UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CÂMPUS JUSSARA LICENCIATURA EM LETRAS - PORTUGUÊS / INGLÊS E RESPECTIVAS LITERATURAS JÉSSIKA ANDRADE DE OLIVEIRA

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1 0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CÂMPUS JUSSARA LICENCIATURA EM LETRAS - PORTUGUÊS / INGLÊS E RESPECTIVAS LITERATURAS JÉSSIKA ANDRADE DE OLIVEIRA AS CONFIGURAÇÕES DAS PERSONAGENS NO CONTO O ENFERMEIRO DE MACHADO DE ASSIS JUSSARA GO 2017

2 1 Jéssika Andrade De Oliveira A CONFIGURAÇÕES DAS PERSONAGENS NO CONTO O ENFERMEIRO DE MACHADO DE ASSIS Monografia apresentada ao departamento de Letras da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Jussara em cumprimento das exigências para obtenção do título de Licenciado em Letras, sob orientação da professora Analice de Sousa Gomes. JUSSARA GO 2017

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4 3 Dedico esse trabalho primeiramente a Deus que sempre iluminou meu caminho. Aos meus queridos pais, Joana Darc Oliveira Andrade e Eurípedes Maria de Oliveira, que sempre estevem ao meu lado me amparando nunca me deixando cair, sempre acreditando em mim, pois tudo que conquistei até hoje foi graça ao apoio deles. Aos meus irmãos Carlos Henrique Andrade de Oliveira e João Pedro Andrade de Oliveira, que sempre estevem ao meu lado me ajudando, nunca me deixando desistir sendo eles fundamentais nesse processo acadêmico. Ao meu namorado Nilson Soares da Silva Filho, ele que esteve sempre comigo nunca me deixando desistir. Não tenho palavras para escrever a minha gratidão por você, de forma especial e carinhosa, pois sempre me deu força e coragem, e sempre me apoiou nos momentos difíceis, apesar dessa grande distância que estamos enfrentando juntos você esteve sempre comigo. As minhas cunhadas Monique, Valéria e Mayra, que esteve comigo durante este percurso acadêmico. Obrigado por fazer parte dessa minha conquista, pois sei que vocês foram de grande incentivo. As minhas amigas Valéria, Monique e Cintia, pela grande paciência que teve comigo durante todos estes anos, em que apesar das nossas diferenças e discórdia, sempre estevamos uma apoiando a outra. A minha orientadora Analice de Sousa Gomes, por ter me orientado, e pela grande paciência que teve comigo durante este ano, não tenho palavras para agradecer, você não sabe o tamanho da minha alegria por estar subindo mais este degrau, vou ser grata por você para sempre. Instruiu-me acerca da realização de um sonho que e hoje estou prestes a realizar, enfim, a todos os professores de literatura, pois muito têm contribuído para o desenvolvimento dos conhecimentos literários. E de forma geral, a toda minha família, meus avôs, tios, tias, primas e primos, muito obrigado pelo grande incentivo, e todos aqueles que de alguma forma, estão perto de mim nessa nova conquista.

5 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado ânimo para enfrentar todos os desafios dessa etapa de estudos, desafios estes que sabemos que foram vários, mas estou vencendo um de cada vez, pois sem fé sabemos que nada é possível. Aos meus pais Joana Darc Oliveira Andrade e Eurípedes Maria de Oliveira o meu muito obrigado pelo apoio e incentivo que deram nas horas difíceis, me animando e dando coragem para nunca desistir, procurando sempre alcançar as minhas metas. Não tenho palavras para descrever o amor que sinto por vocês, obrigado por tudo que vocês fizeram, e fazem por mim. Gratifico meus irmãos Carlos Henrique Andrade de Oliveira e João Pedro Andrade de Oliveira, pela grande paciência e pelos grandes empurrões que precisei, e vocês de certa forma sabiam fazer isso carinhosamente, obrigado por tudo que vocês fizeram por mim, pois meu amor por vocês é infinito. Meu muito obrigado a todos os meus familiares, por estarem prosseguindo ao meu lado, demonstrando total apoio ao longo de minha carreira universitária. Agradeço imensamente ao meu namorado Nilson Soares da Silva Filho, que esteve sempre me apoiando, nos momentos turbulentos da minha vida, me estimulando durante todos esses anos acadêmicos, compreendendo minhas ausências pelo tempo dedicado aos meus estudos. Obrigado por cada palavra de incentivo, por cada gesto de carinho. Amor agora posso casar! Aos professores do Curso de Letras, em especial ao Evandro Rosa de Araújo, Nalha, Analice de Sousa Gomes, Renata Herwig de Moraes Souza e Fernanda Bomfim pela dedicação e atenção, demonstrando preocupação sincera com o resultado do trabalho. Agradeço grandiosamente a minha orientadora Analice de Sousa Gomes, que me orientou de forma paciente, e por isso agradeço imensamente pelo seu apoio, serei grata por você ter me aceitado como sua orientanda. Obrigada por ser esta mulher maravilhosa, que Deus continue abençoado seus passos. As minhas amigas Valéria, Mayra, Monique e Cintia, minhas eternas gratificações por você existirem na minha vida, pois agora vamos encerrar uma grande fase da nossa carreira profissional. Sei que sentiremos muita falta uma das outras, mas reconhecemos que vencemos juntas. A todas as colegas de sala meu muito obrigado pela amizade e por terem compartilhado de várias experiências juntas, experiência

6 5 Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me na fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco, é que sou forte. 2 Coríntios 12:10

7 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO CONCEPÇÕES TEÓRICAS SOBRE O REALISMO / NATURALISMO Percurso Histórico: o contexto sociocultural e sua influência na literatura Algumas tendências formadoras do Realismo e Naturalismo A RELAÇÃO ENTRE REALIDADE E FICÇÃO NAS PERSONAGENS MACHADIANAS A natureza humana em Machado de Assis: a ficcionalização da realidade Machado de Assis, a Sociedade e seus Personagens OS PERSONAGENS NO CONTO O ENFERMEIRO DE MACHADO DE ASSIS Análise literária O Realismo e Naturalismo nas personagens 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS 40 REFERÊNCIAS 42 ANEXOS 43

8 7 RESUMO O conto do escritor brasileiro Machado de Assis analisado neste trabalho de conclusão de curso de graduação em Letras, compõe uma coletânea de contos considerada por Bosi (1994), umas das obras do movimento literário Realismo/Naturalismo, período que se volta para o mundo da realidade da sociedade, para o mundo em seu estado de evolução da ciência, do conhecimento, da crítica à sociedade burguesa, além da denúncia sobre exploração, corrupção, incluindo aí, a exposição de sua organização e produção do conhecimento, por meio das produções artísticas. A pesquisa tem como parâmetros de definição desse período literário, os teóricos, Candido e Castello (2003), Chiampinini (2012), Coutinho (1997), D Onofrio (2002) e Moises (1999). Parte-se de conhecimentos acerca da sociedade europeia do século XVIII e a brasileira do século XIX, para que seja feita uma comparação entre os acontecimentos históricos em ambas as sociedades e as influências dentro do conto em análise. Diante disso, toma-se como base pesquisas feitas na obra de Bosi (2007), fez-se um levantamento da vida do autor, mostrando as influências que o mesmo recebeu por parte das novas tendências que fervilhavam na sociedade brasileira, e que poderia ajudar a compreender o porque da inovação em sua composição. Procurou-se definir, de acordo com os teóricos citados, o que é Realismo e Naturalismo, constatando-se que na obra, Machado de Assis imprimiu características desses estilos, tanto na composição de seus personagens como nos temas apresentados. Além da leitura da obra foram feitas comparações do caráter do protagonista, pois são imperfeições da condição moral, as quais são próprias dos personagens dos contos de Machado de Assis, e estão presentes em O Enfermeiro. Após esses procedimentos chegou-se a conclusão de que os fatos históricos e sociais, o Determinismo, que negava a existência do livre-arbítrio, as evoluções que a sociedade brasileira estava sofrendo e a temática do caráter humano são os responsáveis em influenciar o autor a compor seu conto, com as características do estilo Realista/Naturalista. Palavras-chave: Realismo e Naturalismo Brasileiro. Contexto Histórico. Realidade. Ficção.

9 8 INTRODUÇÃO Quando se escolhe determinado objetivo para que dele seja realizada uma pesquisa, isso geralmente não ocorre por acaso. Na verdade, é resultado de algumas questões que se colocam sobre determinada situação. Tais fatos trazem consigo uma carga de valores e pressupostos que não apenas revelam o contexto sócio-histórico em que o pesquisador se encontra, mas também o contexto do próprio objeto que se pretende pesquisar. Nesse contexto, segundo Moisés (1999),podemos afirmar que a Literatura, como arte, não se obriga a exercer qualquer função; entretanto se lhe fosse impingido esse mister, certamente a sua maior utilidade seria registrar a passagem do homem sobre a Terra: seus feitos, seus comportamentos (às vezes incompreensíveis), o que sente, o que pensa, o que é. Por não ser obrigada a se comprometer com a realidade, no seu fingimento fictício é que se revela inexoravelmente verdadeira, inapelavelmente desnuda. A Literatura é uma forma de conhecimento da realidade que se serve da ficção e tem como meio de expressão a linguagem artisticamente elaborada. Enquanto o filósofo lança mão do pensamento especulativo e o cientista se apoia na observação sobre os fenômenos da natureza, o artista recorre à imaginação, à fantasia para compreender o mundo. Fictício não significa falso, mas apenas historicamente inexistente ou não contado. Diante dessa temática é que esse estudo foi direcionado: para saber, um pouco mais sobre o Realismo e o Naturalismo em especial no conto O Enfermeiro de Machado de Assis. Essa obra foi escolhida, por apresentar, diferentes aspectos desses períodos, tomando como base principal as doutrinas filosóficas do Determinismo de Taine, e o Positivismo de Comte, além das temáticas do caráter humano, da burguesia, que teimava em manter o sistema escravocrata. Busca-se, também, dentre os percursos já citados, entender a qualidade que o autor Machado de Assis imprimiu ao compor seus personagens. Em consonância ao tema escolhido, fez-se necessário que iniciássemos o primeiro capítulo de nossa pesquisa fazendo um levantamento do contexto histórico e social da Europa, na qual teve início o período literário, e posteriormente, no Brasil, onde a obra retrata o contexto da sociedade nua em sua essência, em sua composição de caráter. Em seguida discutimos o que vem a ser Realismo e Naturalismo e, tomando principalmente como base os teóricos Afrânio Coutinho e Salvatore D Onofrio, demonstramos que toda obra literária apresenta até certo ponto, uma relação de intertextualidade entre estilos e gêneros literários.

