocaba. Rua 15 de Novembro 184, 14º Andar - CEP: São Paulo - SP - Tel:

15 Artigo: Retrospectiva sem perspectivas II Jan/2009 Os dados preliminares permitem fazer uma avaliação do desempenho do varejo em 2008, que pode ser dividido em duas fases distintas: de janeiro a setembro, e de outubro a dezembro, sendo que, mesmo no último trimestre, o comportamento do mercado não foi uniforme. Tomando-se as consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), como um indicador do movimento do varejo em 2008, observa-se um crescimento de 8,3% no período janeiro/setembro, sobre igual período de 2007, o qual desacelerou para 4,5% em outubro, 1,4 % em novembro, e foi próximo de zero em dezembro. Se analisarmos os fatores que propiciaram o forte crescimento das vendas do varejo a partir de 2006, pode-se destacar: ampla disponibilidade de crédito, juros menores, embora ainda elevados, e prazos mais longos de financiamento de um lado. De outro, aumento do emprego e da renda. Combinou-se queda acentuada no valor das prestações do crediário, mais acentuada em relação a produtos importados devido ao câmbio, com aumento da massa salarial e melhora mais forte dos rendimentos das classes de menor renda. Incorporou-se ao mercado de crédito e de consumo de bens de maior valor uma imensa legião de novos consumidores. Foram consultados, nos últimos três anos no SCPC da ACSP, mais de 20 milhões de CPFs que nunca haviam sido consultados anteriormente. Ao mesmo tempo em que uma nova massa de consumidores adentrava ao mercado, beneficiada pela significativa queda do valor das prestações, as camadas que anteriormente já tinham acesso ao crédito passaram a um estágio superior de consumo, o que explica o grande aumento das vendas de veículos, motos e eletrônicos de maior preço. Esse cenário começou a mudar em outubro em decorrência da crise internacional, pela paralisação do crédito externo e retração dos financiamentos domésticos, situação que o Banco Central procurou neutralizar com a redução de depósitos compulsórios, mas ainda sem sucesso para fazer irrigar todos os segmentos da economia, além de que as taxas de juros subiram significativamente e os prazos encurtaram. Divulgação É elevado o grau de incerteza em relação à crise externa, sua profundidade e desdobramentos e, sobretudo, seus reflexos sobre o mercado brasileiro, bem como quanto à eficácia das medidas já adotadas, ou que ainda serão baixadas pelo Banco Central e pelo governo. Parece claro, no entanto, que o crédito não terá a mesma taxa de expansão observada até setembro e que os juros serão mais elevados e os prazos de financiamentos, mais curtos, tendo em vista a maior incerteza e aversão ao risco que vêm predominando no mercado financeiro doméstico. A manutenção do emprego é o grande desafio para determinar o desempenho da economia em 2009, pois um aumento do desemprego não apenas afetará o crescimento como pode desencadear um forte aumento da inadimplência dos consumidores, com impacto sobre a solvência das empresas. Outra grande incógnita se refere à evolução da taxa cambial, cuja volatilidade gera insegurança muito grande para investimentos e, mesmo, para a indústria e o comércio, que não têm parâmetros para a negociação de preços dos produtos ou componentes importados. Manter o atual patamar da taxa cambial deverá implicar aumento de preços de muitos produtos. Quanto à estratégia do governo, de aumentar seus gastos, sejam de custeio ou investimentos, para procurar manter o crescimento da economia, esbarra na situação das contas externas que vêm se deteriorando. Seria necessário cortar despesas de custeio para aumentar os investimentos e o consumo privado sem pressionar o câmbio, cuja desvalorização terá impacto negativo na inflação, levando o Bacen a elevar a taxa de juros. Com tantas dúvidas, fica difícil apresentar perspectivas para a economia e para o varejo em 2009, podendo-se, no entanto, considerar que será um ano de maiores dificuldades para empresas e cidadãos e, também, para as finanças dos governos. O mercado, no entanto, continuará a existir e a oferecer desafios e oportunidades. Marcel Domingos Solimeo, economista-chefe e superintendente da Associação Comercial de São Paulo FINANCEIROACREFI 15

