Empresas diretamente ligadas ao setor investem cada vez mais na qualidade sem abrir mão do lucro

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1 REVISTA FOOD SERVICE NEWS Alimentação escolar: cardápio aprimorado Empresas diretamente ligadas ao setor investem cada vez mais na qualidade sem abrir mão do lucro Keli Cristine Menezes Esteves Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) apontam que, em termos de organização dos canais do foodservice, as cantinas escolares representam 10% de todos os setores que compõem o mercado de alimentação fora do lar. Ainda de acordo com essas informações, esses canais se destacam no mercado de alimentação fora do lar pois compreendem maior número de estabelecimentos que as padarias e confeitarias, que chegam a apenas 6% do total. Além de ser destaque no mercado de foodservice, a alimentação escolar desempenha, sem sombra de dúvida, papel importante na formação dos hábitos alimentares. É na escola que grande parte das crianças e adolescentes permanecem por um grande período de tempo. Muito cedo, eles passam a se alimentar em creches e escolinhas e por lá passam a maior parte do dia, longe da mesa de refeição de casa e dos hábitos alimentares de seus pais. Daí, seguem comendo fora, nas escolas, sem que seus pais possam influenciar em suas escolhas. Ao contrário do que acontecia há alguns anos atrás, hoje são poucas as crianças que levam lanche de casa. A maioria dos estudantes da rede pública de ensino tem merenda escolar garantida pelo Governo Federal, enquanto os alunos da rede privada compram seus lanches em cantinas escolares. Esses dois fatores, aliados à crescente profissionalização do mercado de alimentação fora de casa, tornaram a alimentação escolar um atrativo segmento. Muitos empreendedores descobriram o potencial do setor e hoje investem no sentido de aprimorar o negócio. Passado No Brasil, a merenda escolar surgiu como uma iniciativa da comunidade. A sopa escolar era preparada nas residências das famílias e levada até as escolas antes da década de 30. Na década de 40, foi criado o Programa de Merenda Escolar já com a preocupação de atender às necessidades nutricionais das crianças. Até a década de 70, a maioria das crianças da rede privada de ensino contava com mochila e lancheira. Na hora do recreio, todos comiam o lanche preparado em casa, geralmente, pão e leite com achocolatado. Com o passar do tempo, passou a ser o maior mico o lanche trazido de casa e as cantinas passaram a ter a preferência da criançada na hora da alimentação.

2 Em pouco tempo, já não se vendiam lancheiras. As cantinas passaram a imperar nas escolas particulares, e, como resultado, tornaram-se uma boa opção de investimento dentro do mercado de foodservice. No caso da merenda fornecida nas escolas públicas, a história é um pouco diferente em função dos diversos problemas que o setor ainda enfrenta até hoje. No sentido de minimizar esses obstáculos, foi criado, em 1955, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Atualmente, o programa estabelece que o cardápio das escolas deve ser elaborado por nutricionistas e deve suprir, no mínimo, 15% das necessidades nutricionais diárias dos alunos das instituições públicas. Em função desse cenário, empreendedores que já forneciam alimentação coletiva a empresas e hospitais, dentre outros, observaram que o ambiente escolar também poderia ser alvo de seus serviços, principalmente no que se refere ao fornecimento/comercialização de alimentos e refeições adequados do ponto de vista nutricional, buscando também o atendimento das preferências dos alunos. Mas como oferecer alimentação com qualidade sem abrir mão do lucro? Alimentação balanceada Propiciar Plena Satisfação ao Usuário Final Em Parceria com a Empresa Contratante. Essa foi à missão adotada por três empresários ao optarem pelo ramo de alimentação. Em 1974, Ermando, Roberto e Jurandyr uniram-se e decidiram criar a ERJ Restaurantes de Empresas. O crescimento da empresa aconteceu com naturalidade, sempre voltado para esta filosofia de trabalho, com um planejamento estratégico ancorado em modernas técnicas administrativas e operacionais. A flexibilidade no atendimento incorporou-se à marca, que se consolidou através da administração de serviços de alimentação de empresas de todos os portes. A ERJ começou a fornecer alimentação escolar a partir de 1997 na cidade de Sorocaba, em São Paulo. Economia de recursos públicos, padronização operacional e qualidade da alimentação transformaram a cidade em referência no sistema de terceirização de alimentação escolar por diversas prefeituras de São Paulo e outras. Na época, não existiam muitas empresas especializadas em merenda escolar e a prefeitura de Sorocaba abriu uma licitação. Acabamos ganhando a concorrência e sendo pioneiros no ramo. Foi um aprendizado mútuo, nosso e da prefeitura, que hoje é referência nacional pela merenda escolar que fornece, conta a gerente comercial e de marketing da empresa, Daniela Fischer. A principal preocupação é o fornecimento de refeições balanceadas e é a prioridade no atendimento aos alunos, principalmente dos períodos equivalentes aos horários de almoço e jantar. Este atendimento pode ser estendido aos alunos dos demais períodos em substituição ao lanche convencional, promovendo a saúde dos alunos e suprindo parcial ou integralmente suas necessidades nutricionais através de uma alimentação balanceada, de acordo com cada faixa etária. Como em qualquer processo de mudança, houve certa resistência por parte de algumas cantinas escolares quando a ERJ começou a fornecer alimentação escolar. Mas, com o tempo, o trabalho foi reconhecido e aderido. Sabemos através das diretoras das escolas que sempre foi muito elogiado. Às vezes, a merenda escolar é a única alimentação do aluno naquele dia e deve ser

