FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO. João Alberto Wohlfart 1

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1 1 FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO João Alberto Wohlfart 1 Resumo: O artigo que segue procura demonstrar a estreita vinculação entre a filosofia de G.W.F. Hegel e a proposta pedagógica, de Paulo Freire, esboçada em sua obra Pedagogia do Oprimido. De forma geral, sustenta-se que a concepção de educação defendida pelo educador brasileiro é um desdobramento da filosofia dialética hegeliana para o campo da Filosofia da Educação. Como o sistema da filosofia dialética hegeliana é estruturado por vários pontos angulares, a Pedagogia do Oprimido pode ser analisada a partir de vários enfoques, tais como o ético, o antropológico, o pedagógico e o epistemológico. A preocupação do artigo é com a derivação da epistemologia dialética da obra freireana em relação à filosofia dialética hegeliana, particularmente exposta na Ciência da Lógica, na Enciclopédia das Ciências Filosóficas e na Filosofia da História. Nessa interlocução de intelectuais separados por um século e meio, destacam-se a relação circular entre as polaridades epistemológicas de subjetividade e objetividade, a noção de verdadeiro como um todo e o dinamismo do desenvolvimento histórico. A metodologia do trabalho é eminentemente teórica, consistindo numa análise das raízes filosóficas do texto de Paulo Freire. Palavras-chave: Dialética. História. Educação. 1 INTRODUCÃO O objeto do artigo consiste numa investigação dos fundamentos epistemológicos implícitos à obra Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, a partir de uma matriz tipicamente dialética. Isso nos remete a uma aproximação entre a concepção sistemática de dialética desenvolvida pelo filósofo alemão GWF Hegel ( ) em seus variados eixos de articulação e a concepção de dialética ínsita à proposta pedagógica de Paulo Freire. A superação empreendida pelo pedagogo brasileiro em relação às pedagogias tradicional, essencialista, positivista e transcendental moderna tem como componente básico a interlocução de Paulo Freire com a dialética hegeliana. Dentre os múltiplos aspectos estruturantes da Pedagogia do Oprimido, um dos mais explícitos é a noção dialética de epistemologia, particularmente evidenciada na relação entre a subjetividade do sujeito pensante e a objetividade do mundo e da história como dimensões em constante interação e atualização. Nessa noção claramente dialética, a subjetividade da inteligência e do pensamento somente é possível no ato de pensar o mundo e de interiorização de suas determinações estruturantes; e a objetividade somente é tal se ela é pensada pela subjetividade e determinada pela sua ação. Desses componentes básicos do conhecimento desdobram-se outros elementos como a noção de totalidade e a contextualização do 1 Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; professor de filosofia na Faculdade da Associação Brasiliense de Educação (FABE) e Instituto Superior de Filosofia Berthier (IFIBE); endereço eletrônico: joao@fabemarau.edu.br

2 2 conhecimento a partir do processo histórico. O artigo evidencia a ênfase de Paulo Freire na necessidade de situar o conhecimento num contexto de totalidade maior que proporciona a significação do objeto, ampliando o leque num sistema complexo de totalidade cujas determinações estão dinamicamente relacionadas e inter-relacionadas. Da noção freireana de história brota a certeza de que não há nenhuma verdade eterna e imutável, mas as concepções e sistemas científicos, teológicos e filosóficos são constituídos no movimento de fundamental mediação histórica. A questão proposta para o artigo é assim formulada: qual é a pressuposição hegeliana da teoria pedagógica de Paulo Freire no que tange à dimensão epistemológica? Do ponto de vista metodológico, o texto será formulado a partir da leitura e interpretação direta de textos hegelianos nos tópicos abordados, com a inserção de textos significativos seguidos de comentários. Na sequência, serão inseridos textos da obra de Paulo Freire seguidos de comentários. O viés de aproximação entre Hegel e Paulo Freire será conduzido a partir das obras mais sistemáticas da filosofia hegeliana, tais como a Ciência da Lógica, a Enciclopédia das Ciências Filosóficas e a Filosofia da História. Com isso, afirmamos que os principais argumentos constantes na Pedagogia do Oprimido estão radicados na dimensão sistemática da filosofia hegeliana nas obras indicadas. Ao identificarmos os eixos da ética, da epistemologia e da pedagogia que estruturam a Pedagogia do Oprimido, pressupostos em variadas obras da filosofia hegeliana, é possível afirmar que Paulo Freire transforma os eixos estruturantes da filosofia hegeliana numa Filosofia da Educação. 2 Conhecimento como mediação entre subjetividade e objetividade Na filosofia hegeliana, as polaridades epistemológicas de objetividade e subjetividade constituem elementos de uma única estrutura dinâmica e circular de conhecimento. Nesta síntese, Hegel supera as objeções do objetivismo clássico da Filosofia Grega e da Filosofia Medieval e supera as objeções da moderna filosofia da subjetividade, destacadamente a cartesiana e kantiana. De modo geral, Hegel opera uma síntese entre o objetualismo clássico e a filosofia moderna da subjetividade quando os dois polos do processo epistemológico aparecem integrados e se atualizam constantemente. O filósofo escreve: O método é o movimento de ilimitada universalidade, no sentido interno e externo, como força absolutamente infinita, que nenhum objeto enquanto se apresenta como exterior, afastado da razão e independente dela, poderia oferecer resistência, oferecer diante dela uma natureza particular e recusar-se a ser compenetrado por ela. Por isto, o método é a alma e a substância, e uma coisa só é conceituada e sabida em sua