10 9 Iniciamos o segundo capítulo falando sobre como o autor trabalha com a realidade e a ficção para compor a natureza humana de seus personagens, para então fazer um paralelo entre os acontecimentos sociais, juntamente com as filosofias do Determinismo e o Positivismo, destacando que essas correntes já se faziam conhecidas da sociedade, procuramos apresentar quais os filósofos e suas filosofias, mostrando que esse assunto instigava não somente cientista, mas também os escritores ao compor suas obras. Também realizamos uma análise da vida de Machado de Assis fazendo uma relação com os estilos literários citados e as doutrinas filosóficas, mostrando assim que questões sociais, psicológicas ou humanísticas podem influenciar um artista ao compor os personagens de sua obra. Já no terceiro capítulo, foi feita uma análise do protagonista do conto O Enfermeiro, levando em consideração a criatividade do autor, as suscetíveis mudanças de comportamento do personagem, na sua busca de tentar enganar outros e se enganar quanto ao seu caráter duvidoso, seu interesse velado, ou suas oscilações de comportamento. Não se procura, no estudo realizado dissecar os personagens ou a obra do autor, mas reverenciar a capacidade e criatividade de Machado de Assis, que teve a feliz ideia de compor uma obra que apresenta tantos temas variados e de expor um assunto que até hoje mexe com a mente humana, que é o caráter humano, com traços do Realismo e do Naturalismo.

11 10 1. CONCEPÇÕES TEÓRICAS SOBRE O REALISMO / NATURALISMO A percepção individual sempre está sujeita a noções coletivas de verdade, pois existe uma relação de mútuas implicações entre o ser humano e o momento histórico em que vive. Na área artística, as concepções de moralidade e caráter são conceitos que podem variar dependendo de uma determinada época. Esse processo ocorre porque a arte expressa ideias e estados de espírito sujeitos a interferências externas. Nesse sentido, devido às significantes mudanças que ocorreram na sociedade europeia a partir da segunda metade do século XVIII, e posteriormente as evoluções da sociedade brasileira do século XIX é que nos deteremos em analisar o contexto histórico da Europa e do Brasil, em especial, o interior e as mazelas humanas, provenientes dos cortiços que se formavam nas vilas dos grandes centros urbanos, visto que o mesmo nos proporcionará dados para entender de que forma os artistas brasileiros buscavam expressar os anseios da sociedade daquele tempo, mostrando assim que os acontecimentos sociais, políticos, filosóficos e históricos, em muito nos ajudam a entender a obra. Desta forma, poderemos fazer uma relação entre os acontecimentos históricos da época que influenciaram na composição do conto O Enfermeiro. 1.1 Percurso Histórico: o contexto sociocultural e sua influência na literatura A Revolução Industrial (1776), e a Revolução Francesa (1789) provocaram muito mais do que transformações de natureza política e social. Duas das principais forças desencadeadas pelo movimento, o liberalismo, que visava assegurar a liberdade e a igualdade proclamadas pelos revolucionários, e o nacionalismo, que transformava súditos em cidadãos, penetraram de modo tão profundo na consciência europeia que, mesmo passado o momento mais crítico da revolução, continuaram atuantes. Provocaram a necessidade de transformações no cenário cultural europeu e criaram a base para o que seria mais tarde denominado Movimento Realista. O Liberalismo tinha como característica a lei da oferta e da procura, o qual melhor expressou os interesses da burguesia em ascensão, daquele século. Caracterizou-se pela defesa

12 11 das liberdades econômicas e pela crença no poder auto regulador do mercado, demonstrando que o que se tinha era mais valorizado do que o que se puder ser. Nos núcleos urbanos transformados pela indústria, os pobres habitavam bairros populosos ou cortiços de péssimas condições sanitárias. A burguesia optou pelos boulevares, alamedas largas, para construir suas casas suntuosas e caras, porém funcionais, na medida em que o mundo burguês procurava se basear na praticidade e na beleza (MOTA; BRAICK, 2001, p ). Na Europa, e mais tarde no Brasil, essa ideologia buscava garantir as liberdades individuais nos planos: econômico, político e religioso. Entretanto, a convicção política de que a cidadania fundamenta-se na riqueza gerou uma profunda cisão na sociedade, tornando a burguesia a nova classe privilegiada em detrimento da maioria sem direitos políticos e sem condições de reverter esse quadro. A Inglaterra foi o berço do pensamento liberal no século XVIII a partir da primeira Revolução Industrial e tornou-se o país mais poderoso da Europa durante todo o século XIX. Aquele onde as injustiças sociais geradas pela industrialização foram mais gritantes. Na Europa do século XIX, a Inglaterra foi o mais perfeito exemplo de país cujo progresso econômico não eliminou as gritantes distorções sociais, mas, ao contrário, gerou novos tipos de exploração e de exclusão das classes trabalhadoras e novos conflitos de classe (SILVA, 2001, p. 116). A industrialização foi disseminando-se pela Europa e em ritmo acelerado, passou-se do sistema doméstico de produção para o fabril, o que provocou o aparecimento de grandes cidades e indústrias. Duas novas classes começaram, então, a se destacar na nova estrutura social: a burguesia industrial, que crescia em força, e o proletariado, que crescia em número, esse processo também ocorreu no Brasil, mas com velocidade menor, levando os escravos livres e famílias que viviam nas fazendas a se deslocarem para as cidades. Da antiga sociedade de senhores e servos passava-se à sociedade de empresários e operários, nascia, então, a sociedade de classes e, principalmente a partir da chamada segunda Revolução Industrial, em 1850, expandiu-se pelo mundo e com isso ocorreu a otimização dos meios de produção, a consolidação da burguesia industrial e o surgimento do proletariado. Acontecimentos esses que influenciaram de maneira significativa o surgimento do movimento Realista em detrimento ao sentimentalismo dos artistas Românticos, e fizeram com que os escritores expressassem em suas obras o sentimento de insatisfação com a atual situação. O primeiro e maior círculo contorna a civilização no Ocidente que vive as contradições próprias da Revolução Industrial e da burguesia ascendente.

13 12 Definem-se as classes: a nobreza, há pouco apeada do poder; a grande e a pequena burguesia, o velho campesinato, o operariado crescente. Precisamse as visões da existência: nostálgica, nos decaídos do Ancien Regime; primeiro eufórica, depois prudente, nos novos proprietários; já inquieta e logo libertária nos que vêem bloqueada a própria ascensão dentro dos novos quadros; imersa ainda na mudez da inconsciência, naqueles para os quais não soara em 89 a hora da Liberdade-Igualdade-Fraternidade (BOSI, 1994, p. 91). Na França, no final do século XVIII, os camponeses, empobrecidos por uma política injusta de cobrança de impostos e tributos, pleiteavam mudanças; a burguesia reivindicava o fim das práticas mercantilistas, baseadas em monopólios e protecionismos, além da igualdade jurídica perante a nobreza. A massa urbana sem recursos econômicos reivindicava mudanças radicais; o alto clero e a nobreza, setores favorecidos pelo regime absolutista, temiam perder seus privilégios. A burguesia, classe mais consciente de seus interesses, conquistou o apoio popular sob a égide de três ideais: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ou seja, os burgueses tanto da França como de outros países europeus, eram quem realmente lutavam por esses ideais e buscavam por uma sociedade mais justa e igualitária, mas que favorecerem seus interesses de ascensão ao poder e à nobreza. Com a ascensão da burguesia, houve uma proliferação de revistas e jornais de caráter popular e literário e a impressão de livros passou a ser feita em escala industrial. Mas a porcentagem de leitores não cresceu na mesma proporção que a expansão demográfica mundial. Somente com as modificações socioculturais e econômicas do século XIX quando o livro começou a ser utilizado também como meio de divulgação dessas modificações e o conhecimento passou a significar uma conquista para o homem, que, segundo se acreditava, poderia ascender socialmente se lesse houve um relativo aumento de leitores, sobretudo na França e na Inglaterra, onde alguns editores passaram a produzir obras completas de autores famosos, a preços baixos. O livro era então interpretado como símbolo de liberdade, conseguida por conquistas culturais (CLARET, 2001, p. 7). Esses fatores aliados à incorporação da mulher no mundo cultural propiciaram a expansão do mercado consumidor e estabeleceram novas relações entre escritor e público. A poesia, o romance e o teatro ganharam novos padrões e significados para atingir o gosto literário desse público burguês. O Realismo na Europa e, em especial na Inglaterra, levou os escritores a um deslocamento da realidade, pois a sociedade, que ainda valorizava os processos racionais e as posturas coletivas, fazia com que artisticamente houvesse uma incompatibilidade que levava

14 13 os artistas a uma fuga da realidade, pois para eles, a maioria dos seres humanos, por influência do meio social em que viviam, nasciam bons, mas eram corrompidos pelos acontecimentos que a sociedade lhes transmitiam, ou seja, a realidade não lhes davam as respostas que eles procuraram. A Revolução Francesa também foi responsável por espalhar o sentimento nacionalista pela Europa, sendo que em termos gerais, o nacionalismo, definiu-se como sendo a consciência partilhada por um grupo de indivíduos que se sentem intrinsecamente ligados a uma terra e que possui cultura e história comuns, marcadas por eventos (gloriosos ou trágicos) vividos em conjunto. A Revolução Francesa não aconteceu apenas na vida da sociedade, mas também fez com que houvesse uma revolução na literatura e que os escritores retratassem essas influências ao compor suas obras. Isso se deu não somente na França, mas em toda a Europa, e mais tarde influenciaram a literatura brasileira, momento esse descrito por Bosi (1994) como a aceleração da decadência da economia açucareira, fermento de ideias liberais, busca pela abolição da escravidão, imitação do pensamento europeu que defendia a explicação da natureza humana e social por meio da filosofia positiva e do evolucionismo. Assim do Romantismo ao Realismo, houve uma passagem do vago ao típico, do idealizante ao factual. Quanto à composição, os narradores realistas brasileiros também procuraram alcançar maior coerência no esquema dos episódios, que passaram a ser regidos não mais por aquela sarabanda de caprichos que faziam das obras de um Macedo verdadeiras caixas de surpresa, mas por necessidades objetivas do ambiente (cf. O Missionário) ou da estrutura moral das personagens (cf. Dom Casmurro) (BOSI, 1994, p. 193). Esse aflorar de pensamentos liberais, que iniciaram a partir da Revolução Francesa repercutiram nos escritores brasileiros do final do século XIX como: Raul Pompéia, Aluísio Azevedo, Adolfo Caminha e o Machado jovem (BOSI, 1994, p. 187), e que foram engajados por correntes defendidas por Comte, Taine, Spencer, Darwin e Haeckel. A influência de tais correntes fez presente nas obras dos escritores como busca de se distanciarem do subjetivismo, dos mitos idealizadores sobre o amor, a mulher, a natureza, o herói e se mostra na literatura dita realista, seja no plano ideológico como estético: A moda europeia do Naturalismo encontra aqui um bom campo de aplicação, modificando quer o estilo narrativo, quer a temática. A prosa de tom lírico, retórico ou declamatório, feita de belas descrições e de metáforas de grande efeito, é substituída por uma narrativa de estilo seco, direto, sem

15 14 torneios, imitando a fala cotidiana e regional. [...] Comum a quase todos os escritores brasileiros desta época é o intuito de descrever, por um método objetivo, quase científico, a luta inglória do indivíduo contra as forças da natureza, do instinto e do meio ambiente degradante (D ONOFRIO, 2002, p. 389). Assim, a Revolução Francesa, destruiu o absolutismo, levou a burguesia ao poder e criou condições para o desenvolvimento do capitalismo na França, derrubando a aristocracia que vivia dos privilégios feudais. Também provocou inquietações sociais nos países onde essas ideias revolucionárias repercutiram, o que não foi diferente no Brasil, levando os artistas a uma busca por novas maneiras e ver e produzir arte. 1.2 Algumas tendências formadoras do Realismo e Naturalismo Conforme Moisés (1999), o Realismo é de origem francesa, e suas primeiras manifestações surgiram entre 1850 e 1853, primeiro na pintura de Courbet, como revolta contra a atitude imaginativa do Romantismo, mas também como crítica à hipocrisia romântica e burguesa. No Brasil do século XIX ocorriam grandes transformações de ordem política, social e econômica, o que não foi diferente no meio cultural. Assim, o Realismo se difundia como uma nova tendência entre os artistas, os quais tentavam retratar na trama psicológica com grande crítica social, que envolviam dinheiro, a objetividade ao explicar os fenômenos sociais, naturais e psicológicos sob o viés das teorias materialistas, como os costumes, os conflitos interiores do ser humano, as relações sociais e as crises que envolviam as instituições como família, igreja e a burguesia. Dentre os nossos artistas brasileiros houve uma diferenciação na maneira de descrever os personagens ou compor suas obras, se comparados com os escritores europeus, pois no Brasil, segundo Bosi (1994) temos Machado de Assis como um dos maiores representantes do Realismo, já Raul Pompéia, com a obra O Ateneu, Aluísio de Azevedo, com O Mulato e Visconde de Taunay com Inocência ; se enquadram nos dois movimentos, o Realismo e o Naturalismo (romance).