3 balanceada e saudável. Isto reflete diretamente na saúde das crianças e a evasão escolar praticamente foi erradicada. A empresa vem assegurando aos alunos o fornecimento de uma alimentação mais rica, sadia, nutritiva e de qualidade. Os cardápios são elaborados por nutricionistas, cujos itens utilizados e prioritários são produtos básicos como: arroz, feijão, soja, peixe, hortifrutigranjeiros, carnes, ovos, macarrão e outros, diferente do que acontecia anteriormente, quando a bolacha e os panificados eram a base da merenda escolar governamental. O resultado de todo esse trabalho é que, hoje, cerca de 80 escolas já recebem alimentação da ERJ. Além de buscar sempre novos parceiros, estamos iniciando um projeto educacional junto às escolas, trabalhando a importância dos alimentos saudáveis com jogos de raciocínio. Acreditamos que o corpo e a mente devem ser saudáveis. Os projetos são contínuos, não meramente relacionados ao fornecimento de merenda e sim pensando nos alunos como um todo, salienta Daniela. Praticidade Chega de preocupação pelo menos com relação à alimentação dos pequenos! Através do sistema da Scholl Cook, marca da GRSA (Grupo de Soluções em Alimentação) especializada em oferecer soluções de alimentação para o segmento educacional, os pais já podem controlar o que os filhos compram na lanchonete do colégio. A empresa dedica-se ao setor educacional há mais 30 anos. Teve início com uma gestão familiar, mas teve como objetivo, desde sua origem, oferecer serviços com qualidade e inovação. Atualmente, opera em 40 instituições de ensino com 80 pontos de venda, conta com 500 colaboradores e atende cerca de alunos/mês. A instituição de ensino é totalmente responsável pela adesão à solução School Cook. Nosso atual foco está em escolas privadas de ensino médio e fundamental com mais de alunos matriculados em período normal ou cerca de 200 em ensino integral. Além disso, nossas operações estão divididas na proporção de 30% de restaurantes e 70% de lanchonetes, conta Simone Galante, diretora geral da empresa. Na maioria das escolas, os intervalos estão cada vez mais curtos, as filas são intermináveis, falta troco e tempo para o lazer das crianças. Essa situação, até então comum na maioria das escolas, passou a ser para a School Cook um desafio que foi vencido através da implantação do cartão magnético como uma das formas de pagamento. É importante salientar que a nossa solução substitui as cantinas tradicionais pelas lanchonetes e restaurantes da School Cook. No início de nossa atuação, as instituições nos receberam muito bem. Tudo é bem prático. O cardápio da lanchonete do colégio fica disponível na internet. Adquirido o cartão, o pai carrega-o com a quantia que o filho pode gastar por mês. Além disso, ele pode restringir alimentos, selecionar lanches ou permitir que o filho escolha o que quer comer. É uma ferramenta que permite que os pais estabeleçam limite de gastos, evitem que as crianças carreguem dinheiro e também auxilia na orientação nutricional. Quem não quiser adotar o cartão, pode continuar comprando na cantina com dinheiro. A recepção dos pais foi bastante positiva, principalmente pela questão da alimentação saudável e da segurança alimentar dos produtos ofertados. O Kit lanche é outro diferencial que agrada bastante aos pais, permitindo que eles escolham com antecedência o que seus filhos irão consumir durante todo o mês. A última novidade da companhia foi o lançamento de um terminal de auto-atendimento. Em parceria com uma empresa especializada, a School Cook investiu em tecnologia e desenvolveu uma ferramenta inovadora para agilizar o atendimento aos alunos. Similar a um terminal bancário, o dispositivo possibilitará a compra antecipada dos alimentos por meio do cartão magnético. Os consumidores poderão efetuar o pedido de seus lanches e refeições na entrada ou durante os intervalos de aula e apresentar o ticket diretamente na lanchonete.