3 3 verdade, quando está totalmente submetida ao método; ela é o método de cada coisa mesma, porque a sua atividade é o conceito. Este é o sentido verdadeiro da universalidade, segundo a universalidade da reflexão tudo é tomado como método; segundo a universalidade da Ideia ele é o meio e o sentido do conhecimento, como o subjetivo autoconhecimento do conceito, como a maneira e sentido objetivo, ou muito mais a substancialidade das coisas, ou seja, dos conceitos, enquanto a representação e a reflexão aparecem em outro (HEGEL, 1993, p. 238). Esse texto, extraído do último capítulo da Ciência da Lógica intitulado por Hegel de Ideia absoluta, trata do método no qual o filósofo estabelece uma conjugação sintética entre subjetividade e objetividade, entre a força do método e a substancialidade objetiva, entre a interioridade racional e a exterioridade efetiva. Para Hegel, o método não é uma racionalidade simplesmente aplicada a um material caótico e carente de ordem, mas caracteriza o processo de autodesenvolvimento do conteúdo em autodeterminação e autodesenvolvimento sistemático. Nesta estrutura dinâmica, a subjetividade caracteriza a força de automovimentação que reside dentro do sistema do real, e a objetividade é a estrutura do real metodicamente organizada em círculos de inter-relação. Na concepção hegeliana de método, a objetividade compreende a exterioridade material e efetiva da razão traduzida no mundo real, e a subjetividade caracteriza a interioridade reflexiva e inteligível do próprio sistema do real. Na formulação hegeliana, a subjetividade e a objetividade não se fundem como se fossem determinações indiferenciadas e indistinguíveis como na filosofia de Schelling, mas se identificam e se diferenciam circularmente. A organização do sistema da Ideia absoluta é constituída em círculos concêntricos que se estendem sucessivamente quando a subjetividade e a objetividade estabelecem o intercambiamento de posições e de movimentos. Neste sentido, na passagem da subjetividade para a objetividade, o círculo do real ocupa o lugar mais elevado na condição de objetividade da subjetividade; na passagem da objetividade para a subjetividade a força organizadora da inteligibilidade racional ocupa a posição da esfera mais ampla na condição subjetividade da objetividade. No sistema ondulatório da Ideia absoluta quando a onda mergulha para dentro de si mesma representa a interioridade da subjetividade, e quando considerada no momento exterior mais elevado representa o momento da objetividade. A estrutura circular da ideia da mútua mediação entre as duas dimensões epistemológicas introduz um processo de permanente transformação e atualização que desenvolve, de uma onda para a outra, uma nova subjetividade e uma nova objetividade. Seguimos com o filósofo: Cada uma das partes da filosofia é um Todo filosófico, um círculo que se fecha sobre si mesmo; mas a ideia filosófica está ali em uma particular determinidade ou elemento. O círculo singular, por ser em si totalidade, rompe também a barreira de

4 4 seu elemento e funda uma esfera ulterior. Por conseguinte, o todo se apresenta como um círculo de círculos, cada um dos quais é um momento necessário, de modo que o sistema de seus elementos próprios constitui a ideia completa, que igualmente aparece em cada elemento singular (HEGEL, 1995, 15). A dialética entre as duas dimensões do movimento epistemológico e cognoscitivo fica mais clara neste importante parágrafo extraído da Enciclopédia das Ciências Filosóficas. O sistema filosófico indicado pelo texto é estruturado por um conjunto de círculos que se fecham em si mesmos enquanto caracterizados em sua especificidade, mas abrem-se aos outros círculos numa dinâmica de relações interesféricas na configuração da interrelacionalidade do todo sistematicamente organizado. Nesta dinâmica de organização do sistema filosófico, a subjetividade pode ser identificada com o círculo da Ciência da Lógica em função da inteligibilidade imanente e racionalidade estruturadora e dinamizadora do real. A objetividade pode ser identificada com as esferas da Filosofia do Real da Filosofia da Natureza e da Filosofia do Espírito resultantes da exteriorização e autodiferenciação da primeira esfera do sistema. A passagem da primeira esfera para as outras caracteriza um caminho de ampliação, de complexificação sistemática, de universalização concreta e de ascensionalidade qualitativa. Entre a Ciência da Lógica e as esferas da Filosofia do Real não há uma separação de dois sistemas independentes, mas caracteriza um duplo processo de extensão da primeira na segunda e de um retorno reflexivo do sistema que mergulha na Ciência da Lógica como uma autorreflexão do sistema filosófico em si mesmo. Nesta dinâmica interesférica e intersistemática as esferas não permanecem exteriormente relacionadas, mas a dialética da subjetividade e da objetividade faz com que a Ciência da Lógica e a Filosofia do Real se inter-relacionam de tal maneira que cada uma dessas dimensões se torna a expressão da outra. Segundo a formulação do parágrafo acima introduzido, a estrutura do sistema filosófico hegeliano é muito complexa. Na abertura da Ciência da Lógica para a Filosofia da Natureza e dessa para a Filosofia do Espírito há uma estruturação horizontal em função do duplo movimento da progressão intraesférica de cada parte que completa o movimento interno de autoestruturação e da progressão interesférica da abertura de uma esfera em relação à outra na sistemática de inter-relacionalidade do todo. A horizontalidade da sequência das esferas é completada pela verticalidade, não caracterizada pela sobreposição estática de determinações, mas em diferentes níveis de efetividade do sistema filosófico, tais como a Natureza, o espírito subjetivo, o espírito objetivo e o Espírito Absoluto. Essa verticalização é resultante da progressiva universalização e efetivação do sistema, lógica segundo a qual a

