EDS. Prof. Diego Araujo Azzi
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- Neuza Machado de Sá
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1 EDS Prof. Diego Araujo Azzi
2 Aula 2 Os clássicos da sociologia e suas tradições Émile Durkheim
3 Níveis de análise interconectados: micro, macro e mesosociologa microsociologia: estudo do comportamento co9diano em situações de interação interpessoal (a base das ins9tuições) mesosociologia (nível médio): sociologia da vida vivida em famílias, grupos sociais específicos, comunidades, associações, clubes, bairros, etc. Recorte do objeto de pesquisa macrosociologia: análise de sistemas de grande escala, como o sistema polí9co ou a ordem econômica. Processos de longo prazo; ins9tuições sociais
4 O desmantelamento de modos de vida tradicionais decorrente das mudanças bruscas da virada do séc. XVIII para o séc. XIX levou pensadores a tentar entender e explicar como ocorreram e quais as suas conseqüências Antropocentrismo herdado do Iluminismo: ruptura decisiva com o Teocentrismo levou a colocar a ciência como forma privilegiada de entender o mundo, e não mais a religião
5 Alguns interesses fundamentais dos clássicos agente estrutura (indivíduo-sociedade; co-cons9tuição do objeto social) permanência e mudança (estrutura e dinâmica) modos de produção es9los de vida classe e conflitos de classe distribuição da riqueza, alivio da pobreza absoluta e rela9va secularização das crenças religiosas; racionalização conflito, consenso e os rumos das sociedades no processo de modernização
6 Algumas preocupações contemporâneas: problemas gerados pelo processo de globalização; redes sociais sustentabilidade ambiental e riscos à vida agenda pós-colonial: novas espistemologias, mul9culturalismo, amor, iden9dade, raça, gênero, poder
7 Auguste Comte ( ) Busca uma ciência posi9va, que aplique métodos cienzficos rigorosos, como observação, comparação e experimentação Basca uma ciência que desvende as leis do mundo social, assim como as ciências naturais explicavam o mundo [sico através do método cienzfico Se propõe a demarcar um novo campo cienzfico, a Física social >>> mais tarde, Sociologia
8 Comte, Lei dos 3 estágios sociais: teológico sociedade é expressão da vontade divina meta[sico sociedade vista em termos naturais, não mais sobrenaturais (Renascença) posi9vo sociedade apreendida através de técnicas cienzficas A sociologia seria a úl9ma e mais complexa ciência a se desenvolver Deveria ser capaz de fazer previsões sobre o mundo social e sobre ele intervir prever para prover
9 Comte religião da Humanidade projeto reformista das sociedades abandono defini9vo da fé e dos dogmas prevalência de um embasamento cienzfico sociologia no centro dessa religião a adoração é dirigida à própria humanidade preocupação com a coesão social em tempos de industrialização acelerada solução: produção de um novo consenso moral
10 Crí9ca central a Comte Religião da humanidade: quem decidiria qual deve ser a direção moral que sociedade teria que seguir? Cien9stas? Polí9cos? Autoridades religiosas? séc. XX: tenta9vas autoritárias de controle cienzfico de grandes populações humanas levaram ao assassinato em massa nazismo e fascismo racismo cienzfico holocausto stalinismo e assemelhados
11 Émile Durkheim ( ) Formação em Filosofia na École Normale Supérieure Professor na Universidade de Bordeaux, Professor na Sorbonne, Paris, Influencia junto ao Ministrério da Educação da França Reforma do ensino católico e novo currículo para as novas escolas públicas. Ênfase na educação moral (e cívica)
12 Principais obras 1893, A Divisão do Trabalho Social 1895, As regras do método sociológico 1897, O suicídio 1903, Classificação Primi9va 1912, As formas elementares da vida religiosa Projeto intelectual: delimitar e legi9mar o campo específico de conhecimento da sociologia, frente à filosofia e à psicologia Preocupação com a coesão moral da França após a Comuna de Paris (1871) Guerra franco-prussiana Princípios comunistas Governo da Comuna durou 72 dias
