PROTEGENDO A VIDA NA AMAZÔNIA Peixe-boi, educar para preservar

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1 PROTEGENDO A VIDA NA AMAZÔNIA Peixe-boi, educar para preservar RELATÓRIO DA VIAGEM DE AVALIAÇÃO DA I OFICINA PARA PROFESSORES DO VALE DO UATUMÃ 09 a 13 de Dezembro de Realização: Patrocínio: Apoio: 1

2 PROTEGENDO A VIDA NA AMAZÔNIA Peixe-boi, educar para preservar. 6ª expedição I VIAGEM DE AVALIAÇÃO DA OFICINA DE CAPACITAÇAO PARA PROFESSORES DO VALE DO UATUMÃ PERÍODO: 09 a 13 de Dezembro de EQUIPE TÉCNICA: STELLA MARIS LAZZARINI ELETROBRAS AMAZONAS ENERGIA CPPMA ELESSANDRA ARÉVALO GOMES EDUCADORA AMBIENTAL CPPMA 1

3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 5 2. OBJETIVO METODOLOGIA Descrição do Projeto 7 4. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 9 5. RESULTADOS Professores de Urucará Professores de Itapiranga Professores de Silves Professores de São Sebastião do Uatumã CONCLUSÃO 29 2

4 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Área de abrangência do Projeto Protegendo a Vida na Amazônia 6 Figura 2 Embarcação Quelônios I 7 Figura 3 Kit do material entregue na I Oficina realizada em abril de Figura 4 Cartazes entregues na I Oficina 9 Figura 5 Enfeites de natal com material reciclado 12 Figura 6 Desenho de árvore utilizando material natural 12 Figura 7 Professora com ecobag distribuída na I Oficina 12 Figura 8 Desfile durante a Semana do Meio Ambiente em Urucará 13 Figura 9 Cartazes na Escola Nilo Canto 14 Figura 10 Reunião com professores da Escola Felisbella em Urucará 15 Figura 11 Cartaz do dia Mundial do Meio Ambiente 16 Figura 12 Abecedário feito de material reciclado - Itapiranga 17 Figura 13 Professores e seus alunos na Escola Rosalina - Itapiranga 18 Figura 14 Professores da Escola São João comunidade Enseada 20 Figura 15 Cartaz na Comunidade Amaro 20 Figura 16 Apresentação de material para professor Comunidade Madrubá - 20 Figura 17 Leitura do Gibi Peixe-boi com crianças das comunidade Jacarequara 21 Figura 18 Escola São José Flechal - Itapiranga 22 Figura 19 Balanço do Peixe-boi na comunidade Flechal 22 Figura 20 Reunião com professores e gestora da Escola Agobar - Silves 24 Figura 21 Faixa da IV conferência Nacional Infanto-Juvenil 24 Figura 22 Professora Escola Humberto Castelo Branco 25 Figura 23 Malhadeira para captura de quelônios 25 Figura 24 Varal fotográfico comunidade do Boto 27 Figura 25 Painel na Escola Fernado Miranda S. Sebastião do Uatumã 27 Figura 26 Lixo Seletivo 27 Figura 27 Cartaz na Escola 27 de julho S. Sebastião do Uatumã 28 3

5 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Amostragem dos materiais utilizados pelos professores de Urucará Gráfico 2 Amostragem dos materiais utilizados pelos professores de Itapiranga 15 Gráfico 3 Amostragem dos materiais utilizados pelos professores de Silves 23 Gráfico 4 Amostragem dos materiais utilizados pelos professores de S. Sebastião do Uatumã 26 LISTA TABELAS Tabela 1 Discriminação dos materiais utilizados pelos professores de Urucará 11 Tabela 2 Discriminação dos materiais utilizados pelos professores de Itapiranga 15 Tabela 3 Discriminação dos materiais utilizados pelos professores de Silves 23 Tabela 4 Discriminação dos materiais utilizados pelos professores de S. Sebastião do Uatumã 26 LISTA DE QUADROS Quadro1 Cronograma da I Viagem de Avaliação da Oficina de capacitação para professores do Vale do Uatumã ANEXO I Formulário utilizado durante a 6ª. Expedição 32 4