16 Tendência: A economia brasileira terminou 2008 com uma desaceleração importante na indústria e com uma sinalização de desaceleração também no setor varejista, com situações diferentes, dependendo do segmento de atuação, pelas características distintas de cada um. Assim, diferentemente dos últimos anos, nos quais o varejo cresceu em média 8,8% ao ano, o dinamismo desse setor já está sendo afetado e, por consequência, o seu nível de investimento. Fatores que contribuíram para o resultado do setor estão se revertendo elevação da massa salarial, melhoria na quantidade e qualidade do emprego e expansão do crédito. Para termos uma ideia do tamanho dessa reversão, tomemos os dados de crédito consignado para aposentados do INSS do mês de novembro: foram realizadas operações de empréstimos com garantia de desconto em folha de pagamento, o que representou uma queda de 72,9% em relação às operações do mês de outubro. Além da maior restrição na concessão de novos créditos, os chamados novos consumidores, responsáveis por boa parte do crescimento de vendas dos últimos anos, terão dificuldades em quitar os seus débitos e, portanto, renovar/ampliar o seu crédito, e os consumidores das classes mais altas estão sendo afetados pela perda do emprego (Gráfico 1), reduzindo, assim, o potencial de consumo na maioria dos segmentos. O primeiro indicador da desaceleração do setor aparece nos dados preliminares das vendas de Natal. Tanto nas lojas mais populares quanto nos shoppings mais caros, o valor das compras teve redução entre 5% e 15%, com aumento dos pagamentos à vista, que passaram de uma participação de 30% para 34% do total das vendas, e com ampliação dos descontos nos preços das mercadorias por parte das lojas. Esse último indicador foi resultado de uma pesquisa realizada pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio) nos dias que antecederam o Natal e já aparece no número de consultas (Gráfico 2). O cartão de crédito ainda foi o meio de pagamento mais utilizado, mas houve uma queda na sua participação nas vendas totais. Em 2007, ele respondeu por 62% das vendas e, neste ano, sua participação foi de 59%. Na avaliação da Fecomércio, esse comportamento do consumidor, de pagar um percentual maior à vista, deve continuar no primeiro trimestre do ano, pois o próprio comércio está fomentando o pagamento à vista com a concessão de descontos. Essa indução está sendo usada como mecanismo para aumentar a posição de caixa das lojas e equacionar possíveis problemas de liquidez pela restrição do crédito e do forte aumento nas taxas de juros com a ampliação dos spreads pelos bancos. Avaliações qualitativas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), da Serasa e da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) indicam que houve O Varejo em 2009 Jan/ FINANCEIROACREFI Tereza Maria Fernandez Dias da Silva, diretora da MB Associados

17 1 Geração de empregos número de pessoas dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 set/08 out/08 nov/08 dez/08 Quanto maiores o preço do bem e a necessidade de crédito para sua comercialização, mais o segmento vai desacelerar; o de automóveis deve apresentar um dos piores resultados, seguido por móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos Fonte: Caged. Elaboração: MB Associados. um crescimento de vendas no período do Natal, quando comparado com o ano passado, mas mostram temor para com o volume de estoques com o qual as lojas encerraram o ano. O fraco resultado do Natal e a expectativa de desaceleração nas vendas no início do ano se confirmaram com a antecipação das liquidações, algumas das quais ocorreram no próprio dia 24 de dezembro. A partir do dia 26, as liquidações se ampliaram, com descontos que variavam entre 30% e 70% sobre o preço de etiqueta. Essas liquidações se concentraram nos itens de maior valor, como eletrônicos e eletrodomésticos, mas as revendas de vestuário também anunciaram liquidações importantes. A intensidade e a duração dessas liquidações servirão como indicador do nível de estoque do comércio e da velocidade de encomendas do varejo para a indústria. O temor é de que alguns segmentos tenham dificuldades de acabar com os estoques nos meses de janeiro e fevereiro. Contribuem para consolidar esse cenário de desaceleração nas vendas do comércio as demissões anunciadas desde o fim do ano passado e a redução do crédito com a elevação dos juros, diminuição de prazo, exigência de um percentual de entrada e a restrição direta na sua concessão, inclusive pelo receio da inadimplência (no conceito líquido, ou seja, carnês cancelados menos novos atrasos), que já encerrou o ano com os piores indicadores desde 2003 (Gráfico 3). A possibilidade de que esse número atinja os dois dígitos em maio deste ano é grande. Assim, na nossa visão, quanto maiores o preço do bem e a necessidade de crédito para a sua comercialização, mais o segmento vai desacelerar. Isso significa que o segmento de automóveis deve apresentar um dos piores resultados do varejo (as vendas nas concessionárias já caíram em média 25% nos últimos três meses do ano passado), seguido por móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, com setores como vestuário, calçados e alimentação apresentando desempenhos mais positivos neste primeiro momento. Alguns setores têm performance melhor do que outros, mesmo no segmento de menor valor agregado. Um setor que se destacou no fim de ano passado e tem uma expectativa ainda muito positiva no início deste ano é o de higiene e beleza. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal (ABIHPEC), os meses de outubro e novembro O fraco resultado do Natal e a expectativa de desaceleração nas vendas no início do ano se confirmaram com a antecipação das liquidações, que se ampliaram, com descontos entre 30% e 70% 2 Consultas ao SPC 21.8 Cresc. em rel. ao mesmo período do ano anterior (em %) Fev/08 Mar/08 Abr/08 Mai/08 Jun/08 Jul/08 Ago/08 Set/08 Out/08 Nov/08 Dez/08 Fonte: ACSP. Elaboração: MB Associados FINANCEIROACREFI 17