5 5 Filosofia do Espírito apresenta maior grau de universalidade e de efetividade. As representações geométricas de horizontalidade e verticalidade são completadas com a imagem da circularidade celebrizada por Hegel pela figuração do círculo dos círculos. O círculo dos círculos é expressão da intercircularidade, intersubjetividade sistemática e transversalidade global na qual todas as esferas se interpenetram e cumprem as funções lógicas de universalidade, particularidade e singularidade. Cada esfera, na condição de universalidade, contém uma inteligibilidade racional; cada esfera, na condição de particularidade, distingue-se das outras; cada esfera, na condição de singularidade, contém em si mesma as outras. O círculo dos círculos reaparece em cada esfera particular na condição de sua própria autodeterminação, quando cada esfera não representa apenas uma parte específica do todo, mas cada qual é a totalidade do sistema na determinidade de Lógica, Natureza e Espírito. O filósofo escreve: A atividade da vontade, suprimindo a contradição entre subjetividade e objetividade, conduzindo seus fins desde um a outro polo e permanecendo em si, ainda que na objetividade, constitui exceto no domínio da modalidade formal da consciência ( 8) em que a objetividade é apenas realidade imediata o desenvolvimento essencial do conteúdo substancial da ideia ( 21). Neste desenvolvimento, o conceito determina a ideia, no início ela mesma abstrata, como a totalidade de seu sistema que, como substância independente tanto da antítese de um fim meramente subjetivo como de sua realização, permanece idêntica em ambas as formas (HEGEL, 2012, 28). O parágrafo, extraído da Filosofia do Direito, expõe outra referência de relação entre subjetividade e objetividade a partir do movimento de estruturação da referida obra. A estrutura da obra é inspirada no processo de objetivação da Ideia de liberdade na sistemática das instituições éticas que representam diferentes esferas de relações sociais. A Filosofia do Direito é perpassada pelo fio condutor da liberdade como força movente do desenvolvimento das estruturas efetivas metodicamente organizadas no referencial dialético segundo o qual as primeiras determinações da liberdade são mais abstratas e restritas cujo desenvolvimento evolui em complexidade, sistematicidade, universalidade e efetividade. Por exemplo, o Estado supera a sociedade civil no grau de efetivação da liberdade e de universalização do direito, enquanto o Direito internacional ultrapassa em universalidade concreta o Estado e as relações entre os Estados. Neste sentido, a superação da contradição entre subjetividade e objetividade contém uma crítica à filosofia transcendental que estabelece a incondicionalidade da liberdade subjetiva transcendentalmente estabelecida e contraposta, por consequência, ao mundo empírico e material. Na Filosofia do Direito é superada a oposição excludente entre as duas dimensões epistemológicas pelo autodesenvolvimento essencial do conteúdo da liberdade e da

6 6 Ideia. Este movimento de efetivação não pressupõe uma razão imovelmente constituída como incondicionalidade primeira simplesmente aplicada ao real, mas o impulso da inteligibilidade da liberdade incrementa a sua força de subjetividade ordenadora na medida mesma do processo de estruturação das determinações objetivas da liberdade que estabelecem círculos diferenciados de efetivação. O desenvolvimento intrínseco das determinações de sociedade civil, Estado, relações internacionais, Direito internacional e História universal constitui uma estrutura de horizontalidade de sucessiva ampliação, de verticalidade de determinações mais elevadas em grau de efetivação da liberdade e de circularidade da universalização das determinações. Este desenvolvimento em objetividade e subjetividade faz com que as últimas esferas suprassumam a unilateralidade das determinações anteriores. O educador brasileiro segue na mesma perspectiva: A objetividade dicotomizada da subjetividade, a negação desta na análise da realidade ou na ação sobre ela, é objetivismo. Da mesma forma, a negação da subjetividade, na análise como na ação, conduzindo ao subjetivismo que se alonga em posições solipsistas, nega a acão mesma, por negar a realidade objetiva, desde que esta passa a ser criação da consciência. Nem objetivismo, nem subjetivismo ou psicologismo, mas subjetividade e objetividade em permanente dialeticidade (FREIRE, 2008, p. 41). A noção de conhecimento e a sua organização em Paulo Freire deriva da exposição hegeliana sinteticamente esboçada acima. Para o educador brasileiro não há uma pura subjetividade separada das coisas e do mundo, como também não há um mundo como um fato dado e independente do conhecimento. Segundo proposta epistemológica do educador brasileiro os polos constitutivos do conhecimento se dão numa reciprocidade circular segundo a qual um se define pelo outro e a partir do outro. O polo da subjetividade é constituído pela estrutura física e espiritual, pela inteligência, a razão e o pensamento como processo de constituição do saber e pelo sistema de ideias filosóficas e científicas de uma determinada época. O polo da objetividade é constituído pela estrutura da realidade, pelo contexto histórico no qual os homens se encontram e pela estrutura do mundo organizado em diferentes círculos de integração. Nesta configuração dialética a objetividade não se separa da subjetividade porque é a sua expressão e a sua materialização, e a subjetividade não se separa da objetividade porque é a sua compreensão, significação e categorização sistemática. A permanente dialeticidade entre as duas dimensões se dá em função da circularidade mutuamente atualizadora na qual, quando o mundo é compreendido especulativamente, o retorno ao mesmo já constata a sua transformação, quando a ação do seu pensar entra numa nova esfera de problematização e sistematização teórica.

7 7 A introdução da Pedagogia do Oprimido no contexto geral da História da Filosofia evidencia a superação por parte de Paulo Freire dos modelos do pensamento grego e medieval, por um lado, e do pensamento moderno, por outro lado. Não encontramos na obra indicações legitimadoras dos objetivismos que fazem dos gregos e medievais filósofos defensores de verdades objetivas e universalmente válidas, nem provenientes do pensamento moderno segundo o qual a realidade é uma criação da consciência pensante. Mas o modelo de pensamento filosófico pressuposto à Pedagogia do Oprimido é inspirado na corrente filosófica do Idealismo Alemão e de Hegel nos quais o pensamento e a realidade, filosofia e história, subjetividade e objetividade se identificam porque se diferenciam e se diferenciam porque se identificam. A subjetividade constitui-se no seio da objetividade do mundo e da história, enquanto a objetividade é significada e conhecida pela subjetividade. Paulo Freire compreendeu muito bem a ligação indissolúvel entre as polaridades epistemológicas de subjetividade e de objetividade, pois nenhuma é possível de ser concebida separadamente da outra. A objetividade é tal porque é interiorizada pelo conhecimento humano e resultado da ação humana, enquanto a subjetividade é tal no ato de pensar a objetividade. As duas dimensões do conhecimento estão de tal maneira integradas que ultrapassam a mera relação exterior. As duas polaridades, a subjetividade e a objetividade estão constituídas estruturalmente pela dualidade de subjetividade e objetividade. Por parte do sujeito humano, ele é subjetividade em função da autoconsciência e do emprego das modalidades do conhecimento como a inteligência, da razão e do pensamento. Ele é, ao mesmo tempo, objetividade em função da estrutura corpórea e física que o configura como um sujeito real enquanto subjetividade real e objetividade consciente e viva. Por sua vez, a objetividade é subjetividade pela significatividade racional que lhe é infundida no ato de conhecimento e pela força racional que impulsiona o seu desenvolvimento. A objetividade é tal em função da estrutura política, econômica e social de uma determinada sociedade, da estrutura física, química e biológica da natureza e do sistema ético da história. 3 Conhecimento e Totalidade A totalidade é um conceito estruturante da filosofia hegeliana e do pensamento pedagógico de Paulo Freire. Para os dois pensadores, um conhecimento somente é viabilizado quando situado num contexto mais amplo e um objeto recebe a sua significação numa sistemática relacional que inclui outros objetos. Sobre a questão Hegel escreve:

8 8 O verdadeiro é o todo. Mas o todo é somente a essência que se implementa através de seu desenvolvimento. Sobre o absoluto, deve-se dizer que é essencialmente resultado; que só no fim é o que é na verdade. Sua natureza consiste justo nisso: em ser algo efetivo, em ser sujeito ou vir-a-ser-de-si-mesmo (HEGEL, 2004, p. 36). O texto hegeliano recolhido do prefácio da Fenomenologia do Espírito é uma frase significativa no contexto geral de sua filosofia. Para o filósofo de Berlin, o verdadeiro somente pode ser o todo, jamais uma parte ou um elemento desligado de um contexto mais amplo. A concepção hegeliana de todo não significa uma universalidade cristalizada e fossilizada que se abstrai das partes, mas um sistema relacional que mediatiza as partes e as integra em sínteses cada vez mais amplas. Neste sentido, o prefácio da Fenomenologia do Espírito pode ser considerado como um projeto do sistema que o filósofo vai desenvolver depois. Se o texto inserido acima é aplicado ao sistema estruturado pelos círculos da Ciência da Lógica, da Filosofia da Natureza e da Filosofia do Espírito, o todo aparece como um desenvolvimento global no qual estas esferas constituem-se na interdependência, na interrelacionalidade, na transversalidade integradora e na combinação entre as relações intraesféricas e interesféricas. Desta forma, a exposição metódica intrínseca a essas esferas caracteriza a integração de uma parte numa totalidade maior que constitui uma parte de uma totalidade ainda maior. A concepção hegeliana de todo caracteriza uma sucessiva ampliação sistemática de determinações que se integram em círculos cada vez mais complexos numa dinâmica integradora que transversaliza as diferenças e as instâncias na universalização e complexificação do particular e de particularização e singularização do universal. Nesta exposição metódica, as determinações da Lógica, da Natureza e do Espírito integram-se ciclicamente, mediatizam universalmente os movimentos de passagem de uma na outra, representam multidimensionalmente a universalidade sintética entre os outros círculos e passam umas nas outras e retornam a si mesmas como integrando à sua especificidade as outras. A outra dimensão da máxima segundo a qual o verdadeiro é o todo é a perspectiva de desenvolvimento. Depois de uma longa tradição filosófica que privilegiou a estabilidade e a imobilidade em relação ao movimento e estabeleceu a primazia do mundo inteligível e espiritual em relação ao sensível e natural, Hegel retoma a noção dialética de Heráclito e estabelece o desenvolvimento como movimento sistemático e integrador das diferenças. Para o filósofo, tudo é desenvolvimento superador e integrador de elementos anteriores na atualidade e sistematicidade do presente e a estrutura atual as transforma na perspectiva da configuração atual que emerge qualitativamente em relação ao anterior. Desta forma, a complexidade atual do cosmos e do universo é resultado do desenvolvimento atualizador da

9 9 sua evolução anterior; o modelo e a estrutura do sistema filosófico de Hegel aqui considerado são resultado da superação e atualização da tradição filosófica estruturada por filósofos, obras filosóficas, sistemas filosóficos e paradigmas epocais de filosofia que convergem na atualidade integradora dos movimentos de ascensionalidade e descensionalidade, de ampliação sistemática e reflexividade racional, de método e sistema, de unidade e multidimensionalidade típicas do sistema hegeliano. Neste sentido, a relação entre o passado, o presente e o futuro se dá na permanente atualidade e eternidade do presente. O passado se atualiza no presente e o futuro é o eterno presente do desenvolvimento permanentemente atualizador, transformador e integrador. A concepção hegeliana de absoluto é a outra dimensão do importante texto acima inserido. O absoluto hegeliano não caracteriza a absoluticidade da Ideia e do mundo das ideias de Platão contrapostas ao mundo sensível; não caracteriza o Deus e a substância aristotélica inteligível contrapostos ao mundo material; não se compara ao Deus absoluto do cristianismo em relação ao mundo criado e finito; e não é comparável ao transcendental kantiano de estruturas categoriais e conceitos absolutamente universais aplicáveis ao mundo fenomênico caótico e desordenado. Na filosofia hegeliana o Absoluto e o relativo, o universal e o particular se integram dinamicamente na sistemática intersubjetiva que relaciona num formato multidimensional todas as esferas e todos os sistemas cuja estrutura global constitui o conceito hegeliano de Absoluto. Nessa lógica, a absoluticidade e a relatividade integram-se perfeitamente na medida em que a dimensão do Absoluto é homóloga à abrangência circular global que tudo compenetra; e a relatividade é homóloga à teia de relações que estruturam o Absoluto por dentro. A concepção hegeliana de Espírito Absoluto exposta no final da Enciclopédia das Ciências Filosóficas não é uma razão sublime e autotélica sobreposta à história, mas uma instância dialética de desenvolvimento circular entre as esferas da Ciência da Lógica, da Filosofia da Natureza e da Filosofia do Espírito como uma energia interesférica que amplia os movimentos de autodeterminação e heterodeterminação dessas esferas. O educador brasileiro escreve: A questão fundamental, neste caso, está em que, faltando aos homens uma compreensão crítica da totalidade em que estão, captando-a em pedaços nos quais não reconhecem a interação constituinte da mesma totalidade, não podem conhecêla. E não podem porque, para conhecê-la, seria necessário partir do ponto inverso. Isto é, lhes seria indispensável ter antes a visão totalizada do contexto para, em seguida, separarem ou isolarem os elementos ou as parcialidades do contexto, através de cuja visão voltariam com mais claridade à totalidade analisada (FREIRE, 2008, p. 111).