6 1-INTRODUÇÃO A grande pressão de caça, em conjunto com a baixa taxa reprodutiva, estabelece para as populações de peixe-boi uma situação crítica, colocando-o em um infeliz primeiro lugar entre as espécies amazônicas ameaçadas de extinção. Esta situação se agrava muito nos períodos de secas, onde estes animais ficam restritos a poções, se tornando presas fáceis. É preciso conservar o peixe-boi em seu ambiente natural, mostrando à população em geral, mas especialmente à ribeirinha e a dos municípios limítrofes no Vale do Uatumã, o quão frágil é esta espécie, e que hoje, cabe a elas preservar este animal, tornando-o um símbolo para conservação dos ambientes aquáticos como um todo. Para isso, nada é mais importante do que a EDUCAÇÃO. Só através dela poderemos promover mudanças de práticas e mentalidades de forma a incentivar essa população a se reconhecer como corresponsável pelo futuro do planeta. Com o propósito de intensificar os trabalhos de pesquisa e principalmente atividades de Educação Ambiental não formal, foi desenvolvido em 2011 o Projeto Protegendo a Vida na Amazônia uma parceria da TETRA PAK, AMAZONAS ENERGIA através do CPPMA, contando também com o apoio da Associação Amigos do Peixe-boi AMPA, e do Centro Estadual de Unidades de Conservação CEUC. Contamos também a partir da 4ª. Expedição realizada em novembro de 2012, com a participação da ONG Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal FNPDA, que cedeu ao Projeto a especialista em Educação Ambiental, com foco em Bem-estar animal, Elizabeth Mac Gregor que possui ampla experiência em trabalhos educativos junto a professores do interior do Amazonas. É preciso ter em mente que a Educação ambiental é um processo lento, gradual e dinâmico. Necessita de atividades de reforço, de forma continuada, para que a conservação da biodiversidade e o respeito a todas as formas de vida, passe da ideia ao discurso e às ações efetivas. 5

7 Tendo isso em mente, a Eletrobras Amazonas Energia e a Tetra Pak realizaram em dezembro de 2013, a 6 a expedição de educação ambiental pelo Rio Uatumã, afluente da margem norte do Rio Amazonas (AM). O projeto Protegendo a vida na Amazônia tem o objetivo de levar informações sobre a preservação da fauna regional, principalmente dos peixesbois, para 30 comunidades ribeirinhas, onde vivem mais de oito mil pessoas, nos municípios de São Sebastião do Uatumã, Urucará, Itapiranga e Silves. Vila de Balbina Cachoeira Morena Urucará S. S. do Uatumã Itapiranga Silves Figura 1 - Área de abrangência do Projeto Protegendo a Vida na Amazônia PVA 2-OBJETIVO A 6º Expedição PROTEGENDO A VIDA NA AMAZÔNIA Peixe-boi, educar para preservar, teve como objetivo principal rever os professores e gestores participantes da I Oficina e, através de um questionário próprio, avaliar a receptividade e a utilização em sala de aula, dos conceitos transmitidos durante o evento realizado no período de 25 de março a 07 de abril de 2013 nos municípios de Urucará, Silves, Itapiranga e São Sebastião do Uatumã. 6

8 3-METODOLOGIA 3.1. DESCRIÇÃO Uma semana antes da expedição, a coordenadora Stella Maris Lazzarini por meio de correio eletrônico confirmou a ida da equipe com Secretários e gestores dos municípios envolvidos. No dia 09 de dezembro, a equipe de trabalho formada por Stella Maris Lazzarini, pela educadora ambiental dos Programas Ambientais, Elessandra Arévalo Gomes e pelo piloto Raimundo Souza, partiu do Porto da Morena, e durante uma semana foi em busca das escolas que tiveram professores treinados em março de 2013 na I Oficina. Para essa expedição foi utilizada a embarcação Quelônios I da Eletrobras Amazonas Energia para dar suporte às ações dos programas ambientais desenvolvidos em Balbina pela Assessoria de Sustentabilidade e Meio Ambiente PRM. Figura 2 Embarcação Quelônios I Ao chegar às escolas, dirigíamo-nos ao gestor ou ao representante escolar e, através de uma lista de presença previamente elaborada dos professores que participaram do treinamento, solicitávamos permissão para a realização do questionário. Através de conversas informais, perguntávamos as 7

