CAMILA DE CHRISTO DORNELES O IMPACTO DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "CAMILA DE CHRISTO DORNELES O IMPACTO DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS"

Transcrição

1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CLÍNICA MÉDICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CAMILA DE CHRISTO DORNELES O IMPACTO DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS PORTO ALEGRE 2010

2 Livros Grátis Milhares de livros grátis para download.

3 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÚDE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CAMILA DE CHRISTO DORNELES O IMPACTO DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS PORTO ALEGRE, 2010.

4 Camila de Christo Dorneles O IMPACTO DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS Dissertação de Mestrado apresentada como requisito para obtenção do Grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Bodanese Co-orientadores: Prof. Dr. João Carlos V.Guaragna Prof. Dr. Fabrício Edler Macagan PORTO ALEGRE, 2010.

5 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) D713i Dorneles, Camila de Christo O impacto da transfusão sanguínea nos pós-operatório de cirurgias cardíacas / Camila de Christo Dorneles.. Porto Alegre: PUCRS, f.: tab. Inclui artigo de periódico submetido à publicação. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Bodanese. Coorientadores: Prof. Dr. João Carlos V. Guaragna. Prof. Dr. Fabrício Edler Macagan. Dissertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Medicina. Mestrado em Medicina e Ciências da Saúde. Área de concentração: Clínica Médica. 1. CIRURGIA TORÁCICA. 2. COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS. 3. PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO. 4. CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS. 5. TRANSFUSÃO SANGUÍNEA/efeitos adversos. 6. MORTALIDADE HOSPITALAR. 7. ESTUDOS DE COORTES. 8. ESTUDOS RETROSPECTIVOS. I. Bodanese, Luiz Carlos. II. Guaragna, João Carlos V. II. Macagan, Fabrício Edler. IV. Título. Rosária Maria Lúcia Prenna Geremia Bibliotecária CRB 10/196 C.D.D C.D.U : (043.3) N.L.M. WF 980

6 D edico esta dissertação ao m eu com panheiro de vida, de am or, carinho, de batalhas cotidianas, D iego M ichelon D e Carli, a quem devo m ais esta conquista.

7 AGRADECIMENTOS À minha família, pelas palavras de apoio e incentivo, nos diversos momentos de dificuldades; Ao Professor Dr. Luiz Carlos Bodanese pela confiança, paciência e carinho com que sempre me orientou; Ao Dr. João Carlos Vieira da Costa Guaragna pelo incentivo e apoio durante a realização da pesquisa; Aos Fisioterapeutas Fabrício Edler Macagnan e Adriana Kessler pelo carinho, amizade e contribuição para meu crescimento profissional; A todo o Serviço da Cardiologia do HSL-PUCRS, pelo apoio e colaboração; Ao Serviço de Cirurgia Cardiovascular do HSL-PUCRS, pela colaboração; Aos funcionários do Programa de Pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde, pelo apoio e paciência; A enfermeira Ellen Hettwer Magedanz pelo apoio e colaboração; À Dra. Jacqueline da Costa Escobar Piccoli, responsável pelo Banco de Dados, pelo carinho e atenção; Ao Professor Dr. Mário Wagner pelo trabalho estatístico; Aos meus amigos, os do peito e os novos que fiz durante esta jornada.

8 SUMÁRIO ARTIGO DE REVISÃO... 8 ARTIGO ORIGINAL RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO MÉTODOS RESULTADOS DISCUSSÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS ANEXO A - Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS ANEXO B- Carta de Submissão à Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular... 45

9 ARTIGO DE REVISÃO

10 A rtigo de R evisão 8 TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS. BLOOD TRANSFUSION IN POSTOPERATIVE CARDIAC SURGERY CAMILA DE CHRISTO DORNELES 1, LUIZ CARLOS BODANESE 2, JOÃO CARLOS VIEIRA DA COSTA GUARAGNA 3, FABRÍCIO EDLER MACAGNAN 4, JULIANO COELHO 5, MARCO ANTONIO GOLDANI 6, JOÃO BATISTA PETRACCO 7, MARCOS WINKLER 8. Serviço de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, Brasil. Correspondência para: Camila de Christo Dorneles Serviço de Cardiologia Hospital São Lucas da PUCRS. Av. Ipiranga, 6690, sala 300. CEP: Porto Alegre, RS Brasil. camilacdorneles@yahoo.com.br 1 Fisioterapeuta, Mestre em Clínica Médica pelo Programa de Pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde da PUCRS. 2 Doutorado em Clínica Médica; Professor Titular da Disciplina de Cardiologia do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da PUCRS. Chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital São Lucas da PUCRS. 3 Doutorado em Clínica Médica; Médico Cardiologista. Professor da Faculdade de Medicina da PUCRS. Chefe do Serviço de Pós- Operatório de Cirurgia Cardíaca do Hospital São Lucas da PUCRS.Chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital São Lucas da PUCRS 4 Fisioterapeuta, Doutorado em Clínica Médica; Professor do Curso de Fisioterapia da PUCRS. 5 Acadêmico do curso de Medicina da PUCRS 6 Especialista em Cirurgia Cardiovascular; Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da PUCRS Disciplina de Cirurgia Cardiovascular. Chefe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital São Lucas da PUCRS. 7 Cirurgião Cardiovascular do HSL/PUCRS, Professor Titular da Faculdade de Medicina da PUCRS 8 Coordenador do Serviço de Hemoterapia do Hospital São Lucas da PUCRS

11 A rtigo de R evisão 9 RESUMO OBJETIVOS: o presente artigo pretende analisar as principais indicações da transfusão sanguínea e seus principais riscos e efeitos no pós-operatório de cirurgias cardíacas. FONTE DE DADOS: artigos científicos originais e de revisão das bases de dados MedLine/Pubmed e LILACS. SÍNTESE DOS DADOS: As indicações de transfusão no pós-operatório em cirurgias cardíacas incluem o tratamento de coagulopatias e correção de anemias com o objetivo final de limitar o sangramento e melhorar a capacidade de transporte de oxigênio. Diversas evidências sugerem a associação entre transfusão sanguínea e o aumento no risco de complicações no pós-operatório de cirurgias cardíacas. CONCLUSÕES: A transfusão sanguínea está associada com maiores taxas de comorbidades, como processos infecciosos, fibrilação atrial, insuficiência renal aguda, acidente vascular cerebral e SARA. Palavras chave: transfusão, cirurgia cardíaca, morbidade, mortalidade

12 A rtigo de R evisão 10 ABSTRACT AIMS: This article aims to analyze the main indications for blood transfusion and its main risks and effects in postoperative heart surgeries SOURCE OF DATA: Scientific original and review articles from the MedLine/Pubmed and LILACS databases. SUMMARY OF FINDINGS: The indications for postoperative transfusion in cardiac surgery include treatment of coagulopathies and correction of anemia with the ultimate goal of limiting bleeding and improve the ability to transport oxygen. Various evidences suggest the association between blood transfusion and increased risk of postoperative complications in cardiac surgery. CONCLUSIONS: Blood transfusion is associated with higher rates of comorbidities, such as infectious processes, atrial fibrillation, acute renal failure, stroke and ARDS. Key Words: transfusion, cardiac surgery, morbidity, mortality

13 A rtigo de R evisão 11 TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS A transfusão sanguínea é uma prática médica que consiste na transferência de sangue ou de um componente sanguíneo de uma pessoa (o doador) para outra pessoa (o receptor). O presente artigo de revisão pretende analisar os aspectos históricos da transfusão sanguínea, as principais indicações e seus principais riscos e efeitos no pós-operatório de cirurgias cardíacas. TRANSFUSÃO SANGUÍNEA: ASPECTOS HISTÓRICOS Muito cedo na história o homem descobriu que a perda de sangue podia levar a morte. Até os dias atuais, a visão do sangue evoca sentimentos contraditórios e quase sempre negativos, além de ser um elemento muito presente na maioria das religiões, carregando em si uma carga simbólica e mítica muito importante [1]. A primeira tentativa de transfusão que se tem conhecimento foi em 1492, no papa Inocêncio VIII, gravemente enfermo, onde o sangue de três meninos fora retirado e dado ao pontífice para beber, já que naquela época não havia o conhecimento anatômico da circulação e métodos de acesso intravenoso. Infelizmente os três meninos e o pontífice não resistiram ao procedimento[1]. Experimentos com transfusão de sangue passou por etapas, inicialmente envolvendo transfusões de um animal para outro e depois de transfusões de animais para o homem. Jean Denis, na França, transfundiu sangue de bezerros e cordeiros em seres humanos, e é interessante notar que a indicação não era a perda de sangue, mas sim a doença mental. O professor acreditava que a transfusão de um animal dócil pode exercer uma influência de acalmação em uma mente perturbada e perturbada. Após a terceira transfusão, Antoine Mauroy, doente mental de 34 anos, faleceu[2].

14 A rtigo de R evisão 12 A primeira pessoa creditado com transfusão de sangue de um humano para outro era James Blundell, obstetra. Ele tinha visto muitos casos de hemorragia pós-parto e que estimulou investigação da transfusão de sangue, utilizando cães. Ele concluiu que apenas sangue humano deveria ser empregado, depois de observar que humanos que recebiam sangue de cães, invariavelmente, morreram. Ele publicou seu primeiro relatório de uma transfusão de sangue de homem para homem em um artigo na Sociedade Médico-Cirúrgica de Londres em 22 de dezembro de Isso representou o início da era moderna da medicina transfusional[3]. O imunologista Karl Landsteiner em 1901 foi o primeiro cientista a descrever o sistema ABO. Ele descreveu as reações entre os glóbulos vermelhos e soro de 22 indivíduos e também observou que a adição de soro de alguns indivíduos poderiam causar aglutinação dos glóbulos vermelhos dos outros e que essa aglutinação se tratava de um fenómeno com uma base imunológica. Inicialmente os grupos sangíneos foram identificados como A, B e C. Mais tarde, em 1924, Landsteiner e Levine também identificaram reações imunológicas em pessoas compatíveis, seguindo o sistema ABO. A partir destas observações também foram identificados os anticorpos Rhesus, ou sistema Rh positivo e negativo[2,3]. A partir da Primeira e Segunda Guerra Mundial, observou-se a necessidade de estocagem do sangue, porém a rápida coagulação do sangue obrigou os cientistas a pesquisarem novas formas de conservação através de substancias que inibissem a coagulação. O obstetra britânico, Braxton Hicks, experimentou com uma solução de fosfato de sódio, mas esta se mostrou tóxicas. Richard Lewinsohn introduziu o citrato de sódio para a prática clínica como um anticoagulante. O citrato de sódio já era amplamente utilizado em laboratórios como anticoagulante e tóxicos em doses elevadas. Porém Lewinsohn utilizou doses mínimas, comprovando sua eficácia na anticoagulação. A glicose também se mostrou

