PALAVRAS CHAVE: ensino de ciências, ensino fundamental, órgãos do sentido.
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- Margarida Pedroso Assunção
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1 COLOCANDO A MÃO NA MASSA - RELATO SOBRE O INÍCIO DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA INVESTIGATIVA PARA TRABALHAR OS ÓRGÃOS DO SENTIDO EM UMA CLASSE DE SEGUNDO ANO DO CICLO I ANTICO, Adriana F; LEITE Elaine¹, QUEDAS, Adriana S. R². ¹EMEF Aureliano Leite São Paulo SP, ²Estação Ciência Universidade de São Paulo, adrianaantico@bol.com.br; emefaleite@prefeitura.sp.gov.br,driquedas@gmail.com PALAVRAS CHAVE: ensino de ciências, ensino fundamental, órgãos do sentido. INTRODUÇÃO Uma parceria realizada entre a Secretaria de Educação (SME) do Município de São Paulo e a Estação Ciência criou o Projeto Mão na Massa Iniciação Científica no Ciclo I. Este projeto visa formar os professores em uma nova metodologia de ensino de ciências na escola, estimulando o aluno a ter curiosidade, fazer perguntas, criar hipóteses, investigar e, assim, construir seu próprio conhecimento, sempre tendo o professor como mediador deste processo. Assim, o projeto propõe uma mudança significativa na postura do professor, que de fornecedor de conteúdos passa a ser um mediador e instigador, e do aluno, desenvolvendo sua autonomia, seu senso crítico, sua capacidade de reflexão e mudando seu olhar perante o mundo. Este trabalho relata a primeira aplicação de uma seqüência didática utilizando a Metodologia Investigativa por uma professora do 2º ano do Ciclo I da Escola Municipal de Educação Fundamental Aureliano Leite, na Cidade Tiradentes, Zona Leste da cidade de São Paulo, e analisa as dificuldades e evolução da docente na compreensão e apropriação da metodologia. OBJETIVOS - Criar uma seqüência didática sobre os Órgãos do Sentido utilizando a metodologia investigativa proposta pelo Projeto ABC da Educação Científica - Mão na Massa da Estação Ciência e aplicar esta seqüência com alunos do 2º Ano do Ciclo I. - Testar em sala de aula a Metodologia Investigativa proposta pelo projeto Mão na Massa. - Realizar uma análise sobre a aplicação da metodologia, tanto para o docente como para a turma. RELATO Em 2008 foi o primeiro ano em que a EMEF Aureliano Leite participava do Projeto Mão na Massa, uma parceria entre a Secretaria de Educação da PMSP e a Estação Ciência USP. Tanto a Coordenadora Pedagógica da escola como os professores estavam tendo seu primeiro contato com a Metodologia, por meio das formações realizadas na Estação Ciência e das conversas com a estagiária que acompanhava o projeto na escola. Em cada escola a CP seria a responsável por elaborar as formações dos professores e incentivá-los estudar e aplicar a metodologia em sala e, na Aureliano Leite a estratégia utilizada pela CP foi, durante todo o processo de formação, deixar os
2 professores à vontade para aplicar e testar a metodologia de acordo com os conteúdos que haviam escolhido para o ano letivo, realizando estudos e discussões sobre a metodologia em reuniões de JEIF e apoiando os docentes nas escolhas e elaboração das atividades. Durante uma das formações de JEIF a professora Elaine, do 2º ano do Ciclo I decidiu aplicar a metodologia no trabalho que iria realizar com seus alunos sobre os Órgãos do Sentido. Assim, com o auxílio da Coordenadora, da Estagiária do Projeto e dos outros professores foi elaborada a questão-problema que iria iniciar o processo de investigação sobre os Órgãos do Sentido: - Como nós percebemos e sentimos o mundo? Logo na semana posterior, foi sugerida sugeriu esta questão aos alunos do 2º A, mas a professora já havia feito uma escolha por que órgão queria começar: o tato. As respostas dos alunos surpreenderam a equipe, já que mostraram uma percepção de mundo superior a que esperavam deles, mas também indicaram que a questão-problema estava ambígua. - A gente toca nele (mundo); a gente respira; a gente está vivo; olha para as nuvens e percebe o mundo girar; olha pelo telescópio; olha para as coisas; vê com