9 questões do Formulário (ANEXO 1), para avaliarmos a utilização do material ofertado durante a I Oficina de Professores do Vale do Uatumã. O material entregue durante a I Oficina foi criado especificamente para esse evento pelas equipes do FNPDA e da AMe/CPPMA e produzido pela TETRA PAK. Fez parte do Kit distribuído; uma bolsa de material reciclado - ecobag, uma agenda do educador, um guia do professor, uma cartilha do peixe-boi, um folder sobre o Projeto Protegendo a Vida na Amazônia, um folder sobre posse responsável, um folder silvestre não é pet, uma caneta reciclada da Tetra Pak e um gibi sobre o peixe-boi da Amazônia, Uma história de conservação. Também foram entregues três cartazes de 40X60cm enfocando os temas: Guarda Responsável, Senciência Animal e Silvestre não é Pet. Figura 3- Kit do material entregue na I Oficina realizada em março/abril de

10 Figura 4 - Cartazes entregues na I Oficina 4-CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Data Município 09/12/2013 6:00 - Saída da Morena- Vila de Balbina 10/12/2013 Urucará 15:00- Chegada no município de Urucará Ida ao escritório da Eletrobras apoio com transporte Visita às Escolas Reunidos Tio Pedro Felisbella Paes de Oliveira Manhã: Anexo Felisbella- Ed. Infantil e Maternal Anexo Tio Pedro- Ed. Infantil e Maternal Escola Nilo Canto da Silva Nilce da Cunha ( Paraíso) Saída para Itapiranga C.E. Tereza Santos Marques (estava acontecendo um concurso de leitura) 9

11 11/12/2013 Itapiranga Escola Maria Rosalina C.E. Tereza Santos Marques São José da Enseada Tarde- Saída para Silves Secretaria de educação e a Secretaria do Meio Ambiente. Escola Estadual Humberto Castelo Branco Escola Agobar Garcia Saida para São Sebastião do Uatumã 12/12/2013 São Sebastião do Uatumã Manhã Agência da Eletrobras Escola Fernando Miranda Escola Municipal Professora Maria Mendes Escola Municipal Adalberto Sarrazin Escola 27 Julho 13/12/2013 Saída para as comunidades Itapiranga e São Sebastião do Uatumã. Madrubá Caioé Grande Cesaréia Boto Jacarequara Abacate Amaro Livramento Flechal Quadro 1 - Cronograma da I Viagem de avaliação da oficina de capacitação para professores do vale do Uatumã. 10

12 5- RESULTADOS 5.1 Professores de Urucará Material Sim Não Guia do Professor 15 7 Gibi "O peixe-boi" 19 3 Folder "Animal silvestre" 20 2 Folder " CPPMA" Cartilha "Peixe-boi" 15 7 Agenda do educador 13 9 Tabela 1 - Descriminação dos materiais utilizados ou não pelos professores entrevistados de Urucará Sim Não Gráfico 1 - Amostragem dos materiais utilizados pelos professores de Urucará. Dos 103 professores de Urucará que participaram da I Oficina, conseguimos contatar 22 destes, perfazendo 21% dos participantes do evento. Os materiais mais utilizados nesse município foram o Folder Animal Silvestre não é Pet e o Gibi O Peixe-boi. Esses temas foram abordados com as crianças na forma de leitura, discussão, produção de textos e desenhos. Apesar de não ter sido incluído no questionário as apresentações e palestras realizadas na I Oficina, entre elas a da Reciclagem de Resíduos Sólidos, esse tema despertou muito interesse e várias atividades práticas puderam ser observadas nas escolas, como a produção artesanato para as festas de final de ano (Fig. 5), cartaz de árvore utilizando colagem de folhas encontradas caídas e uma árvore de natal com copinho de plástico (Fig. 6). 11

13 Figura 5 - Enfeites de natal com material reciclado-escola Nilo Canto- Urucará Figura 6 - Desenho de árvore utilizando folhas caidas e árvore feita com copinhos de plástico Figura 7 - Professora usando a ecobag distribuída na I Oficina Quatro professores disseram que agora (novembro e dezembro) é época de manga, e as crianças têm o hábito de balarem os periquitos que voam até as mangueiras. Eles disseram ter discutido esse tipo de violência com seus 12