15 A rtigo de R evisão 13 eficaz na anticoagulação sanguínea, após estudos experimentais em coelhos e foi a solução adotada no Reino Unido para a anticoagulação de sangue[3]. A partir da descoberta de formas de anticoagular o sangue, foi possível criar os bancos de sangue. O primeiro banco de sangue surgiu em Barcelona, durante a Guerra Civil Espanhola (1932). Mas foi a partir da Segunda Guerra Mundial que os bancos de sangue foram amplamente difundidos, tendo sido decisiva para salvar a vida de muitos civis e militares atingidos. No Brasil, o primeiro Banco de Sangue surgiu no Rio de Janeiro em 1943[1]. INDICAÇÕES DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA As indicações de transfusão no pós-operatório em cirurgias cardíacas incluem o tratamento de coagulopatias e correção de anemias com o objetivo final de limitar o sangramento e melhorar a capacidade de transporte de oxigênio. As indicações para transfusões evoluiu significativamente desde o início 1940, quando as indicações subjetivas foram desenvolvidos para abordar estas considerações teóricas. Todos os riscos e benefícios devem ser levados em conta na hora de indicar a transfusão sanguínea, desde as possíveis melhorias na oxigenação dos tecidos, como o risco de transmissão doenças relacionadas ao sangue ou induzir reações adversas. O impacto econômico e do custo da terapia transfusional em um ambiente no qual o sangue pode ser um salva-vidas, mas os recurso são escassos, prevê uma cuidadosa compreensão das indicações de transfusão de sangue e no desenvolvimento de decisões adequadas. O objetivo final de qualquer discussão quanto à indicação para a terapia transfusional é maximizar os benefício do paciente e minimizar os riscos[4]. Pacientes no pós-operatório de cirurgias cardíaca apresentando valores de hemoglobina inferiores a 6g/dL, a transfusão de glóbulos vermelhos é indicada e pode salvar a vida destes pacientes. A transfusão de células vermelhas é recomendada na maioria dos pacientes no pós-operatório com

16 A rtigo de R evisão 14 nível de hemoglobina de 7g/dL ou menos. A transfusão dos demais hemocomponentes deve ser baseada em evidências clínicas de sangramento mas preferencialmente guiada através de testes laboratoriais que possam avaliar a função hemostática com acurácia[5]. As decisões sobre a transfusão após a operação na Unidade de Terapia intensiva são complexas. É importante salientar que a situação clínica do paciente e o status da doença são fatores importantes na determinação da necessidade e indicação para transfusão em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio. Várias variáveis interferem na decisão: o estado volêmico e as condições cardiocirculatórias, a cronicidade da anemia, o potencial de perda de sangue, a extensão da cirurgia e o risco de ressangramento. Indicadores clínicos de hipovolemia e seus efeitos fisiológicos secundários como taquicardia, hipotensão e oligúria e indicadores fisiológicos de deficiência entre a oferta e a demanda de oxigênio, como saturação venosa de oxigênio inferior a 55% ou a tensão venosa de oxigênio menor que 30 mmhg[4]. Porém, na prática clínica, muitas vezes prepondera os sinais e sintomas clínicos na decisão de transfundir o paciente. No estudo realizado por Hajjar et al comparando o uso controlado (hematócrito 24%) e o uso liberal da hemotransfusão (hematócrito 30%) não altera as taxas de comorbidade e de mortalidade entre os grupos[6]. RISCOS DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA A transfusão apesar de promover um benefício inquestionável, traz em também vários riscos [7]. Está historicamente relacionado com a transmissão de agentes infecciosos, principalmente virais, como o vírus HIV, da hepatite B e C. Atualmente, entretanto, a transfusão vem se mostrando cada vez mais segura, devido principalmente a implantação da triagem sorológica em todas as doações. Estimativas atuais nos mostram que o risco de infecção pelo HIV é da ordem de 1 : unidades transfundidas e 1: unidades para o

17 A rtigo de R evisão 15 vírus da hepatite HCV [8]. Outro risco infeccioso é a contaminação bacteriana que ocorre na taxa de 1: de unidades. A reação hemolítica aguda decorrente da incompatibilidade do sistema ABO, sempre pode ocorrer, nos Estados Unidos estima-se que ocorra numa taxa de 1: transfusões, e geralmente é devido a identificação incorreta da bolsa de sangue, ou erro laboratorial na definição do tipo sanguíneo tanto do doador como do receptor [8]. Embora controverso, outro risco relacionado com a transfusão sanguínea refere-se com a exposição a leucócitos do doador, que pode acarretar reação febril não hemolítica durante a transfusão, e recentemente tem se identificado um efeito imunomudulador, pois tem se observado que pacientes com neoplasias, quando submetidos a transfusão tem um maior risco de recorrência mais precoce do tumor [4,8]. A transfusão durante o período peri-operatório de cirurgia cardíaca está cada vez mais associada a maiores taxas de complicações, principalmente a aumento dos eventos infecciosos, de eventos isquêmicos tanto cardíacos como cerebrais, maiores taxas de fibrilação atrial, com tempo de entubação mais prolongado e maior tempo de internação hospitalar [8,9]. Outra complicação pulmonar aguda causada pela hemotransfusão, conhecida como TRALI (transfusion-related acute Lung Injury) em que o receptor do hemoderivado desenvolve sinais e sintomas de comprometimento respiratório decorrente de um edema pulmonar não-cardiogênico. Evidência de hipoxemia com uma relação de PaO2/FiO2 <300, associado a infiltrado pulmonar bilateral e sem sobrecarga de fluidos, são critérios diagnósticos de TRALI. Mas o critério mais comum para o diagnóstico é o critério temporal entre a transfusão e o aparecimento dos sinais e sintomas. Eles ocorrem geralmente após 1-2horas da transfusão, com 100% dos pacientes apresentado os sintomas 6 horas após a transfusão [10].

18 A rtigo de R evisão 16 Em um estudo realizado por Van Straten e cols., assim como em outros estudos, o sexo feminino é um fator preditivo para a necessidade de hemotransfusões e suas complicações. A provável explicação para este comportamento é que as mulheres possuem uma baixa BSA, por possuírem um corpo menor e consequentemente uma hemoglobina mais baixa, principalmente no pré-operatório[11]. Rogers et al sugerem que devido a estes fatores as mulheres necessitam de mais transfusões, e sendo assim, estão mais suscetíveis a infecções de qualquer sítio[12]. Shevde et al em seu estudo relata que as razões das mulheres necessitarem de mais transfusões e serem suscetíveis a mais complicações ainda não é claro, mas estão diretamente relacionados com fatores determinantes para a transfusão como idade, peso, hemoglobina pré-operatória e duração da cirurgia[13]. Outro fator que contribui para o aumento no risco das hemotransfusões no pós-operatório de cirurgias cardíacas são a necessidade de cirurgias combinadas e o tempo elevado de Circulação extra-corpórea. A principal causa da coagulopatia após cirurgia cardíaca com CEC está nas anormalidades devido à trombocitopenia ou disfunção plaquetária, redução do fator de coagulação plasmática pela hemodiluição, excessiva fibrinólise primária ou secundária - devido a coagulação intravascular disseminada - e deficiência ou excesso de protamina[14]. TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CURUGIAS CARDÍACAS A ocorrência de sangramento é uma complicação freqüente de cirurgias cardiovascular[15]. Aproximadamente um terço dos pacientes operados necessitam de transfusão sanguínea, sendo responsáveis pelo consumo de 10% a 25% dos hemoderivados nos Estados Unidos[15-18].

19 A rtigo de R evisão 17 A transfusão de sangue e hemocomponentes é uma tecnologia relevante na terapêutica moderna. Usada de forma adequada em condições de morbidade ou mortalidade significativa, não sendo prevenida ou controlada efetivamente de outra maneira, pode salvar vidas e melhorar a saúde dos pacientes. Porém, assim como outras intervenções terapêuticas, pode levar à complicações agudas ou tardias, como o risco de transmissão de agentes infecciosos entre outras complicações clínicas[19]. A transfusão tem como objetivo primário aumentar o nível de hemoglobina circulante e conseqüentemente aumentar a capacidade de transporte de oxigênio para os tecidos, com isso evitando ou reduzindo a isquemia nos tecidos[20]. Na transfusão de hemoderivados temos três objetivos principais que são: melhorar a capacidade de transporte de oxigênio, melhorar a hemostasia e aumentar o volume sanguíneo em determinados casos de choque. Acredita-se que em vigência dos riscos e benefícios da transfusão sanguínea, não devemos nos basear somente em níveis alvo de hemoglobina ou do hematócrito, mas sim considerarmos o risco do paciente de desenvolver complicações secundárias ao aporte periférico de oxigênio inadequado. Já para os concentrados de plaquetas e plasma principalmente, a decisão de transfusão deve ser baseada na evidencia de sangramento e guiada preferencialmente por testes sanguíneos que avaliem as funções da coagulação de maneira acurada[4]. Atualmente, com a melhora das técnicas cirúrgicas e anestésicas evidencia-se uma significativa redução no uso de hemoderivados, diminuindo não só o risco de transmissão de agentes infecciosos e infecções pósoperatórias, mas também os custos dos procedimentos[18,21].

20 A rtigo de R evisão 18 RISCOS DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS A associação entre transfusão de hemocomponentes e complicações no pós-operatório de cirurgia cardíacas, já são bastante descritas na literatura. Em um estudo realizado por Koch et al ao analisar a relação de unidades de concentrado de hemácias de adulto (CHAD) administrados nos pacientes e o risco de morbidade e mortalidade nos pacientes submetidos a CRM, conclui que há uma dose dependente entre cada unidade de CHAD transfundida e o risco de morbimortalidade no pós operatório. Segundo o estudo, cada unidade administrada aumenta em 77% o risco de mortalidade no pós-operatório e 100% do risco de desenvolver alguma complicação renal, 76% de risco de desenvolver infecções pós-operatória, aumento em 55% de complicações cardíacas, aumento em 37% no risco de complicações neurológicas. Estas associações mantiveram-se forte mesmo após o ajuste dos fatores de risco de causarem complicações no pós-operatório. Os autores também relatam a importância de estratificar os grupos de alto risco para transfusão para a partir daí modular intervenções pré e peri-operatórios que contribuam para reduzir a hemotransfusão no pós-operatório e consequentemente os riscos de complicações[22]. Em um estudo realizado por Möhnle et al em pacientes que possuíam baixo risco de desenvolver complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca, foi observado que, apesar deste baixo risco, os pacientes que receberam hemoderivados no pós-operatorio apresentaram um aumento no risco de desenvolver eventos cardíacos, bem como o aumento de infecções no sítio operatório. Porém, o próprio autor relata que os achados do estudo relacionados às complicações infecciosas, renais e mortalidade hospitalar devem ser analisados com cuidado. Principalmente devido ao fato que o grupo de pacientes hemotransfundidos difere em várias características do grupo que não recebeu hemotransfusões no pós-operatório[20].

21 A rtigo de R evisão 19 Karkouti et al também relata que a necessidade de hemotransfusão no pós-operatório de cirurgias cardíacas está diretamente associada a complicações pós-operatórias como sepse, SARA, insuficiência renal aguda e morte[23]. Em relação especificamente aos riscos de complicações pulmonares, Koch et al, em outro estudo relatam que a hemotransfusão está associada a um alto risco de insuficiência respiratória, SARA, necessidade de reintubações por causas pulmonares, tempo elevado de intubação e maior tempo de internação em unidade de terapia intensiva. No mesmo estudo conclui-se que o uso do plasma esta associado com mais complicações pulmonares no pós-operatório quando comparados com outros hemoderivados[10]. Rogers et al encontraram um aumento significativo de infecções durante a internação nos pacientes que receberam hemotransfusão no pós-operatório de cirurgias cardíacas, sendo as infecções mais prevalentes as do trato geniturinário, do trato respiratório, do trato digestivo, de pele e tecido subcutâneo, assim como de sepse. Neste estudo o risco de infecções durante a hospitalização nos pacientes transfundidos foram 2 vezes maiores quando comparado aos que não receberam hemoderivados. Também neste grupo de pacientes o risco de morte foi 5 vezes maior no caso de cirurgias eletivas, e 4 vezes maior no caso de cirurgias não eletivas, assim como o risco de morte após 30 dias da alta hospitalar foi 3 vezes maior em pacientes que realizaram cirurgias eletivas e 4 vezes maior nas cirurgias não eletiva[24]. No estudo de Magedanz et al, onde criou-se um escore de risco para mediastinite no pós-operatório, encontrou-se uma associação entre hemotransfusão e risco de mediastinite no pós-operatório (OR: 2,5; IC95%: 1,5 4,1; p=0,001), que também vem de encontro a um estudo que encontrou forte associação entre transfusão e risco de infecções, o que reflete o efeito imunossupressor da hemotransfusão[25,26].