10 10 O texto, de Paulo Freire, escrito num contexto diferente daquele de Hegel, mas inscrito na mesma tradição dialética do pensamento, contém uma crítica à totalidade capitalista e à consciência fragmentada que tal sistema econômico impõe às pessoas. Quando o conhecimento apreende o mundo aos pedaços, não há possibilidade de conhecimento da realidade e o resultado inevitável será a alienação da consciência. Isto acontece quando o saber popular separa economia, religião, política e cultura como instâncias autônomas e separadas. Contrariamente, para Paulo Freire, o mundo é uma totalidade cuja estrutura interna constitui uma interação dialética dos múltiplos componentes que o constituem, numa interdependência multidimensional entre religião, economia, política e cultura como pilares estruturantes de uma mesma realidade. Para o educador brasileiro, conforme formulação da citação, o conhecimento começa pelo contexto de totalidade como uma espécie de horizonte que proporciona significação e verdade para as partes situadas num conjunto maior. Num segundo momento, o processo do conhecimento procede a uma destotalização e parcialização dos componentes analisados em sua especificidade. Esta separação e isolamento proporcionam uma penetração racional e crítica para dentro de todos os componentes detalhadamente analisados. Num terceiro momento, retorna-se à totalidade analisada num momento que constitui uma instância mais avançada que a totalidade do primeiro momento quando a realidade aparece carregada de determinações em permanente interação e que abre o pensamento para a totalidade do real. A estrutura dialética do conhecimento proposta por Paulo Freire é articulada em momentos diferenciados. Num primeiro momento, conforme citação começa pela racionalidade total que dá significação aos múltiplos aspectos e determinações que constituem o mundo real. Trata-se da universalidade abstrata, indeterminada e transcendente a qualquer determinação concreta, material e empírica, uma totalidade abstrata que representa a compreensão intelectual do universo empírico. Mas essa primeira instância de universalidade contém um significativo grau de independência e de autonomia em relação aos múltiplos componentes do real considerados em sua estrutura empírica. O segundo momento caracteriza a passagem da unidade para a multiplicidade, da totalidade indivisível para a fragmentação e a parcialização, da inteligibilidade racional para o mundo empírico, da exterioridade abrangente para a interioridade restrita das determinações. O terceiro momento marca a passagem da determinação isolada para o sistema global, da realidade fragmentada e isolada para a totalidade cujas partes são mutuamente entrelaçadas e inter-relacionadas. Neste momento, não há mais a separação entre a universalidade abstrata e a multiplicidade analítica das dimensões do real, mas a razão e a realidade são dimensões mutuamente constitutivas. A razão capta o

11 11 real na complexidade multidimensional de seus componentes, na interdependência das partes e na sistematicidade global da organização do mundo e do universo como uma totalidade ordenada. Em Pedagogia do Oprimido: A descodificação da situação existencial provoca esta postura normal, que implica um partir abstratamente até o concreto; que implica uma ida das partes ao todo e uma volta deste às partes, que implica um reconhecimento do sujeito no objeto (a situação existencial concreta) e do objeto como situação em que está o sujeito (FREIRE, 2008, p ). A epistemologia dialética de Paulo Freire, cuja inspiração fundamental é a dialética hegeliana, é composta pelo duplo caminho que conduz do abstrato ao concreto e do concreto ao abstrato, da parte ao todo e do todo às respectivas partes. Da parte ao todo caracteriza um processo de universalização no qual uma totalidade é integrada por outra totalidade e, sucessivamente, por outras subsequentes. Em relação à parte anterior, o círculo seguinte caracteriza uma totalidade, e esse, em relação ao momento seguinte compõe uma parte de uma totalidade ainda maior. As partes distribuídas em círculos de diferentes níveis de abrangência e em diferentes momentos de significação racional, não são estaticamente sucedidos. Cada da parte pode ocupar diferentes momentos na circularidade da sucessão integradora de totalidades. Desta forma, a parte menor e mais interna do sistema de círculos pode ampliar-se através das esferas intermediárias e ocupar a esfera mais ampla e universal. Por outro lado, a epistemologia freireana também contém o movimento descensional que conduz do todo às partes, da universalidade complexa à referida especificação. Sob este viés, a parte não aparece analiticamente fragmentada e especificada como uma coisa sólida e separada, mas constitui uma determinação interna do todo. A parte, no interior da totalidade complexa, é constituída no movimento universal estruturador do todo quando, na parte elementar, a totalidade do sistema aparece na configuração específica de determinada parte. Essa constitui um nó concentrado por onde cruzam múltiplos movimentos e sentidos da totalidade universal e aparece como uma determinada configuração de relações. O parágrafo completa o círculo epistemológico acima analisado. O sujeito encontra-se no objeto como sua situação existencial concreta, como uma sistemática econômica, social e política na qual está inserido. Nessa relação epistemológica o sujeito encontra-se mergulhado nas condições típicas do objeto e é condicionado pela realidade que o circunscreve. Nesse enfoque, o sujeito oscila entre estar determinado pela realidade circundante e a sua ação transformadora sobre a objetividade do mundo. Porém, a subjetividade freireana jamais é meramente individual, mas ela se estende para uma subjetividade coletiva enquanto