16 15 Essa diferenciação das produções artísticas da época, demostra que os artistas brasileiros não só receberam influências das tendências literárias da Europa, mas se adaptaram ao contexto literário do Brasil. O conto, insignificante no tempo do romantismo, desenvolveu-se até adquirir excelente qualidade, não apenas no mestre supremo deste gênero, que foi Machado de Assis; [...] com sua crítica segura e orientadora, e a sua experiência teatral na comédia ligeira, mas de nível elevado (CANDIDO; CASTELLO, 2003, p. 287 e 289). Vale destacar que mesmo sendo o maior representante do Realismo Brasileiro, conforme Candido e Castello (2003), é possível afirmar que existem características do Naturalismo na ficção de Machado de Assis, como exemplo, o protagonista do conto O enfermeiro objeto desta análise se mostra preocupado com o que as pessoas vão pensar de sua conduta e modifica seu comportamento social para tentar superar os problemas da sociedade na qual estava inserido. Assim, as principais diferenças que podemos citar entre o Realismo e o Naturalismo, tanto na produção literária como na constituição do pensamento da sociedade, tomando como base os teóricos até aqui mencionados, se tratam de: Realismo Retrato fiel do personagem Lentidão narrativa Interpretação do Caráter Materialização do amor Determinismo e relação entre causa e efeito Veracidade Naturalismo Visão determinista e mecanicista do homem. Cientificismo Personagens patológicas Incorporação de termos científicos e profissionais Determinismo, Evolucionismo, e Positivismo Detalhes Específicos Tabela 1: Assim como nos países da Europa, o contexto histórico, econômico, político e social são fatores que influenciam nas produções culturais de qualquer país, no Brasil não foi diferente, por esse motivo nos deteremos a contextualizar as mudanças ocorridas no país, para fazer um paralelo com as vertentes das produções literárias, de cunho objetivo, crítico e participante.

17 16 No cenário brasileiro, no início do século XIX, a economia estava baseada no latifúndio, na monocultura cafeeira com mão-de-obra escrava. A oligarquia agrária apoiava o exército e aceitava a liderança dos cafeicultores paulistas, na tentativa de substituir a Monarquia, pela República. Na época da Proclamação da República (1889), o país recebia influências da Europa, ideais que encontraram um terreno fértil entre a classe média, que buscava por ideias liberais, republicanas e modernas, entre esses ideais estavam o positivismo de Auguste Comte, o determinismo de Taine, o socialismo científico de Karl Marx, o evolucionismo de Darwin e a negação do livre arbítrio do cristianismo. Nesse período da queda da escravidão e do Império, de mudanças na história, na economia e na política, a vida social e cultural recebe influências europeias, a literatura sofre ascensão e encontra terreno fértil para o novo movimento literário, o Realismo. Desta forma podemos perceber que as inquietações eram constantes, que as mudanças influenciavam os artistas e que estes representavam em suas obras, muito da realidade em que viviam. Com o autor de O Enfermeiro não foi diferente ao compor sua obra, pois Machado de Assis, representou em seu conto, não somente uma história sobre a sociedade brasileira e os problemas do proletariado, também várias situações sociais e em especial as doutrinas filosóficas que eram comuns em seu tempo, meio social e familiar. Era preciso, portanto, que ocorresse uma transformação cultural equivalente à política. A única forma de contornar o problema era a criação de um novo parâmetro de beleza, que substituísse aquele em voga na época, de modo que os burgueses pudessem nele se ver representados. Somente os burgueses, interessados em somar o poder econômico ao prestígio social, podiam realizar essa reforma, uma arte voltada para a expressão do indivíduo. No âmbito literário, o Realismo surge em oposição à alienação dos ultraromânticos, propondo uma nova estética, que apregoa a descrição exata da realidade física e humana [...] estreita imitação da vida real e que retiram seus assuntos do mundo circunstante, encarado de maneira objetiva, fotográfica, documental, sem participação do subjetivismo do artista. [...] o Naturalismo tem como sustento uma teoria peculiar, de cunho científico, que nos dá uma visão materialista do homem, da sociedade e do mundo. Em literatura, sustenta-se a tese de que a arte deve conformar-se com a natureza cósmica e humana, utilizando-se dos métodos científicos de observação e de experimentação no tratamento das ações fictícias e das personagens (D ONOFRIO, 2002, p ). Conforme afirma D Onofrio (2002), podemos então caracterizar o conto aqui estudado, como sendo tanto Realista como Naturalista, pois existe nele uma descrição

18 17 detalhada de cada personagem e da vida dos mesmos, além de que faz uma ligação entre o meio em que eles viviam, com a natureza que os cerca. A documentação da realidade com exatidão e veracidade (características do Realismo), também é percebida na introdução do conto, na qual, cita-se que a narrativa foi grafada em papéis como se fossem um testamento do narrador-personagem, Procópio, no qual estavam seus feitos e também sua tentativa de mostrar sua versão da história: Parece-lhe então que o que se deu comigo em 1860, pode entrar numa página de livro? Vá que seja, com a condição única de que não há de divulgar nada antes da minha morte. Não esperará muito, pode ser que oito dias, se não for menos; estou desenganado (ASSIS, 2016, s/p). Assim, uma das características principais do realismo é a abordagem de temas sociais, mostrando a realidade do ser humano, marcado por uma linguagem política, com cunho de denúncia dos problemas sociais, mas principalmente baseado no principio de que o ser humano é produto do meio, das condições da sociedade na qual está inserido, conforme mostra o trecho descrito: O coronel estava pior, fez testamento, descompondo o tabelião, quase tanto como a mim. O trato era mais duro, os breves lapsos de sossego e brandura faziam-se raros. Já por esse tempo tinha eu perdido a escassa dose de piedade que me fazia esquecer os excessos do doente; trazia dentro de mim um fermento de ódio e aversão (ASSIS, 2016, s/p). Nesse trecho fica claro que devido a acidez do velho, Procópio foi levado a não ter piedade dele, mesmo consciente de sua enfermidade. Aqui o autor faz uma documentação minuciosa da realidade, tomando como base sua ironia ácida, sua paródia refinada do espírito humano, mas com uma linguagem clara, como uma reação ao subjetivismo do Romantismo. Foi o historiador e crítico literário francês Hipólito Adolfo Taine ( ) que apresentou a famosa tese da tríade raça, meio e momento como condicionante do comportamento humano e, por extensão, da confecção artística da personagem de ficção. A conduta de um ser real ou imaginário seria determinada pela tríplice ação da hereditariedade, que transmite caracteres, tendências, taras; do ambiente em que a pessoa ou a personagem vive; do momento histórico, que oferece as circunstâncias existenciais (D ONOFRIO, 2002, p. 379). Hipólite Taine, citado por D Onofrio (2002), é considerado o maior representante do Determinismo, e sua doutrina aplicou o método experimental das Ciências Naturais às diversas produções do espírito humano, ou seja, em linhas mais gerais afirmava que o homem

19 18 podia ser visto como um produto biológico, e o seu comportamento é determinado pelas influências da raça, do contexto histórico e do meio ambiente. Característica do Naturalismo, a doutrina do Determinismo é contrária ao pensamento de que: somos meros dentes de uma engrenagem, a vontade individual de nada adianta (DURANT, 1981, p. 37), podemos então dizer que, nesse conto, Machado não deixou que o personagem fosse levado pelo pessimismo e descrença, mas sim passou a disfrutar da situação de coitado, pois cuidara de uma pessoa insuportável, e passou a se convencer de que a morte do Coronel seria algo inevitável, mas sim justificável. Essa teoria vai ao encontro do que afirma Bosi (1994, p. 186), A atitude de aceitação da existência tal qual ela se dá aos sentidos desdobra-se, na cultura da época, em planos diversos, mas complementares (grifo do autor). Assim, o realismo contidos no conto O Enfermeiro, trabalha com a imperfeição ética dos personagens, seres humanos corrompidos pelo meio, como um produto biológico de suas relações. Já o Naturalismo presente no conto evidencia-se na descrição da natureza humana, em especial quando tenta retratar a inferioridade do ser humano frente à grandiosidade do Criador no momento em que fala do arrependimento do protagonista por ter tirado a vida do Coronel, ou seja, quando se apega à vida a ponto de tentar vencer a morte, mas arrepende-se e sente que a natureza é impassível diante de seu sofrimento. Esta crítica à falta de balizamento ético, traduzido na ambição desmedida materializada no personagem de Procópio, é uma das atitudes que chama atenção na obra. Impelido pela ambição, ele ultrapassa os limites do socialmente aceito e correto num afã verdadeiramente prometeico (Prometeu age contra a vontade dos Zeus e dá fogo aos seres humanos e é castigado tendo que vigiar a Caixa de Pandora 1 ), agiu de maneira errada ao perder a paciência com o Coronel, ao ponto de tirar-lhe a vida e igualar-se ao Criador. Desta forma, como afirmamos anteriormente, Machado de Assis antecipou em muito, os valores éticos e nos leva a perceber que essa atitude do personagem de não sentir arrependimentos por seu ato, vai ao encontro das doutrinas que se faziam discutidas na época e, também, desse margem para que interpretássemos a obra sob a ótica do Realismo e do Naturalismo. Podemos relacionar o conto O Enfermeiro aos períodos literários Realismo e Naturalismo, pois percebe-se aspectos de algumas correntes filosóficas, as quais estavam em 1 Caixa de Pandora significa a chegada da primeira mulher a terra e com essa chegada começa as tragédias humanas, e mito grego.