22 A rtigo de R evisão 20 Estudos relatam que a hemotransfusão, principalmente de plaquetas, é associado com o surgimento de co-morbidades como fibrilação atrial, síndrome de baixo débito cardíaco, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, falência renal e sepse[22,23]. A fibrilação atrial é uma complicação comum após a realização de cirurgias cardíacas, ocorrendo entre 10 a 43% dos pacientes operados contribuindo para a morbidade e o aumento na permanência hospitalar destes pacientes. Koch et al. em um estudo que avaliava o risco de desenvolver FA em pacientes submetidos a hemotransfusão sanguínea no pós-operatório de cirurgia cardíaca, concluiu que a transfusão esta associada com o risco de FA no pós-operatório, sendo que o risco aumenta para cada unidade transfundida (OR: 1,2; IC 95%: 1,1-1,3; p<0,0001). Embora não se saiba o mecanismo preciso, o autor especula que a resposta inflamatória associada a transfusão pode ser exacerbada, contribuindo para a ocorrência de FA. Isso pode ser decorrente da ativação leucocitária, levando a injuria do tecido atrial[27]. Alguns estudos relatam que o processo isquêmico, a perda de sangue e a hemotransfusão são conhecidos por provocar a resposta inflamatória sistêmica intensa. A hemotransfusão também pode iniciar uma resposta inflamatória secundária pela modificação da resposta inflamatória sistêmica do paciente e pela introdução direta de substancias bioativas diretamente na circulação, além da resposta inflamatória primária iniciada pela Circulação Extra-corpórea [28-30]. Em um estudo realizado por McGrath et al com pacientes, foi verificado que não há associação entre a transfusão e o aumento da morbidade e da mortalidade no pós-operatório de cirurgias cardíacas. Porém, este estudo analisou somente a transfusão de plaquetas, sem levar em consideração outros componentes hemoderivados[31]. De acordo com o estudo realizado por Van Straten et al, o número de unidades transfundidas pode ser um preditor de mortalidade precoce (até 30

23 A rtigo de R evisão 21 dias no pós-operatório), mas não de mortalidade tardia. Comparando a expectativa de sobrevida, os autores concluíram que em pacientes que receberam 3 ou mais unidades de CHAD a sobrevida cai significativamente quando comparam a pacientes que não receberam hemoderivados. Estes pacientes também têm alta incidência de complicações pós-operatórias, o que poderia explicar a alta mortalidade precoce neste estudo[28]. Ao analisar a relação entre hemotransfusão e cirurgia cardíaca em uma população mais idosa, Veenith et al, mostraram que a hemotransfusão está associado a um aumento significativo de mortalidade e tempo de permanência hospitalar. O autor também relata que essa possível associação esta na má condição de saúde dos pacientes no pré-operatório. Outro fator que aumentaria o risco de morbimortalidade no pós-operatório seria a hemotrasfusão pode aumentar o risco de processo isquêmicos e complicações infecciosas, isso também explicaria o tempo aumentado de permanência na UTI e no hospital[32].

24 A rtigo de R evisão 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Escola poiltécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Textos de apoio em Hemoterapia: Volume 1. rio de Janeiro: editora FIOCRUZ, GIANGRANDE, Paul L. F. Historical Review: The History of Blood Transfusion. British Journal of Haematology, 2000, 110, GREENWALT, T.J. A Short history of transfusion medicine. Transfusion, volume 37, May 1997, The Society of Thoracic Surgeons Blood Conservation Guideline Task Force, Ferraris VA, Ferraris SP, Saha SP, et al ; Perioperative blood transfusion and blood conservation in cardiac surgery: The Society of Thoracic Surgeons and The Society of Cardiovascular Anesthesiologists Clinical Practice Guideline. Ann Thorac Surg 2007; 83:S27 S86 5. American Society of Anesthesiologists. Practice guidelines for blood component therapy: a report by the American Society of Anesthesiologists Task Force on Blood Component Therapy. Anesthesiology 1996;84: HAJJAR LA, VINCENT JL, GALAS FR, NAKAMURA RE, SILVA CM, ET AL.Transfusion requirements after cardiac surgery: the TRACS randomized controlled trial. JAMA Oct 13;304(14): Rawn J. The silent risks of blood transfusion. Curr Opin Anaesthesiol 21: Goodnough LT. Risks of Blood Transfusion. Anesthesiology Clin N Am 23(2005) Corwin HL, Gettinger A, Pearl RG, et al. The CRIT Study: anemia and blood transfusion in the critically ill current clinical practice in the United States. Crit Care Med 2004; 32: Koch C, Li L, Figueroa P, Mihaljevic T, Svensson L, Blackstone EH. Transfusion and pulmonary morbidity after cardiac surgery. Ann Thorac Surg Nov;88(5): VAN STRATEN AH, KATS S, BEKKER MW, VERSTAPPEN F,et al. Risk factors for red blood cell transfusion after coronary artery bypass graft surgery. J Cardiothorac Vasc Anesth Jun;24(3): ROGERS MA, BLUMBERG N, SAINT SK, KIM C, NALLAMOTHU BK, LANGA KM. Allogeneic blood transfusions explain increased mortality in women after coronary artery bypass graft surgery. Am Heart J Dec;152(6): SHEVDE K, PAGALA M, KASHIKAR A, TYAGARAJ C, SHAHBAZ N, IQBAL M, IDUPUGANTI R. Gender is an essential determinant of

25 A rtigo de R evisão 23 blood transfusion in patients undergoing coronary artery bypass graft procedure. J Clin Anesth Mar;12(2): KARKOUTI K, O'FARRELL R, YAU TM, BEATTIE WS; Prediction of massive blood transfusion in cardiac surgery. Can J Anaesth Aug;53(8): Whitlock R, Crowther MA, Ng HJ. Bleeding in Cardiac Surgery: Its Prevention and Treatment an Evidence-Based review. Crit Care Clin 2005;21: Karkouti K, Cohen MM, McCluskey SA, Sher GD. A multivariable model for predicting the need for blood transfusion in patients undergoing first-time elective coronary bypass graft surgery. Transfusion 2001;41: Johnson RG, Thurer RL, Kruskall MS, et all. Comparison of two transfusion strategies after elective operations for myocardial revascularization. The Journal of Thoracic Surgery 1992;104: Magovern JA, Sakert T, Benckart DH, Burkholder JA, Liebler GA, Magovern GJ, et al. A Model for Predicting Transfusion After Coronary Artery Bypass Grafting. Ann Thorac Surg 1996;61: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Guia para o uso de hemocomponentes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada. Brasília : Ministério da Saúde, p. : il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) 20. Möhnle P, Snyder-Ramos SA, Miao Y, Kulier A, Böttiger BW, Levin J, Mangano DT. Postoperative red blood cell transfusion and morbid outcome in uncomplicated cardiac surgery patients. Intensive care Medicine, 2010 august Shumway SJ, et all. Bloodles Cardiac Surgery is Associated With Decreased Morbidity and Mortality. The Journal of Cardiac Surgery 2007;22: Koch CG, Li L, Duncan AI, Mihaljevic T, Cosgrove DM, Loop FD, Starr NJ, Blackstone EH. Morbidity and mortality risk associated with red blood cell and blood-component transfusion in isolated coronary artery bypass grafting. Crit Care Med. 2006;34: Karkouti K, O'Farrell R, Yau TM, Beattie WS; Prediction of massive blood transfusion in cardiac surgery. Can J Anaesth Aug;53(8): Rogers MA, Blumberg N, Saint S, Langa KM, Nallamothu BK. Hospital variation in transfusion and infection after cardiac surgery: a cohort study. BMC Med Jul 31;7:37.

26 A rtigo de R evisão Magedanz EH, Bodanese LC, Guaragna JC, Albuquerque LC, Martins V, Minossi SD, Piccoli Jda C, Goldani MA. Risk score elaboration for mediastinitis after coronary artery bypass grafting. Rev Bras Cir Cardiovasc Jun;25(2): Friedman ND, Bull AL, Russo PL, Leder K, Reid C, BillahB, et al. An alternative scoring system to predict risk for surgical site infection complicating coronary artery bypass graft surgery. Infect Control Hosp Epidemiol. 2007;28(10): Koch CG, Li L, Van Wagoner DR, Duncan AI, Gillinov AM, Blackstone EH. Red cell transfusion is associated with an increased risk for postoperative atrial fibrillation. Ann Thorac Surg Nov;82(5): Van Straten AH, Bekker MW, Soliman Hamad MA, van Zundert AA, Martens EJ, Schönberger JP, de Wolf AM. Transfusion of red blood cells: the impact on short-term and long-term survival after coronary artery bypass grafting, a ten-year follow-up. Interact Cardiovasc Thorac Surg Jan;10(1): Murphy GJ, Reeves BC, Rogers CA, Rizvi SIA, Culliford L, Angelini GD. Increased mortality, postoperative morbidity, and costs after red blood cell transfusion in patients having cardiac surgery. Circulation 2007;116: Ranucci M. Allogeneic blood transfusions and infections after cardiac surgery. Am Heart J 2007;153:e McGrath T, Koch CG, Xu M, Li L, Mihaljevic T, Figueroa P, Blackstone EH. Platelet transfusion in cardiac surgery does not confer increased risk for adverse morbid outcomes. Ann Thorac Surg Aug;86(2): Veenith T, Sharples L, Gerrard C, Valchanov K, Vuylsteke A. Survival and length of stay following blood transfusion in octogenarians following cardiac surgery. Anaesthesia Apr;65(4):331-6.

27 ARTIGO ORIGINAL 25

28 A rtigo Original 26 O IMPACTO DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS. THE IMPACT OF BLOOD TRANSFUSION IN POSTOPERATIVE CARDIAC SURGERY CAMILA DE CHRISTO DORNELES 1, LUIZ CARLOS BODANESE 2, JOÃO CARLOS VIEIRA DA COSTA GUARAGNA 3, FABRÍCIO EDLER MACAGNAN 4, JULIANO COELHO 5, MARCO ANTONIO GOLDANI 6, JOÃO BATISTA PETRACCO 7. Serviço de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Porto Alegre, Brasil. Correspondência para: Camila de Christo Dorneles Serviço de Cardiologia Hospital São Lucas da PUCRS. Av. Ipiranga, 6690, sala 300. CEP: Porto Alegre, RS Brasil. camilacdorneles@yahoo.com.br 1 Fisioterapeuta, Mestre em Clínica Médica pelo Programa de Pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde da PUCRS. 2 Doutorado em Clínica Médica; Professor Titular da Disciplina de Cardiologia do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da PUCRS. Chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital São Lucas da PUCRS. 3 Doutorado em Clínica Médica; Médico Cardiologista. Professor da Faculdade de Medicina da PUCRS. Chefe do Serviço de Pós- Operatório de Cirurgia Cardíaca do Hospital São Lucas da PUCRS. 4 Fisioterapeuta, Doutorado em Clínica Médica; Professor do Curso de Fisioterapia da PUCRS. 5 Acadêmico do curso de Medicina da PUCRS 6 Especialista em Cirurgia Cardiovascular; Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da PUCRS Disciplina de Cirurgia Cardiovascular. Chefe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital São Lucas da PUCRS. 7 Cirurgião Cardiovascular do HSL/PUCRS, Professor Titular da Faculdade de Medicina da PUCRS.

