Documento provisório, sujeito a ajustamentos mediante acordo com os alunos

Transcrição

1 TÍTULOS DE CRÉDITO E VALORES MOBILIÁRIOS / Negotiable Instruments and Securities Documento provisório, sujeito a ajustamentos mediante acordo com os alunos ELEMENTOS DA DISCIPLINA / COURSE DETAILS Docência/ Faculty Evaristo Mendes Ano Letivo / Academic year: 2014/2015 Semester: 1º / first Carga horária /Teaching hours : 3 h semanais 6 ECTS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes): Dotar os alunos com os conhecimentos fundamentais relativos aos títulos de crédito individuais e aos valores mobiliários. Permitir-lhes um conhecimento prático da matéria, através da análise de casos LEARNING OUTCOMES OF THE CURRICULAR UNIT Provide students with fundamental knowledge relating to negotiable instruments and securities. Provide them with a working knowledge on the subject matter, through an analysis of the relevant case law. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS Introdução Parte I Títulos de Crédito e valores mobiliários em geral I - Títulos de crédito em geral. Representação cartular e desmaterialização 1. Os títulos de crédito como categoria doutrinal 2. Títulos de crédito em sentido amplo e em sentido estrito, nominativos, à ordem e ao portador, individuais e emitidos em massa 3. Planos cartular e causal. Legitimação cartular 4. Desmaterialização 5. Regimes de circulação e exercício dos direitos II - Títulos de crédito individuais 1

2 1. Títulos do CCom e novos títulos 2-4 Letra de câmbio, livrança e cheque 5. e 6 Conhecimento de carga e outros títulos III - Valores mobiliários. Ações 1. Conceito de valores mobiliários, espécies e regime jurídico 2. Valores mobiliários titulados 3. Valores mobiliários escriturais 4. Tipologia 5. Síntese do regime jurídico 6. As ações como UVPS e como valores mobiliários 7. Direitos inerentes. Legitimação para o exercício dos direitos 8. Transmissão de ações 9. Ações e MVM. Ofertas públicas Parte II Análise de casos e hipóteses práticas Os casos versam em especial sobre ações, letras, livranças, cheques e conhecimentos de carga SYLLABUS Introduction Part I I - Negotiable instruments and certificated securities in general II - Negotiable instruments. Bill of exchange and other instruments III - Securities. Certificated and uncertificated shares Part II Case law DEMONSTRAÇÃO DE COERÊNCIA ENTRE OS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS COM OS OBJETIVOS DA DISCIPLINA O plano traçado permite aos alunos, por um lado, um conhecimento geral dos instrumentos monetários, de crédito e financeiros abrangidos no tema da disciplina, compreender o que é comum aos títulos de crédito individuais e aos valores mobiliários, o que é específico destes e uma visão mais aprofundada dos mesmos. Para este último efeito, analisa-se em especial o valor mobiliário mais complexo e paradigmático - a ação das sociedades anónimas e em comandita por ações. Por outro lado, permite-lhes também um conhecimento operacional, através da análise de casos e hipóteses práticas. DEMONSTRATION OF THE SYLLABUS COHERENCE WITH THE CURRICULAR UNIT'S OBJECTIVES 2

3 The course plan will allow students to obtain a general knowledge on negotiable instruments and securities (Part I) and a working knowledge on the subject matter through an analysis of the relevant case law (Part II). MÉTODO DE ENSINO E DE AVALIAÇÃO O método de ensino compreende: a) Uma exposição oral pelo docente (Parte I); e b) Uma análise de hipóteses e casos práticos, com exposição pelos alunos e discussão nas aulas (Parte II). A avaliação assenta: a) Na participação dos alunos nas aulas; b) Na apresentação e discussão de temas nas aulas e na elaboração de trabalho escrito sobre o tema apresentado, com possível discussão oral deste. c) Em exame escrito, facultativo para quem tiver aproveitamento segundo os métodos anteriores. TEACHING METHODOLOGIES (INCLUDING EVALUATION) Oral presentation by the lecturer and case law analysis. Oral presentations and papers made by the students and/or written test. DEMONSTRAÇÃO DE COERÊNCIA ENTRE O MÉTODO DE ENSINO COM OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA A exposição geral e sistemática da matéria pelo docente permite aos alunos o conhecimento da matéria da disciplina nos seus aspetos fundamentais. A análise, apresentação e discussão das hipóteses e dos casos selecionados de jurisprudência pelos alunos permite testar e tornar «operacional» esse conhecimento. DEMONSTRATION OF THE COHERENCE BETWEEN THE TEACHING METHODOLOGIES AND THE LEARNING OUTCOMES A general overview of the subject by the lecturer will allow the students to obtain a general and informed understanding of the most pertinent issues in the area. The presentations and discussions undertaken by the students in relation to major topics and case studies will allow them a greater familiarity with those same topics, enabling them to form their own opinions and ideas on the subject matter. BIBLIOGRAFIA SELECIONADA 3

