A COMUNICAÇÃO ENTRE ENFERMEIRO E O BINÔMIO CRIANÇA/FAMÍLIA NA INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA 1
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1 A COMUNICAÇÃO ENTRE ENFERMEIRO E O BINÔMIO CRIANÇA/FAMÍLIA NA INTERNAÇÃO PEDIÁTRICA 1 BARROS, Camilla Silva de 2 ; NEVES, Eliane Tatsch 3 ; ZAMBERLAN, Kellen Cervo 4 ; RESUMO Trata-se de um relato de experiência acerca da vivência acadêmica referente ao estágio supervisionado do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, realizado no hospital universitário da referida instituição. O objetivo deste relato é descrever como acontece o processo de comunicação entre a enfermeira e o binômio família-criança no ambiente hospitalar. Percebeu-se que a hospitalização na infância é uma situação geradora de estresse, pois altera a rotina não só da criança, mas de toda a família. Nesse sentido, a comunicação faz-se necessária no cenário de atenção a saúde da criança, sendo primordial para despertar na criança e na família o sentimento de segurança, confiança e tranquilidade. Dessa forma, a vivência permitiu à acadêmica aprimorar seu conhecimento na área da enfermagem pediátrica, além de confirmar a importância da comunicação no relacionamento interpessoal com os pacientes e seus familiares. Descritores: Enfermagem pediátrica; Comunicação; Criança hospitalizada; Família. 1 Relato de experiência. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 2 Apresentador. Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. millaabarros@hotmail.com. 3 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFSM. 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFSM 1
2 1. INTRODUÇÃO Têm-se observado constantes tentativas de reorganização nas práticas de saúde da criança, cujo enfoque vem buscando o estabelecimento de vínculos e co-responsabilidades entre profissionais da saúde e a população. Nesse sentido, a criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC) em 1984, trouxe como princípio básico a promoção da saúde da criança de forma integral, por meio do acompanhamento no processo de crescimento e desenvolvimento infantil, permitindo, dessa forma, a identificação precoce de processos patológicos e favorecendo seu tratamento. Além disso, preconiza o incentivo e apoio ao aleitamento materno, orientações nutricionais, assistência às doenças diarreicas e infecções respiratórias agudas, além de garantir maior cobertura vacinal 1. Compreende-se que crianças estão em constante crescimento e desenvolvimento, apresentando, portanto, necessidades específicas em cada fase; além disso, possuem diferenças biológicas, emocionais e socioculturais, as quais devem ser norteadoras para o desenvolvimento estratégias de cuidado integral ao paciente 2. Assim, para humanizar a assistência à criança hospitalizada e atender a suas necessidades, os pais e/ou responsáveis foram inseridos efetivamente na clínica pediátrica no Brasil, a partir do início da década de 1990, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente, permitindo a permanência de um acompanhante em tempo integral com a criança hospitalizada 3. A hospitalização de um filho, geralmente, é encarada como uma situação de crise para a família e para a criança. A doença e a hospitalização trazem inúmeros sofrimentos à criança, como a vivência da separação; dor; desconforto físico causado pela doença e pelos procedimentos realizados; medo da morte, da doença, além da restrição às atividades cotidianas 4. Em geral, quando um dos membros da família adoece, os cuidados e a atenção são concentrados nessa pessoa, o que ocasiona momentos de desestruturação e reestruturação familiar 5. A forma de organização do trabalho da equipe de saúde é um dos aspectos fundamentais enquanto estratégia para minimizar o sofrimento no ambiente hospitalar na assistência à criança. Nesse contexto, o trabalho do enfermeiro que atua em uma unidade pediátrica deve ser centrado nas necessidades de cuidado do binômio familiar-filho, devendo proporcionar um ambiente lúdico; incentivar o vínculo da criança com sua família; informar e orientar 2
3 sobre normas, rotinas, patologia e cuidados; apoiar o enfrentamento dos problemas decorrentes da hospitalização; entre outras 2. Dessa forma, o processo de comunicação permite aos profissionais atuar diante da criança e sua família. Essa relação é primordial para despertar na criança e família o sentimento de segurança, confiança e tranquilidade. Assim, o diálogo mostra-se como uma ferramenta indispensável para o enfrentamento das dificuldades e para a construção de um relacionamento terapêutico e de confiança OBJETIVO O objetivo deste relato é descrever como acontece o processo de comunicação entre a enfermeira e o binômio criança-família no ambiente hospitalar. 3. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência acerca da vivência acadêmica desenvolvida durante o estágio supervisionado em enfermagem no 7º semestre do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, realizado no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). O início das atividades deu-se no mês de março de O local escolhido para a estágio foi a Unidade de Internação Pediátrica (UIP), a qual é referência para atendimentos de alta complexidade na área de pediatria pelo Sistema Único de Saúde. A UIP situa-se no sexto andar do HUSM e conta com dezesseis leitos distribuídos em uma enfermaria de três leitos, duas de cinco leitos, um apartamento com dois leitos e um apartamento com apenas um leito, geralmente usado como isolamento. Destes, cinco normalmente são destinados aos pacientes cirúrgicos, três geralmente para lactentes e cinco para pré-escolares e escolares. Os outros leitos são utilizados conforme a demanda do serviço. O interesse pela área deu-se a partir de vivências como aluna do 6º semestre, em que a disciplina relativa à saúde da criança é ministrada. Durante o período de realização das atividades o foco foi o acompanhamento e a observação das ações desenvolvidas pelas enfermeiras da unidade, sendo que destas, uma, tinha a responsabilidade de supervisionar e apoiar a acadêmica. 3