13 Durkheim foi discípulo de August Comte Cri9cas a Comte: ideias especula9vas, não teria implementado seu próprio projeto cienzfico Durkheim era de fato um posiavista, foi pioneiro no uso de estazs9cas e da observação etnográfica qualita9va A vida social pode ser analisada de forma tão rigorosa quanto os fenômenos da Deve-se abandonar o senso comum, preconceitos e ideologias prévios Análise de 9po funcional > biologia > anatomia
14 Mundo moderno: efeitos perturbadores sobre os es9los de vida tradicionais e a coesão social Modernidade nem sempre proporciona novos valores claros Nomos norma. Anomia: sen9mentos de falta de propósito, medo e desespero provocados pela vida social moderna A Divisão Social do Trabalho (1893). Hipótese: O advento da era industrial marca a emergência de um novo 9po de solidariedade, de um novo 9po de coesão social
15 DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. Cap. 1: O que é um fato social? Cap. 2: Regras relaavas à observação dos fatos sociais Ideia central: existência de deveres e obrigações sociais que não foram estabelecidos por cada indivíduo, que já estão prontos quando nascemos e os recebemos pela educação Vigilância e penalidades para que os deveres sociais sejam cumpridos (M. Foucault, vigiar e punir ) Riso, afastamento social, esagma (E. Goffman a apresentação do self na vida co9diana )
16 Ao invés de analisar o indivíduo, a sociologia deveria analisar os fatos sociais aspectos da vida social que moldam nossas ações como indivíduos A sociedade tem uma realidade própria, exterior aos indivíduos e que exerce coerção sobre eles. Tratar os fatos sociais como coisas, pois na natureza só há coisas Os fatos sociais são modos de agir, pensar e sen9r que não dependem do desejo individual para exis9rem. Ins9tuições sociais, simbólicas, visíveis e invisíveis; tangíveis e intangíveis
17 Correntes (elétricas) como inspiração Física Correntes de opinião impulsos cole9vos de atração a certos fatos sociais (taxa de casamento, natalidade, suicídio, etc.) Correntes sociais momentos cole9vos de êxtase e euforia que arrastam o comportamento individual a prá9cas que, se sozinho não aconteceriam da mesma forma (religião)
18 Os fatos sociais podem condicionar a ação humana de diversas formas, desde punição direta (crime), à rejeição social (comportamentos inaceitáveis) ou um simples mal-entendido (equívoco linguís9co) No caso de fatos invisíveis, suas propriedades devem ser reveladas indiretamente, por meio do estudo das leis, dos textos religiosos, das regras de conduta, dos tabus sociais Normas sociais, os nossos gostos são obrigatórios
19 A sociedade não é igual a soma dos indivíduos isolados que a compõem Um pensamento comum a vários indivíduos ou um movimento repe9do por todos não são, em si, fatos sociais (Weber, guarda-chuva)
20 Preocupação específica com a coesão social e moral Papel da educação na transmissão dos valores morais; consciência coleava A solidariedade (coesão) se mantém quando os indivíduos estão integrados aos grupos sociais e são regulados por um conjunto de valores e costumes compar9lhados Anomia social como causa do suicídio, e não somente uma situação individual. Taxa de suicídio. Certo estado de alma cole9vo
21 Preocupação: a sociologia tem que passar do estado subje9vo à fase obje9va afastar as noções prévias (par9cularmente di[cil na sociologia) e estabelecer hipóteses afastar perspec9vas mís9cas empregar um método de pesquisa definir o recorte de pesquisa buscar os princípios de causalidade proceder do geral ao par9cular penas > crimes > moral família > monogamia de fato e de direito > moral elaborar novos conceitos iden9ficar o normal e o patológico
22 A condição de toda obje9vidade é a existência de um ponto de referência constate com o qual a representação possa ser relacionada e eliminar tudo o que ela 9ver de variável, ou seja de subje9vo Além dos atos individuais, a vida social se cristaliza em hábitos cole9vos, sob formas definidas de regras jurídicas, morais, ditados populares, fatos de estrutura social Uma vez que essas prá9cas não são senão prá9cas da vida social, é legí9mo estudá-la através delas Solidariedade social estudada através do sistema de regras jurídicas que as exprimem