20 19 voga, e como afirma Bosi (1994), o realismo está ligado à busca pelo conhecimento, a nível ideológico, firmado no determinismo, e estético, ligado à forma, em outras palavras, à liberdade de criar baseado na forma, no sentido, na discrição da realidade. Já em relação ao Naturalismo, ainda na visão do mesmo teórico: O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos submeterem-se ao destino cego das leis naturais que a ciência da época julgava ter codificado (BOSI, 1994, p. 187). Dessa forma, não é de se estranhar que o autor faça uma crítica aos dogmas que a Igreja pregava, como a bondade e a maldade do ser humano, ou o tema da morte, que Machado, tratava como uma consequência natural da existência humana. O conto O Enfermeiro, no que se refere ao Realismo, apresenta certas características na composição de seus personagens, mas podemos incluí-la como sendo uma narrativa naturalista, no qual os personagens, ao final da narração, invertem suas posturas, e ao invés de receberem um terrível castigo dos céus, ao invés de estar ligado ao lado espiritual, como era comum nos romances Românticos, vem desencadear-se no conto, em uma força de esfera psicológica do protagonista, pois sua consciência não o acusa mais e sua postura é de aceitação de sua condição patológica humana, influenciado pelos acontecimentos e pela sociedade que o cerca. É como se Machado de Assis usasse a obra para mostrar que a atitude dos homens, seus perfis psicológicos podem e estão condicionados ao meio e as convicções entre o que é ser bom ou mau, ou ainda, que nosso comportamento não está ligado ao que Deus quer, mas sim as casualidades que podem levar aos desfechos de nossas ações. Cronologicamente podemos situar o conto de Machado de Assis no movimento Realista e Naturalista, pois consegue utilizar ideais liberais e doutrinas em uma visão naturalista, que privilegia o Determinismo, o Evolucionismo e o Existencialismo na forma como eram registrados desde os meados do século XIX. Um destaque entre as obras de Machado de Assis, o conto O enfermeiro faz parte do último quartel do século XIX, momento em que uma nova ciência, baseada no método indutivo, era elevada ao vértice da fama, após ter desbancado com suas novas verdades os antigos sistemas filosóficos e unificado vários campos do conhecimento sobre o mundo natural sob a égide de um mesmo método. Visto desta forma podemos perceber que a ciência determinista teve grande influência sobre a composição de Machado de Assis, fato comum ao estilo Realista e que comprova a situação de vanguardista do escritor, ao retratar a falta de ética dos dois personagens, seja de Procópio, que iniciou como um sofredor das injúrias do Coronel, ou até

21 20 mesmo do Coronel que demonstrou momentos alheios aos seus atos, quando deixou toda sua fortuna para o enfermeiro que o matara. Essa postura sutil e irônica de falar sobre os valores morais e éticos de seus personagens, pode ser relacionada a visão de mundo que o escritor transcrevia nas ações e costumes presentes nas narrativas, e se mostra como inovador em ser tratado de um ícone da literatura brasileira. Depois de Alencar, que erigira romanticamente a figura do índio, a tradição colonial e a pureza dos costumes patriarcais como assunto da sua ficção e seu critério de valor, veio Machado de Assis, que teria, realisticamente, penetrado os meandros da sociedade fluminense, isto é, o presente, já urbanizado e até certo ponto modernizado, na medida em que guardava no seu bojo a decomposição do sistema escravista e da hegemonia imperial (BOSI, 2007, p. 151). Nesse contexto, sociocultural de inovação das amarras do passado, Machado de Assis cria uma tensão entre o que seus personagens demonstram, caracterizados como seres humanos cheios de defeitos e faz isso com maestria de quem consegue entender as nuances da inovação, mas também admitindo que a história pode ser retratada nas verdades de um relato. Não estamos afirmando que a história do conto seja uma reprodução da verdade absoluta, mas possíveis acontecimentos sociais e reais do meio em que viveu Machado de Assis, isto é, o autor buscava retratar, de maneira ficcional, a sua realidade. O que nos leva a entender essa relação entre o real e o ficcional como causas motivacionais e de correntes filosóficas de conhecimento do autor, destacando como uma das características machadianas, o qual abordava na composição de suas personagens, uma crítica moral, acreditava-se que estudar a evolução da humanidade e do pensamento por meio da representação que fazemos de mundo, o que se mostrou de efeito real e extraordinário na composição deste conto. Os contos de Machado, se apresentam assim, como um relato de acontecimentos, em face de informações provenientes da ambientação literária do autor, mas também com forma de verossimilhança, com aguçada moralidade e refinada ironia vinculada aos fatos do cotidiano de cada personagem. Machado de Assis, segundo Bosi (1994) é um ponto de equilíbrio da prosa realista, sendo o divisor de águas de suas obras, o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, o qual, o deixou conhecido mundialmente desde sua publicação, em especial pela qualidade do autor em retratar a realidade irônica. Ainda segundo Bosi (1994), essa qualidade também está presente na sua maneira de demonstrar como se dava o comportamento humano frente a determinada situação, na

22 21 subjetividade do ser, na psicologia da formação do caráter, ou até mesmo na maneira de demonstrar as peculiaridades próprias da escrita literária do autor, o que nos remete aos detalhes e qualidade que também podemos perceber no conto O Enfermeiro. Esses fatores sociais e de comportamento na composição dos personagens Machadianos também estão ligados ao momento de transformação da sociedade, na qual o realismo e o naturalismo concebiam o homem apenas como mais uma peça na engrenagem do mundo, o qual não poderia transformar o mundo mas sim servir de ligação entre o que estava acontecendo e sua maneira de ver o mundo, frente a crise do império e do escravismo, das campanhas abolicionistas e republicanas, de prosperidade da lavoura cafeeira, da valorização da ciência, acompanhada de uma visão materialista e científica do mundo. Assim, Machado de Assis, demonstra não estar preocupado com a história em si, mas sim apresentar de forma minuciosa e lenta a psicologia e a moral dos personagens, as mudanças de comportamentos dos mesmos, frente às circunstâncias da vida.

23 22 2. A RELAÇÃO ENTRE REALIDADE E FICÇÃO NAS PERSONAGENS MACHADIANAS Este capítulo tratará da influência que os contextos do Realismo e Naturalismo tiveram na composição da obra O Enfermeiro, em oposição ao estilo Romântico, o qual pode ser aqui nomeado como Dionisíaco, ou seja, referente a Dionísio ou para os latinos à Baco que é o deus do vinho, personagem mitológica conhecido pela embriagues que causa. Trazendo para a literatura, a figura dionisíaca representa o exagero, a atitude espiritual que transmite a sensibilidade e a inspiração, na qual o autor Machado de Assis, conseguiu eliminar das atitudes de seus personagens, tendência presente na segunda fase de produção do autor e considerado o momento de melhor criatividade do autor. Já o Realismo pode ser nomeado como Apolínio, que é relativo ao deus Apolo, pois estão ligados à forma, ao equilíbrio na descrição da realidade, ou o Naturalismo, quando principia-se desvendar as variações da natureza humana. Esses traços podem ser vistas na composição de Machado de Assis quando o tema evidencia a tentativa de justificar, nas teorias científicas, as representações dos personagens que constituem sua obra. A ausência do exagero, do sentimentalismo no conto O Enfermeiro e a presença do aspecto real, ou da investigação psicológica da existência humana, com que apresenta as atitudes dos personagens representa a qualidade da composição. Nessa narrativa o autor não tenta mascarar a realidade, mas demonstra que o ser humano é cheio de falhas, que o homem é explorado pelo próprio homem, ao ponto de o leitor imaginar que seria possível acontecer a história relatada no livro, assim como qualquer pessoa que ler o conto, tende a acreditar no que acontece na obra O Enfermeiro. Assim destacaremos os aspectos Realistas e Naturalistas apresentados no conto Machadiano e também a relação entre realidade e ficção, que o autor conseguiu expressar tão bem quando representa a composição da natureza humana de seus personagens, sobretudo, da influência dos movimentos científicos em voga na sociedade brasileira que também estão evidentes nas descrições de atitudes e comportamentos dos sujeitos/personagens. O século XIX é um campo onde se cruzam e entrecruzam, avançam e recuam, atuam e reagem umas sobre as outras, ora se prolongando ora opondo-se, diversas correntes estéticas e literárias. E, embora constitua um bloco homogêneo o grupo aqui estudado, o período é também atravessado pelo filete romântico-simbolista. Se há, portanto, época que se recusa a uma

24 23 periodização precisa e a mostrar nitidez de fronteiras entre os movimentos, é o século XIX (COUTINHO, 1997, p. 5). Tomando como base a citação acima podemos perceber que é difícil de determinar o momento exato em que começa ou termina um estilo literário. Mas podemos afirmar que o Realismo já era o estilo literário que predominava na literatura Inglesa e Europeia há quase um século, quando O Enfermeiro foi publicado. Neste momento a sociedade brasileira já começava a desiludir-se com os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que não teve tanto êxito como se esperava, na sociedade Europeia, visto que a sociedade era composta, em sua maioria por seres humanos que estavam mais interessados nas melhorias para si mesmos, ou seja, prevalecia o individualismo que veio junto com a industrialização. No final do século XIX, mais que um estilo literário, podemos perceber, tomando por base a teoria de Afrânio Coutinho, já citada no primeiro capítulo, que havia uma mistura de estilos. A composição do conto O Enfermeiro, assim como outras produções de Machado de Assis, não ficaram isentas dessas misturas, fazendo com que encontrássemos no conto O enfermeiro não apenas um estilo. Desta forma, o Realismo e o Naturalismo serão os gêneros dos quais faremos uma exposição, mostrando assim, que não excluímos traços de nenhum dos dois estilos no conto analisado, mas apenas que não foi o único que predominou nessa narrativa. Na segunda metade do século XIX, o Brasil vivia mudanças revolucionárias, além de transformações políticas e sociais; progressos científicos iriam mudar a vida de todos, o desejo de saber, era uma constante na vida da nova sociedade burguesa, que procurava se incluir na aristocracia. É nesse solo que a história do estilo, esse que tentou reproduzir ideais que a sociedade, agora composta pela burguesia, lutava para que predominassem enraizou-se não somente no meio social como também na política e na literatura. A arte até então era produzida e consumida pela aristocracia. Era feita pela elite e para a elite. A única forma de contornar o problema era a criação de um novo parâmetro de beleza, que substituísse aquele em voga na época, de modo que os burgueses pudessem nele se ver representados. Somente escritores e formadores de opinião e da consciência crítica, poderia ajudar os burgueses, interessados em somar o poder econômico ao prestígio social, a realizar essa reforma, uma arte voltada para a expressão do indivíduo.