18 Tendência: apresentaram crescimento de 17%, com o ano de 2008 fechando 10,4% (em faturamento) acima do resultado de 2007 (Gráfico 4). Entre os segmentos do setor, o de maior crescimento é o de perfumaria, com aumento de 17% no faturamento, seguido de higiene pessoal, com alta prevista de 13%. A ABIHPEC está otimista também em relação ao primeiro trimestre do ano pela mudança de hábito dos consumidores que ocorre no verão, por causa do calor. Itens como sabonete, xampu, pasta de dente, desodorante, perfume, entre outros, fazem com que as empresas aproveitem para investir em lançamento de produtos. Tem ajudado no crescimento do setor a ampliação do público masculino no consumo desses itens, inclusive de cosméticos. Com essas mudanças, o Brasil já se tornou o segundo mercado mundial de produtos de beleza, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Assim, empresas como O Boticário, Natura e Avon estão, a princípio, mantendo seus investimentos % 15.0% 10.0% 5.0% 0.0% Taxa líquida de inadimplência -3.4% -1.8% -0.6% -1.9% -5.0% Dez/98 Dez/99 Dez/00 Dez/01 Dez/02 Dez/03 Dez/04 Dez/05 Dez/06 Dez/07 Dez/08 Fonte: ACSP. Elaboração: MB Associados Vendas do setor de higiene e beleza em R$ bilhões (Abihpec) 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 11,5 13,5 15,4 17,6 19,5 21, % Outros segmentos, por conta da mudança de hábitos do consumidor, ganharam espaço relativo. O segmento de e-commerce continua a crescer forte. O faturamento do setor em 2008 atingiu R$ 8,2 bilhões, o que representa crescimento de 30% em relação a 2007 e 86,7% em relação a 2006; e as expectativas para 2009 são de crescimento de pelo menos 20%, superando os R$ 10 bilhões de faturamento. O baixo grau de penetração do comércio eletrônico nas vendas do varejo (menos do que 5%) justifica esse otimismo do setor. Em relação aos investimentos mais gerais do setor de varejo, os números ainda não são claros, mas com certeza irão desacelerar. Operações de aquisições e fusões poderão ocorrer de forma mais intensa por parte daqueles que possuem um fluxo de caixa mais robusto. O Magazine Luiza volta a conversar com a rede varejista Lojas Maia, do Nordeste, para a aquisição do seu controle, por exemplo. 18 FINANCEIROACREFI

19 Mercado de crédito: FGC ajuda instituições a fomentar operações de crédito Antônio Carlos Bueno de Camargo Silva, diretor-executivo do FGC O Fundo Garantidor de Créditos (FGC), empresa integrante da rede de proteção do Sistema Financeiro Nacional (SFN), ao longo de sua história, tornou-se um importante instrumento nas liquidações de bancos. Quando do case Banco Santos, o Banco Central entendeu que o FGC poderia ser uma boa ferramenta de ajuda, comprando até 20% de seu patrimônio em direitos creditórios caso houvesse uma corrida de saques. Como isso não ocorreu, apenas um banco se valeu da nova regra àquela época. Com a crise de liquidez internacional iniciada em 2008, a norma passou a ser efetivamente utilizada: foram usados dessa forma R$ 4 bilhões entre setembro e dezembro do ano passado. Segundo Antônio Carlos Bueno de Camargo Silva, diretor-executivo do FGC, para garantir recursos para essa operação, os grandes bancos adiantaram 60 parcelas mensais (R$ 5,3 bilhões). Esse valor se somou a 20% do patrimônio do fundo (quase R$ 4 bilhões). O estatuto do FGC foi alterado, e esse percentual de 20% cresceu para 50% (cerca de R$ 9 bilhões). Assim, em janeiro de 2009, o FGC iniciou um novo programa, com R$ 9 bilhões para ajudar os bancos que precisam de funding para novas operações de crédito. São duas as formas de atuação: ou o Fundo compra letras de câmbio/cdb de operações desses bancos ocorridas nos últimos 30 dias ou faz com seus recebíveis desse período um FIDC. Além disso, existe a possibilidade, para instituições sem recursos para abrir novas operações, de fazer um adiantamento para funding (até 50% do Patrimônio Líquido ajustado por Basileia) em tranches de 10% cada uma, de acordo com a capacidade de produção de cada banco (para que haja uma nova etapa, é preciso ter a carteira performada em até 30 dias). De 9 a 28 de janeiro deste ano, o FGC liberou limites para 18 instituições, das quais 13 já os utilizavam nesse período. O valor total chegava a R$ 300 milhões, devendo bater os R$ 3 bilhões no final de março, segundo Camargo Silva. Para ele, muitas instituições ainda estão testando o sistema, com valores pequenos para deixar os canais abertos. Há também instituições que desalavancaram seus ativos, restringindo operações de crédito e suspendendo seus negócios, o que as deixou com caixa muito significativo. Ninguém sabe quanto a crise econômica global vai durar, por isso, todos aumentaram a cautela. FINANCEIROACREFI 19