12 12 intersubjetividade de sujeitos e de comunidades que, coletivamente, conhecem e transformam o mundo. Por outro lado, o objeto encontra-se no sujeito enquanto é conhecido, teorizado, significado e interiorizado pelo conhecimento. Ao interiorizar a objetividade, o sujeito conhece essa polaridade epistemológica a partir de sua concepção de mundo, de sua estrutura categorial, da lógica de sua própria argumentação, pois a estrutura do mundo aparece nas próprias condições do sujeito. 4 Conhecimento e Historicidade Para o pensamento filosófico hegeliano a história assume um lugar preponderante e fundamental. A partir de Hegel não é mais possível fazer filosofia sem a pressuposição da historicidade, pois a filosofia nada mais é do que o tempo apreendido no pensamento e a compreensão racional da história traduzida na sistematicidade e criticidade da filosofia. Por esse viés de interpretação, a Filosofia da História e a História da Filosofia não constituem apenas uma parte do sistema filosófico de Hegel, mas o sistema filosófico inteiro está impregnado pela historicidade. A relação da filosofia com a história no sistema filosófico hegeliano é formulada a partir de duas perspectivas diferentes, mas complementares. A primeira delas é construída por Hegel como uma Filosofia da História enquanto a filosofia procede da história e esclarece a sua realidade. Na Filosofia da História Hegel expõe o fio condutor da inteligibilidade da liberdade que, historicamente, se desdobra nos universos das épocas, das civilizações e dos impérios constituídos ao longo da história da humanidade. Contrariamente à noção kantiana de liberdade centralizada na incondicionalidade da forma da liberdade com restrição de todo o conteúdo que rebaixa o homem às múltiplas formas de determinismo da natureza, a noção hegeliana é inseparável do conteúdo que é dado pela história e pelo desenvolvimento das culturas. Neste sentido, Hegel esboça uma noção ético-política de história que tem como elemento balizador o processo de qualificação e aprofundamento da liberdade dos homens. Um esboço significativo da noção hegeliana de Filosofia da História encontramos nos parágrafos finais da Filosofia do Direito na qual, dentro da perspectiva metódica de abordagem da obra, a História mundial aparece sistematicamente como o círculo mais amplo dentro da sistemática de uma sequência de determinações expostas. O texto das Lições sobre a Filosofia da História Universal (Vorlesungen über die Weltgeschichte) é ampliado no período do magistério universitário de Berlin onde os alunos de Hegel sistematizaram as aulas e as editaram postumamente, resultando no texto hegeliano atualmente conhecido. Hegel começa a

13 13 sua exposição pelo antigo império persa no qual apenas o rei era livre e o povo em geral era escravo. Situação muito diferente Hegel constata entre os gregos divididos entre os cidadãos da polis na condição da liberdade e os trabalhadores na situação de escravidão. Com relação à liberdade, quase nada muda entre os romanos para os quais a escravidão também é natural e legítima. No império germânico, último analisado por Hegel, todos são livres e se sabem efetivamente como livres. Quanto à afirmação da liberdade o filósofo é categórico, pois é inaceitável qualquer forma de escravidão na modernidade. Os Estados que mantêm em seus territórios quaisquer expressões de escravidão serão alvos de sérias punições e restrições internacionais. Hegel caracteriza a Filosofia da História como progresso na consciência de liberdade. Um breve exame desses termos indica o progresso não como um desenvolvimento material, mas criação histórica de instituições sociais e de mediações políticas qualificadas no sentido de possibilitar a construção histórica da liberdade dos homens. A consciência não é a consciência psicológica individual, mas a consciência coletiva que permite o reconhecimento dos homens como sujeitos de sua própria história. Liberdade significa a força racional que edifica a história por dentro e promove o desdobramento de suas determinações. Se para Hegel há um progresso no desenvolvimento da liberdade isto significa que, progressivamente, os homens qualificam a sua liberdade através das civilizações. Entre a legitimação da escravidão entre os gregos e a Declaração Universal dos Direitos Humanos proclamada na década de 40 do século passado compreende uma clara qualificação no que diz respeito ao desenvolvimento da liberdade. Para Hegel, Segundo esta ideia, sustento que a sucessão dos sistemas filosóficos na história é idêntica à sucessão lógica das determinações conceituais da ideia. Sustento que, despojando os conceitos fundamentais que aparecem na história da filosofia de tudo o que respeita à formação exterior da mesma, e à sua aplicação ao particular e assim por diante, se obtêm os vários graus da determinação da ideia no seu conceito lógico. Pelo reverso, tomando o processo lógico, encontra-se nele, nos seus momentos capitais, o processo dos fenômenos históricos. Mas importa saber reconhecer estes conceitos puros no que tem forma histórica. Poder-se-ia pensar que a filosofia nos graus da ideia devesse ter uma ordem diversa daquela segundo a qual tais conceitos surgiram no tempo; mas, no conjunto, a ordem é idêntica (Gph., p. 49). 2 A concepção hegeliana de história compreende ainda a dimensão da História da Filosofia. Para Hegel, identificam-se a filosofia, a História da Filosofia e a noção sistemática da filosofia. Para o filósofo não há uma filosofia pura refugiada no mundo numênico do 2 Gph é a abreviatura da obra hegeliana Vorlesungen über die Geschichte der Philosophie, ou, simplesmente, Geschichtsphilosophie. A tradução para o português é Lições sobre a História da Filosofia.