4 Almeida, C. F. - «Registo de valores mobiliários», DVM VI (2006); «Os valores mobiliários...», Nos 20 anos do CSC (2007) I, p Antunes, J. E. - Os Títulos de Crédito (2012); Os Instrumentos Financeiros (2009) Câmara, P. - Manual de Direito dos Valores Mobiliários (2011) Castro, C. O. - Valores Mobiliários (1998) Costa, M. J. A. /Mendes, E. - «Transmissão de ações...», Estudos Prof. Carvalho Fernandes (2011) Ferreira, A. - Valores Mobiliários Escriturais (1997) Galgano, F. - I titoli di credito (2009) Hueck, A./Canaris, C.-W. - Recht der Wertpapiere (1986) Martorano, F. - Titoli di Credito (1997) Mendes, E. - «Documento particular de dívida endossável», RDES 1993; «O atual sistema de tutela da fé pública do cheque», DJ XIII (1999)/1; «Letra de Câmbio...», Estudos Prof. Paulo M. Sendin (2012); v. Costa e Sendin, bem como Títulos de crédito (FDL), in evaristomendes.eu Olavo, F. - Direito Comercial, II - Títulos de Crédito em Geral (1978) Sendin, P. - Letra de Câmbio (1980/1982) Sendin, P./Mendes, E. - A natureza do aval... (1991) MAIN BIBLIOGRAPHY Almeida, C. F. - «Registo de valores mobiliários», DVM VI (2006); «Os valores mobiliários...», Nos 20 anos do CSC (2007) I, p Antunes, J. E. - Os Títulos de Crédito (2012); Os Instrumentos Financeiros (2009) Câmara, P. - Manual de Direito dos Valores Mobiliários (2011) Castro, C. O. - Valores Mobiliários (1998) Costa, M. J. A. /Mendes, E. - «Transmissão de ações...», Estudos Prof. Carvalho Fernandes (2011) Ferreira, A. - Valores Mobiliários Escriturais (1997) Galgano, F. - I titoli di credito (2009) Hueck, A./Canaris, C.-W. - Recht der Wertpapiere (1986) Martorano, F. - Titoli di Credito (1997) 4

5 Mendes, E. - «Documento particular de dívida endossável», RDES 1993; «O atual sistema de tutela da fé pública do cheque», DJ XIII (1999)/1; «Letra de Câmbio...», Estudos Prof. Paulo M. Sendin (2012); v. Costa e Sendin Olavo, F. - Direito Comercial, II - Títulos de Crédito em Geral (1978) Sendin, P. - Letra de Câmbio (1980/1982) Sendin, P./Mendes, E. - A natureza do aval... (1991) 5

6 Casos/exercícios 1. A é titular de um lote de acções tituladas ao portador da SA x. Os títulos encontravam-se guardados num gabinete que ardeu. Foi convocada uma AG, com a indicação de que, nos termos do pacto social, os accionistas interessados em participar deveriam depositar os títulos com 5 dias de antecedência na sede da sociedade ou exibir certificado de depósito emitido por IC reconhecida em Portugal. Que pode A fazer para poder exercer os direitos sociais, como o de participar nesta AG? 1 2. A vendeu a B o lote de ações que tinha registadas junto do banco x, mediante contrato escrito; mas, antes de x receber qualquer ordem de transferência, voltou a aliená-las a C e deu ordem ao banco para as inscrever em conta de C, ordem que foi executada. Quem é o titular das acções? 2.-A: Admita que, em vez da venda, A tinha doado por escrito as acções a D, um de três herdeiros, e, entretanto, faleceu, sem ter ordenado a sua transferência para este. Os outros herdeiros consideram que as acções fazem parte da herança, estando sujeitas à partilha, como se a doação não existisse 2. Têm razão? 3. A vendeu a B um lote de acções tituladas ao portador da SA x, mediante contrato escrito, no qual se consignou também que A manteria os títulos em penhor, até ao integral pagamento do preço. Posteriormente, A alienou as acções a C, que lhas comprou a pronto, entregando-lhe os títulos. Por ocasião da primeira reunião da AG da sociedade, realizada após a venda, B solicitou a A os títulos para nela participar. A, invocando que o pagamento do preço fora todo diferido e que B se atrasara no pagamento da primeira prestação (facto este não verdadeiro), informou-o de que tinha alienado as acções a outro interessado. 1 Cfr. - Títulos/bilhetes pré-comprados não nominativos: de transporte, para o teatro/espectáculos, etc;.- Senhas de guarda-roupa; - Documentos probatórios em geral 2 Cfr. a jurisprudência relativa ao princípio da consensualidade no domínio dos TCVM, bem como A. Costa/E. Mendes, «transmissão de ações tituladas nominativas, com mais indicações. 6