29 A rtigo Original 27 RESUMO Introdução: A transfusão sanguínea, assim como outras intervenções terapêuticas, pode levar à complicações agudas ou tardias. O reconhecimento de complicações pós-operatórias (PO) associados à transfusão permitirá que estratégias sejam traçadas para minorar essas comorbidades neste grupo de pacientes. Objetivos: Este estudo pretende analisar o impacto da transfusão sanguínea, seus principais riscos e efeitos no pós-operatório de cirurgias cardíacas. Métodos: Estudo de coorte retrospectiva, utilizando dados do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital São Lucas da PUCRS, com 4028 pacientes que realizaram cirurgia de Revascularização do Miocárdio, Troca Valvar ou cirurgias combinadas, entre 1996 e Resultados: Foram comparadas as complicações no PO entre os pacientes transfundidos (n=916) e os não-transfundidos (n=3112).pacientes transfundidos apresentaram mais episódios infecciosos como mediastinite (p<0,001), infecção respiratória (p<0,001), e sepse (p<0,001). Ocorreram mais episódios de fibrilação atrial ACFA (p<0,001), insuficiência renal aguda IRA (p<0,001) e Acidente Vascular Cerebral AVC (p=0,001). O tempo de internação hospitalar no PO foi aumentado nos transfundidos (13±12,07 dias x 9,72±7,66 dias, p<0,001). Porém, a mortalidade não apresentou diferença entre os grupos (p=0,112). A transfusão mostrou-se como fator de risco para: infecção respiratória (OR: 1,91; IC95%: 1,59-2,29; p<0,001), SARA (OR: 2,35; IC95%: 0,97-5,67; p=0,058), ACFA (OR:1,35; IC95%: 1,13-1,61; p=0,01), Sepse (OR: 2,08; IC95%: 1,4-3,07; p<0,001), Mediastinite (OR: 2,14; IC95%: 1,43-3,21; p<0,001), AVC (OR: 1,63; IC95%: 1,1-2,41; p=0,014) e Insuficiência Renal Aguda (OR: 1,8; IC95%: 1,39-2,33; p<0,001). Conclusão: A transfusão está associada com aumento do risco de eventos infecciosos, episódios de ACFA, IRA, AVC e SARA. A hemotransfusão aumentou o tempo de permanência hospitalar, mas não a taxa de óbito. Palavras chave: transfusão de sangue, cirurgia torácica, complicações pósoperatórias, mortalidade hospitalar.

30 A rtigo Original 28 ABSTRACT Background: The blood transfusion, as well as other therapeutic interventions, can lead to acute or late complications. The recognition of post-operatory (PO) complications associated to the transfusion will allow the creation of strategies to be taken to decrease these comorbidities for this group of patients. Objectives: This study aims to examine the impact of blood transfusion, its main risks and effects in postoperative heart surgeries. Methods: Retrospective cohort study, using data from the Cardiovascular Surgery Service of São Lucas Hospital of PUCRS, with 4028 patients who had been submitted to Coronary Artery Bypass Grafting Surgery, Valve Surgery or combined surgeries between 1996 and PO complications between transfused patients (n=916) and non-transfused patients (n=3112) were compared. Results: Transfused patients presented more infectious episodes, such as Mediastinitis (p<0,001), Respiratory Infection (p<0,001) and Sepsis (p<0,001). More Atrial Fibrillation - AF - (p<0,001), Acute Renal Failure - ARF - (p<0,001) and Cerebrovascular Accident - CVA - (p=0,001) episodes occurred. The time of PO hospitalization increased for the transfused patients (13±12,07 days x 9,72±7,66 days, p<0,001). However, there wasn t any difference in mortality between the groups (p=0,112). The transfusion was identified as a risk factor for: Respiratory Infection (OR: 1,91; IC95%: 1,59-2,29; p<0,001), ARDS (OR: 2,35; IC95%: 0,97-5,67; p=0,058), AF (OR:1,35; IC95%: 1,13-1,61; p=0,01), Sepsis (OR: 2,08; IC95%: 1,4-3,07; p<0,001), Mediastinitis (OR: 2,14; IC95%: 1,43-3,21; p<0,001), CVA (OR: 1,63; IC95%: 1,1-2,41; p=0,014) and Acute Renal Failure (OR: 1,8; IC95%: 1,39-2,33; p<0,001). Conclusion: The transfusion is directly related to the risk of infectious events and to more AF, ARF, CVA and ARDS episodes. The blood transfusion increased the permanence time in hospital, but not the death rate for these patients. Key Words: blood transfusion, thoracic surgery, postoperative complications, hospital mortality

31 A rtigo Original 29 INTRODUÇÃO: As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte e incapacidade no mundo ocidental bem como no Brasil [1,2]. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 as doenças cardiovasculares permanecerão sendo a principal causa de morte e incapacidade levando, aproximadamente, 40 milhões de pessoas a óbito [3,4]. No Brasil, essas doenças são responsáveis pela maior parcela dos gastos com assistência médica (16,22% do total), implicando 10,74 milhões de dias de internação pelo Sistema Único de Saúde [5]. Entre as diferentes abordagens terapêuticas dsponíveis, a correção cirúrgica é a alternativa para muitas das doenças cardiovasculares. Uma série de técnicas e tipos de incisões é utilizada para a realização de cirurgias como Revascularização do Miocárdio (CRM), reparos e trocas das Válvulas Cardíacas (TVC). Porém, inúmeras complicações podem elevar a morbidade e a mortalidade pos pacientes no período pós-operatório (PO), aumentando o risco inerente ao procedimento [6]. A ocorrência de sangramento é uma complicação freqüente de cirurgias cardiovascular[7]. Aproximadamente um terço dos pacientes operados necessitam de transfusão sanguínea, sendo responsáveis pelo consumo de 10% a 25% dos hemoderivados nos Estados Unidos[7-10]. A transfusão de sangue e hemocomponentes é uma tecnologia relevante na terapêutica moderna. Usada de forma adequada em condições de morbidade ou mortalidade significativa, não sendo prevenida ou controlada efetivamente de outra maneira, pode salvar vidas e melhorar a saúde dos pacientes. Porém, assim como outras intervenções terapêuticas, pode levar à complicações agudas ou tardias, como o risco de transmissão de agentes infecciosos entre outras complicações clínicas[11]. O reconhecimento de fatores de risco pós-operatório associados à hemotransfusão permitirá que estratégias sejam traçadas para minorar essas comorbidades neste grupo de pacientes.

32 A rtigo Original 30 MÉTODOS: Foi realizado um estudo de coorte retrospectiva, utilizando dados do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Hospital São Lucas da PUCRS, de 4028 pacientes que realizaram cirurgia de Revascularização do Miocárdio, Troca Valvar ou cirurgias combinadas, entre 1996 e As variáveis pré e peri-operatórias analisadas foram: gênero feminino, idade>65 anos, tabagismo, obesidade (IMC 30kg/m²), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) diagnosticada clinicamente e/ ou por estudo radiológico do tórax e/ ou espirometria e/ ou em tratamento medicamentoso (corticóide ou broncodilatadores), insuficiência renal crônica (creatinina>1,5 mg/dl ou hemodiálise prévia), cirurgia cardíaca prévia, história de patologias prévias como diabetes (DM), processo infeccioso ativo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença vascular periférica (DVP), acidente Vascular Cerebral (AVC), fibrilação atrial (FA) e Infarto agudo do miocárdio (IAM), angina instável (AI), classe funcional 3 e 4 da insuficiência cardíaca de acordo com critérios da New York Heart Association (NYHA), fração de ejeção < 40%(medida pela ecocardiografia), prioridade cirúrgica (cirurgia de emergência/urgência colocada como variável única e definida como necessidade de intervenção em até 48 horas, devido a risco iminente de morte ou estado clínico hemodinâmico instável), tempo de circulação extracorpórea > 120 minutos, uso de Balão intraaórtico (BIA). As variáveis pós-operatórias analisadas como possíveis complicações relacionadas à transfusão de hemoderivados foram: sepse e infecção respiratória, diagnosticada através de organismo isolado em meio de cultura associado a febre e contagem elevada de leucócitos; mediastinite, diagnosticada através presença de dor, calor, rubor e secreção purulenta a ferida operatória do esterno, presença de instabilidade e febre, além do diagnóstico de imagem através da tomografia de tórax; FA fibrilação atrial, confirmada pela análise eletrocardiográfica, bem como o IAM pós-operatório, também confirmado pela alteração de enzimas cardíacas; insuficiência renal

33 A rtigo Original 31 aguda, com elevação da creatinina e necessidade de diálise; Síndrome Angústia Respiratória Aguda (SARA), com radiografia de tórax, mostrando infiltrados alvéolointersticiais, micro e/ ou macronodulares, bilaterais e assimétricos e um índice de oxigenação (PaO2/FIO2)< 200 mmhg; acidente vascular cerebral (AVC), diagnosticado através de sinais clínicos de déficit neurológico e tomografia compatível; também foram analisadas a taxa de óbito em até 30 dias após a cirurgia e o tempo de internação hospitalar em pacientes que receberam hemoderivados ou não. As variáveis quantitativas foram descritas através de média e desvio padrão e as variáveis categóricas foram descritas através de freqüências absolutas e relativas. Além das análises descritivas, foi realizada análise univariada, através do teste qui-quadrado de Pearson e/ou Exato de Fisher, e para avaliar as possíveis variáveis intervenientes, foi realizada análise multivariada através do teste de regressão logística Bivariada, onde todos os fatores pré e peri-operatórios foram ajustados como possíveis fatores confundidores. Foram consideradas significativas as variáveis com p<0,05. Para análise estatística foi utilizado o programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences, versão 18.0). O projeto de pesquisa deste estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS.