14 alunos. Um professor disse que um aluno contou ter comido torresmo de peixeboi. Foi dito também, que o tema reciclagem é abordado durante todo o ano, e que foi confeccionado um boi bumbá com garrafas pets. Outros disseram que levaram os alunos para o ar livre, para abraçar árvores, ouvir canto dos pássaros, e até que apareceu uma perereca (rã) que foi tratada com cuidado. Um professor falou ter discutido em sala de aula a senciência animal, que os animais têm sentimentos, mostrou o cartaz do elefante chorando, que as crianças não podiam maltratar os animais, desenhou cão e boto para as crianças pintarem, leu o gibi do peixe-boi, disse que os peixinhos morrem se jogarmos lixo no rio, e fez um jogo de boliche com garrafa pet. Outro professor explanou em sala de aula a atividade da agenda sobre animais de trabalho, mostrou o cavalo puxando carroça e deu outros exemplos. Disse que as aves devem viver livres e não presas. O gestor da Escola Nilce da Cunha disse que durante uma semana fizeram uma limpeza na escola e retiraram 11 sacos de resíduos que foram levados para o lixão da cidade. Durante a Semana do Meio Ambiente (julho de 2013), os professores, pais e alunos fizeram uma passeata, utilizando os cartazes que foram distribuídos na I Oficina. O tema foi a Mãe natureza, e a consequência para o planeta se continuarmos a jogar lixo nos rios (Fig. 8). Figura 8 - Desfile durante a Semana do Meio Ambiente Escola Nilo Canto- Urucará. 13

15 Esses professores contatados também sugeriram para as próximas oficinas: 1 - Trabalhar a temática Água, saúde e vida: Importância da água em todos os ecossistemas; 2 - Manter as palestras sobre lixo Reciclagem e conscientização; 3 - Realizar palestras na colônia de pescadores; 4 - Convidar demais membros da comunidade (pais e alunos) para participar das palestras e oficinas. 5 Oferecer mais atividades dinâmicas e de maior apelo visual; 6 Realizar mais atividades de artes manuais como oficinas de artesanato. Foi interessante e gratificante observar que os cartazes estavam sendo exibidos nas escolas (Fig.9) e que todos os professores que responderam ao questionário, perguntaram quando nós iríamos voltar para continuar o trabalho nas escolas Figura 9 - Cartazes na escola Nilo Canto 14

16 Figura 10 - Reunião com os professores da Escola Felisbella- Urucará Cabe também salientar que, segundo os professores, os diversos CD s que foram disponibilizados durante a I Oficina, não lhes foram repassados. Infelizmente, devido á estação seca, não pudemos deslocar nos até as comunidades ribeirinhas que tiveram professores participantes Professores de Itapiranga Material Sim Não Guia do Professor Gibi "O peixe-boi" Folder "Animal silvestre" 31 8 Folder " CPPMA" Cartilha "Peixe-boi" Agenda do educador Total Tabela 2 - Descriminação dos materiais utilizados ou não pelos professores entrevistados de Itapiranga Sim Não Gráfico 2 - Amostragem dos materiais utilizados pelos professores de Itapiranga 15

17 No município de Itapiranga contatamos 28 professores da área urbana e 11 ribeirinhos dos 98 que estiveram presentes da I Oficina, perfazendo 39,8% dos professores que participaram do evento. Os materiais mais trabalhados nesse município, coincidentemente como os dos professores de Urucará, foram o Folder Animal Silvestre não é Pet e o Gibi O Peixe-boi. Esse material foi trabalhado com as crianças na forma de leitura, colagem, discussão, produção de textos, criação de outras estórias, envolvendo diversos animais e cartazes e desenhos (Fig. 11). Os professores da Escola Tereza Santos Marques trabalharam de uma forma muito interessante a alfabetização, utilizaram materiais recicláveis para montar um abecedário, como por exemplo: Giz- letra G, Coca Cola- letra C, Baré- letra B.(Fig. 12). Figura 11 - Cartaz do dia mundial do meio ambiente-escola Tereza Santos Marques 16