14 14 inteligível e separada do mundo e da história, mas a filosofia se desenvolve enquanto História da Filosofia na qual empreende o caminho da sistematização e autossistematização. A História da Filosofia não é uma dispersão caótica de filósofos e de obras filosóficas arbitrariamente produzidos segundo a genialidade dos filósofos, mas há uma única filosofia distribuída e sistematizada nos múltiplos filósofos, sistemas filosóficos, paradigmas filosóficos e modelos de pensamento. Neste sentido, a História da Filosofia caracteriza um complexo sistema de movimentos de pensamento e de interação entre os filósofos de modo que são atravessados por fluxos universais de racionalidade filosófica que atravessam a filosofia como um todo. Há na História da Filosofia como sistema filosófico diferentes níveis de sistematicidade, tais como as sistematizações dos próprios filósofos; as relações de divergência e convergência entre filósofos próximos; as várias formas de sínteses filosóficas entre modelos contrapostos entre si e a composição de múltiplos paradigmas filosóficos interrelacionados. Na concepção hegeliana de História da Filosofia, a relação entre o movimento progressivo de construção da filosofia e o movimento regressivo de reinterpretação marca um fluxo de progressividade que atualiza permanentemente toda a filosofia e reintegra na significação atual da filosofia as formulações de outras épocas. Na filosofia hegeliana, o desdobramento das determinações conceituais da Ideia é coextensivo ao desdobramento de sistemas filosóficos na história, ou, o que é o mesmo, a construção da racionalidade filosófica tem como correlato o desenvolvimento da história real. O desdobramento das determinações da ideia no processo de universalização, de particularização e de totalização reflexiva tem como universo de expressão o desdobramento da História da Filosofia enquanto emergência de uma sucessão de sistemas filosóficos. A Ideia se desdobra e se concretiza na totalidade da História da Filosofia como uma única filosofia através de uma sucessão de uma série de sistemas filosóficos. Trata-se de um processo global que transcende um modelo de pensamento filosófico, um sistema particular ou um paradigma histórico, e a Ideia Filosófica se desdobra através de múltiplas sistemáticas do real. Aplicadas aqui as representações geométricas de horizontalidade, de verticalidade e de circularidade, a primeira representa o fio condutor da inteligibilidade da razão que estabelece a interligação interna entre as diferentes epocalidades filosóficas, a segunda representa diferentes níveis de efetivação do real e a circularidade representa o universo dos paradigmas e modelos de sistema, tais como o objetivismo grego e medieval, a subjetividade moderna e os modelos do Idealismo alemão. Por outro lado, no caminho metódico de autodesenvolvimento sistemático da Ideia Filosófica nos sistemas historicamente desenvolvidos, ela retorna ao seu interior e constitui a própria reflexividade. Em outras

15 15 palavras, a base racional da Ciência da Lógica é estabelecida na coextensividade do caminho histórico e sistemático da constituição dos sistemas filosóficos. A relação hegeliana da Filosofia com a História, do sistema de pensamento com a realidade é edificada num sistema de círculos concêntricos no qual um círculo representa a estrutura da História e o que segue o sistema de pensamento desta época, particularmente o filosófico, como uma tradução da realidade histórica na reflexividade do pensamento filosófico. Esse, por sua vez, inaugura uma nova época histórica concretizada num novo sistema de ética e de organização política a partir do qual é engendrado um novo modelo de pensamento filosófico. No conjunto desta evolução sistemática, dá-se um progressivo processo de universalização da razão filosófica e da realidade que alcançam a globalização da sociedade atual e a complexidade do pensamento do Idealismo alemão e de Hegel. O sistema filosófico hegeliano é a última grande síntese da História da Filosofia onde convergem as principais tendências filosóficas enquanto caminho metódico de universalização concreta. O sistema filosófico deita fundo as suas raízes na tradição filosófica para efetivar o movimento inverso de atualização na configuração presente da filosofia. A passagem da Ciência da Lógica na Filosofia da Natureza e na Filosofia do Espírito e o retorno dessa sistemática metódica de ampliação para a Ciência da Lógica caracteriza o Espírito Absoluto como movimentos respectivamente homólogos à ascensionalidade grega (passagem da Lógica na Natureza e no Espírito) e a descensionalidade de retorno à interioridade do sistema é homóloga à subjetividade moderna marcada pela interiorização do pensamento nele mesmo. A sistematização da filosofia hegeliana diretamente vinculada à História da Filosofia é atravessada pela imagem geométrica da horizontalidade na sequência lateral das determinações do sistema e na sua integração parcial. A imagem da verticalidade caracteriza os diferentes níveis de efetivação da universalidade na qualificação entre as diferentes passagens, tais como da Lógica na Natureza e dessa nos espíritos subjetivo e objetivo num fluxo que reintegra e suprassume as primeiras determinações nas últimas. A imagem da circularidade compõe a síntese entre a horizontalidade e a verticalidade e consolida o círculo de integração universal que dispõe a Ciência da Lógica, a Filosofia da Natureza e a Filosofia do Espírito num movimento de intersubjetividade global, de interdisciplinaridade e de transdisciplinaridade macrorrelacionais. Partindo desses pressupostos hegelianos, na Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire estabelece uma vinculação inseparável entre conhecimento e historicidade. O conhecimento parte da realidade histórica do homem e retorna para ela, perfazendo o círculo. O educador brasileiro escreve:

16 16 Temas de caráter universal, contidos na unidade epocal mais ampla, que abarca toda uma gama de unidades e subunidades, continentais, regionais, nacionais etc., diversificadas entre si. Como tema fundamental desta unidade mais ampla, que podemos chamar nossa época, se encontra, a nosso ver, o da libertação, que indica seu contrário, o tema da dominação. É este tema angustiante que vem dando à nossa época o caráter antropológico a que fizemos referência anteriormente (FREIRE, 2009, p. 109). O texto refere uma unidade epocal, assim como Hegel distribui a História mundial em épocas e civilizações. Uma época é estruturada em círculos continentais, em blocos culturais e econômicos, em nações e em subunidades continentais e nacionais. Trata-se da organização econômica e geopolítica típicas de uma época. Como para Hegel a preocupação fundamental é a liberdade dos homens e a seu processo de efetivação histórica, Paulo Freire identifica na nossa época o problema da dominação e a consequente necessidade de libertação. Exilado em plena ditadura militar no Chile, vive e compreende de forma clara a exploração econômica exercida pelos países do norte e as consequências antropológicas de tal expropriação do ser humano. O impacto antropológico da exploração econômica incide diretamente na alienação do ser humano que neutraliza a sua autoconsciência e a capacidade de conhecer a realidade e interioriza a consciência dos dominadores como elemento constitutivo de sua própria subjetividade. A alienação do povo torna-se um campo fértil para a dominação econômica e para a disseminação de ideologias dominadoras que impedem a emergência da consciência e da liberdade do povo na condição de sujeito de sua história. É por essa razão que Paulo Freire identifica a grande temática da época atual que é a libertação. Seguramente, o núcleo da Pedagogia do Oprimido é a libertação das massas populares alienadas e oprimidas pelo império capitalista com a finalidade de transformar o homem e a realidade na qual ele está inserido. Continuamos com o educador brasileiro: Porque, ao contrário do animal, os homens podem tridimensionar o tempo (passadopresente-futuro) que, contudo, não são departamentos estanques, sua história, em função de suas mesmas criações, vai se desenvolvendo em permanente devenir, em que se concretizam as suas unidades epocais. Estas, como o ontem, o hoje e o amanhã, não são como se fossem pedaços estanques de tempo que ficassem petrificados e nos quais os homens estivessem enclausurados. Se assim fosse, desapareceria a condição fundamental da história: sua continuidade. As unidades epocais, pelo contrário, estão em relação umas com as outras na dinâmica da continuidade histórica (FREIRE, 2008, p. 107). O texto enfatiza a dimensão do tempo histórico na tridimensionalidade do passado, do presente e do futuro. Essas dimensões do tempo não são sequenciadas de forma linear e