25 A natureza humana em Machado de Assis: a ficcionalização da realidade Quando se fala em literatura no Brasil que possa retratar escritores que se destacaram como ícones de um período ou pela maneira revolucionária em apresentar seus personagens ou compor suas obras, o nome de Machado de Assis se destaca. Fato esse que pode ser comprovado por meio da obra do autor que compôs aquelas que inauguraram os estilos Realistas e Naturalistas em 1881, a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis e O Mulato de Aluísio de Azevedo. Machado de Assis é considerado como um dos primeiros escritores Realista da literatura brasileira, momento em que o quadro social e cultural exigia uma outra forma de abordar a realidade, sob o ponto de vista dos escritores. Nessa época a sociedade brasileira passa por mudanças radicais, a Guerra do Paraguai (1864/1870), por exemplo, ajuda na proliferação do pensamento republicano, em relação a campanha abolicionista a Lei Áurea cria o fim da mão-de-obra escrava, aumenta a vinda de imigrantes europeus, originando uma economia de estrutura colonialista, mas voltada para o mercado externo. Nesse cenário, as publicações de cunho Realista de Machado de Assis se destacam por retratar as mazelas da realidade social sem sentimentalismos românticos, no qual o homem é formado psicologicamente sob a influência do meio social. Devem-se encarar o Realismo e o Naturalismo como movimentos específicos do século XIX. Porquanto, antes de se concretizarem numa época histórica, eles eram categorias estéticas ou temperamentos artísticos, tendências gerais da alma humana em diversos tempos, como Classicismo e Romantismo, surgindo o Realismo sempre que se dá a união do espírito à vida, pela objetiva pintura da realidade. Dessa forma, há Realismo na Bíblia e em Homero, na tragédia e comédia clássicas, em Chaucer, Rabelais e Cervantes, antes de aparecer em Balzac, Stendhal e Dostoievski. Do mesmo modo, o Naturalismo existe sempre que se reage contra a espiritualização excessiva, como em certas expressões do erotismo barroco ou na ficção naturalista do século XIX (COUTINHO, 1997, p. 4-5). Conforme afirma Coutinho, podemos então caracterizar o conto O Enfermeiro como sendo tanto Realista como Naturalista, pois existe nela uma descrição detalhada de cada personagem e da vida dos mesmos, além de que faz uma ligação entre o meio em que eles viviam, como família, sociedade e cultura, ou seja, com a natureza que os cerca.

26 25 A documentação da realidade com exatidão e veracidade (características do Realismo), foram grafadas, pelo personagem Procópio, em papéis como se fossem um diário, no qual já se mostravam as circunstâncias que seriam seus feitos. Olhe, eu podia mesmo contar-lhe a minha vida inteira, em que há outras coisas interessantes, mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel, e eu só tenho papel; o ânimo é frouxo, e o tempo assemelha-se à lamparina de madrugada. Não tarda o sol do outro dia, um sol dos diabos, impenetrável como a vida. Adeus, meu caro senhor, leia isto e queira-me bem; perdoe-me o que lhe parecer mau, e não maltrate muito a arruda, se lhe não cheira a rosas. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui (ASSIS, s/p, 1994). Se nota uma consciência crítica do personagem em descrever a si próprio, situação que Machado de Assis conseguia retratar com maestria, de forma a demonstrar a falta de remorso pelo assassinato do Coronel, ou mesmo como forma de se tranquilizar por acusar um inocente. Dessa maneira se nota os devaneios que se vincula ao modo de a personagem se auto avaliar, demonstrando sua insatisfação em relação a sua postura, como também conformado com o resultado de sua empreitada, ou seja, um duelo entre a boa qualidade do caráter humano, mas também consciente em seu papel de representante da falta de moralidade. 2.2 Machado de Assis, a sociedade e seus personagens Autor considerado como expressão máxima da literatura brasileira, Machado de Assis, conforme Bosi (1994), é considerado como o ponto mais alto e mais equilibrado da prosa realista brasileira (p. 193), fator esse que nos remete ao estudo de sua vida, quais os possíveis ensinamentos ou aprendizagem que influenciaram sua maneira de escrever. Assim, Joaquim Maria Machado de Assis, era filho de um pintor mulato, e neto de escravos. Sua mãe era de origem açoriana, o que não diferenciava muito da situação dos escravos na época, pois mesmo tendo a pele branca, era uma imigrante que veio ao Brasil fugindo das difíceis condições de vida em seu país, mas que não tinha poder aquisitivo que pudesse lhe proporcionar uma vida de benefícios que os primeiros imigrantes receberam da Coroa Portuguesa, e acabavam sendo escravizados como mão de obra. Sua condição de origem étnica lhe dava uma concessão temporária de indivíduo livre, o que com certeza lhe rendeu discriminação, pelo fator de ser mestiço. Outro fator que

27 26 também podemos entender motivo de discriminação era por ter uma saúde frágil, com crises de epilepsia e gaguez. De acordo com Bosi (1994), Machado foi criado pela madrasta, era autodidata, pois mesmo sem poder frequentar a escola regularmente, devido aos seus problemas de saúde, já com quinze anos sabia francês, e trabalhava no jornal Marmota Fluminense. Aprendeu francês e latim com um padre amigo, e ainda adolescente começou a trabalhar como aprendiz de tipógrafo. Gostava muito de ler o que lhe rendeu a publicação de alguns versos, e mais tarde, ainda sob a influência de leituras de obras de escritores românticos, como evidenciado em sua obra Crisálidas (1964). Mas tarde, já casado e amparado por uma carreira burocrática passa a se dedicar a sua carreira ficcional. Ainda escreve alguns romances românticos, como Iaiá Garcia, Helena, dentre outros, nos quais se notam a tendência em retratar a calma e o equilíbrio da família burguesa, estilos e temas que já apresentavam sinais de transformações em virtude dos processos de mudanças sociais e econômicos do Brasil. Como afirma D Onofrio sobre o estilo de Machado: Os críticos costumam dividir sua vasta produção literária em duas fases: a primeira compreende as narrativas de inspiração romântica, de que já falamos; a segunda, a da maturidade, abrange todas as obras-primas. A cavaleiro entre duas épocas Romantismo e Realismo, Machado não pode ser filiado a nenhuma escola literária, pois o verdadeiro gênio não segue, mas cria os cânones estéticos (D ONOFRIO, 2002, p. 389). Dentre outros escritores, podemos citar Aluísio Azevedo, Raul Pompéia e Machado de Assis como sendo escritores, poetas ou romancistas, que se destacaram na fase Realista e ou Naturalista no Brasil, fato esse que nos leva a enquadrar suas obras no momento em que vários cientistas e filósofos desenvolviam suas teorias. Segundo Coutinho (1997), até o século XIX, as mudanças que ocorreriam na sociedade não eram tão visíveis na maneira essencial de viver no decurso da existência de um indivíduo. Pois as invenções e mudanças advindas da descoberta do fogo, agricultura, a roda e o arco e flecha aconteceram a intervalos tão longos e estabeleceram-se de um modo tão lento, que disseminaram-se de maneira demorada de seus pontos de origem ao ponto de o ser humano, individualmente, não ser capaz de perceber qualquer mudança no decurso de sua vida que a afetasse de maneira irreversível. Mas no início do século XIX é que essas doutrinas ganharam grande repercussão quando seus defensores, ao finalizarem seus estudos e observações, publicaram livros com essas teorias.

28 27 Nos deteremos a fazer um breve relato das transformações que passavam a determinar os rumos finais do século XIX e início do século XX, as quais reformulavam as várias perspectivas tidas como fundamentais até então, o que também influenciou os escritores, tanto na Europa como também no Brasil, em especial Machado de Assis, na segunda fase de suas produções, quando demonstra maior compromisso com a realidade objetiva e o combate ao idealismo romântico. As descobertas científicas e as novas doutrinas criavam inusitadas referências para toda a sociedade, pois nesse momento o mundo passava a conhecer a luz elétrica, o petróleo, via surgir as novas técnicas em medicina e as mais variadas máquinas para o uso humano, ou seja, o processo de industrialização, aliado ao capitalismo crescente e ao desenvolvimento da ciência, favoreceram o surgimento de uma nova sociedade e de novos parâmetros literários que se faziam presentes nas obras de vários escritores e também nas produções literárias Machadianas, além de que serviram de base para uma nova interpretação da realidade, sem idealizações apenas de cunho romântico, gerando novos movimentos filosóficos, científicos e político-sociais. Como afirma Afrânio Coutinho na citação abaixo: Além do positivismo, ortodoxo de Comte e heterodoxo de Littré, outras doutrinas deram colorido especial à era materialista: o evolucionismo de Spencer; o monismo de Kant, Schopenhauer e Hartman, e, depois, de Haeckel e Noirée; a geografia de Peschel e Ratzel; a história de Buckle; a física e a química mecanicista e materialista; a biologia de Darwin, com as noções básicas de evolução, ambiente e meio, e seleção natural, acentuando a dependência dos seres vivos às circunstâncias externas; a psicologia de laboratório, unindo a física e a biologia para mostrar a base física do pensamento e da conduta humana e a afinidade do homem com os animais (COUTINHO, 1997, p. 23). Dentre os mais variados movimentos e doutrinas que se destacaram na Europa, e que repercutiram no Brasil no início do século XIX, conforme afirma Afrânio Coutinho (1997), podemos citar algumas que estão presentes no conto O Enfermeiro, as quais tomamos como base para desenvolver nossas comparações: o Determinismo, o Evolucionismo e o Existencialismo, que já haviam sido publicadas alguns anos antes da referida obra e já eram de conhecimento da sociedade e de escritores como Machado de Assis. Hipólite Taine é considerado o maior representante do Determinismo, mas não foi o primeiro a levantar tais teorias, visto que Montesquieu e Madame Staël, já haviam apresentado essas idéias, o que nos leva a afirmar que sendo uma doutrina que destaca a condição do ser humano em relação as determinações do meio e das condições que determinam sua maneira de agir, no conto, o personagem de Procópio esteve à mercê do que

29 28 era a vontade das circunstâncias, pois não sabia da intenção de sua própria vítima em colocálo como herdeiro de sua herança, visto que o Coronel o tratava de maneira tão maléfica e vil, em outras palavras, o resultado de suas ações estavam acima do que ele mesmo acreditava ser o resultado das atitudes que o Coronel exercia em relação a ele próprio. No decorrer da história da filosofia, várias vezes e em diferentes modalidades, foi apresentada a tese que sustenta que as ações humanas e os acontecimentos do universo são determinados pelo princípio da causalidade: as leis físicas, químicas e biopsíquicas ocasionariam fenômenos, fatos e comportamentos, independentemente de uma vontade divina ou humana (D ONOFRIO, 2002, p. 378). Essa doutrina aplicou o método experimental das Ciências Naturais às diversas produções do espírito humano, ou seja, em linhas mais gerais afirmava-se que o homem podia ser visto como um produto biológico, e o seu comportamento é determinado pelas influências da raça, do contexto histórico e do meio ambiente. Já o Evolucionismo, teoria inaugurada por Lamark ( ), mas foi mais difundida com o naturalista Charles Darwin que, apoiando-se em experimentos de seleção artificial da cultura de plantas e da criação de animais, defendeu a teoria da evolução das espécies, que também abrange a espécie humana e é apoiada pela Paleontologia, ciência que estuda os fósseis. Darwin afirmou que existe um parentesco fisiológico e uma origem comum de todos os seres vivos, com a formação de novas espécies por um processo de seleção natural, ou seja, predomínio do mais forte sobre o mais fraco, demonstrou também, de forma científica que os seres humanos e os macacos têm um antepassado em comum, negando, portanto, a posição defendida pelo Cristianismo, de que a origem da vida é de criação divina. A literatura desse período alegou que a seleção natural pregada por Darwin também ocorria com o homem que vive em sociedade. Contudo, Darwin não foi o primeiro a propor a idéia de que as espécies de plantas e de animais podem sofrer alterações com o passar do tempo. Na última década do séc. XVIII, o avô de Charles, Erasmus Darwin, escreveu um tratado sobre a evolução e logo depois, em 1809, o naturalista francês Jean Baptiste de Lamark publicou sua Filosofia Zoológica, que contém estudos sobre a mutabilidade das espécies biológicas (LEAKEY, in CLARET, 1986, p. 61). Essa teoria era de conhecimento de vários estudiosos, como cientista, biólogos, historiadores e até mesmo do clero, também sabemos que os escritores faziam um estudo do meio em que viviam e das informações mais recentes no momento que começavam a compor