34 A rtigo Original 32 RESULTADOS: Um total de 4028 pacientes foram incluídos neste estudo retrospectivo. Destes, 62,9% (n= 2533) eram do sexo masculino e 37,1% (n=1495) do sexo feminino. Com relação ao tipo de cirurgia, 67,2%(n=2706) realizaram CRM, 27,4%(n= 1102) realizaram TVC e 5,6%(n=225) realizaram cirurgias combinadas (CRM+TVC). Destes pacientes, 22,7% (n=916) necessitaram de hemotransfusão no pós-operatório de cirurgia cardíaca. A tabela 1 mostra os dados pré e peri-operatório dos pacientes. Tabela 1: Características de base dos pacientes no pré e peri-operatório de cirurgias cardíacas Total n= 4028 Hemotransfundidos n=916 Não hemotranfundid os n=3112 SEXO FEMININO <0,001 IDADE >65 ANOS <0,001 TABAGISMO ,004 OBESIDADE ,622 DM ,012 DPOC ,222 IRC <0,001 AVC ,967 HEMODIÁLISE PRÉ ,001 INFECÇÃO PRÉ ,724 AI ,01 IAM ,103 ACFA ,913 HAS <0,001 FE<40% ,072 CEC>120MIN <0,001 DVP ,004 BIA ,079 CIR. EMERGÊNCIA ,028 ICC 3 E 4 (NYHA) ,03 DM: Diabete Mellitus; DPOC: Doença Pulmonar obstrutiva Crônica; IRC: Insuficiência Renal Crônica; AVC: Acidente Vascular Cerebral; AI: Angina Instável; IAM: Infarto Agudo do Miocárdio; ACFA: Fibrilação Atrial; HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica; FE: Fração de Ejeção; CEC: Circulação Extra-corpórea; DVP: Doença Vascular Periférica; BIA: Balão Intra-aórtico; ICC: Insuficiência Cardíaca Congestiva; NYHA: New York Heart Association p

35 A rtigo Original 33 Dez complicações pós-operatórias foram avaliadas em relação à utilização de hemoderivados (Tabela 2). Pacientes que receberam transfusões apresentaram significativamente mais episódios infecciosos como: mediastinite (p<0,001), infecção respiratória (p<0,001), e sepse (p<0,001). Este grupo de pacientes também apresentou mais episódios de fibrilação atrial (p<0,001) e insuficiência renal aguda (p<0,001) e AVC (p=0,001). Além disto, o tempo de internação hospitalar no pós-operatório foi aumentado no grupo que recebeu hemotransfusão (13±12,07 dias x 9,72±7,66 dias, p<0,001). Porém, a mortalidade não apresentou diferença entre os pacientes que receberam hemoderivados quando comparado com aqueles que não foram hemotransfundidos (p=0,112). Tabela 2: Complicações apresentadas no pós-operatório Total n= 4028 Hemotransfundidos n=916 n(%) Não hemotranfundidos n=3112 n(%) ACFA (27) 635 (20,4) <0,0001 SEPSE (6,2) 77 (2,5) <0,0001 MEDIASTINITE (4,9) 68 (2,2) <0,0001 INFECÇÃO (27,8) 532 (17,1) <0,0001 RESPIRATÓRIA IRA (14,5) 227 (7,3) <0,0001 SARA (1,1) 12 (0,4) 0,022 IAM PÓS (13,4) 366 (11,8) 0,193 AVC (4,8) 81 (2,6) 0,001 ÓBITO (10,9) 283 (9,1) 0,112 TPOS* 13±12,07 9,72±7,66 <0,0001 * Em dias. ACFA: Fibrilação Atrial; IRA: Insuficiência Renal Aguda; SARA: Síndrome da Angústia Respiratória Aguda; IAM PÓS: Infarto agudo do Miocárdio até 30 dias após a cirurgia; AVC: Acidente Vascular Cerebral; TPOS: Tempo de permanência hospitalar p

36 A rtigo Original 34 As complicações pós-operatórias foram incluídas na análise multivariada (Tabela 3), sendo ajustado para os fatores pré e peri-operatórios citados anteriormente, onde relacionou-se como fatores de risco devido à hemotransfusão: infecção respiratória (OR: 1,91; IC95%: 1,59-2,29; p<0,001), SARA (OR: 2,35; IC95%: 0,97-5,67; p=0,058), ACFA (OR:1,35; IC95%: 1,13-1,61; p=0,01), Sepse (OR: 2,08; IC95%: 1,4-3,07; p<0,001), Mediastinite (OR: 2,14; IC95%: 1,43-3,21; p<0,001), AVC (OR: 1,63; IC95%: 1,1-2,41; p=0,014) e Insuficiência Renal Aguda (OR: 1,8; IC95%: 1,39-2,33; p<0,001). Os fatores que não se mostraram estatisticamente significativos foram o Infarto Agudo do Miocárdio e a taxa de óbito. Tabela 3: Análise multivariada das complicações pós-operatórias devido à hemotransfusão Complicações OR IC 95% P INFECÇÃO. RESPIRATÓRIA 1,91 1,59 2,29 <0,001 IAM PÓS 0,93 0,74 1,18 0,567 ACFA 1,35 1,13 1,61 0,01 SEPSE 2,08 1,40 3,07 <0,001 MEDIASTINITE 2,14 1,43 3,21 <0,001 IRA 1,8 1,39 2,33 <0,001 SARA 2,35 0,97 5,67 0,058 AVC 1,63 1,1 2,41 0,014 ÓBITO 0,85 0,64 1,13 0,259 OR: odds ratio; IC: intervalo de confiança; ACFA: Fibrilação Atrial; IRA: Insuficiência Renal Aguda; SARA: Síndrome da Angústia Respiratória Aguda; IAM PÓS: Infarto agudo do Miocárdio até 30 dias após a cirurgia; AVC: Acidente Vascular Cerebral;

37 A rtigo Original 35 DISCUSSÃO Os resultados deste estudo sugerem que a transfusão sanguínea na amostra estudada está relacionada com o risco de eventos infecciosos (como mediastinite, infecção respiratória, sepse). Os pacientes hemotransfundidos também apresentaram mais episódios de fibrilação atrial, insuficiência renal aguda, acidente vascular cerebral e SARA. A associação entre transfusão de hemocomponentes e complicações no pós-operatório de cirurgia cardíacas, já são bastante descritas na literatura. Em um estudo realizado por Koch et al ao analisar a relação de unidades de concentrado de hemácias de adulto (CHAD) administrados nos pacientes e o risco de morbidade e mortalidade nos pacientes submetidos a CRM, concluiu que dos pacientes analisados, 5184 (49%) receberam pelo menos 1 unidade de CHAD também conclui que há uma dose dependente entre cada unidade de CHAD transfundida e o risco de morbimortalidade no pósoperatório. Segundo o estudo cada unidade administrada aumenta em 77% o risco de mortalidade no pós-operatório e 100% do risco de desenvolver alguma complicação renal, 76% de risco de desenvolver infecções pós-operatória, aumento em 55% de complicações cardíacas, aumento em 37% no risco de complicações neurológicas. Estas associações mantiveram-se forte mesmo após o ajuste dos fatores de risco de causarem complicações no pósoperatório. Os autores também relatam a importância de estratificar os grupos de alto risco para transfusão para a partir daí modular intervenções pré e perioperatórios que contribuam para reduzir a hemotransfusão no pós-operatório e consequentemente os riscos de complicações[12]. Em um estudo realizado por Möhnle et al em pacientes que possuíam baixo risco de desenvolver complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca, foi observado que, apesar deste baixo risco, os pacientes que receberam hemoderivados no pós-operatorio apresentaram um aumento no risco de desenvolver eventos cardíacos, bem como o aumento de infecções no sítio operatório. Porém, o próprio autor relata que os achados do estudo

CAMILA DE CHRISTO DORNELES O IMPACTO DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS

CAMILA DE CHRISTO DORNELES O IMPACTO DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIAS CARDÍACAS PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CLÍNICA MÉDICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CAMILA DE CHRISTO DORNELES O

Leia mais

Luiz Antonio Vane Prof. Titular do Depto de Anestesiologia da F.M. Botucatu - UNESP

Luiz Antonio Vane Prof. Titular do Depto de Anestesiologia da F.M. Botucatu - UNESP Luiz Antonio Vane Prof. Titular do Depto de Anestesiologia da F.M. Botucatu - UNESP Depto. de Anestesia HC da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP Transfusão de Hemácias Até 1982 Hematócrito > 30%

Leia mais

Boletim Científico SBCCV

Boletim Científico SBCCV 1 2 Boletim Científico SBCCV 4-2013 Intervenção percutânea versus cirurgia de coronária nos Estados Unidos em pacientes com diabetes. Percutaneous Coronary Intervention Versus Coronary Bypass Surgery in

Leia mais

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO RESUMO SEPSE PARA SOCESP 2014 1.INTRODUÇÃO Caracterizada pela presença de infecção associada a manifestações sistêmicas, a sepse é uma resposta inflamatória sistêmica à infecção, sendo causa freqüente

Leia mais

Analgesia Pós-Operatória em Cirurgia de Grande Porte e Desfechos

Analgesia Pós-Operatória em Cirurgia de Grande Porte e Desfechos Analgesia Pós-Operatória em Cirurgia de Grande Porte e Desfechos A Medicina Baseada em Evidências (MBE) é definida como o uso consciente, explícito e crítico da melhor evidência atual, integrado com a

Leia mais

FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO EM CIRURGIA CARDÍACA

FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO EM CIRURGIA CARDÍACA FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO EM CIRURGIA CARDÍACA Autor Jonas Silva Andrade ; Maria Rafaela Viana de Sá ;Isaac Newton Guimarães Andrade Faculdade de Ciências Aplicadas-Facisa. Jonas_andrad@hotmail.com

Leia mais

I. RESUMO TROMBOEMBOLISMO VENOSO APÓS O TRANSPLANTE PULMONAR EM ADULTOS: UM EVENTO FREQUENTE E ASSOCIADO A UMA SOBREVIDA REDUZIDA.

I. RESUMO TROMBOEMBOLISMO VENOSO APÓS O TRANSPLANTE PULMONAR EM ADULTOS: UM EVENTO FREQUENTE E ASSOCIADO A UMA SOBREVIDA REDUZIDA. I. RESUMO TROMBOEMBOLISMO VENOSO APÓS O TRANSPLANTE PULMONAR EM ADULTOS: UM EVENTO FREQUENTE E ASSOCIADO A UMA SOBREVIDA REDUZIDA. Introdução: A incidência de tromboembolismo venoso (TEV) após o transplante

Leia mais

Tese (doutorado) Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, 2009.