18 Figura 12 - Abecedário feito de rótulos de refrigerantes -Escola Tereza Santos Marques - Itapiranga A maioria dos professores se referiu ao problema do lixo como um dos mais sérios do município e o tema mais discutido em sala de aula foi a diferença entre animais domésticos e silvestres. Os entrevistados também se referiram a atividades realizadas ao ar livre com os alunos para observarem os animais e o local onde eles vivem, depois voltaram para sala de aula e discutiram tudo que foi observado, desenharam, fizeram contos, cartazes, etc. Uma professora referiu-se à necessidade de palestras para os pais, pois segundo ela, não adianta você educar a criança e ela chega em casa e o pai é o maior caçador e poluidor (Fig. 13). Disse que há muita matança de porcosdo-mato, jacarés e até de botos para servir de isca para piracatinga. Outro disse que quase não há mais quelônios nos rios e que devemos trazer esse tema na próxima vez. Lembrar que a mais de 16 anos as comunidades dos 17

19 municípios de S. Sebastião e Itapiranga participam do Projeto Quelônios do Uatumã, onde já foram soltos mais de 144 mil filhotes. Uma professora disse que viu um aluno batendo num cão e depois conversou com ele. Outra disse que pediu para os alunos fazer um levantamento dos animais domésticos e silvestres da sua rua. Fizeram vários brinquedos com material reciclável Durante a Semana do Meio Ambiente, fizeram passeata tendo os animais como tema geral. Disseram ter trabalhado mais o tema cão e gato (domésticos). Utilizaram os cartazes da I Oficina no desfile. As escolas que receberam os vídeos educativos doados pela I Oficina exibiram aos seus alunos durante a Semana do Meio Ambiente. De uma maneira geral deu para observar que os professores fizeram uso do material ofertado. Não pudemos aprofundar muito as entrevistas porque estes estavam entregando os boletins aos alunos e estavam agitados e com pressa. Figura 13 - Professora com alunos da escola Rosalina-Itapiranga Um ponto positivo pode ser claramente observado: todos professores disseram que não ensinam e nem cantam mais a cantiga atirei o pau no gato, uma mudança concreta que sinaliza uma mudança concreta que sinaliza uma conscientização e mudança de conceito 18

20 Nas comunidades ribeirinhas, foram entrevistados 11 professores participantes da I Oficina. Em uma comunidade o professor disse que ainda 3 meninos usam baladeira e que outros deixaram de usar, e que alguns ainda têm periquitos em gaiolas. Disse que foi passado o vídeo do peixe-boi, que os cartazes foram também lidos e pregados na sala de aula, mostrou a importância da preservação e trabalhou várias vezes esse assunto, usando o guia do professor. Na comunidade Enseada (Fig. 14), o professor discutiu questões relacionadas à preservação dos Quelônios, e depois relatou que a cada ano que passa há cada vez menos ovos e animais nas praias. Relatou também que um joão-de-barro, estava fazendo um ninho embaixo da arquibancada do campo de futebol, e que ele levava os alunos para acompanhar a construção, mas que em um certo dia a casinha da ave amanheceu destruída. Ele disse que esse assunto foi levado para a sala de aula e que ele fez vários questionamentos às crianças sobre como aquela ave deveria ter se sentido ao chegar e ver seu lar destruído. Uma professora deu ênfase na discussão em sala de aula sobre as diferenças entre animais domésticos e silvestres e citou uma arara vermelha que vive em torno da comunidade. Falou também que tem diminuído o uso de baladeiras na comunidade. Disse que faz uso dos conceitos passados na I Oficina diariamente. O gestor disse ter ouvido falar que foi caçado um peixe-boi no mês de setembro passado e também afirmou que cobra a utilização do material didático da I Oficina pelos professores. Um professor disse que quando falou que o porco é mais inteligente que o cão, os alunos não acreditaram. Em outra comunidade ribeirinha no Uatumã, Cesaréia, as professoras disseram que utilizaram os cartazes (Fig.13), fez leitura do material, deixou os alunos levaram o gibi para ler em casa. Começou com a ajuda dos alunos a cuidar de ovos de tracajá num cercado e espera o nascimento destes. No ano que vem estão programando uma soltura no igarapé. Outro professor da comunidade Caioé disse que ainda não utilizou nada, mas que o irá fazer em Na comunidade Jacarequara (Fig17) conseguimos nos reunir com 2 dos professores participantes e os mesmo disseram que utilizaram o material de uma maneira geral. 19