4 Com relação ao mercado de alimentação fora do lar, mais especificamente sobre as cantinas escolares, Simone interpreta os dados fornecidos pela Abia como uma importante oportunidade. Nossos números indicam que, hoje, temos 16% de share do mercado privado de escolas do Estado de São Paulo. Nos EUA, o segmento de alimentação em escolas da Compass, acionista GRSA, fatura mais de R$ 726 milhões por ano e está instalado em unidades operacionais. No Brasil, onde o mercado começa a se expandir, a Divisão de Educação da GRSA faturou no último ano cerca de R$ 18 milhões, valor que representa 2% do total faturado pela empresa. Neste ano, nosso crescimento será no mínimo de 15%, prevê a diretora. Nos próximos três anos, a GRSA pretende aumentar em 50% sua participação no ramo de alimentação em instituições de ensino. Já expandimos nossas operações em instituições de outros estados como Paraná, Pernambuco e Rio de Janeiro. Além da marca School Cook, estamos implantando também nas instituições de ensino unidades de nossos parceiros, como Casa do Pão de Queijo e Bob's, além das marcas próprias Estação de Gula e Via Mundi. Esta última é voltada principalmente para as Universidades. Fim das cadernetas Empresa do Grupo Civincorp, incorporadora que atua há mais de 10 anos no mercado de construção civil, a LancheCard também oferece um sistema que integra informações e meio de pagamento utilizando um cartão que possibilita a compra de alimentos, o acesso a informações de calorias dos produtos consumidos e acompanhamento alimentar on-line. A LancheCard surigu em maio de 2005 através de um estudo social do Grupo Civincorp, que pretendia investir em educação e realizou uma pesquisa com seus clientes e prestadores de serviço. Percebemos, através de uma análise destes dados, uma grande preocupação dos pais com o destino do dinheiro na mão dos seus filhos. Coincidentemente, na mesma época, a preocupação com a educação alimentar infantil era também uma necessidade mundial crescente e, ao mesmo tempo, um grande desafio. Sabíamos que difundir o conceito de educação alimentar para esta idade seria extremamente difícil devido aos apelos publicitários das grandes redes de fast-food. Mesmo assim, tínhamos o apoio dos pais e lançamos o produto com o apelo de cores fortes e alegres e com uma marca divertida, conta Fernando Montenegro, sócio e diretor de marketing e planejamento da empresa. O LancheCard é um cartão pré-pago para compra de lanche nas escolas. Seu sistema inteligente emite um tíquete com as calorias dos produtos trazendo informação e conscientização das melhores opções alimentares. Ao optar por ter o cartão, o responsável preenche o cadastro no site, estabelece os limites de gastos diários e efetua o pagamento do boleto para disponibilizá-lo para seu filho. Com o cartão habilitado, o aluno pode fazer suas compras diárias na lanchonete da escola. Dentro de uma instituição de ensino temos, na verdade, dois clientes distintos: a escola e a cantina. A escola foi a maior adepta da LancheCard. O produto veio como aliado na concorrência entre as instituições, pois o cartão atendia a uma necessidade dos pais. Com as cantinas o apelo era mais óbvio, pois estava claro para todos que os alunos seriam obrigados a consumir naquele ponto-de-venda, refletindo positivamente na receita do ponto comercial, sem falar da extinção da inadimplência das famosas cadernetas, ressalta o diretor. Ele ainda destaca que o grande obstáculo da empresa foi conquistar a credibilidade de todos. O produto era novo e necessitava de muita responsabilidade, afinal administrávamos recursos financeiros de nossos clientes. Com o apoio da Civincorp, conseguimos formar parcerias estratégicas que ajudaram a consolidar nossa marca.

5 Sobre a alimentação escolar especificamente, Montenegro é enfático ao dizer que o setor nunca recebeu tanta atenção quanto hoje. Existe uma tendência à profissionalização nas antigas cantinas escolares muito grande. Notamos que as redes de alimentação coletiva multinacionais como a Sodexho e a GRSA, por exemplo, estão entrando com investimentos maciços neste setor. Praticamente 50% das cantinas das grandes redes escolares estão sendo disputadas por estas empresas e sabemos que este percentual irá crescer muito rápido. Com a crescente obesidade infantil mundial, a educação alimentar ganhou a devida importância e destaque na mídia, forçando esta profissionalização. Por todos estes movimentos, estes 10% irão ganhar cada vez mais atenção e, consequentemente, refletir positivamente no faturamento deste segmento e de todos os envolvidos. Para aderir ao LancheCard, a instituição ou cantina deve entrar em contato com a empresa através do portal da mesma ou pelo telefone e solicitar uma visita de um representante. Após a visita, o estabelecimento assina uma adesão ao sistema. O procedimento é muito simples: após o cadastramento, o estabelecimento recebe um terminal em comodato e por este paga um pequeno aluguel mensal. Já a escola recebe todos os cartões para distribuição aos alunos. Basicamente estes são os investimentos para a adesão à LancheCard, porém cada colégio tem uma demanda específica que pode interferir nestes procedimentos. A LancheCard tem alguns projetos muito interessantes. Atualmente, estamos nos preparando para atender nossa demanda e voltando nossa comunicação para o público jovem. A conscientização do tema educação alimentar para os jovens é um trabalho que deve ser muito bem estudado e trabalhado. Por isso, criamos e lançamos nosso portal, uma ferramenta de relacionamento que irá aproximar cada vez mais o jovem deste conteúdo. Os demais projetos serão surpresas para todos, acredita.