os olhos; o mundo gira e não percebemos; pelo globo girando; pelo rádio, TV, computador, jornais, revistas, satélite; pelo ar que respiramos; pelas matas; pelo futuro Todas as respostas foram escritas na lousa, com o cuidado de registrar exatamente o que os alunos diziam. Pelas respostas percebe-se que havia outras interpretações para a questão, já que os alunos entenderam que perceber o mundo significava perceber o Planeta Terra, e não as coisas ao seu redor. A professora percebeu também todas estas respostas podem dar origem a várias outras questões-problema. Porém o trabalho inicial seria com o tato, e então foi escolhida uma das respostas para desenvolver a aula e fazer outra questão aos alunos: - Como nós tocamos no mundo? Respostas dos alunos: - Com as mãos, com os pés, com o corpo, com a cabeça, com o coração/sentimento, com os braços e pernas. E então fez-se outra pergunta, para os alunos pensarem: - Por que você acha que, ao tocar, percebemos as coisas? Respostas: - Pelo corpo todo: mão, pés, pernas, cabeça, etc.; se alguma coisa tá gelada, se colocar a mão dá pra sentir, se ta quente queima, arde, dói; é uma forma de perceber o mundo. Na seqüência continuou-se a fazer várias outras perguntas aos alunos, incentivando-os a pensar e prestar atenção no que sentem quando tocam as coisas sem, porém, falar ainda de tato: - Qual a nossa reação ao tocarmos uma superfície quente? E por quê? - O que acontece quando a gente toma um banho frio? - O que acontece quando alguém faz um carinho ou uma massagem? - O que acontece quando alguém faz cócega? E então, finalizou-se com a pergunta: - Por que temos todas estas reações? E os alunos responderam:
3 - Porque estamos vivos; - Nossa pele é sensível. Neste ponto então a professora iniciou uma atividade investigativa com os alunos, colocando uma situação-problema, onde eles tinham que descrever um objeto que estava dentro de uma caixa sem olhar para ele. Os alunos então decidiram que deveriam tocá-lo, tomando cuidado para não olhar. Ao passo que cada aluno falava o que sentia dentro da caixa, as respostas eram registradas na lousa pela professora. No final alguns alunos haviam descoberto que o que estava dentro da caixa era um tubo de cola de bastão, pois, segundo a resposta de uma das alunas, era reto, áspero, tem risca, é duro, formato redondo. Com as respostas dos alunos, e retomando as outras aulas, retomouse a primeira questão: Como nós percebemos e sentimos o mundo?, e os alunos construíram então uma resposta coletiva: - Uma forma de percebermos o mundo é através da pele. Em outra aula, buscando-se trabalhar a visão, o trabalho teve seqüência com a seguinte pergunta: - Mas de que outra forma de percebermos o mundo? Os alunos logo responderam: - Vendo, através dos olhos, das vistas! Assim, com esta última resposta dos alunos, iniciou-se o trabalho com outro órgão dos sentidos: a visão. Além de mostrar que a visão é um dos órgãos do sentido, a professora pretendia que os alunos percebessem que precisamos da luz para enxergar, e que isso é possível porque a luz reflete no objeto e chega aos nossos olhos, e que na verdade nosso olho enxerga, mas a informação sobre o que estamos vendo é formada no cérebro, e que é ele que controla todos os nossos sentidos. E então, inicia uma nova atividade investigativa, lançando mais uma questão-problema: - É possível ver as cores dos objetos no escuro? Por quê?. As crianças registraram suas respostas (hipóteses), individualmente, no caderno. Para verificar as hipóteses dos alunos, foi entregue à turma uma caixa contendo dois círculos de cores diferentes. A caixa estava toda vedada, sem que houvesse uma fresta de luz, a não ser um buraco por onde as crianças olhavam dentro da caixa. Pediu-se então para que as crianças olhassem dentro da caixa e registrassem individualmente o que viram. Ninguém, claro, conseguiu enxergar nada. Então as crianças foram questionadas do que deveria ser feito para que elas enxergassem. Elas novamente registraram suas hipóteses no caderno, com a maioria dizendo que deveria ser feito outro buraco para entrar luz ou abrir a caixa. Com o teste destas hipóteses as crianças viram que havia dois círculos coloridos na caixa. Então foi realizado o registro coletivo: Conclusão: Não podemos enxergar no escuro porque precisamos de luz para refletir a claridade do objeto em nossos olhos, aí nós enxergamos e pudemos diferenciar as cores A professora pretende seguir o trabalho com os órgãos do sentido, e no final fazer os alunos concluírem que nossas sensações dependem sim dos órgãos, mas que o nosso Sistema Nervoso é que leva todas as informações