30 29 sua obra. Trazendo isso para o conto de Machado de Assis, visto que, o mesmo demonstrava ter um enfoque nos conflitos internos do homem, talvez influenciado pelas raízes nas tradições da cultura europeia, mas com um sarcasmo e estilo amargo, Machado traz para o leitor um humor pessimista e a complexidade do pensamento, fator esse em ascensão nas produções literárias, em consonância com as mudanças que estavam ocorrendo na sociedade brasileira. Não menos importante, e também presente no conto Machadiano, está o Existencialismo, outra doutrina que se destacou no século XIX com o filósofo Herbert Spencer, a qual tem como fundador o dinamarquês Sören Kierkegaard, conforme afirma D Onofrio (2002), que também estava relacionada à evolução dos indivíduos e da sociedade. Essa filosofia era como uma reflexão sobre a existência do mundo e do homem e, aliada as leis científicas, passou a ser deduzida do princípio fundamental da evolução. Há uma falta de crença na personagem de Procópio, em relação a atitudes morais, que eram pregadas pela Igreja, seu apego ao dinheiro, sua falta de ceticismo em relação a vida por morte, seja quando o coronel lhe pergunta se tem medo da morte: Você crê em almas de outro mundo. Procópio? - Qual o quê! (ASSIS, 1994, s/p), ou quando pede ao destinatário de sua carta, que lhe faça uma lápide como pagamento pela sua narração, comprovando assim, que o personagem se sente apegado a sua existência como em que o real sobrepõe ao poder divino, que somos geridos pela evolução de cada indivíduo. A ciência deverá admitir que suas leis se aplicam apenas aos fenômenos e ao relativo; a religião deverá admitir que sua teologia é um mito racionalizante para uma crença que define a concepção. A mente e a matéria são, igualmente, fenômenos relativos, o efeito duplo de uma causa fundamental cuja natureza terá de permanecer desconhecida. O reconhecimento desse Poder Imperscrutável é o âmago da verdade em todas as religiões e o começo de todas as filosofias (DURANT, 1981, p. 38). Essas doutrinas filosóficas e de pensamento, estavam muito latentes na sociedade tanto do final do século XVIII como no início do século XIX, pois os teóricos não chegavam a uma conclusão de seus estudos de um momento para o outro, além de que, como podemos confirmar com a teoria de alguns críticos já citados, elas tiveram início e se destacaram, com maior repercussão, durante o estilo Realista e Naturalista. A arte, e portanto, a literatura, é uma transposição do real par ao ilusório por meio de uma estilização formal, que propõe um tipo de arbitrário de ordem para as coisas, os seres, os sentimentos. Nela se combinam um elemento de vinculação à realidade natural ou social, e um elemento de manipulação

31 30 técnica, indispensável à sua configuração, e implicando uma atitude de gratuidade (CANDIDO, 2003, p. 47). Com enforque em conflitos internos do homem, percebe-se a importância do contexto histórico ou social do autor ao compor sua obra, pois consegue descrever a totalidade da sociedade, expondo tipos sociais como escravos, senhores, proletariados, funcionários que se mostram dotados de um maniqueísmo envolto nos costumes de subjugação dos mais fracos. A sociedade retratada demonstrava uma relação complexa entre o indivíduo e a reprodução da realidade objetiva, mas com seu jeito de deixar as soluções meio que no ar, criando expectativas sobre a condição humana que não são totalmente resolvidas, mas deixam para que o leitor faça sua própria interpretação. Há também um certo ar de moderno e arcaico que leva o leitor ao questionamento sobre até que ponto as narrativas são realmente uma ficção ou parte de uma realidade passível de acontecer. Curiosamente, este arcaísmo parece bruscamente moderno, depois das tendências de vanguarda do nosso século, que também procuram sugerir o todo pelo fragmento, a estrutura pela elipse, a emoção pela ironia e a grandeza pela banalidade (CANDIDO, 2003, p. 26). De forma sutil e inovadora, tentado demonstrar neutralidade sobre os conflitos objetivos e subjetivos dos indivíduos, a narrativa demonstra a queda de valores e costumes sociais, demonstrando o jogo entre realidade e ficção, e a complexidade dos comportamentos e relações sociais que se estabeleciam naquele momento, a crítica velada ou camuflada sobre os comportamentos da sociedade, mas sem confrontá-la, mas dando oportunidade de o leitor fazer esse papel de crítico e participante dos desfechos. A escrita singular de Machado, sua ambiguidade perceptível na ironia da composição dos personagens, os quais são dotados de interpretação e tentativa de modificar o pensamento do leitor, ou seja, arquétipos próprios da sociedade de seu tempo, mas que também são imparciais e objetivos. Essas perspectivas nos levam a observar que no conto O enfermeiro prevalece a representação da realidade, de forma que o narrador lembra a todo momento que as influências de fatores sócias se tornam evidentes, e devemos ter em mente que a narrativa expressa aspectos da realidade filtrados pela visão de mundo do artista, seja em seus conceitos ou noções de como vê a realidade e por ela é afetado.

32 31 3. OS PERSONAGENS NO CONTO O ENFERMEIRO DE MACHADO DE ASSIS A tarefa de compreender como um conto funciona nos remete a visão de Cortázar (1993), o qual define o escritor Edgar Allan Poe, como um precursor desse gênero, pois percebeu, antes de todos, o rigor desse gênero literário, que se diferencia do romance pela quantidade de personagens como também na questão do tamanho. Deste modo, o efeito, a extensão e o desfecho são os elementos básicos que delimitam um conto, conforme esclarece Júlio Cortázar (1993, p. 148) Um conto é uma verdadeira máquina literária de criar interesse [...], levando em consideração que a importância do que está acontecendo, a intensidade dos acontecimentos, o efeito da narrativa, do final inesperado, ou da intensidade, são elementos que podem causar interesse no leitor. Assim podemos caracterizar os contos machadianos e sua dimensão literária, seja na questão sociológica e a representação da realidade, ou nos elementos significativos que nos remete ao universo da ficção, resultando na imaginação de um autor que consegue modificar a realidade, na qual observa, interpreta e transmite para seus personagens. As ações humanas se desenrolam em cenários e situações onde a meta de cada um é o encontro da felicidade, seja por satisfação pessoal, ou revestida pelo manto da justiça, ou até mesmo forjada de liberdade, igualdade e peso de consciência. Dependendo da maneira de se sentir livre de remorsos, ou de justificar sua conduta, o homem tende a explicar o porquê de sua maneira de agir, o que muitas vezes pode ou não ser condenada pela sociedade. Juízes de sua consciência, atitudes ou condutas, os homens conhecem sua própria natureza, mas muitas vezes se escondem por detrás de máscaras ou até mesmo de legisladores, na tentativa de que o outrem possa sistematizar normas que garantam que suas atitudes possam ser avaliadas, mas não condenadas. Assim é possível verificar no conto O Enfermeiro de Machado de Assis, pois Procópio, se coloca ao mesmo tempo como vítima e o malfeitor do Coronel Felisberto. Vítima por sofrer inúmeras humilhações e agressões e malfeitor por ser o culpado de sua morte, mesmo que viesse a esquecer sua conduta, quando descobre que é herdeiro universal do Coronel. Muitas vezes buscamos compreender um autor, ou sua obra, pelo que entendemos sobre sua criação ou até mesmo pela qualidade do que um autor escreve em relação ao momento que escreve, nesse sentido podemos ver que nas narrativas Machadianas, a natureza humana se apresenta ao leitor com a ironia de que o mesmo é capaz de interpretar e

33 32 conceituar o ser humano a partir de sua própria conduta do que é certo ou errado, e aí é que vemos a realidade e o realismo com que Machado de Assis trabalha o indivíduo, sua ganância, seu poder, sua alma boa ou má, seus desejos materiais ou espirituais e suas justificativas de comportamento. O conto O Enfermeiro deve ser analisado com cautela, por apresentar um narradorpersonagem que interfere em sua própria narrativa, e se mostra como um indivíduo dotado de subjetividade e moralidade, a qual vai se mostrando menos presente, de acordo com o desenrolar da trama, Não era só escrúpulo; era também o modo de resgatar o crime por um ato de virtude; pareceu-me que ficava assim de contas saldas (ASSIS, 1994, s/p), pois o mesmo muda de ideia, que antes era de doar os bens do falecido Coronel, mas no final acaba fazendo apenas pequenos donativos, Entrando na posse da herança, converti-a em títulos e dinheiro. Eram então passados muitos meses, e a idéia de distribuí-la toda em esmolas e donativos pios não me dominou como da primeira vez; achei mesmo que era afetação (ASSIS, 1994, s/p). Assim, os aspectos realistas desse conto podem ser vistos no apego a objetividade, seja pela falta de um caso de amor, comum ao período Romântico, seja pela falta de subjetivismo, centrando-se na crença somente da razão e na aceitação do inevitável na relação entre patrão e empregado, como uma forma de substituir o sentido de escravidão que poderia ser entendido entre o Coronel e Procópio: Chegando à vila, tive más notícias do coronel. Era homem insuportável, estúdio, exigente, ninguém o aturava, nem os próprios amigos (ASSIS, 1994, s/p). 3.1 Análise literária O conto O Enfermeiro foi publicado pela primeira vez com esse título na coletânea Várias Histórias em 1895, mas antes disso teve outro título Coisas íntimas e tinha sido publicado em 13 de julho de 1884, na Gazeta de Notícias, o qual teve críticas favoráveis sobre a forma que o autor usou para tratar sobre a psicologia humana, como uma tentativa do autor de representar os atos repugnantes dos fatos da alma humana, ou um distanciamento entre o que era realista e naturalista, no qual o tom da obra pode ser o horrível do homem. O itinerário das dúvidas em Machado de Assis está marcado por alguns contos admiráveis, todos escritos depois das Memórias [...] E haveria outros