4 Além disso, foram utilizados materiais eletrônicos, bem como artigos científicos para auxiliar na discussão dos resultados. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES A hospitalização consiste em uma situação geradora de estresse na vida de qualquer ser humano, principalmente quando se trata de um acontecimento na infância, pois afeta a vida familiar implicando em uma mudança de rotina de toda a família 7. O que exige dos profissionais da saúde compromisso com a busca da integralidade da assistência, bem como a construção de novas dinâmicas de trabalho que busquem ampliar as possibilidades do cuidado 2. Dessa forma, durante o período correspondente ao estágio supervisionado buscouse observar como se dá o processo de comunicação estabelecida entre a enfermeira e o familiar/criança. Assim, identificou-se que a comunicação esteve presente em todas as ações realizadas pela enfermeira, desde as mais simples, e esta foi conduzida de acordo com o objetivo do cuidado prestado, envolvendo a intenção de orientar, acalmar e atender às necessidades identificadas tanto das crianças quanto de seus familiares. A comunicação é considerada a base do relacionamento humano, inclusive durante a hospitalização. Neste processo, ocorre a emissão, recepção e compreensão das mensagens, que podem ser verbais e não-verbais. O verbal contempla a linguagem falada e escrita, enquanto os gestos, as expressões corporais e o toque fazem parte da forma nãoverbal 8. Nesse contexto, a comunicação estabelecida com a criança deve conter uma linguagem apropriada para o entendimento da mesma, sendo de suma importância que os profissionais busquem novas estratégias para estimular o desenvolvimento da educação em saúde para essa população. Por isso, é fundamental a ampliação do conhecimento e a compreensão sobre os sentimentos da criança hospitalizada, sobre seu modo de pensar e o significado de sua experiência, para assim, desenvolvermos um cuidado integral. Frente a isso, todas as formas de comunicação com a criança e família devem ser valorizadas, para que dificuldades possam ser enfrentadas e para que seja construído um relacionamento terapêutico e de confiança, no intuito de diminuir medos, fornecer ajuda e superar situações difíceis. Entende-se que a comunicação é uma das necessidades de 4
5 saúde da criança e da família a serem atendidas, tornando-se necessário perceber a riqueza e capacidade de estar com o outro 6. Desse modo, percebe-se que a comunicação na prática assistencial consiste em uma condição primordial da profissão de enfermagem que acima de tudo é valorizar a vida e o ser humano, suas experiências e particularidades, independente do local da assistência prestada. 5. CONCLUSÃO A experiência relacionada à atividade realizada por meio do estágio supervisionado possibilitou a acadêmica conhecer a rotina da unidade hospitalar, a organização da equipe de enfermagem e o papel do enfermeiro. Foi possível aprimorar seu conhecimento na área pediátrica, além de confirmar a importância da comunicação no relacionamento interpessoal com os pacientes e seus familiares. Dessa forma, deve-se considerar a comunicação em seu contexto de ocorrência, sendo essencial que ela seja planejada para cada ação e adequada individualmente. Para isso, torna-se fundamental o conhecimento de como se dá o processo de comunicação e dos elementos que o compõe. A vivência e as leituras realizadas também permitiram a reflexão acerca do papel da comunicação como recurso para promoção de cuidado e de educação em saúde, assim como, para despertar para a necessidade de continuar aprofundando conhecimentos. A partir dessa experiência, deve-se colocar em prática um estilo de comunicação que vise contemplar a individualidade e a integralidade do indivíduo. REFERÊNCIAS 1 Brasil. Ministério da Saúde. Assistência integral à saúde da criança: ações básicas. Brasília (DF): Ministério da Saúde; Thomazine AM, Passos RS, Bay-Júnior OG, Collet N, Oliveira BRG. Assistência de enfermagem à criança hospitalizada: um resgate histórico. Cienc Cuid Saude 2008;7(Suplem. 1): Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto da Criança e do Adolescente / Ministério da Saúde. 2. ed. atual. Brasília: Ministério da Saúde,
6 4 Vasques RCY, Bousso RS, Mendes-Castillo AMC. A experiência do sofrimento: histórias narradas pela criança hospitalizada. Rev Esc Enferm USP 2011; 45(1): Beuter M, Rossi JR, Neves ET, BRONDANI CM. A sobrecarga do familiar no cuidado domiciliar. Rev enferm UFPE on line jul.-set;3(2): Martinez EA, Tocantins FR, Souza SR. Comunicação e assistência de enfermagem a criança. R. pesq.: cuid. fundam. online out/dez. 2(Ed. Supl.): Quirino DD, Collet N, Neves AFGB. Hospitalização infantil: concepções da enfermagem acerca da mãe acompanhante. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2010 jun;31(2): Mourão CML, Albuquerque MAS, Silva APS, Oliveira MS, Fernandes AFC. Comunicação em enfermagem: uma revisão bibliográfica. Rev. RENE 2009 jul.-set; 10(3):
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