Tese (doutorado) Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, 2009. Botucatu 2009 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU UNESP Bibliotecária responsável:

Leia mais

Marcos Sekine Enoch Meira João Pimenta

Marcos Sekine Enoch Meira João Pimenta FIBRILAÇÃO ATRIAL NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACA COM CIRCULAÇÃO EXTRA-CORPÓREA. Avaliação de fatores pré-operatórios predisponentes e evolução médio prazo. Marcos Sekine Enoch Meira João

Leia mais

Transfusão no Paciente Anêmico

Transfusão no Paciente Anêmico Transfusão no Paciente Anêmico Dante M. Langhi Jr Disciplina de Hematologia e Hemoterapia Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo 2007 Transfusão de Hemácias Procedimento médico muito comum

Leia mais

Preditores de lesão renal aguda em doentes submetidos a implantação de prótese aórtica por via percutânea

Preditores de lesão renal aguda em doentes submetidos a implantação de prótese aórtica por via percutânea Preditores de lesão renal aguda em doentes submetidos a implantação de prótese aórtica por via percutânea Sérgio Madeira, João Brito, Maria Salomé Carvalho, Mariana Castro, António Tralhão, Francisco Costa,

Leia mais

DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA

DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA FMRPUSP PAULO EVORA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA FATORES DE RISCO Tabagismo Hipercolesterolemia Diabetes mellitus Idade Sexo masculino História familiar Estresse A isquemia é

Leia mais

Sepse Professor Neto Paixão

Sepse Professor Neto Paixão ARTIGO Sepse Olá guerreiros concurseiros. Neste artigo vamos relembrar pontos importantes sobre sepse. Irá encontrar de forma rápida e sucinta os aspectos que você irá precisar para gabaritar qualquer

Leia mais

CRITÉRIOS E EXAMES COMPLEMENTARES PARA REALIZAÇÃO DE ANESTESIA PARA EXAMES DIAGNÓSTICOS

CRITÉRIOS E EXAMES COMPLEMENTARES PARA REALIZAÇÃO DE ANESTESIA PARA EXAMES DIAGNÓSTICOS ELABORADO EM 13/06/2012 REVISÃO EM 13/06/2014 REVISÃO EM 30/03/16 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA CRITÉRIOS E EXAMES COMPLEMENTARES PARA REALIZAÇÃO DE ANESTESIA PARA EXAMES DIAGNÓSTICOS 1. Critérios

Leia mais

ANÁLISE DE MORTALIDADE HOSPITALAR EM PACIENTES IDOSOS SUBMETIDOS À CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO

ANÁLISE DE MORTALIDADE HOSPITALAR EM PACIENTES IDOSOS SUBMETIDOS À CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO ANÁLISE DE MORTALIDADE HOSPITALAR EM PACIENTES IDOSOS SUBMETIDOS À CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO ANALYSIS OF HOSPITAL MORTALITY IN ELDERLY PATIENTS SUBMITTED TO MYOCARDIAL REVASCULARIZATION

Leia mais

I CURSO DE CONDUTAS MÉDICAS NAS INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES INTERNADOS

I CURSO DE CONDUTAS MÉDICAS NAS INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES INTERNADOS I CURSO DE CONDUTAS MÉDICAS NAS INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES INTERNADOS CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA CREMEC/Conselho Regional de Medicina do Ceará Câmara Técnica de Medicina Intensiva Câmara Técnica de

Leia mais

Diferenciais sociodemográficos na prevalência de complicações decorrentes do diabetes mellitus entre idosos brasileiros

Diferenciais sociodemográficos na prevalência de complicações decorrentes do diabetes mellitus entre idosos brasileiros Diferenciais sociodemográficos na prevalência de complicações decorrentes do diabetes mellitus entre idosos brasileiros Resumo: As complicações crônicas do diabetes são as principais responsáveis pela

Leia mais

Rua Afonso Celso, Vila Mariana - São Paulo/SP. Telefone: (11) Fax: (11)

Rua Afonso Celso, Vila Mariana - São Paulo/SP. Telefone: (11) Fax: (11) Boletim Científico SBCCV Data: 07/12/2015 Número 05 Angioplastia coronária não adiciona benefícios a longo prazo, em comparação ao tratamento clínico de pacientes com doença coronária estável, aponta análise

Leia mais

J. Health Biol Sci. 2016; 4(2):82-87 doi: / jhbs.v4i2.659.p

J. Health Biol Sci. 2016; 4(2):82-87 doi: / jhbs.v4i2.659.p doi:10.12662/2317-3076jhbs.v4i2.659.p82-87.2016 ARTIGO ORIGINAL Análise de tendência da mortalidade por doenças do aparelho circulatório no Rio Grande do Sul, 1998 a 2012 Trend analysis of mortality from

Leia mais

ria: Por Que Tratar? Can Dr. Daniel Volquind TSA/SBA

ria: Por Que Tratar? Can Dr. Daniel Volquind TSA/SBA Dor Pós P - Operatória: ria: Por Que Tratar? Dr. Daniel Volquind TSA/SBA Anestesiologista da CAN Clínica de Anestesiologia Ltda Vice-Presidente da Sociedade de Anestesiologia do RS SARGS Anestesiologista

Leia mais

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS Doença Cardiovascular Parte 1 Profª. Tatiane da Silva Campos - As doenças cardiovasculares estão relacionadas à aterosclerose, sua principal contribuição,

Leia mais

ONTARGET - Telmisartan, Ramipril, or Both in Patients at High Risk for Vascular Events N Engl J Med 2008;358:

ONTARGET - Telmisartan, Ramipril, or Both in Patients at High Risk for Vascular Events N Engl J Med 2008;358: ONTARGET - Telmisartan, Ramipril, or Both in Patients at High Risk for Vascular Events N Engl J Med 2008;358:1547-59 Alexandre Alessi Doutor em Ciências da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do

Leia mais

Estratificação de risco cardiovascular no perioperatório

Estratificação de risco cardiovascular no perioperatório Estratificação de risco cardiovascular no perioperatório André P. Schmidt, MD, PhD, TSA/SBA Co-responsável pelo CET do Serviço de Anestesia e Medicina Perioperatória do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Leia mais

Transfusão Em Cirurgia

Transfusão Em Cirurgia Transfusão Em Cirurgia Dante Mário Langhi Jr Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo 2006 Transfusão em Cirurgia Lesões traumáticas - importante causa de morte entre 1 e 44 anos de idade

Leia mais

Choque hipovolêmico: Classificação

Choque hipovolêmico: Classificação CHOQUE HIPOVOLÊMICO Choque hipovolêmico: Classificação Hemorrágico Não-hemorrágico Perdas externas Redistribuição intersticial Choque hipovolêmico: Hipovolemia Fisiopatologia Redução de pré-carga Redução

Leia mais

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCARDIO

CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCARDIO CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCARDIO ALMEIDA, Dener Antonio Reche 1 ; SEGATTO, Caroline Zanetti 2 RESUMO Objetivo: Descrever os cuidados no pós-operatório

Leia mais

Informações de Impressão

Informações de Impressão Questão: 360120 Em relação à terapia de compressão de membros inferiores, de acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, o enfermeiro deve saber que a 1) meia de suporte, preventiva

Leia mais

Síndrome Coronariana Aguda no pós-operatório imediato de Cirurgia de Revascularização Miocárdica. Renato Sanchez Antonio

Síndrome Coronariana Aguda no pós-operatório imediato de Cirurgia de Revascularização Miocárdica. Renato Sanchez Antonio Síndrome Coronariana Aguda no pós-operatório imediato de Cirurgia de Revascularização Miocárdica Renato Sanchez Antonio Objetivo Isquemia perioperatória e infarto após CRM estão associados ao aumento

Leia mais

Resultados 2018 e Novas Perspectivas. Fábio P. Taniguchi MD, MBA, PhD Investigador Principal

Resultados 2018 e Novas Perspectivas. Fábio P. Taniguchi MD, MBA, PhD Investigador Principal Resultados 2018 e Novas Perspectivas Fábio P. Taniguchi MD, MBA, PhD Investigador Principal BPC - Brasil Insuficiência Cardíaca Síndrome Coronariana Aguda Fibrilação Atrial Dados Demográficos - SCA Variáveis

Leia mais

Médico plantonista do pós-operatório de cirurgia cardíaca do Hospital São Lucas da PUCRS. Especialista em Terapia Intensiva. 7

Médico plantonista do pós-operatório de cirurgia cardíaca do Hospital São Lucas da PUCRS. Especialista em Terapia Intensiva. 7 ARTIGO ORIGINAL O impacto da obesidade na morbi-mortalidade de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica Impact of obesity in morbity and mortality of patients submitted to myocardial

Leia mais

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Sistema de Gestão da Qualidade

Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP Sistema de Gestão da Qualidade DESCRITOR: Página:! 1/! 1. INTRODUÇÃO Estima-se que anualmente são realizadas cercas de 240 milhões de procedimentos cirúrgicos em todo mundo, sendo que a taxa de mortalidade para pacientes com menos de

Leia mais

Transfusão de sangue. Informação para os pacientes sobre os benefícios, riscos e alternativas

Transfusão de sangue. Informação para os pacientes sobre os benefícios, riscos e alternativas Transfusão de sangue Blood Transfusion Portuguese Informação para os pacientes sobre os benefícios, riscos e alternativas Quais são os benefícios da transfusão de sangue? A transfusão de sangue pode ajudar

Leia mais

TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS. Gil C. De Santis Hemocentro de Ribeirão Preto

TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS. Gil C. De Santis Hemocentro de Ribeirão Preto TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS Gil C. De Santis Hemocentro de Ribeirão Preto TRANSFUSÕES ANUAIS DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS (2011) Mundo: 85 milhões EUA: 15 milhões Brasil: ~3 milhões (SUS) INDICAÇÕES: APENAS DUAS

Leia mais

Guia para a Hemovigilância no Brasil ANVISA Profª. Fernanda Barboza

Guia para a Hemovigilância no Brasil ANVISA Profª. Fernanda Barboza Guia para a Hemovigilância no Brasil ANVISA 2015 Profª. Fernanda Barboza Hemovigilância Um conjunto de procedimentos de vigilância que abrange todo o ciclo do sangue, com o objetivo de obter e disponibilizar

Leia mais

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS Doença Cardiovascular Parte 2 Profª. Tatiane da Silva Campos Para a avaliação do risco cardiovascular, adotam-se: Fase 1: presença de doença aterosclerótica

Leia mais

Indicadores Estratégicos

Indicadores Estratégicos Indicadores Estratégicos DR. ALEXANDRE VIEIRA RIBEIRO DA SILVA INDICADORES ESTRATÉGICOS INDICADORES E AVALIAÇÃO ASSISTENCIAL Monitoramento da Informação Assistêncial Discussão dos resultados Padrões assistenciais

Leia mais

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CLÍNICA MÉDICA

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CLÍNICA MÉDICA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CLÍNICA MÉDICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ELABORAÇÃO DE ESCORE DE RISCO

Leia mais

Anticoagulação peri-procedimento: o que sabemos e o que devemos aprender? Luiz Magalhães Serviço de Arritmia - UFBA Instituto Procardíaco

Anticoagulação peri-procedimento: o que sabemos e o que devemos aprender? Luiz Magalhães Serviço de Arritmia - UFBA Instituto Procardíaco Anticoagulação peri-procedimento: o que sabemos e o que devemos aprender? Luiz Magalhães Serviço de Arritmia - UFBA Instituto Procardíaco Anticoagulação e Procedimentos Médicos No período perioperatório

Leia mais

Preditores de Risco de Mediastinite após Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Aplicabilidade de Score em Casos

Preditores de Risco de Mediastinite após Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Aplicabilidade de Score em Casos Preditores de Risco de Mediastinite após Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Aplicabilidade de Score em 1.322 Casos Predictors of Mediastinitis Risk after Coronary Artery Bypass Surgery: Applicability

Leia mais

Factores associados ao insucesso do controlo hemostático na 2ª endoscopia terapêutica por hemorragia digestiva secundária a úlcera péptica

Factores associados ao insucesso do controlo hemostático na 2ª endoscopia terapêutica por hemorragia digestiva secundária a úlcera péptica Factores associados ao insucesso do controlo hemostático na 2ª endoscopia terapêutica por hemorragia digestiva secundária a úlcera péptica Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar do Algarve, Hospital

Leia mais

INDICAÇÕES PARA USO CLÍNICO DE HEMOCOMPONENTES. Concentrado de Hemácias (CH)

INDICAÇÕES PARA USO CLÍNICO DE HEMOCOMPONENTES. Concentrado de Hemácias (CH) Concentrado de Hemácias (CH) A transfusão de concentrados de hemácias está indicada para aumentar rapidamente a capacidade de transporte de oxigênio em pacientes com diminuição da massa de hemoglobina.

