GRAVIDEZ E ADOLESCENCIA: SITUAÇÕES ENCONTRADAS NO ÂMBITO FAMILIAR1 CASSENOTE,
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1 GRAVIDEZ E ADOLESCENCIA: SITUAÇÕES ENCONTRADAS NO ÂMBITO FAMILIAR 1 CASSENOTE, Liege Gonçalves 2 ; FREITAS, Hilda 3 ; GRACIOLI, Silvana Cordenonsi 4 ; RODRIGUES, Alessandra Trindade 5 ; STRAHL, Mariane 6. RESUMO Pesquisa descritiva exploratória de cunho qualitati va, com objetivo de compreender a relação e repercussão da gravidez na adolescência no âmbito familiar. Desenvolvida na escola municipal Adelmo Cimas Genro e no hospital Municipal Casa de Saúde, Santa Maria, RS. Fizeram parte do estudo 10 adolescentes grávidas, entre 13 e 18 anos, no período de março a julho de 2011 por meio de questionário, analisados por categorização. A escolaridade foi da 3ª série ao 2º ano do ensino médio. Sete das adolescentes relataram ter um filho e três dois filhos. Nove responderam que apresentam uma boa relação com os pais e uma disse ser conturbada. Cinco afirmaram que os pais reagiram com tranquilidade e cinco enfatizaram que seus pais não reagiram bem. Seis adolescentes responderam que obtiveram maior responsabilidade depois da gravidez e quatro contaram que o medo, a vergonha e a revolta foram os principais impactos causados com a notícia. Portanto, faz-se necessário maior atenção dos profissionais de saúde para a prevenção da gravidez na adolescência, tais como a educação sexual, junto à família e à escola; formação de grupos de adolescentes, com a finalidade de trabalhar a contracepção e a sexualidade; organização de um programa de acompanhamento pré-natal específico, onde a família e o parceiro sejam parte integrante deste acompanhamento. DESCRITORES: Gravidez; Adolescência; Cuidado de Enfermagem; Família; Sexualidade. INTRODUÇÃO A adolescência é um período de desenvolvimento para jovens em todos os aspectos - físico, emocional, psicológico, social e espiritual. Essa é, de fato, a fase de mais rápida desenvolvimento humano, fora o período pré e neonatal 1. 1 Artigo apresentado à disciplina de Desenvolvimento Prof issional V do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano UNIFRA - Santa Maria, RS. 2 Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem do Centro Univ ersitário Franciscano UNIFRA - Santa Maria, RS. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo Social na Enfermagem e Saúde GEPESES CNPq 3 Enf ermeira. Docente do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano UNIFRA - Santa Maria, RS. Orientadora. hildasame@gmail.com 4 Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano UNIFRA - Santa Maria, RS. 5 Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano UNIFRA - Santa Maria, RS. Membro do GIPES e bolsista da FAPERGS. 6 Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano UNIFRA - Santa Maria, RS. 1
2 Em 2009, havia 1,2 bilhão de adolescentes de 10 a 19 anos de idade no mundo todo, compondo 18% da população mundial. O número de adolescentes mais do que duplicou desde A maioria dos adolescentes 88% vive em países em desenvolvimento 2. A adolescência é uma etapa de oportunidades para a criança, e um momento crucial para que possamos continuar construindo seu desenvolvimento na primeira década de vida, ajudá-la a navegar em meio a riscos e vulnerabilidades, e colocá-la no caminho da realização de seu potencial. A família é um espaço privilegiado de atuação, pois é ela que pode oferecer uma estrutura estável ao adolescente e apoiá-lo na busca da definição da sua personalidade 1. Gravidez na adolescência é considerado um problema de saúde publica por acarretar mudanças fisicas, psicológicas e sociais para as gestantes adolescentes, sua familia, e principalmente para criança que vai nascer. Os reflexos negativos de uma gestação não planejada podem comprometer o processo de viver saudável da mãe e do recém-nascido 3. A enfermagem, como ciência detentora de um olhar inovador e humanizado às transformações constantes na sociedade, desempenha atuação nos diferentes fenômenos apresentados na contemporaneidade, o que exige habilidade para tomada de decisões nas ações de promoção e manutenção da saúde 4. Conhecendo a acessibilidade do enfermeiro às singularidades das famílias suscita-se a participação da enfermagem em estratégias de saúde voltadas para atender à família de gestantes adolescentes. Frente a tais considerações, este estudo parte do seguinte questionamento: qual a relação e repercussão da gravidez na adolescência no âmbito familiar? A complexidade deste tema no contexto social e de saúde denota a sua importância para o trabalho do enfermeiro, refletindo acerca desta problemática e criando estratégias para educação em saúde. Desse modo, objetiva-se compreender a relação da gravidez na adolescência no âmbito familiar. METODOLOGIA Estudo descritivo exploratório qualitativo tem por finalidade a aproximação com a questão-problema para compreender as características da população amostra e seus fenômenos para desenvolver hipóteses, bem como aperfeiçoar conceitos 5. O campo de estudo foi a escola municipal Adelmo Cimas Genro e o hospital Municipal Casa de Saúde, de Santa Maria RS. Fizeram parte 10 adolescentes grávidas de 12 a 19 anos, que concordaram em participar do estudo, considerando as questões éticas da faixa etária. A coleta de dados aconteceu durante o mês de maio de 2011 por meio de um questionário que foi aplicado às adolescentes grávidas, o qual apresenta questões mistas, sendo a primeira relativa aos dados pessoais como idade, escolaridade, nº de filhos e 2
