INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA E SOCIEDADE NA ADESÃO E SIGNIFICAÇÃO DO PRÉ-NATAL 1
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- Antônio de Almada Lemos
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1 INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA E SOCIEDADE NA ADESÃO E SIGNIFICAÇÃO DO PRÉ-NATAL 1 BARRETO, Camila Nunes 2 ; RESSEL, Lúcia Beatriz 2 ; WILHELM, Laís Antunes 2 ; FAGUNDES, Daiane 2 ; PUGIN, Tamiris Teixeira; CRUZ, Silvana 2 ; ALVES, Camila Neumaier 2 ; STUMM, Karine Eliel 2. 1 Trabalho de Pesquisa _UFSM 2 Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), RS, Brasil camilabarreto_6@msn.com RESUMO O presente estudo trata-se de um recorte de uma pesquisa intitulada: O significado do prénatal para gestantes de uma unidade de saúde da família do interior do Rio Grande do Sul. Objetivase neste trabalho conhecer a Influência da família e sociedade na adesão e significação do pré-natal. O estudo é caracterizado como de campo, descritivo e com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por meio da técnica de entrevista semi-estruturada, após foram submetidas à análise temática de dados, conforme Minayo. Os resultados revelam a influência da família, dos meios de comunicação, do companheiro, das amizades, ou seja, o convívio social e o acesso a informações dessa gestante na adesão e significação do pré-natal. Palavras-chave: Pré-Natal; Família; Enfermagem. 1. INTRODUÇÃO A gestação é representada como fenômeno complexo e ao mesmo tempo singular, pois envolvem mudanças em diferentes aspectos humanos como biológicos, psicológicos, sociais e culturais, demonstrando que os cuidados, como o pré-natal, devem ultrapassar a dimensão unilateral voltada apenas aos aspectos biológicos (SHIMIZU; LIMA, 2009). Ressaltam-se no pré-natal alguns desafios como a essencialidade de desenvolver ações educativas e de promoção de saúde. A criação de vínculo, o respeito aos valores e a cultura da mulher são aspectos indispensáveis para acolhimento e adesão da gestante ao pré-natal. É necessário enfatizar que a atenção pré-natal, por não envolver procedimentos complexos, favorece a interação entre o profissional e a gestante e sua família. Essa interação contribui para que a gestante mantenha vínculo com o serviço de saúde durante todo o período gestacional, reduzindo consideravelmente os riscos de intercorrências obstétricas (LANDERDAHL et al, 2007). Destaca-se que por meio de abordagens educativas e de respeito à mulher, seu contexto e convívio social é possível construir uma nova visão frente à atenção pré-natal e 1
2 contribuir para diminuição dos índices de mortalidade materna e infantil. Barrufi (2004) salienta que a gestação é uma experiência familiar; logo, o cuidado prestado deve envolver toda família e buscar o sentido cultural dela para tal vivência. Isso fica evidente quando as gestantes referem que o conhecimento adquirido nas consultas é socializado entre os membros da família. Percebe-se que, além de fortalecer a importância da realização do prénatal às gestantes, os familiares participavam direta e indiretamente do evento. Muitas gestantes mencionam seus familiares e/ou amigos como referências importantes na gestação, por contribuírem tanto com informações sobre a gestação e bebê, como pelo apoio emocional que lhes propiciavam (PICCININI, et al, 2012). Nesse sentido, devem ser priorizados cuidados nesse nível de atenção que englobem todo o meio em que essa gestante está presente, como as percepções de sua família, amigos, companheiros, meios de comunicação no qual ela possui acesso, ou seja, todos os fatores ou/e pessoas do convívio diário dessa mulher. Apresenta-se neste trabalho um recorte da pesquisa intitulada: O significado do prénatal para gestantes de uma unidade de saúde da família do interior do Rio Grande do Sul, na qual se buscou conhecer o significado da atenção pré-natal para gestantes de uma unidade de saúde da família. A questão norteadora foi: como a atenção pré-natal, construída sócio-culturalmente, é entendida e vivenciada por gestantes de uma unidade de saúde da família do interior do Rio Grande do Sul. O recorte dessa pesquisa, objetiva conhecer a Influência da família e sociedade na adesão e significação do pré-natal. Faz-se necessário conhecer o entendimento das percepções das mulheres e de suas famílias em relação à gestação, as transformações vivenciadas nesse período, os significados do apoio familiar e a importância do mesmo na adesão e qualificação da assistência pré-natal. 2. METODOLOGIA A presente pesquisa trata de um estudo de campo, descritivo e com abordagem qualitativa. O método qualitativo aplica-se ao estudo das relações, representações, crenças e percepções, fruto das interpretações que as pessoas fazem a respeito de como vivem, como constroem suas vidas e a si mesmas (MINAYO, 2010). No estudo participaram 12 gestantes, que estavam realizando pré-natal na unidade de saúde da família escolhida para estudo no período de coleta de dados. A pesquisa teve como cenário a Estratégia de Saúde da Família (ESF) São José, localizada na região leste do município de Santa Maria/RS. Os critérios de inclusão dos sujeitos compreenderam gestantes que realizavam acompanhamento pré-natal na USF, que já haviam realizado uma ou mais consultas e 2