7 A resposta seria diferente se a venda tivesse sido realizada sem o penhor das acções ( sem a imediata entrega dos títulos)? 4. A vendeu a B, no dia , um lote de acções tituladas nominativas da SA z, entregando ao B os respectivos títulos com a competente anotação da transmissão. Entretanto, foi convocada a AG anual da sociedade, mediante anúncio público e carta registada. Relativamente às acções em causa, a carta foi envidada para a morada de A, que a entregou ao B, com a anotação de lhe haver transmitido as acções naquela data. Tendo-se este apresentado para participar na reunião da AG, a sociedade recusou a sua admissão; e também não lhe pagou, posteriormente, os dividendos. 5. A vendeu a B um lote de acções tituladas nominativas da SA w, requerendo a esta o registo da transmissão a favor de B, requerimento que entregou a B, juntamente com os títulos, em que anotou a transmissão. A sociedade deliberou, entretanto, a distribuição de dividendos. B solicitou o pagamento da sua parte, exibindo os títulos e o requerimento do registo, solicitando também o averbamento da transmissão. A sociedade recusou, invocando que, nos termos do pacto social, a transmissão estava sujeita ao seu consentimento e A não o solicitara. Dos títulos não constava nada a este respeito. 5.-A Quanto ao pagamento dos dividendos: podia a sociedade recusá-lo invocando um acordo parassocial com o A e os demais accionistas, segundo o qual estes se comprometiam durante os 5 primeiros anos de vida da sociedade a manter na mesma tais dividendos a título de suprimentos? 5-B A vendeu a B um lote de acções tituladas nominativas da sociedade H, requerendo à sociedade o registo das acções em nome do B, o que a sociedade fez. Entretanto, A, que mantivera os títulos em seu poder (como garantia do pagamento do preço), voltou a vender as ações a C e entregou-lhe os títulos, com uma declaração de transmissão a seu favor. Quem é o titular das acções? A sociedade entretanto pagou dividendos a B. O pagamento é liberatório? B participou em AG, onde votou a favor de certas deliberações. O voto é válido? 7

8 5-C A vendeu a B um lote se acções tituladas nominativas e entregou-lhe os títulos. Subsequentemente, alienou as acções a C e requereu à sociedade o registo da transmissão a favor deste, registo que foi feito. Quem é o titular das acções? 6. A carregou em Leixões, num navio da empresa transportadora x, um contentor de mercadorias a entregar no porto de Lobito a B. X emitiu um conhecimento de carga das mercadorias a favor de B e entregou-o a A, que o enviou por correio para Luanda, sede de B. B apôs nele um «endosso» a favor de D, que se apresentou no Lobito para receber o contentor. X recusou-se a entregar-lhe as mercadorias, dizendo que só as entregava a B, porque o título era nominativo. Quiri uris? 6.A Suponha que o conhecimento tinha sido emitido à ordem de B e que um gerente de B, precisando de se ausentar por uns dias, assinou vários documentos, entre os quais este, no qual apôs um endosso, sem indicar o endossado, para permitir que um empregado o fosse levantar no Lobito. Antes de identificar no título o empregado e sem que ninguém na empresa se tenha apercebido da ocorrência, um cliente que estivera no seu gabinete apropriou-se do mesmo e levantou as mercadorias. 7. B, fabricante de vestuário, vendeu a A, detentor de uma cadeia de pronto a vestir, um lote de mercadorias com defeito, não detetável num exame superficial das mesmas. Em representação do negócio, B sacou sobre A uma letra, que este aceitou. A letra foi descontada no banco x e não foi paga, alegando A que devolvera as mercadorias ao B, por as mesmas não estarem em condições de ser vendidas aos seus clientes. 7.-A Admita que o banco debitou a conta de B e lhe devolveu o título, encontrando-se este avalizado pelos sócios gerentes de A. B promove a execução dos avalistas, que lhe opõem a resolução do contrato de compra e venda por cumprimento defeituoso, com perda do interesse de A, por entretanto o mercado ter sido inundado de mercadorias congéneres. 8

9 8. A SQ x celebrou com o banco y um contrato de abertura de crédito até , com juros a 7% ao ano, destinado a vigorar por tempo indeterminado. Para garantia dos juros e do reembolso, a sociedade subscreveu uma livrança em branco, avalizada pelos seus 4 sócios gerentes, A, B, C e D. Entretanto, o sócio D cedeu a sua quota aos restantes, notificando o banco da ocorrência. Passados dois anos, a contar da cessão, a sociedade falhou o pagamento dos juros do montante utilizado ( ), o que levou o banco a preencher a livrança com esse valor e os juros vencidos, propondo acção executiva contra a sociedade e os avalistas, incluindo D. Este embargou A Admita que D, detentora de uma quota de 25% na SQ x, era uma sociedade anónima e que veio invocar a nulidade do aval por falta de capacidade para prestar a garantia. 9. A IF x, junto da qual A detinha uma conta de valores mobiliários com ações da SCAIP y, que lhe conferiam certos direitos sociais de minoria, alienou em bolsa dessas acções, sem autorização do A, o que lhe fez perder tais direitos. Por isso e porque, entretanto, a cotação das acções subiu substancialmente, A pretende reavê-las. 10. OPA do BCP sobre o BPA: TRP AcUJ do STJ nº 4/2013 (DR ) 12. TRC , RLJ 143 (2013), p. 53ss, anotação de Carolina Cunha, p. 64ss 13. Jurisprudência sobre a consensualidade 3 V. o AcUJ nº 4/2013 (DR ), e o comentário de Carolina Cunha, «Cessão de quotas e aval: equívocos de uma uniformização de jurisprudência», DSR 9 (2013), p