34 33 contos a citar, obras-primas de desenho psicológico ( Dona Benedita, A Causa Secreta, Trio em Lá Menor ) e de sugestão de atmosferas ( Missa do Galo, Entre Santos ) (BOSI, 1994, p. 203). Na citação acima, percebe-se que o conto O enfermeiro não teve grande expressão, visto que os teóricos tendem em citar em suas críticas outros contos que também fizeram parte de da coletânea de contos Várias histórias, e consideravam como produções machadianas as narrativas: A cartomante ou a Causa Secreta. Mas vale destacar que O enfermeiro também é um conto em que o autor toma as desventuras da psicologia humana e [...] examina as virtudes e os vícios, as aspirações e as lutas cotidianas para conseguirem migalhas de felicidade. O esforço do indivíduo embate-se contra a ironia do destino (D ONOFRIO, 2002, p. 390). O conto pode ser visto, por exemplo, como uma espécie de estudo da alma humana, uma finura psicológica na formação dos personagens, como é o caso de Procópio que oscila na aceitação inicial dos maltratos de Felisberto, seu patrão e também as oscilações de humores que o Coronel apresenta e, logo depois, se mostrando arrependido e pedindo desculpas ao empregado. No início do conto Procópio se apresenta como desenganado (ASSIS, 1994, s/p), deixando entender, ao relatar seus infortúnios que faz uma tentativa de retratar sua moral, apresentando todos os sofrimentos como servente de um Coronel amargo e cruel, que padecia de uma infinidade de moléstias. Exemplo de narrativa curta, o conto O Enfermeiro nos apresenta um narrador e primeira pessoa, com foco na descrição dos fatos sobre os atos do personagem principal Procópio, durante o período que esteve como enfermeiro do coronel. É possível perceber que a trama apresenta dois núcleos na narrativa, ou seja, a cidade de Niterói, quando Procópio ainda é um copista em uma igreja de uma vila do interior, e mais tarde quando se desloca para outra cidade do interior como enfermeiro do coronel Felisberto. Ainda podemos perceber que o conto nos faz alusão a situações comuns à época em que foi escrito, confirmando o tempo cronológico da trama quando menciona que: Parece-lhe então que o que se deu comigo em 1860 ou Mandei também levantar um túmulo ao coronel, todo de mármore, obra de um napolitano, que aqui esteve até 1866, e foi morrer, creio eu, no Paraguai (ASSIS, 1994, s/p.), ou seja, faz alusão ao período da guerra do Paraguai ( ), buscando assim apresentar a junção entre fato, contexto histórico e sociológico. O enredo do conto é uma narrativa sobre Procópio José Gomes Valongo, um copiador de estudos de teologia de um padre que lhe dá a missão de ser enfermeiro, a pedido de um

35 34 vigário, para o coronel Felisberto O padre falou-me, aceitei com ambas as mãos, estava já enfarado de copiar citações latinas e fórmulas eclesiásticas. Vim à corte despedir-me de um irmão, e segui para a vila (ASSIS, 1994, s/p). O conto machadiano nos traz emoção e suspense diluídos em duas prioridades: a análise psicológica e a especulação filosófica do comportamento humano, levando o leitor a uma interpretação e leitura atenciosa, pois Machado busca nutrir a mediocridade do personagem masculino, como Procópio, muitas vezes com pouca inteligência ou superficiais, no qual o que se tem é o que se vale, ou seja o status tem mais prestígio que a moral, essas más qualificações dos caráter, também são comuns aos personagens femininos, os quais se apresentam como sendo adúlteras ou resignadas com o adultério do marido, fúteis, sedutoras, vaidosas, como Rita do conto A Cartomante. O conto é uma narrativa simples, porém não necessariamente menos densa que o romance, narra um único episódio, sem compromisso com a biografia do personagem até a idade de quarenta e dois anos, como expresso no seguinte trecho: Já sabe que foi em l860. No ano anterior, ali pelo mês de agosto, tendo eu quarenta e dois anos, fiz-me teólogo. - quero dizer, copiava os estudos de teologia de um padre de Niterói, antigo companheiro de colégio, que assim me dava. delicadamente, casa, cama e mesa (ASSIS, 1994, s/p). Não tem divisão de capítulos, mas possui unidade de personagem, de tempo, de espaço e ação. Sua estrutura narrativa mais simplificada permite ao escritor uma maior agilidade na produção, O conto O Enfermeiro de Machado de Assis, sob a ótica da teoria de Vitor Manuel de Aguiar e Silva (1988), apresenta uma narrativa de moldura, com uma hipodiegese, ou seja, uma narrativa menor inserida dentro de uma narrativa de moldura, ou seja in últimas rés, quando o enfermeiro, já velho, doente e desenganado, conta um episódio de sua vida, acontecido anos atrás, pedindo ao narratário, que publique somente após sua morte: [...] não há de divulgar nada antes de minha morte [...] (ASSIS, 1994, s/p). O tempo da narrativa é psicológico, pois não se sabe quanto tempo o enfermeiro gastou para escrevê-la: Eram então passados muitos meses, e a idéia de distribuí-la toda em esmolas e donativos pios não me dominou como da primeira vez [...]Os anos foram andando, a memória tornou-se cinzenta e desmaiada (ASSIS, 1994, s/p). Na Hipodiegese a história segue as normas da narrativa tradicional, pois possui uma sequência linear, onde predomina o tempo cronológico: No oitavo dia... (ASSIS, s/p, 1994). Mas há também o psicológico em um monólogo interior Crime ou luta? Realmente, foi uma

36 35 luta em eu atacado, defendi-me, e na defesa... (ASSIS, 1994, s/p) e fluxo de consciência Maldita a hora em que aceitei semelhante coisa! (ASSIS, 1994, s/p). O nível da narrativa é intradiegético 2, ou seja, o narrador está dentro da trama e é um narrador-protagonista, e também autodiegético 3 pois conta um fato de sua própria vida, com foco narrativo em primeira pessoa. A narrativa se constitui em discurso direto Você é gatuno? (ASSIS, 1994, s/p) e indireto Era um homem insuportável... (idem, s/p, 1994), com predominância para o indireto, porque o narrador tem a palavra por mais tempo. O espaço interno do episódio é a casa do coronel, e o espaço externo do conto e a vila no interior do Rio de Janeiro. No plano psicológico há o espaço interior que é a hipodiegese; o espaço exterior é a narrativa de moldura. Mesmo sendo um conto, não há condensação de personagens, enquanto a caracterização e importância na narrativa eles são: protagonista - o enfermeiro; antagonista o coronel e deuteragonista o padre, o vigário e o médico. Quanto a universalidade, quase todos os personagens são planos, não mudando de atitudes no decorrer da narração, salvo o enfermeiro, que a princípio é um empregado calmo, mas depois tem o surto de raiva, ao revidar o ataque de raiva do coronel: Ele, que parecia delirar, continuou nos mesmos gritos, e acabou por lançar mão da moringa e arremessá-la contra mim. Não tive tempo de desviar-me; a moringa bateu-me na face esquerda, e tal foi a dor que não vi mais nada; atirei-me ao doente, pus-lhe as mãos ao pescoço, lutamos, e esganei-o (ASSIS, 1994, s/p). Na constituição das ações, os fatos ascendentes estão presentes tanto na narrativa de moldura, quando o enfermeiro pede ao narratário que publique sua história, e também na hipodiegese, quando o enfermeiro chega à casa do coronel e os constantes ataques do doente. O clímax se dá quando o enfermeiro, tomando pela dor e raiva, esgana o doente, que lhe tinha acertado uma moringa no rosto. Com a morte do doente, o enfermeiro se sente culpado inicialmente, mas depois que descobriu ser o único herdeiro do coronel e receber o dinheiro, acaba esquecendo de tudo, ao ponto de pedir para o narratário colocar em seu túmulo o epitáfio Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão consolados (ASSIS, 1994, s/p). 2 Intradiegetico: e o personagem dentro do texto, ele assume o papel do narrador. 3 Autodiegético: e o narrador que e um personagem principal da obra e que relata na primeira pessoa, as suas vivencia pessoal.

37 O Realismo e Naturalismo nas personagens Conforme afirma Coutinho (1997), podemos então caracterizar o conto O Enfermeiro como sendo tanto Realista como Naturalista, pois existe nela uma descrição detalhada de cada personagem e da vida dos mesmos, além de que, na narrativa faz-se uma ligação entre o meio em que eles viviam, como família, sociedade e cultura, ou seja, com a hereditariedade e também com a natureza que os cerca. As personagens machadianas simbolizam o que o autor pensa de a condição humana, a mediocridade, a pouca inteligência, a falta de objetivos significativos, a exemplo temos a mesquinhes de Procópio quando tem como objetivos estudar e para tanto, aceita ser copista para um padre em Niterói: Já sabe que foi em l860. No ano anterior, ali pelo mês de agosto, tendo eu quarenta e dois anos, fiz-me teólogo. - quero dizer, copiava os estudos de teologia de um padre de Niterói, antigo companheiro de colégio, que assim me dava. delicadamente, casa, cama e mesa (ASSIS, 1994, s/p). Procópio deixa de ser um copiador de estudos de teologia em troca de cama e mesa, pois acredita que ali teria melhores condições de vida e de morada: O padre falou-me, aceitei com ambas as mãos, estava já enfarado de copiar citações latinas e fórmulas eclesiásticas. Vim à corte despedir-me de um irmão, e segui para a vila (ASSIS, 1994, s/p). Ou seja, deixa um trabalho por outro pelo mesmo motivo, as sobras, dentre os males o menor. A documentação da realidade com exatidão e veracidade (características do Realismo), foram grafadas na carta, com a confissão de Procópio, na qual estava seu mal feito, o assassinato do Coronel. Ao enviá-la, Procópio age como se tentasse apaziguar sua consciência, ou convencer o leitor que não é uma pessoa ruim, ou seja, há uma dualidade de sua psicologia, de sua alma como se fosse uma dentro da outra, assim por influência do estilo interpretarmos, que ainda hoje somos vítimas da situação, do acaso, mas também das leis deterministas. Procópio e Felisberto trazem em sua composição o conflito dos traços realistas e naturalistas, visto que o Coronel tenta sobrepor sua força sobre seu proletariado, como também a patologia que pudesse lhe dar esse poder. As correntes filosóficas percebidas no personagem protagonista, como o impasse de identidade, da subjetivação e dos dilemas morais, fazendo um contraste entre a busca pelas novas descobertas e o racionalismo que demonstra, pois não sente respeito pelos cadáveres que usa como matéria-prima na construção da Criatura, também são características do

38 37 Realismo presentes na obra. E dessa forma podemos ver em Procópio, o seu lado patológico e egocêntrico. Enquanto Procópio tem traços desse estilo quando por consequência da rejeição, dos maltratos do Coronel ou quando esse lhe chama de gatuno, é uma parte de seu sofrimento, mas também da consequência de seu status frente a sociedade, tornando-se um ser maléfico, que resolve destruir seu futuro benfeitor. Não há condensação dos personagens, mas sim uma tentativa de demonstrar o quanto Procópio havia sofrido na mão do Coronel Felisberto, por meio de uma narração minuciosa e Naturalista do gênio forte do Coronel, inclusive é possível entender que sendo Procópio um homem livre, mas pobre, pois dependia da força de seu trabalho até mesmo para comer, ou do fato de aceitar as injúrias do coronel, e no final tentando agir como seu próprio malfeitor, ou seja, seu comportamento acabou sendo influenciado pela convivência com o Coronel, demonstrando assim que somos produtos do meio, como defendia o Determinismo de Taine. Outra teoria que podemos relacionar aos personagens do conto O Enfermeiro está no Socialismo de Marx, no qual defende o despertar da consciência da classe operária, como se o protagonista representasse em sua atitude quando, na condição de empregado leva seu ódio às vias de fato, como um tentativa de despertar para sua liberdade opressora, aqui representada pelo Coronel, ou seja que seu consciente sobrepõe ao inconsciente e se esquece do que é aceitavelmente moral e ético frente a sociedade, e depois faz uma censura de seu comportamento, tentando justificar sua conduta em detrimento dos insultos e humilhações que sofre por parte do Coronel. Em seguida perguntou-me pelo nome: disse-lhe e ele fez um gesto de espanto. Colombo? Não, senhor: Procópio José Gomes Valongo. Valongo? achou que não era nome de gente, e propôs chamar-me tão-somente Procópio, ao que respondi que estaria pelo que fosse de seu agrado. Contolhe esta particularidade, não só porque me parece pintá-lo bem, como porque a minha resposta deu de mim a melhor idéia ao coronel (ASSIS, 1994, s/p). Valongo era o nome do mercado de escravos entre 1811 e 1831, no Rio de Janeiro, ou seja, ele mesmo se via como um senhor de escravos, ou até mesmo sentia essa vontade, ou seja, tanto Procópio como o Coronel podem ser considerados como personagens que representa as características do Naturalismo, que teve sua vida condicionada por meio de fatores externos, que seria a sociedade. Seu ser aparece como um produto, consequência de forças pré-existentes que limitam sua responsabilidade e o torna um joguete das situações sociais.