3 tinham condições cognitivas para participar da pesquisa. Já, como critério de exclusão optou-se por: mulheres que não haviam realizado a primeira consulta de pré-natal. A coleta de dados ocorreu entre os meses de março a maio de 2012, por meio do uso da técnica de entrevista semi-estruturada. A entrevista foi composta de questões fechadas para caracterização dos sujeitos e questões abertas referentes à temática em estudo para posterior análise dos dados. A grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e coerente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de entrevistado e sobre os mais variados tópicos. A entrevista permite correções, esclarecimentos e adaptações que a tornam eficaz na obtenção das informações desejadas (MARTINS, BÓGUS, 2004). A análise dos dados foi fundamentada na análise temática que conforme Minayo, 2010, a qual é definida como a descoberta dos núcleos de sentidos, que constituem uma comunicação acerca da frequência ou da presença de algum significado para o objeto que está sendo analisado. Toda a pesquisa amparou-se pela condução ética, sendo assegurado e valorizado os aspectos éticos e legais no decorrer do estudo. Por conseguinte, os preceitos da Resolução nº. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde Ministério da Saúde, que dispõe sobre diretrizes e normas que regulamentam a pesquisa envolvendo a participação de seres humanos, especialmente no que se refere ao Consentimento Livre e Esclarecido, foram cuidadosamente seguidos (BRASIL, 1996). E o estudo foi iniciado após autorização da Secretaria do Municipal de Saúde e aprovação do projeto pelo comitê de ética da Universidade Federal de Santa Maria sob número de processo / e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE): , no dia 20 de Dezembro de RESULTADOS E DISCUSSÕES As entrevistas foram realizadas com gestantes que estavam realizando o pré-natal na estratégia de saúde da família São José no período de coleta de dados, ou seja, de março a maio de A faixa etária das gestantes variou entre 18 e 36 anos. Com relação ao grau de instrução, duas tinham ensino médio completo, quatro ensino médio incompleto, uma ensino fundamental completo e cinco ensino fundamental incompleto. A ocupação/profissão das participantes foi referida desse modo: oito eram Do lar, uma estudante, uma atendente de restaurante, uma secretária e uma auxiliar de consultório dentário. Dessas mulheres, dez eram solteiras, porém estavam com companheiro ou namorado, estes tinham conhecimento sobre a gestação e as apoiavam, e duas eram casadas. 3
4 Na formação dos núcleos de sentidos emanou-se a temática familiar e social, apresentada nesse trabalho, intitulada: Influência da família e sociedade na adesão ao prénatal. Revela-se a influência da família, dos meios de comunicação, do companheiro, das amizades, ou seja, o convívio social e o acesso a informações dessa gestante na adesão e significação do pré-natal. Mostram-se esses meios e indivíduos como fatores positivos para adesão e compressão do pré-natal. É destaque a importância da participação dos indivíduos de convívio da gestante para sua adesão ao pré-natal, como familiares, companheiros e amigos. Também é revelada a internet e a televisão como facilitadores para compreensão do processo gravídico-puerperal e da importância das consultas. O conjunto familiar e o contexto social da gestante geralmente são os primeiros contatos em relação ao pré-natal. A partir dessas vivências se estabelece o entendimento da essencialidade do serviço. A mãe das gestantes é destacada como centro de referência no incentivo e com a preocupação em relação à continuidade das consultas de pré-natal, assim como os grupos de amizades dessa gestante. As mulheres participantes do estudo possuíam conhecimento da abragência do pré-natal e valorizam o mesmo, devido ao contexto em que vivem estimular a realização do acompanhamento. O apoio familiar revela-se como um sentimento de segurança para a mulher. Também, os elogios dispensados pelos familiares quanto sua participação e responsabilidade ao acompanhamento pré-natal, são fatores positivos que reforçam sua adesão. Visualiza-se a importância da opinião da família e dessa estar trilhando, junto a gestante, esse período de sua vida, e compartilhando as experiências vivenciadas. O apoio do namorado ou companheiro da gestante é imprescindível e verifica-se