A Questão da Transição. Baseado em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico de Friedrich Engel.
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- Rubens Ramalho Batista
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1 A Questão da Transição Baseado em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico de Friedrich Engel. 1
2 Uma civilização em crise Vivemos num mundo assolado por crises: Crise ecológica Crise humanitária Crise econômica Crise da democracia Crise moral... 2
3 Questão existencial Viver no modo de produção capitalista é o destino final da humanidade? O crescimento econômico requerido para a sustentabilidade do sistema é sustentável? O nível de riqueza material observado nos países avançados poderá se generalizar para o mundo como um todo? 3
4 Um otimista Em 1892, ao escrever o panfleto Do socialismo utópico ao socialismo científico, Friedrich Engels se mostrava muito, muito, muito otimista: Os progressos alcançados aqui há vinte e cinco anos não têm precedentes. O movimento operário alemão avança a uma velocidade acelerada. 4
5 Utopia A palavra utopia designa um lugar que não existe: A utopia pode ser boa : este lugar não existe, mas poderá vir a existir. A utopia pode ser má : este lugar não existe e não poderá vir a existir. 5
6 Parte I: origem do socialismo O socialismo moderno é, em primeiro lugar, por seu conteúdo, fruto do reflexo na inteligência, por um lado dos antagonismos de classe que imperam na moderna sociedade entre possuidores e despossuídos, capitalistas e operários assalariados e, por outro, da anarquia que reina na produção. 6
7 Parte I: socialismo utópico A situação histórica informa também as doutrinas dos fundadores do socialismo. Suas teorias incipientes não fazem mais do que refletir o estado incipiente da produção capitalista, a incipiente condição de classe. 7
8 Parte I: socialismo utópico Pretendia-se tirar da cabeça a solução dos problemas sociais, latentes ainda nas condições econômicas pouco desenvolvidas da época. A sociedade não encerrava senão males, que a razão pensante era chamada a remediar 8
9 Parte I: socialismo utópico Tratava-se de descobrir um sistema novo e mais perfeito de ordem social, para implantá-lo na sociedade vindo de fora, por meio da propaganda e, sendo possível, com o exemplo, mediante experiências que servissem de modelo. 9
10 Parte I: socialismo utópico Esses novos sistemas sociais nasciam condenados a mover-se no reino da utopia; quando mais detalhados e minuciosos fossem, mas tinham que degeneram em pura fantasia. 10
11 Parte II: A situação histórica Em meados do século XIX, a situação muda: A luta de classes entre o proletariado e a burguesia passou a ocupar o primeiro plano da história dos países europeus mais avançados, ao mesmo ritmo em que se desenvolvia neles, por um lado, a grande indústria, e por outro lado, a dominação política recém conquistada da burguesia 11
12 Parte II: A situação teórica Hegel libertara da metafísica a concepção da história, tornando-a dialética; mas a sua interpretação da história era essencialmente idealista. Agora, o idealismo fora despejado do seu último reduto a concepção de história. Nota: Para Engels, metafísica = pensamento fixista, não dialético. (p. 59) 12
13 Engels esquematicamente: Metafísica (pensamento fixista) Dialética (pensamento do devir) Idealismo (a consciência determina o ser) Kant Hegel Materialismo (o ser determina a consciência) Newton Marx 13
14 Parte II: A situação teórica Esta [ou seja, a concepção idealista, dialética] fora substituída por uma concepção materialista da história, com o que se abria o caminho para explicar a consciência do homem por sua existência, e não esta por sua consciência, que era até então o tradicional 14
15 Parte II: O socialismo científico Desse modo o socialismo já não aparecia como a descoberta casual de um ou outro intelecto genial, mas como o produto necessário da luta entre as duas classes formadas historicamente: o proletariado e a burguesia. 15
16 Parte II: O socialismo científico A missão do socialismo já não era elaborar um sistema o mais perfeito possível de sociedade, mas investigar o processo histórico econômico de que, forçosamente, tinham que resultar essas classes e seu conflito, descobrindo os meios para a solução desse conflito na situação econômica assim criada 16
17 Parte II: Duas grandes descobertas O socialismo anterior criticara o modo de produção capitalista, mas não conseguira explicá-lo e, por isso, não conseguira destruí-lo ideologicamente. Mas, nesse entretempo, aparecera Marx. E este fizera duas grandes descobertas: enunciara a concepção materialista da história e revelara o segredo da produção capitalista, qual seja, a maisvalia. 17
18 Parte III: O materialismo histórico O que é? Ler páginas Frase final: E assim já está dito que nas novas relações de produção tem forçosamente de conter mais ou menos desenvolvidos os meios necessários para pôr fim aos males descobertos. 18
19 Parte III: As contradições Engels, nessa parte, argumenta com base em dois pares de contradições: a. A contradição entre as forças produtivas e as relações de produção. b. A contradição entre proletariado e burguesia. 19
20 Exemplos a. A grande indústria, ao chegar a um nível de desenvolvimento mais alto, já não cabe no estreito quadro em que é contida pelo modo de produção capitalista. b. O novo modo de produção implantou a divisão planificada do trabalho dentro da fábrica; ao lado da produção individual surgiu a produção social 20
21 Exemplos c. E quanto mais o novo modo de produção se impõe e impera em todos os campos fundamentais da produção (...) maior é a evidência com que se revela a incompatibilidade entre a produção social e a apropriação capitalista. d. A contradição entre a produção social e a apropriação capitalista reveste a forma de antagonismo entre o proletariado e a burguesia 21
22 Exemplos e. A contradição entre a produção social e a apropriação capitalista manifesta-se agora como antagonismo entre a organização da produção dentro de cada fábrica e a anarquia da produção no seio de toda a sociedade f. Nas crises estoura em explosões violentas a contradição entre a produção social e a apropriação capitalista: (...) O modo de produção rebela-se contra o meio de distribuição 22
23 Parte III: A transição Como ela se dá? Ler página 88. O proletariado toma em suas mãos o poder do Estado e começa por converter os meios de produção em propriedade do Estado. O Estado não será abolido, estingue-se 23
24 E agora? A proposta de transformação do Engels (pelo menos aparentemente) fracassou nas experiências ditas socialistas: as classes não desapareceram, a mercadoria e o dinheiro continuaram existindo, o Estado não se extinguiu, ao contrário, tornou-se todo poderoso. Na verdade, foi criado de fato um novo modo de produção (não-socialista certamente): o sistema de acumulação centralizado. 24
25 Questão chave? Porque fracassou?! Dificuldades históricas, má condução ou defeito congênito? 25
26 O que podemos esperar? Será que só podemos mirar utopias sonhadoras mas irrealizáveis? Ou ainda se pode pensar em utopias realizáveis? O capitalismo seria o fim da história? O socialismo de mercado seria uma alternativa? O socialismo marxiano figura ainda no horizonte da história? 26
27 Uma coisa é certa Contra o cientificismo presente no texto de Engels, é preciso admitir que, por si só, nenhuma ciência poderá responder a tais perguntas. De qualquer modo, o sonho mais estúpido hoje é admitir que o capitalismo vai durar para sempre. Para entender o porquê, é preciso compreender bem o que é, afinal, o capital. 27
"o socialismo tradicional era incompatível com essa nova concepção materialista da história".
Engels, Do socialismo utópico ao socialismo científico Referência de texto base: versão do The Marxist Internet Archive segundo a edição soviética de 1952, de acordo com o texto da edição alemã de 1891.
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