21 Figura 14 - Professores Escola São José - Comunidade Enseada Figura 15 Cartaz na Comunidade Amaro Figura 16 Apresentação de material para professor da Comunidade Madrubá 20

22 Figura 17 - Leitura do Gibi Peixe-boi com as crianças da comunidade Jacarequara - A seguir, algumas sugestões dadas pelos professores: 1 Manter e aprofundar as palestras sobre o lixo - Reciclagem, esgoto e poluição; 2 - Mostrar a importância do jacaré para o ecossistema; 3 - Mais palestras sobre a água; 4 Falar sobre as árvores - Reflorestamento e preservação; 5 - Fazer oficinas de reciclagem; 6 Trazer mais material lúdico para as escolas; 7 Trazer o tema quelônios; 8 Trazer mais cópias do vídeo peixe-boi; 9 - Que o próximo evento seja realizado num lugar melhor. (O local da I Oficina escolhido pelo secretário de educação era pequeno e pouco ventilado). Alguns professores cobraram os vídeos utilizados na Oficina, pois os mesmos foram entregues para o secretário de educação e não foram disponibilizados para as escolas. 21

23 Figura 18 - Escola São José Flechal -Itapiranga Figura 19 - Balanço do peixe-boi, na comunidade Flechal - Itapiranga 22

24 5.3 Professores de Silves Material Sim Não Guia do Professor 4 3 Gibi "O peixe-boi" 5 2 Folder "Animal silvestre" 5 2 Folder " CPPMA" 2 5 Cartilha "Peixe-boi" 2 5 Agenda do educador 4 3 Total Tabela 3 - Descriminação dos materiais utilizados ou não pelos professores entrevistados de Silves 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Sim Não Gráfico 3 - Amostragem dos materiais utilizados pelos professores de Silves No município de Silves conseguimos encontrar apenas 7 dos 73 professores que participaram da I Oficina, perfazendo menos de 10% dos professores participantes. Foi possível reunir todos os professores na sala da diretoria e dialogar sobre a utilização dos materiais didáticos ofertados (Fig. 20). Pudemos observar que o material oferecido na I Oficina foi pouco utilizado de forma específica. Observamos também que houve um maior interesse com os temas de bem-estar animal, silvestres tratados como animais de estimação e 23

25 principalmente com a questão dos resíduos sólidos, pois esse é um problema que atinge o município fortemente, pois Silves está localizada em uma ilha. Ficamos sabendo que um aluno do 7º ano da Escola Agobar Garcia (Fig. 21) venceu um concurso e foi participar da Conferência Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente em Brasília. Figura 20 - Reunião com professores e gestora de Silves - Escola Agobar Garcia Figura 21 - Faixa da IV Conferência Nacional infanto-juvenil pelo Meio Ambiente Também, a escola Estadual Humberto Castelo Branco (Fig. 22) ganhou um premio no valor de 20 mil reais - Premio Escola de Valor em uma seleção realizada pelo Governo do Amazonas. Os professores citaram algumas atividades realizadas durante Semana do Meio Ambiente, como as questões relacionadas ao lixo e reciclagem. 24

26 Aproveitando a estada em Silves, conversamos com o Secretário do Meio Ambiente o Sr Rondinelle e com a Coordenadora de fiscalização ambiental Liliane. Eles nos mostraram uma malhadeira com anzóis de vários tamanhos utilizados para a captura de quelônios (Fig.23). Relataram também a pesca excessiva de peixes na região, ressaltando a importância da continuação das palestras e oficinas com temáticas ambientais trazidas pelo Projeto PVA. Figura 22 - Professoras da Escola Humberto Castelo Branco Figura 23 - Malhadeira para a captura de quelônios A seguir, algumas sugestões dadas pelos professores para novas abordagens do Projeto Protegendo a Vida na Amazônia: 1 Realizar palestras para alunos e professores; 2 Trazer mais atividades, vídeos e material lúdico; 3 Realizar Oficinas para professores e alunos; 3 Fazer palestras para comunidade. 5.4 Professores de São Sebastião do Uatumã 25