nos discursos a valorização dada por elas ao compartilhar com seu companheiro as informações referentes ao pré-natal, sua rotina nas consultas e ao serem incentivadas pelos mesmos para realizar o acompanhamento. Esse novo paradigma reforça a importância da aproximação do homem nos serviços de saúde, tornando também os pais protagonistas na gestação. Além disso, os meios de comunicação são referenciados nesse processo da gravidez. A internet tornou-se uma ferramenta de acesso a informações para as gestantes. Atualmente o acesso à mesma está facilitado e expande-se nas casas brasileiras. Nas falas a internet é relatada como um meio de compreender a gestação. É possível visualizar vídeos que explicam como é a formação do bebê, sua apresentação no interior do útero gravídico, além de outros cuidados para as futuras mães que servem como material de apoio para conhecimento desse período e auxiliam na adesão aos cuidados, como o pré-natal. Os profissionais de saúde devem analisar e discutir junto a 4
5 gestante os conteúdos visualizados, visto que elas confiam nos conteúdo no qual estão acessando. Outro meio de comunicação que auxilia nas ações em saúde apresentado pelas gestantes é a televisão. Esta pode servir como meio de divulgação dos serviços de saúde, como o pré-natal, destacado pelas gestantes, e reforçar o cuidado da saúde em primeiro lugar. Verificou-se no estudo que, sendo a televisão um meio de comunicação de massa, de acesso da maioria das pessoas, a mídia exposta por ela, esteve presente de forma significativa nas falas. Notam-se os diferentes aspectos que envolvem a compreensão e influenciam diretamente nas percepções quanto ao pré-natal, mas uma vez reforçado o cuidado integral dessa gestante para garantir qualidade na assistência. 4. CONCLUSÕES O estudo possibilitou a compreensão da gestante e o período vivenciado pela mesma, como a participação no pré-natal, sobre uma ótica integral, na qual são valorizados aspectos que transbordam o conhecimento de fatores isolados que não integram as ações em saúde. A vivência do pré-natal é construída a partir do conjunto familiar e social e da atuação dos profissionais de saúde. A cultura influencia na significação do pré-natal, nos cuidados e na adesão ao serviço, sendo a família, o companheiro e o convívio social desta gestante, indispensáveis para a compreensão do entendimento do significado da gestação e do acompanhamento para a mulher e este apoio demanda em estímulo para sua adesão na atenção pré-natal. A inserção do companheiro, de forma direta ou indireta, durante o pré-natal, auxilia as gestantes e as incentivam na participação nas consultas. É necessário durante o atendimento sempre referenciar a figura do companheiro e sua opinião frente à gestação, visto que são valorizadas as considerações do mesmo. O entendimento do companheiro a respeito do pré-natal é construído junto à gestante, isso influencia também, nas percepções sobre o serviço de pré-natal e na assistência prestada. Instrumentos como a internet e a televisão ganham espaço nas famílias brasileiras e por meio dessas tecnologias midiáticas, procuram-se respostas e novas descobertas acerca da gestação. Assim, cabe aos profissionais de saúde buscar a atualização e conhecer o tipo de conteúdo acessado pelas gestantes, proporcionando que esse material oferecido pela mídia e internet seja utilizado de forma positiva nos cuidados em saúde, pois mais uma vez reforça-se que o conhecimento da gestante também é alicerçado pelos meios de comunicação em que ela procura respostas aos seus questionamentos. 5
6 Essas reflexões reforçam a necessidade de atualização dos profissionais de saúde. Além da sensibilização quanto ao meio que trabalham e seus usuários, buscando aproximar a realidade singular de cada gestante na assistência prestada. REFERÊNCIAS BARUFFI, LM. O cuidado cultural à mulher na gestação. Passo Fundo: UPF, BRASIL. Ministério da saúde. Resolução 196. Disponível em: Acessado em: 18 de outubro de LANDERDAHL, M.C.; RESSEL, L.B.; CABRAL; F.B.; GONÇALVES; M.O.; MARTINS, F.B.; A percepção de mulheres sobre atenção pré-natal em uma unidade básica de saúde. Rev. Esc. Enferm. Anna Nery. [on-line], 2007, 11 (1): MARTINS, M.C.F.N.; BÓGUS, C.M. Considerações sobre a metodologia qualitativa como recurso para o estudo das ações de humanização em saúde. Saúde e sociedade [on-line], 2004, vol.13, n.3, p MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12. ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, PICCININI, C.A et al. Percepções e sentimentos de gestantes sobre o pré-natal. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 28, n. 1, Mar SHIMIZU, H. E; LIMA, M.G. As dimensões do cuidado pré-natal na consulta de enfermagem. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 62, n. 3, June
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