17 17 justaposta, mas integram-se no movimento do permanente devir histórico. Nenhuma das dimensões do tempo pode ser pensada como autônoma, mas integram-se no mesmo espaço histórico do tempo. Dessa forma, o passado não fica cristalizado numa época anterior que nunca retorna mais, mas no fluxo do desenvolvimento histórico o passado se atualiza e se renova no presente enquanto resultado de um longo passado. O presente jamais será absolutamente presente, pois é permanentemente superado pelo futuro ou por outras formas de presente. Com essas considerações, a tridimensionalidade do tempo simplifica-se na dimensão do eterno presente enquanto passado atualizado, enquanto presente efetivamente consolidado e enquanto futuro efetivado será presente. O entrelaçamento dinâmico das três unidades de tempo acontece na continuidade histórica e da sequência das unidades epocais entre as quais uma se transforma na outra, essa supera aquela num processo contínuo de transformação qualitativa e da emergência de novas determinações a partir das anteriores. Em caso de aplicação da noção hegeliana de história, a civilização grega foi superada e integrada pela civilização cristã e romana; a sociedade moderna superou e reintegrou a tradicional sociedade medieval. A mesma dinâmica de negação e afirmação se dá na relação entre os diferentes paradigmas históricos da filosofia na inter-relacionalidade horizontal e circular quando um círculo supera o outro. A Filosofia da História é, Uma unidade epocal se caracteriza pelo conjunto de ideias, de concepções, esperanças, dúvidas, valores, desafios, em interação dialética com seus contrários, buscando plenitude. A representação concreta de muitas destas ideias, destes valores, destas concepções e esperanças, como também os obstáculos ao ser mais dos homens, constituem os temas da época. Estes não somente implicam outros que são seus contrários, às vezes antagônicos, mas também indicam tarefas a serem realizadas e cumpridas. Desta forma, não há como surpreender os temas históricos isolados, soltos, desconectados, coisificados, parados, mas em relação dialética com outros, seus opostos. Como também não há outro lugar para encontrá-los que não seja nas relações homens-mundo. O conjunto dos temas em interação constitui o universo temático da época (FREIRE, 2008, p. 107). As unidades epocais produzem as suas concepções e as suas ideias correspondentes à compreensão intelectual desse mundo. Ligando essa exposição de Paulo Freire com a filosofia hegeliana, cada época histórica produz os seus sistemas filosóficos e traduz no pensamento as estruturas constitutivas de determinado tempo. Nessa perspectiva não existem mais verdades eternas e imutáveis incondicionalmente válidas para todos os seres humanos de todos os tempos e lugares, mas todas as verdades são passíveis de questionamento e de reformulação. Por essa via, as formas de pensamento são mutáveis e questionáveis na medida em que a história como um todo forma novas épocas e novos contextos históricos. As concepções, os

18 18 sistemas de pensamento, as noções de verdade e os valores são engendrados na tensão das relações do homem com o mundo. Paulo Freire indica as concepções contrárias que subsistem numa mesma época histórica cuja tensão permanente engendra novas ideias, novos sistemas e novas práticas históricas. Na dialética freireana não reina soberana uma concepção homogênea, tal como o princípio da não-contradição aristotélico e a teologia dogmática católica, mas as ideias e concepções são problematizadas por visões opostas. Assim como os componentes do mundo estão em interação, as ideias também estão em interação quando uma concepção se forma a partir de seu contrário. O texto está muito próximo à proposta hegeliana da oposição dos contrários e contraditórios e a posterior síntese na busca de construção de um sistema de pensamento adequado à atualidade histórica. O pensamento pedagógico freireano exposto em Pedagogia do Oprimido é resultado de um profundo enraizamento na tradição do pensamento filosófico. Segundo Paulo Freire: ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam em comunhão mediatizados pelo mundo. Essa máxima freireana pode ser lida na perspectiva da História da Filosofia e do comprometimento freireano na formação de homens na complexidade e integralidade dialética. Assim, a primeira proposição segundo a qual ninguém educa ninguém é uma crítica ao objetivismo grego e medieval filosoficamente estruturada na relação vertical da substancialidade informadora dos acidentes e pedagogicamente configurada num sujeito da educação e num objeto educado. A segunda proposição segundo a qual ninguém educa a si mesmo radica no inatismo clássico e na subjetividade moderna inspirada na lógica da pura autodeterminação do sujeito e num possível solipsismo do sujeito isolado em si mesmo. A terceira proposição segundo a qual os homens se educam em comunhão é inspirada na Filosofia Dialética Moderna, particularmente na concepção hegeliana na qual a subjetividade e a intersubjetividade, a substancialidade e a relacionalidade integram-se na dimensão comunitária de educação. A educação é mediatizada pelo mundo porque nela entram componentes epistemológicos produzidos na relação do homem com o mundo. Paulo Freire tem consciência da posição do modelo dialético no contexto geral das outras concepções de homem e de educação. Do ponto de vista epistemológico, a pedagogia dialética exposta pelo educador brasileiro em Pedagogia do Oprimido caracteriza uma ampla síntese entre o dualismo do modelo ontológico e essencialista clássico e o inatismo da subjetividade moderna, particularmente cartesiana e kantiana. Quando, pedagogicamente, os homens se educam em comunhão, todos os componentes de um grupo atravessam horizontalmente os seus olhares numa relação bilateral de todos com todos. Isto cria uma estrutura dinâmica de intersubjetividade na qual a disposição circular dos sujeitos estabelece

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