20 Novo cenário: Aquisições em época de crise Jan/2009 Os fundos de private equity têm sido os compradores profissionais de empresas. Selecionar bons ativos, comprar bem, gerar valor e vender caro e no momento certo são os objetivos desses gestores. Em 2007, devido a um contexto mundial de grande liquidez proporcionado pelo crédito barato e pelo excesso de alavancagem, convivemos com o sonho do IPO na mente de muitos empresários e com os valores das empresas nas nuvens. Em 2008, os movimentos de compras privadas realizados pelos fundos de private equity foram baseados em preços altos, pois os empresários que venderam ou capitalizaram suas empresas geralmente exigiram preços próximos àqueles que seriam obtidos em um IPO. Para as empresas que já estavam com gestão profissionalizada e governança corporativa implantadas, a bolsa passou a ser um caminho mais interessante, pelo menos no curto prazo e também para aqueles empresários que pretendiam realizar boa parte do seu investimento na abertura de capital. Em 2008, com uma reversão no cenário econômico mundial, proporcionada pela grande fuga de capital das bolsas mundiais, as portas do mercado de capitais se fecharam, os preços dos ativos começaram a cair e o valuation das novatas na bolsa despencou. Foi nesse momento que os fundos de private equity começaram a nadar de braçada, fazendo vários investimentos e aquisições por preços atraentes. Por isso, 2008 foi o ano do private equity e, certamente, continuaremos vivendo essa fase de força da ponta compradora durante Estima-se que 20% das transações de fusões e aquisições em 2008 ocorreram com o chamado capital empreendedor. Nos últimos 12 meses, por coincidência ou não, três das cinco transações que assessoramos foram realizadas com fundos: MT Alimentos Naturais, adquirida por Investidores de um Fundo; Santal Máquinas e Equipamentos recebeu investimentos da BRZ Investimentos; Grupo Quero-Quero vendeu controle acionário para a Advent International; e SFIL, que foi vendida para a AGCO. A quinta transação foi uma compra de participação acionária feita pela família Rotta na Granja Real. Entretanto, com o derretimento do valor de mercado de muitas novatas na bolsa, muito mais pela falta de liquidez do que pela deterioração dos fundamentos incluindo empresas sólidas e geradoras de caixa, várias empresas passaram a valer o quanto possuíam no caixa ou menos do que o seu valor patrimonial, ou até menos do que uma vez o Ebitda anual. Esse choque fez com que todos os empresários apertassem os cintos para atravessar a turbulência e, consequentemente, planos de investimentos mais ousados, incluindo aquisições de outros players, fossem parar na geladeira. Alguns conselheiros e presidentes dessas empresas, quando na posição de compra, se perguntavam: como posso comprar uma empresa por três a cinco vezes o Ebitda, se eu valho muito menos do que isso? Em alguns casos, um movimento de recompra de ações seria mais lucrativo se não implicasse uma redução significativa da liquidez das ações ou um free float abaixo de 25% no caso, um problema para as companhias listadas no Novo Mercado, que estão sujeitas a esse pré-requisito. Ao contrário do que se pode imaginar, com o derretimento dos preços das ações, os fundos de private equity não farão tantas aquisições por preços baixos. A razão é simples: os empreendedores em situação financeira confortável podem esperar que os preços voltem a subir e não precisam vender ou capitalizar suas empresas por múltiplos muito baixos ou simplesmente pelo valor patrimonial. O campo de batalha está desenhado: de um lado, estão os fundos de private equity, ávidos por boas compras; do outro, empresários necessitando de capital para não interromper seus planos de expansão. A luta tem como objetivo encontrar um ponto de equilíbrio entre o preço que o investidor gostaria de pagar, considerando os parâmetros de valuation atuais, e o preço que o empresário julga que a sua companhia vale, independentemente da crise atual. Sejam para as empresas sejam para os fundos, seguem algumas dicas que poderão fazer o mercado de compras de empresas esquentar: 1 Seja seletivo nas aquisições, mas lembre-se: o mundo não parou e nem vai acabar. 2 Avalie as empresas-alvo com base no fluxo de caixa e não se importe tanto com os múltiplos e com os preços atuais. Calcule um custo de capital realista. Em mercados instáveis, os fundamentos valem mais. 20 FINANCEIROACREFI

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