27 Material Sim Não Guia do Professor 20 3 Gibi "O peixe-boi" Folder "Animal silvestre" 18 5 Folder " CPPMA" 15 8 Cartilha "Peixe-boi" 9 14 Agenda do educador 14 9 Total Tabela 4 - Descriminação dos materiais utilizados ou não pelos professores entrevistados de São Sebastião do Uatumã Sim Não Gráfico 4 - Amostragem dos materiais utilizados pelos professores de São Sebastião do Uatumã. No município de São Sebastião do Uatumã reunimo-nos com 20 dos 90 professores que participaram da Oficina, perfazendo 22% dos professores que participaram do evento. Das 4 comunidades ribeirinhas que tiveram professores participantes da I Oficina, conseguimos contatar os professores de três delas, a do Boto (Fig. 24), Abacate e Livramento. A professora da comunidade Livramento não participou da I Oficina, mas o secretário de educação enviou o material para ela. Na comunidade Madrubá as aulas já haviam acabado, mas pudemos observar alguns cartazes da oficina na casa de uma comunitária. 26

28 Na escola Fernando Miranda encontramos na entrada da escola um painel sobre o Meio Ambiente intitulado de Educar para Preservar a Fauna e a Flora (Fig. 25) e podemos observar lixeiras para coleta seletiva (Fig. 26). Figura 24 - Varal fotográfico com temática ambiental-comunidade do Boto Figura 25 - Painel na escola Fernando Miranda S.Sebastião do Uatumã Figura 26 - Lixo seletivo- Escola Fernando Miranda 27

29 Dentre os materiais citados que tiveram maior índice de aceitação e utilização pelos professores estavam o Folder Animal Silvestre não é Pet, e o Guia do Professor. Diferentemente dos outros municípios em que o Gibi do Peixe-boi aparecia com um dos mais utilizados,aqui ele aparece como menos citado. Os professores citaram como forma de utilização do material didático oferecido a leitura, discussão, produção de cartazes (Fig. 27), textos, desenhos, colagens e atividades extracurriculares. Vários professores trabalharam a questão da Senciência animal, tema abordado na I Oficina, mostrando cartazes e trabalhando as atividades sugeridas na agenda do professor. Uma professora citou ter trabalhado a guarda responsável de cães e gatos e animais utilizados para o trabalho e usou a agenda do professor durante todo o ano. Também passou vídeos e realizou debate sobre assuntos levados pelos alunos, como o que passou na TV sobre um homem que mordeu um gato em Manaus. Essa professora demonstrou ter um claro senso de responsabilidade socioambiental ao dizer que a escassez de recursos naturais que se observa hoje se deve ao excesso de uso e ao desperdício, e cita as embarcações que hoje em dia não são mais feitas da madeira Itaúba, pois ela já quase não existe por ter sido utilizada em demasia. O mesmo ela cita com os peixes que são jogados dos barcos quando os pescadores acham um cardume mais valioso. Figura 27 - Cartaz na escola 27 de Julho-São Sebastião do Uatumã 28

30 A maioria dos professores disse ter discutido em sala de aula a diferença entre animais domésticos e silvestres, o que confirma a utilização maior do folder que trata desse tema. Disseram que hoje em dia muitos alunos só conhecem o peixe-boi e outros animais silvestres por vídeo e revistas. Uma professora de inglês disse ter usado frases dos textos e ensinado aos alunos em inglês. Disse ter trabalhado o tema mamíferos aquáticos e desenvolvimento sustentável da agenda do professor. Afirmou que seus alunos pararam de balar passarinhos. Uma professora disse ter trabalhado só com o assunto cães e gatos (guarda responsável) e peixe-boi. Disse ter uma aluna que soltava todos os passarinhos que o irmão prendia, e que ela falou em classe que ela fazia isso porque os passarinhos cantavam de tristeza e que ninguém gosta de ficar preso. Uma professora afirmou que adotou um cão e que agora gosta mais de animais. Quando indagados, todos professores disseram que agora só cantam Não atire o pau no gato e disseram esse cursos só vem para ajudar. Sugestões feitas pelos professores: 1 Conseguir parcerias para a montagem de oficinas de reciclagem; 2 Mais vídeos sobre assuntos tratados na I Oficina; 3 - Fazer palestras com os pais, com os temas: queimadas, esgoto a céu aberto; aterro sanitário; preservação dos rios 4 Trazer mais idéias para atividades práticas; 6-CONCLUSÃO Foram contatados nessa avaliação 77 professores que participaram da I Oficina, correspondendo a 21% da totalidade de professores treinados em abril de Esse percentual de contato não foi maior devido principalmente ao período do ano em que as escolas já terminaram ou estão terminando o período letivo, porém serviu-nos como amostragem do universo de professores trabalhado. Essa expedição ocorreu nessa data porque uma série de fatores impediu que ocorresse no período programado, setembro de