3 algumas perguntas como: fale da sua relação com seus pais; como eles reagiram quando ficaram sabendo da gestação; quais os sentimentos e mudanças que você enfrentou durante e após a gestação. A análise dos dados foi por categorização, onde se verifica a operação de disposição de informações ou elementos para análise de conteúdo constituinte de um grupo, diferenciados e reagrupados segundo analogia, com critérios determinados 6. O projeto obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Franciscano UNIFRA, sob o número RESULTADOS Das adolescentes entrevistadas duas possuem 13 anos, duas 15 anos, uma 16 anos, duas 17 anos e três 18 anos de idade. A escolaridade variou da 3ª série ao 2º ano do ensino médio: uma participante da 3ª série, uma da 4ª série, quatro da 6ª série, uma da 7ª série e três estavam cursando 2º ano do ensino médio. Quanto ao número de filhos, sete das adolescentes relataram ter um filho e três dois filhos. Ao serem questionadas sobre o relacionamento com seus pais, nove responderam ter uma boa relação e apenas uma disse ser conturbada. Quando questionadas sobre a reação de seus pais ao saberem da gravidez, cinco afirmaram que reagiram com tranquilidade e cinco responderam que não reagiram bem frente à notícia. Em relação à pergunta sobre o que mudou em sua vida durante e após a gestação, seis adolescentes responderam que desenvolveram maior responsabilidade e quatro contaram que o medo, a vergonha e a revolta foram os principais impactos causados com a notícia. DISCUSSÃO A adolescência é a fase em que o sujeito está mais vulnerável às influências 7, assim, discutir e refletir a questão da gravidez conduz à reflexão sobre os estereótipos estabelecidos por meio da cultura, das crenças e dos valores. A gestação é um período de transformações para a mulher, seu corpo se modifica há adaptações frente às novas perspectivas, alterações de identidade que podem gerar sentimentos de insegurança, medo e fragilidade 8. Os quais, levam a futura mãe a pensar em suas atitudes, e, às futuras vovós questionam-se sobre a educação que deram a suas filhas. Para os pais, a notícia da gravidez acaba suscitando questões do tipo onde foi que eu errei? 9. A gravidez na adolescência, no Brasil atinge uma em cada quatro mulheres com menos de 19 anos, a disseminação das DST/aids e o uso de tabaco e drogas, o UNICEF apóia a capacitação de profissionais de saúde e educação sobre esses temas e promove campanhas de prevenção nos meios de comunicação, muitas vezes desenvolvidas pelos próprios jovens (UNICEF, 2011). 3
4 O enfermeiro deve agir como educador e os familiares como coeducados, para então solucionar, juntos, problemas de fundamentos comuns como a resistência e a desesperança. Porém, isto só ocorre quando há o desenvolvimento de habilidades sensíveis como olhar, ouvir, tocar, falar, atentar para as dúvidas e responder com atenção e interesse no paciente 10. Percebe-se a indispensável atuação do enfermeiro no acolhimento, na humanização e na assistência pré-natal as gestantes. Este acolhimento é utilizado como uma das estratégias para garantir a efetivação do SUS 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS A enfermagem na formação de vínculo ao assistir as adolescentes denota a relevância para a reflexão da práxis cotidiana na criação de estratégias voltadas para a educação em saúde diante de possíveis gestações indesejadas. Para tanto, a necessidade de maior incentivo e valorização as ações de prevenção da gestação na adolescência e por ocorrer troca de saberes dominados pela família, pela escola e pelo enfermeiro, visando a desmistificação de conceitos pré-estabelecidos. Evidencia-se a importância da atuação do enfermeiro junto a adolescente grávida. Os profissionais da saúde devem atuar e desenvolver ações educativas em saúde, num processo dinâmico e contínuo, para colaborar com este grupo etário no intuito de diminuir também o índice de gravidez nessa faixa etária 12. A formação de grupos formados para adolescentes, parturientes e puérperas, sobre a contracepção, a sexualidade, cuidados individuais e ao bebê, proporcionando uma maneira de estabelecer o vínculo com essa população para o acompanhamento do pré-natal específico às necessidades de gestantes adolescentes, onde a família e o companheiro constituam parte integrante no acompanhamento deste processo singular vivenciado. REFERÊNCIAS 1 GODINHO, R. A; et. al. Adolescentes e grávidas: onde buscam apoio?. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2000, vol.8, n.2, pp ISSN doi: /S Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Adolescência uma fase de oportunidades. Situação mundial da infância Acesso: HOGA, L. A. K; BORGES, A. L. V. ; REBERTE, L. M. Razões e reflexos da gravidez na adolescência. Esc. Anna Nery Rev. Enferm., jan-mar; 14 (1): ,
5 4 CROSSETI, M.G.O; et. al. Estratégias de ensino das habilidades do pensamento crítico na nfermagem. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2009 dez;30(4): GIL, A. C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas S.A., MINAYO, M. C. S. (org) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 20.ed. Petrópolis: Vozes, JUSTO, J. S. O "ficar" na adolescência e paradigmas de relacionamento amoroso da contemporaneidade. Rev. Dep. Psicol.,UFF v. 17, n. 1, jun MOREIRA, T. M; et. al. Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 42, n. 2, jun DIAS, A. C. G e GOMES, W, B. (1999). Conversas sobre sexualidade na família e gravidez na adolescência: a percepção dos pais. Estudos em Psicologia, 4(1), p FIGUEIREDO, Nébia M. A. TONINI, Teresa. SUS e PSF para enfermagem: práticas para o cuidado em saúde coletiva. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora,2008.1ed. 272p. 11 OLIVEIRA, T. C; CARVALHO, L. P; SILVA, M. A. O enfermeiro na atenção à saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 61, n. 3, Jun TOMITA, T. Adolescência e sexualidade no cotidiano da equipe de enfermagem do serviço de atenção básica de saúde. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, (28):1, p Londrina: Jan./Jun
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