Leia mais

Efficacy and Safety of Nonoperative Treatment for Acute Appendicitis: A Meta-analysis Pediatrics, Março 2017

Efficacy and Safety of Nonoperative Treatment for Acute Appendicitis: A Meta-analysis Pediatrics, Março 2017 Compartilhe conhecimento: Analisamos duas recentes publicações que demonstram a segurança de realizar tratamentos clínicos da apendicite aguda não complicada, com resultados comparáveis aos da apendicectomia.

Leia mais

TÍTULO: PERFIL DE PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIAS CARDÍACAS EM UM HOSPITAL DE ENSINO

TÍTULO: PERFIL DE PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIAS CARDÍACAS EM UM HOSPITAL DE ENSINO TÍTULO: PERFIL DE PACIENTES SUBMETIDOS A CIRURGIAS CARDÍACAS EM UM HOSPITAL DE ENSINO CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

Leia mais

Evolução do prognóstico das síndromes coronárias agudas ao longo de 12 anos - a realidade de um centro.

Evolução do prognóstico das síndromes coronárias agudas ao longo de 12 anos - a realidade de um centro. Evolução do prognóstico das síndromes coronárias agudas ao longo de 12 anos - a realidade de um centro. Glória Abreu, Sérgio Nabais, Carina Arantes, Juliana Martins, Carlos Galvão Braga, Vítor Ramos, Catarina

Leia mais

Particularidades no reconhecimento da IRA, padronização da definição e classificação.

Particularidades no reconhecimento da IRA, padronização da definição e classificação. Particularidades no reconhecimento da IRA, padronização da definição e classificação. Camila Eleuterio Rodrigues Médica assistente do grupo de Injúria Renal Aguda do HCFMUSP Doutora em nefrologia pela

Leia mais

Hipoalbuminemia mais um marcador de mau prognóstico nas Síndromes Coronárias Agudas?

Hipoalbuminemia mais um marcador de mau prognóstico nas Síndromes Coronárias Agudas? Hipoalbuminemia mais um marcador de mau prognóstico nas Síndromes Coronárias Agudas? Carina Arantes, Juliana Martins, Carlos Galvão Braga, Vítor Ramos, Catarina Vieira, Sílvia Ribeiro, António Gaspar,

Leia mais

Reacções Pós-Transfusionais

Reacções Pós-Transfusionais 10º CONGRESSO DOS MÉDICOS AUDITORES E CODIFICADORES CLÍNICOS Reacções Pós-Transfusionais Cristina Fraga Hospital do Divino Espírito Santo, EPER 24 de fevereiro de 2018 Qualquer acontecimento irregular

Leia mais

Estabelecer os critérios para transfusão de hemocomponentes, otimizar o uso e aumentar a segurança transfusional.

Estabelecer os critérios para transfusão de hemocomponentes, otimizar o uso e aumentar a segurança transfusional. Página: 1/7 1. INTRODUÇÃO A transfusão de concentrado de hemácias ou outro produto sanguíneo é comum nas unidades de terapia intensiva (UTI). Estima-se que mais de 40% dos pacientes recebam uma ou mais

Leia mais

10ª edição do Curso Continuado em Cirurgia Geral do CBCSP. Estado Atual do Tratamento da Hemorragia Digestiva Alta devida a Hipertensão Portal

10ª edição do Curso Continuado em Cirurgia Geral do CBCSP. Estado Atual do Tratamento da Hemorragia Digestiva Alta devida a Hipertensão Portal 10ª edição do Curso Continuado em Cirurgia Geral do CBCSP Estado Atual do Tratamento da Hemorragia Digestiva Alta devida a Hipertensão Portal Tratamento Clínico Roberto Gomes Jr. Médico assistente do serviço

Leia mais

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIBIÓTICO)

PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIBIÓTICO) DADOS DO PACIENTE PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIBIÓTICO) Iniciais: Registro: Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Data de nascimento: / /

Leia mais

15º FÓRUM DE FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA AUDITÓRIO 10

15º FÓRUM DE FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA AUDITÓRIO 10 Fóruns 28 de setembro de 2013 15º FÓRUM DE FISIOTERAPIA EM CARDIOLOGIA AUDITÓRIO 10 Insuficiência Cardíaca Como abordar na: IC Fração de ejeção reduzida / normal IC descompensada IC Crônica IC Chagásica

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO. Enfa. Dra. Livia Maria Garbin

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO. Enfa. Dra. Livia Maria Garbin UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO Enfa. Dra. Livia Maria Garbin Sangue Composição Indicações básicas para transfusão Restaurar: A capacidade de transporte de oxigênio A capacidade

Leia mais

TÍTULO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES EM USO DE ECMO OXIGENAÇÃO POR MEMBRANA EXTRACORPÓREA

TÍTULO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES EM USO DE ECMO OXIGENAÇÃO POR MEMBRANA EXTRACORPÓREA TÍTULO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PACIENTES EM USO DE ECMO OXIGENAÇÃO POR MEMBRANA EXTRACORPÓREA CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO

Leia mais

MORTALIDADE DE IDOSOS POR DOENÇAS CARDIOLÓGICAS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB

MORTALIDADE DE IDOSOS POR DOENÇAS CARDIOLÓGICAS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB MORTALIDADE DE IDOSOS POR DOENÇAS CARDIOLÓGICAS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB Msc. Elídio Vanzella- Ensine Faculdades; Estácio. INTRODUÇÃO No ano de 1990 o governo brasileiro, pelo menos no campo das intenções,

Leia mais

Correção dos Aneurismas da Aorta Torácica e Toracoabdominal - Técnica de Canulação Central

Correção dos Aneurismas da Aorta Torácica e Toracoabdominal - Técnica de Canulação Central Correção dos Aneurismas da Aorta Torácica e Toracoabdominal - Técnica de Canulação Central Salomón S. O. Rojas, Januário M. de Souza, Viviane C. Veiga, Marcos F. Berlinck, Reinaldo W. Vieira, Domingo M.

Leia mais

FATORES DE RISCO PARA MORTALIDADE EM REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

FATORES DE RISCO PARA MORTALIDADE EM REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 0 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CLÍNICA MÉDICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SIDICLEI MACHADO CARVALHO

Leia mais

Protocolo de transfusão massiva é necessário? Zenilda E. Paulo Novembro/2017

Protocolo de transfusão massiva é necessário? Zenilda E. Paulo Novembro/2017 Protocolo de transfusão massiva é necessário? Zenilda E. Paulo Novembro/2017 Introdução O Trauma grave constitui uma das principais causas de morte em pacientes jovens. Principal factor o choque hemorrágico

Leia mais

Artigo Original. Preditores de Risco de Mediastinite após Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Aplicabilidade de Score em Casos.

Artigo Original. Preditores de Risco de Mediastinite após Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Aplicabilidade de Score em Casos. Preditores de Risco de Mediastinite após Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Aplicabilidade de Score em 1.322 Casos Predictors of Mediastinitis Risk after Coronary Artery Bypass Surgery: Applicability

Leia mais

Curso Avançado em Gestão Pré-Hospitalar e Intra-Hospitalar Precoce do Enfarte Agudo de Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST

Curso Avançado em Gestão Pré-Hospitalar e Intra-Hospitalar Precoce do Enfarte Agudo de Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST Curso Avançado em Gestão Pré-Hospitalar e Intra-Hospitalar Precoce do Enfarte Agudo de Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST Perante a suspeita clínica de Síndrome coronária aguda (SCA) é crucial

Leia mais

Mortality risk is dose-dependent on the number of packed red blood cell transfused after coronary artery bypass graft

Mortality risk is dose-dependent on the number of packed red blood cell transfused after coronary artery bypass graft Santos AA, et ORIGINAL al. Mortality ARTICLE risk is dosedependent on the number of packed Rev Bras Cir Cardiovasc 2013;28(4):50917 Mortality risk is dosedependent on the number of packed red blood cell

Leia mais

TRALI: Importância e participação dos antígenos e anticorpos leucocitários e plaquetários

TRALI: Importância e participação dos antígenos e anticorpos leucocitários e plaquetários TRALI: Importância e participação dos antígenos e anticorpos leucocitários e plaquetários HEMO 2016 Antonio Fabron Jr Prof. Adjunto Doutor da Disciplina de Hematologia e Hemoterapia da Famema. (fabron@famema.br)

Leia mais

Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia ESTUDO DA COBERTURA VACINAL CONTRA INFLUENZA NO PERFIL DE MORTALIDADE DE IDOSOS NO BRASIL Autora:

Leia mais

Fluidoterapia. Vias de Administração. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Enteral Via oral Via intra retal

Fluidoterapia. Vias de Administração. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Fluidoterapia. Enteral Via oral Via intra retal Vias de Administração Enteral Via oral Via intra retal Parenteral Via Subcutânea Via Intramuscular Via endovenosa Via Intra Óssea Via Intra Cardíaca Via Intra Traqueal Via Epidural Via Subaracnóidea Via

Leia mais

ORGANIZADOR. Página 1 de 9

ORGANIZADOR. Página 1 de 9 RESIDÊNCIA MÉDICA UERJ 0 TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA (R) / 0 PROVA DISCURSIVA Página de 9 RESIDÊNCIA MÉDICA UERJ 0 TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA (R) / 0 PROVA DISCURSIVA HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA ) Homem

Leia mais

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR Março de 2016 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 3 2. DADOS EPIDEMIOLÓGICOS... 3 3. ESTRATIFICAÇÃO INDIVIDUAL DE RISCO CARDIOVASCULAR... 4 4. CALCULE O SEU RISCO E DE SEUS

Leia mais

DROGAS VASODILATADORAS E VASOATIVAS. Profª EnfªLuzia Bonfim.

DROGAS VASODILATADORAS E VASOATIVAS. Profª EnfªLuzia Bonfim. DROGAS VASODILATADORAS E VASOATIVAS Profª EnfªLuzia Bonfim. DROGAS VASODILATADORAS São agentes úteis no controle da cardiopatia isquêmica aguda, HAS, Insuficiência Cardíaca e outras situações que exigem

Leia mais

Boletim Científico SBCCV

Boletim Científico SBCCV 1 2 Boletim Científico SBCCV 1-2013 Revisão avalia significado clínico e implicação prognóstica do leak paravalvar, após implante transcateter de válvula aórtica. Paravalvular Leak AfterTranscatheter Aortic

Leia mais

SISTEMA CARDIOVASCULAR

SISTEMA CARDIOVASCULAR AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA SISTEMA CARDIOVASCULAR Paulo do Nascimento Junior Departamento de Anestesiologia Faculdade de Medicina de Botucatu AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA: OBJETIVOS GERAIS ESCLARECIMENTO DO

Leia mais

GUIA PARA A HEMOVIGILÂNCIA NO BRASIL ANVISA 2015

GUIA PARA A HEMOVIGILÂNCIA NO BRASIL ANVISA 2015 GUIA PARA A HEMOVIGILÂNCIA NO BRASIL ANVISA 2015 Hemovigilância Um conjunto de procedimentos de vigilância que abrange todo o ciclo do sangue, com o objetivo de obter e disponibilizar informações sobre

Leia mais

Trombose Associada ao Cancro. Epidemiologia / Dados Nacionais

Trombose Associada ao Cancro. Epidemiologia / Dados Nacionais Trombose Associada ao Cancro Epidemiologia / Dados Nacionais Miguel Barbosa Serviço de Oncologia Médica Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro 12 Outubro de 2018 Dados Internacionais O diagnóstico