39 38 O Coronel apresenta, visivelmente, problemas quanto a sua hostilidade, oscilando, consequentemente, seu comportamento entre a simpatia e a hostilidade, um momento agredia, no outro usava de suas enfermidades para justificar sua conduta, ao ponto que seu escravo continuasse aceitando suas rabugices. No conto, Procópio é o narrador e personagem e podemos verificar isso no fato dele mesmo tentar o ocultamento do assassinato do Coronel Parece-lhe então que o que se deu comigo em 1860, pode entrar numa página de livro? Vá que seja, com a condição única de que não há de divulgar nada antes da minha morte (ASSIS, 1994, s/p), com a condição de se guardar sigilo daquilo que havia feito. Ou mesmo com personagem, que após o crime, o corroem de culpa e medo de ser descoberto, mas que após o recebimento da herança, o lado egocêntrico e ganancioso entra em cena, posicionamentos comuns aos personagens machadianos, que levam o leitor a análise psicológica dos personagens, tentando demonstrar que qualquer leitor poderia ser o personagem de sua obra. Esta crítica à falta de balizamento ético do personagem, traduzido na ambição desmedida é materializada no personagem de Procópio, é uma das atitudes que chama atenção na obra. Por ela impelido, ele ultrapassa os limites do socialmente aceito, ou seja, Procópio também agiu de maneira errada ao tentar igualar seu comportamento ao patrão. Essa mudança de comportamento, nos leva a perceber que essa atitude vai ao encontro das doutrinas que se faziam discutidas na época e também dá margem para que interpretássemos o conto sob a ótica do Realismo e do Naturalismo. [...] observar com atenção o amor-próprio dos homens e o arbítrio da fortuna para reconstruir na ficção os labirintos da realidade. Pois, se a reflexão se extraviasse pelas veredas da ciência pedante do tempo, adeus aquele humor de Machado que joga apenas com os signos do cotidiano... (BOSI, 1994, p. 201, grifo do autor). Assim com afirma Bosi (1994), o gosto da fortuna que Procópio recebera deu lugar a culpa do assassinato, ou a doação dos bens é substituída, em pouco tempo pela sua falta de remorso, devido a rejeição e temor que todos os moradores da vila demonstravam sentir pelo Coronel: E referiam-me casos duros, ações perversas, algumas extraordinárias. Quer que lhe diga? Eu, a princípio, ia ouvindo cheio de curiosidade; depois, entrou-me no coração um singular prazer, que eu, sinceramente buscava expelir. E defendia o coronel, explicava-o, atribuía alguma coisa às rivalidades locais; confessava, sim, que era um pouco violento... Um pouco? Era uma cobra assanhada, interrompia-me o barbeiro; e todos, o coletor, o

40 39 boticário, o escrivão, todos diziam a mesma coisa; e vinham outras anedotas, vinha toda a vida do defunto. Os velhos lembravam-se das crueldades dele, em menino. E o prazer íntimo, calado, insidioso, crescia dentro de mim, espécie de tênia moral, que por mais que a arrancasse aos pedaços, recompunha-se logo e ia ficando (ASSIS, 1994, s/p). O sofrimento e a dor de consciência são substituídos pelo reconhecimento de que sua dedicação extrema valia o pecúlio do velho, ou seja, o narrador começa a arranjar desculpas em sua mente para arejar sua consciência, para compensar sua falha, situações comuns na literatura machadiana, pois encara os acontecimentos sérios com tom de humor e leveza como recurso crítico. Para Bosi (1994) parece haver em Machado de Assis, um prazer perverso em não ser previsível em seus contos, e aqui não foi diferente, pois a expectativa que o leitor faz em saber se Procópio será preso, ou descoberto, rompe com a espera do leitor, especialmente o leitor acostumado aos finais dos contos de folhetins românticos de sua época. Adeus, meu caro senhor. Se achar que esses apontamentos valem alguma coisa, pague-me também com um túmulo de mármore, ao qual dará por epitáfio esta emenda que faço aqui ao divino sermão da montanha: "Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão consolados." (ASSIS, 1994, s/p). Comum aos contos machadianos aqui vemos que há um anticlímax, quando Procópio pede ao destinatário da carta que lhe faça um túmulo, nesse trecho fica claro que o personagem não se arrepende do que fez ao Coronel, e até incita o leitor lhe pagar com honrarias fúnebres, assim como ele fez com o coronel, e deixa entender que seu apego ao dinheiro compensaram os sofrimentos vividos na mão do Coronel Felisberto. Nota-se que o autor consegue transpor para suas obras as influências que recebia do meio em que vivia, seja a miséria da sociedade urbana, ou a falta de moral dos indivíduos, ou o apego ao dinheiro, fazendo um trocadilho em suas narrações invertidas, ou até mesmo em suas regressões temporais. Assim, podemos dizer que Machado de Assis, consegue, nesse conto, configurar suas personagens de forma que a ficção retrate o que a sociedade lhe transmitia, em uma dialética entre a criação artística e a realidade do autor.

41 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao tentar-se concluir ou interromper a pesquisa, visto que um estudo literário é fonte inesgotável de análise, fez-se necessária a colocação de algumas questões: Em uma obra literária, até que ponto a realidade interfere na ficção? Ou, até onde vai a realidade e começa a ficção? E, a resposta a esses questionamentos foram imprescindíveis, para que se constate o progresso de conhecimentos com relação ao objetivo proposto. É nossa esperança que este trabalho tenha conseguido fazer uma configuração entre a realidade e a ficção no momento de o autor compor seus personagens e sua obra, além de poder demonstrar a qualidade da produção literária machadiana, seja em seu estudo da psicologia humana, da especulação filosófica, da anulação da existência, onde os personagens não são capazes de transformar sua própria vida, mas sim se enchem de vaidade, egoísmos e ganância. Tomando como base o conto O Enfermeiro foi possível constatar que as profundas mudanças que ocorreram na sociedade, as doutrinas filosóficas que se fizerem conhecidas no período que corresponde ao final do século XVIII e início do século XIX, na Europa, e se fez sentir também na sociedade brasileira, revertendo na literatura a busca por mudanças estéticas que correspondiam ao final do período Romântico, é que fizeram com que o autor apresentasse em seu conto aspectos dos estilos literários Realismo e Naturalismo. Foi possível comprovar, mesmo não se mostrando uma tarefa fácil, que os conhecimentos e influências que o autor recebeu fez com que conseguisse retratar os estilos Realistas e Naturalista, na composição de seus personagens, fazendo uma ligação com as ciências, quando reduz a atitude agressiva de Procópio a condição animal, ou quando coloca o instinto sobre a razão, ou justifica as condutas desagradáveis e repulsivas do Coronel, como o motivo para seu assassinato, fazendo uma ligação a teoria do Determinismo, onde o meio e a raça determinam sua conduta, além de claro, os questionamentos sobre a consciência e patologia humana sobre o sentimento de culpa, demonstradas especialmente por esses dois personagens e que podem ser relacionados à teoria Existencialista. Ao estilo Realista pode-se associar a descrição fiel da realidade que Machado conseguiu demonstrar usando como base a carta escrita por Procópio, como se fosse um relato ou um documento humano. Sendo assim pode-se perceber que o propósito estabelecido, em destacar a realidade e a ficção nas configurações dos personagens do conto, bem como os aspectos Realistas e Naturalistas, foram alcançados, pois o autor conseguiu retratar as

42 41 dualidades e interferências desses dois estilos, vigentes naquele período, e acima de tudo mostrou de maneira criativa e vanguardista a luta do ser humano para conseguir alcançar o mascaramento social, mesmo que o homem, na visão do autor, ainda não estivesse preparado para ser bom o suficiente a ponto de superar os sentimentos que o afloram no decorrer de sua vida, como a dissimulação e racionalização, encobertas pelo véu da falta de moral. Podemos afirmar que foi possível alcançar um saldo positivo com esse estudo o qual apresenta tanta originalidade em temas tão comuns e ao mesmo tempo tão psicológico, mas também perceber que há vários tipos de questionamentos em torno de uma criação literária, seja na sutileza do autor ao conseguir demonstrar as influências da sociedade ao compor seus personagens, seja em sua qualidade em demonstrar com esses mesmos personagens as subjetivação, a psicologia, as mudanças e influências do período que em compôs sua obra.

43 42 REFERÊNCIAS ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar v. II. Disponível em: Acesso em: Junho/2016. AZEVEDO, Sebastião Laércio. Dicionário de nomes de pessoas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 3ª ed. São Paulo: Cultrix, BOSI, Alfredo. Machado de Assis: o enigma do olhar. 4º ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, CANDIDO, Antônio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira: História e Antologia. V. 1. Das origens ao realismo. 11ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, CLARET, Martin. O Pensamento Vivo de DARWIN. São Paulo: Martin Claret, CORTÁZAR, Julio. Alguns aspectos do conto. 2. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, P COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. 4. ed. São Paulo: Global, v. 4. COUTINHO, Afrânio. Enciclopédia de Literatura Brasileira. 2. ed. Fundação Biblioteca Nacional; Departamento Nacional do Livro; Academia Brasileira de Letras. São Paulo: Global, D ONOFRIO, Salvatore. Literatura Ocidental: Autores e obras fundamentais. 2. ed. São Paulo: Ática, DURANT, Will. Os Grandes Filósofos: A Filosofia de Herbert Spencer. Tradução: Maria Theresa Miranda. Rio de Janeiro: Ediouro, MOISES, Massaud. A literatura portuguesa. 29ª ed. São Paulo: Cultrix, MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História das Cavernas ao Terceiro Milênio. 1. ed. São Paulo: Moderna, SILVA, Francisco de Assis. História do século XVIII ao século XX. 1. ed. São Paulo: Moderna, v. 3. SILVA, V. M. A. Teoria da Literatura. 8 ed. Coimbra: Livraria Almedina, 1988, v. 1. Tabela 1:

44 ANEXOS 43

45 44 BIOGRAFIA Machado de Assis e um escritor brasileiro, nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro, conhecido também pelo nome Joaquim Maria Machado de Assis, foi um jornalista, romancista, cronista, e poeta, veio a falecer no dia 29 de setembro de 1908, na própria cidade onde ele nasceu. Ele foi fundador da cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras, filho do seu Francisco José de Assis e da Maria Leopoldina Machado de Assis. Estudo em escola publica, aprendeu francês e latim, as obras de Machado de Assis pode ser divididas em duas fases, como sendo fase realista e fase romântica, dentro dessas fases as principais obras são: Ressurreição (1872), Dom Casmurro (1900), Helena (1876), A Mão e a Luva (1874),Memórias Póstumas de Brás Cuba (1881) e varias obras.

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