23 DURKHEIM, E. Da divisão social do trabalho. Cap. 2: solidariedade mecânica ou por similitude Cap. 3: solidariedade orgânica ou devida à divisão do trabalho
24 A divisão social do trabalho e a solidariedade Tese solidariedade mecânica: existe uma estrutura social de determinada natureza, à qual corresponde a solidariedade mecânica O que a caracteriza é que ela é um sistema de segmentos homogêneos e semelhantes entre si Tese solidariedade orgânica: existe uma estrutura social de determinada natureza, à qual corresponde a solidariedade orgânica O que a caracteriza é que ela é um sistema de órgãos diferentes, cada um dos quais tem um papel especial e se forma de partes diferenciadas Tese geral: a solidariedade orgânica se expande provocando o desaparecimento da solidariedade mecânica
25 Sociedades primipvas pouca divisão do trabalho social coesão resulta das semelhanças; da homogeneidade 9po social ideal originário: horda ausência de divisão interna ausência de individualismo Sociedades segmentares a base de clãs natureza mista, ao mesmo tempo familiar e polí9ca familiar: consegüinidade; mesmo nome polí9ca: responsabilidades cole9vas; propriedade individual na forma de herança chefes dos clãs são as únicas autoridades sociais (depois, divisão do trabalho entre cacique-pagé; Estado-Igreja )
26 Solidariedade mecânica - Sociedades tradicionais com baixa divisão social do trabalho (caçadores; mulheres; crianças; anciãos) - Alto poder repressivo da comunidade inibe o espaço individual - Consenso e similaridade de crenças - Religião penetra todas as esferas da vida social - Comunismo: a propriedade não é a extensão do indivíduo sobre as coisas - onde a personalidade cole9va é a única, a propriedade também não pode deixar de ser cole9va - Relação com o chefe é como a dos proprietários com as coisas, não gera a solidariedade Zpica da complexa divisão do trabalho. Relação de mando, não de interdependência - A autoridade social é uma emanação da consciência comum
27 A solidariedade mecânica a9nge seu máximo de energia numa sociedade pouco diferenciada (elos lineares de uma mesma cadeia) com uma autoridade central definida inspiração no sistema totêmico das tribos australianas iden9ficação signo símbolo: representações sociais clã = animal totem = hierarquia de vários animais adorados adoração do totem = adoração da própria sociedade
28 Solidariedade orgânica Os elementos sociais se encontram coordenados e subordinados uns aos outros, em torno de um órgão central que exerce uma ação moderadora sobre o resto do organismo Coesão social se dá pela interdependência das pessoas e pelo reconhecimento da contribuição dos outros. Se os outros dependem dele, ele também depende dos outros Radicalização na modernidade: Industrialização e urbanização; complexa especialização de tarefas; diferenciação social cada vez mais su9l
29 Organização dos indivíduos não mais segundo suas relações consangüíneas, mas agora a par9r da sua a9vidade social O meio profissional se torna determinante, assim como a função a que cada indivíduo se dedica Evolução da organização social consanguinidade > distribuição no território > formação das aldeias > formação das cidades > profissões dialetos locais > idiomas nacionais autoridade regional perde autonomia para a nacional
30 As classes sociais e as castas não tem outra origem senão a mistura da organização profissional nascente com a organização familiar (clânica) preexistente O conflito de classes é decorrente da anomia moral e jurídica na esfera econômica Divisão social do trabalho torna as sociedades coerentes; coesas se não fornece coesão é porque está pouco regulamentada; divisão do trabalho anômica determina as caracterís9cas de sua estrutura deverá assumir importância ainda maior no futuro Moral profissional; papel das corporações; educação moral
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