Leia mais

MEDIASTINITIS MANAGEMENT IN THE POSTOPERATIVE PERIOD OF CARDIAC SURGERY WITH LONGITUDINAL STERNOTOMY

MEDIASTINITIS MANAGEMENT IN THE POSTOPERATIVE PERIOD OF CARDIAC SURGERY WITH LONGITUDINAL STERNOTOMY MEDIASTINITIS MANAGEMENT IN THE POSTOPERATIVE PERIOD OF CARDIAC SURGERY WITH LONGITUDINAL STERNOTOMY MANEJO DE MEDIASTINITE NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA COM ESTERNOTOMIA LONGITUDINAL UNITERMOS

Leia mais

RISCOS CARDIOVASCULARES X ATIVIDADE PROFISSIONAL EM PACIENTES SUBMETIDOS CIRURGICAMENTE POR REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA E TROCA VALVAR 1

RISCOS CARDIOVASCULARES X ATIVIDADE PROFISSIONAL EM PACIENTES SUBMETIDOS CIRURGICAMENTE POR REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA E TROCA VALVAR 1 RISCOS CARDIOVASCULARES X ATIVIDADE PROFISSIONAL EM PACIENTES SUBMETIDOS CIRURGICAMENTE POR REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA E TROCA VALVAR 1 Angélica Dietrich 2, Eliane Roseli Winkelmann 3, Alana Adams Thomas

Leia mais

Métodos estatísticos em epidemiologia: algumas observações sobre pesquisa cĺınica

Métodos estatísticos em epidemiologia: algumas observações sobre pesquisa cĺınica Métodos estatísticos em epidemiologia: algumas observações sobre pesquisa Programa de Computação Científica - PROCC ENSP - Dept. de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde 1/12/2006 Outline Um exemplo

Leia mais

Impacto prognóstico da Insuficiência Mitral isquémica no EAM sem suprast

Impacto prognóstico da Insuficiência Mitral isquémica no EAM sem suprast Impacto prognóstico da Insuficiência Mitral isquémica no EAM sem suprast Serviço de Cardiologia do Hospital de Braga Vítor Ramos, Catarina Vieira, Carlos Galvão, Juliana Martins, Sílvia Ribeiro, Sérgia

Leia mais

20/08 PRÉ CONGRESSO - MANHÃ

20/08 PRÉ CONGRESSO - MANHÃ 20/08 PRÉ CONGRESSO - MANHÃ 08:00 12:00 h CURSO 2 COMUNICAÇÃO CURSO 3 VENTILAÇÃO MECÂNICA CURSO 4 EMERGÊNCIA CURSO 1 PROCEDIMENTOS INVASIVOS EM TERAPIA INTENSIVA Acesso venoso central: anatomia, escolha

Leia mais

Tabela 33 Uso de albumina no paciente grave. Resumo das publicações encontradas. Amostra Intervenção / Desfechos. 641 cristalóides em.

Tabela 33 Uso de albumina no paciente grave. Resumo das publicações encontradas. Amostra Intervenção / Desfechos. 641 cristalóides em. 104 Tabela 33 Uso de albumina no paciente grave. Resumo das publicações encontradas Referência Delineamento bibligráfica do ensaio 49 Revisão sistemática 2000 50 Revisão sistemáica Amostra Intervenção

Leia mais

NOVOS CONCEITOS NA MEDICINAL TRANSFUSIONAL DE CÃES E GATOS MARCIO MOREIRA SANIMVET UNVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

NOVOS CONCEITOS NA MEDICINAL TRANSFUSIONAL DE CÃES E GATOS MARCIO MOREIRA SANIMVET UNVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI NOVOS CONCEITOS NA MEDICINAL TRANSFUSIONAL DE CÃES E GATOS MARCIO MOREIRA SANIMVET UNVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI EVOLUÇÃO DA MEDICINA TRANSFUSIONAL NA VETERINÁRIA QUAL A MELHOR TRANSFUSÃO A SER REALIZADA?

Leia mais

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ. PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ. JOSÉ MÁRIO FERNANDES MATTOS¹ -UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO- UNIVASF, e-mail: zemabio@gmail.com RESUMO

Leia mais

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS Doença Cardiovascular Parte 3 Profª. Tatiane da Silva Campos - A identificação de indivíduos assintomáticos portadores de aterosclerose e sob risco de eventos

Leia mais

Uso do AAS na Prevenção Primária de Eventos Cardiovasculares

Uso do AAS na Prevenção Primária de Eventos Cardiovasculares Uso do AAS na Prevenção Primária de Eventos Cardiovasculares Camila Belonci Internato em Cirurgia Cardíaca Prof. Mário Augusto Cray da Costa Medicina UEPG Uso do AAS na Prevenção Primária de Eventos Cardiovasculares

Leia mais

ISQUEMIA SILENCIOSA É possível detectar o inesperado?

ISQUEMIA SILENCIOSA É possível detectar o inesperado? CURSO NACIONAL DE RECICLAGEM EM CARDIOLOGIA DA REGIÃO SUL Florianópolis 20-24 de setembro de 2006 ISQUEMIA SILENCIOSA É possível detectar o inesperado? Celso Blacher Definição Documentação objetiva de

Leia mais

Registro Brasileiros Cardiovasculares. REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica

Registro Brasileiros Cardiovasculares. REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica Registro Brasileiros Cardiovasculares REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Julho de 2011 Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Agosto

Leia mais

XXX Congresso Brasileiro de Cirurgia Segurança em Cirurgia Gerenciamento de Complicações Operatórias

XXX Congresso Brasileiro de Cirurgia Segurança em Cirurgia Gerenciamento de Complicações Operatórias XXX Congresso Brasileiro de Cirurgia Segurança em Cirurgia Gerenciamento de Complicações Operatórias Mauro Paes Leme Universidade Federal do Rio de Janeiro, HUCFF Instituto do Coração da UFRJ paesleme@hucff.ufrj.br

Leia mais

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS 1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( x ) SAÚDE ( ) TECNOLOGIA E PRODUÇÃO ( ) TRABALHO INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM

Leia mais

PROJETO DE EXTENSÃO DE REABILITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

PROJETO DE EXTENSÃO DE REABILITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA PROJETO DE EXTENSÃO DE REABILITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA Diogo Iulli Merten 1 Laura Jurema dos Santos 2 RESUMO O projeto de reabilitação cardiorrespiratória é realizado com pacientes de ambos gêneros, diversas

Leia mais

14 de setembro de 2012 sexta-feira

14 de setembro de 2012 sexta-feira 14 de setembro de 2012 sexta-feira MESA-REDONDA 08:30-10:30h Síndromes coronarianas agudas Auditório 02 (Térreo) 1º Andar(500) Agudas (12127) Estado da Arte no Tratamento Contemporâneo das Síndromes Coronárias

Leia mais

Evaluation of the use of whole blood bags or blood components in dogs in veterinary clinics in Ribeirão Preto and region.

Evaluation of the use of whole blood bags or blood components in dogs in veterinary clinics in Ribeirão Preto and region. 1) TÍTULO Avaliação da utilização de bolsas de sangue total ou hemocomponentes em cães nas clínicas veterinárias de Ribeirão Preto e região. Evaluation of the use of whole blood bags or blood components

Leia mais

CARACTERIZAÇÃO DA MORBIMORTALIDADE DE IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO

CARACTERIZAÇÃO DA MORBIMORTALIDADE DE IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO CARACTERIZAÇÃO DA MORBIMORTALIDADE DE IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO Tatiana Ferreira da Costa (UFPB), e-mail: tatxianaferreira@hotmail.com Rosângela Alves Almeida Bastos (UFPB),

Leia mais

Papel da monitorização prolongada no diagnóstico da Fibrilação Arterial

Papel da monitorização prolongada no diagnóstico da Fibrilação Arterial Papel da monitorização prolongada no diagnóstico da Fibrilação Arterial Rogério Andalaft Médico assistente setor de Eletrofisiologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Médico Hospital Israelita

Leia mais

Saúde do Homem. Medidas de prevenção que devem fazer parte da rotina.

Saúde do Homem. Medidas de prevenção que devem fazer parte da rotina. Saúde do Homem Medidas de prevenção que devem fazer parte da rotina. saúde do Homem O Ministério da Saúde assinala que muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade,

Leia mais

Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial

Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial Informações essenciais para prevenir e tratar a doença Apesar de a Hipertensão Arterial Sistêmica, popularmente conhecida como pressão alta, ser

Leia mais

Papel dos Betabloqueadores e Estatinas

Papel dos Betabloqueadores e Estatinas Papel dos Betabloqueadores e Estatinas Danielle Menosi Gualandro danielle.gualandro@incor.usp.br Médica Assistente da Unidade Clínica de Medicina Interdisciplinar em Cardiologia InCor - HCFMUSP Papel dos

Leia mais

Luís Amaral Ferreira Internato de Radiologia 3º ano Outubro de 2016

Luís Amaral Ferreira Internato de Radiologia 3º ano Outubro de 2016 Luís Amaral Ferreira Internato de Radiologia 3º ano Outubro de 2016 Introdução Síncope: perda de consciência súbita, curta duração e com resolução espontânea Causada por hipoperfusão cerebral temporária

Leia mais

Serviço de Cardiologia do Hospital de Braga

Serviço de Cardiologia do Hospital de Braga Catarina Vieira, Sérgio Nabais, Vítor Ramos, Sílvia Ribeiro, António Gaspar, Carlos Galvão Braga, Nuno Salomé, Sérgia Rocha, Pedro Azevedo, Miguel Álvares Pereira, Adelino Correia. Serviço de Cardiologia

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE CARVEL SUPRIEN CARACTERIZAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, E RESPOSTA AO TRATAMENTO EM CRIANÇAS

Leia mais

MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS DE INFLUENZA NO HIAE E UNIDADES

MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS DE INFLUENZA NO HIAE E UNIDADES MANEJO DOS CASOS SUSPEITOS E CONFIRMADOS DE INFLUENZA NO HIAE E UNIDADES AVANÇADAS Maio de 2013 Serviço de Controle de Infecção Hospitalar Conteúdo Definições atualmente utilizadas Diagnóstico Tratamento

Leia mais

Revascularização miocárdica em pacientes octogenários: estudo retrospectivo e comparativo entre pacientes operados com e sem circulação extracorpórea

Revascularização miocárdica em pacientes octogenários: estudo retrospectivo e comparativo entre pacientes operados com e sem circulação extracorpórea ARTIGO ORIGINAL Revascularização miocárdica em pacientes octogenários: estudo retrospectivo e comparativo entre pacientes operados com e sem circulação extracorpórea Myocardial revascularization in octogenarian

Leia mais

SEPSE MATERNA SINAIS PRECOCES DE INFECÇÃO

SEPSE MATERNA SINAIS PRECOCES DE INFECÇÃO ATENÇÃO ÀS MULHERES SEPSE MATERNA SINAIS PRECOCES DE INFECÇÃO Se uma infecção materna não for reconhecida precocemente e tratada oportunamente pode progredir para choque e morte. Tópicos abordados nessa

Leia mais

Pneumonia Comunitária no Adulto Atualização Terapêutica

Pneumonia Comunitária no Adulto Atualização Terapêutica Pneumonia Comunitária no Adulto Carlos Alberto de Professor Titular de Pneumologia da Escola Médica de PósGraduação da PUC-Rio Membro Titular da Academia Nacional de Medicina Chefe do Serviço de Pneumologia,

Leia mais