31 Segundo estudos de educadores e psicólogos especializados em aprendizagem, sabemos que mudanças culturais e consequentemente de hábitos e postura são demoradas e exigem um acompanhamento constante para o reforço dos conceitos a fim de se obter resultados desejáveis., Embora a I Oficina realizada em 2013 tenha sido para quase todos os professores um primeiro contato com o tema educação humanitária e bemestar-animal, na amostragem analisada constatamos que a maioria deles utilizou o material recebido. Também encontramos os cartazes distribuídos afixados nas escolas e exemplos de projetos realizados em diversas escolas que trabalharam vários temas desde a guarda responsável de cães e gatos até a questão dos silvestres de forma geral e um foco maior no tema de animais aquáticos que é o cerne de nosso programa Sobre a conservação dos ambientes, incluindo os temas lixo e poluição, já há um maior posicionamento e conhecimento por parte dos professores, o que facilita a disseminação de novos conceitos, permitindo um maior debate sobre as atitudes e ações do homem sobre a natureza e as suas consequências. Vemos que ainda há uma heterogeneidade de assimilação e penetração dos temas entre os professores, sendo que para alguns os conceitos repassados foram mais facilmente compreendidos e adotados e os auxiliaram em sala de aula, deixando suas aulas mais dinâmicas e com mais conteúdo, levando em conta a conservação dos ambientes e o bem-estaranimal, enquanto outros precisam de um maior reforço. É também essa heterogeneidade que visamos diminuir com a continuidade de nosso projeto Protegendo a Vida na Amazônia. Após um longo histórico de domínio, no ambiente escolar, de um modelo essencialmente antropocêntrico em que o conhecimento sobre o meio ambiente e outras espécies animais era praticamente nulo, em detrimento inclusive do bem-estar do ser humano a médio e longo prazo, vamos ganhando 30

32 paulatinamente terreno e trazendo a essa região informação científica sobre essas questões para embasar um novo paradigma. Nesse processo construtivo vemos de forma positiva as iniciativas do Departamento de Educação Ambiental do Ministério da Educação para dar uma forma mais homogênea à EA em nosso país, inclusive promovendo conferências nacionais reunindo educadores e alunos de todos os estados após um processo de vários meses em nível local e regional. Nessa última conferência de novembro passado IV Conferência Nacional Infanto- juvenil pelo Meio Ambiente realizada pelos Ministérios da Educação e do Meio Ambiente, que reuniu cerca de 1,000 participantes no DF, a Oficina sobre Animais Silvestres e Escola Sustentável foi realizada por nosso parceiro Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal FNPDA, cujo programa educativo conta agora com a chancela do Ministério da Educação. Cabe-nos, portanto, levar mais informação e conhecimento para a região, não só atingindo mais professores ainda não participantes, mas também proporcionando aos educadores já contemplados mais oportunidades de realizarem e solidificarem as mudanças pretendidas, conforme sugestão dada por todos os entrevistados que aproveitaram também para enaltecer as atividades que vêm sendo realizadas pelo Projeto Protegendo a Vida na Amazônia. 31

33 ANEXO 1 Formulário utilizado durante a 6º expedição Viagem de Retorno da Oficina para professores do Vale do Uatumã Campanha Protegendo a Vida na Amazônia : Peixe Boi Educar para Preservar Comunidade/Cidade: Data: Escola: Professor: Material Trabalhado Guia do Professor Peixe-Boi da Amazônia Animal Silvestre em casa não é legal! Peixe-boi educar para preservar. Conheça o peixe-boi da Amazônia. Agenda do Educador: Educação Humanitária em bem-estar animal. Observações O material foi trabalhado em sala de aula e/ou comunidade Sim: Não: Sim: Não: Sim: Não: Sim: Não: Sim: Não: Sim: Não: O que foi trabalhado e de que forma: 32