4 dos órgãos (pele, olhos, ouvido, nariz e boca) ao nosso cérebro e é lá que a gente entende as informações. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como a atividade ainda está em desenvolvimento pretendemos analisar principalmente a evolução do docente no que se refere à aplicação da metodologia, para depois, com a conclusão da seqüência, realizar uma avaliação sobre o envolvimento e desenvolvimento dos alunos. Primeiramente é importante verificar a mudança da própria prática do docente em sala de aula. Na primeira atividade da seqüência, sobre o sentido do tato, a professora se focou na sua mudança de postura em sala, necessária para o desenvolvimento da metodologia. Assim, trabalhou várias perguntas e pequenas investigações sem, portanto se preocupar em seguir a rigidamente a metodologia Mão na Massa, mas sim em não dar uma resposta pronta aos alunos. Após este treino de mudança de postura em sala, a docente ficou mais segura para então seguir mais sistematicamente os passos da metodologia, estimulando os alunos a realizarem os registros de suas hipóteses e de suas conclusões, tanto individuais como coletivas. Ressaltamos que, durante todo o caminho, a professora sabia onde queria chegar e fazia as perguntas de forma a construir um pensamento com os alunos sem dar uma resposta pronta a eles. Saber o caminho a ser percorrido e quais os objetivos de cada atividade é fundamental, pois mesmo que surjam no percurso novas dúvidas ou questionamentos que não tenham sido previstos pelo professor, ele saberá retomar o eixo e concluir o que havia sido planejado. A assessoria e o suporte da Coordenadora Pedagógica e da estagiária de acompanhamento do projeto foram fundamentais para dar segurança ao trabalho da professora, que muitas vezes as procurou para pedir auxílio e sugestões. A Coordenadora sempre incentivou a criatividade, dando liberdade e ao mesmo tempo segurança para a professora seguir o caminho que achasse mais correto. Esta postura da Coordenadora dá autonomia ao professor e faz com que ele mesmo construa sua compreensão sobre a metodologia, reveja suas práticas pedagógicas, perceba suas dificuldades e tente superá-las, tendo um enorme aprendizado ao mesmo tempo em que media a construção do conhecimento pelos seus alunos. Pretendemos continuar observando a aplicação e o processo de apropriação da metodologia pela professora, verificando como ela trabalha os sentidos restantes, se consegue alcançar seus objetivos e como se dá a aprendizagem dos alunos, entendendo que toda mudança de postura e inovação a ser realizada em sala de aula requer tempo e por vezes um (longo) processo de redefinição do papel do professor por ele próprio, assim como, para os alunos, a descoberta de uma nova forma de aprender, estar e participar da escola e das aulas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATHAYDE, Beatriz A. C. de Castro; KOBASHIGAWA, A. H.; MOZENA, Érika R.; D ÁVILA, Alexandre Braga; HAMBURGER, Ernst W. Estação Ciência: Acompanhamento da Implementação do Projeto Mão na Massa Iniciação Científica no Ciclo I da SME/SP. In: ABC na Educação Científica Mão na
5 Massa Seminário Nacional e III Mostra de Trabalhos, 2006, São Carlos/SP. Caderno do evento, SCHIEL, Dietrich (org.); Ensinar as Ciências na Escola da Educação Infantil à Quarta Série. São Carlos, CDCC/USP, PERRENOUD, Phillippe; 10 Novas Competências para Ensinar, Porto Alegre. Artes Médicas Sul, 2000.
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