EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DA PLURALIDADE METODOLÓGICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

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1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DA PLURALIDADE METODOLÓGICA NO ENSINO FUNDAMENTAL Marques, J 1, 2,* ; Queiroz, T. V. 1,2 ; Ennes, M. R. 1,2 ; Dornfeld, C. B. 1,3. ¹Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Ilha Solteira, Av. Brasil, 56, , Ilha Solteira, SP. 2 Graduandos em Licenciatura em Ciências Biológicas. 3 Prof. Dr. Departamento de Biologia e Zootecnia. * para correspondência: biologajeh@gmail.com. Introdução A solução dos problemas ambientais tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir o futuro da humanidade e depende da relação que se estabelece entre sociedade e natureza, tanto na dimensão coletiva quanto na individual (BRASIL, 1998). Enfatiza-se, assim, a urgência da implantação de trabalhos de Educação Ambiental (EA) que contemple as questões da vida cotidiana do cidadão e discuta algumas visões polêmicas sobre essa temática, considerando a importância atribuída por lideranças de todo o mundo para a EA como meio indispensável para conseguir criar e aplicar formas cada vez mais sustentáveis de interação da sociedade com a natureza e soluções para os problemas ambientais (BRASIL, 1998).. O aumento de interesse e preocupação com o ambiente fez com que instâncias como a Organização das Nações Unidas (ONU) discutissem a definição de novas metas de desenvolvimento social, considerando a educação ambiental como um dos seus meios principais (IBASE, 2006). Assim, o presente trabalho tem por objetivo utilizar diferentes metodologias didáticas para suplementar os conhecimentos de alunos do ensino fundamental sobre as questões ambientais despertando sua curiosidade e subsidiando seus conhecimentos especialmente a respeito dos recursos hídricos e resíduos sólidos. Material e Métodos As atividades realizadas no projeto extraclasse Biologia Muito Além da Ilha: Sem Limites para o Conhecimento foram realizadas no segundo semestre de 2012 em parceria com o Colégio Euclides da Cunha da cidade de Ilha Solteira, São Paulo, e contou com a participação de, aproximadamente, 14 alunos do 6 ano do ensino fundamental. Durante o desenvolvimento do projeto foram realizadas atividades semanais, cada uma com duração de duas horas em período contrário ao da escola regular e desenvolvidas no LECBio (Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia), localizado no Campus II da Faculdade de Engenharia UNESP Campus de Ilha Solteira.

2 Os temas Recursos Hídricos e Resíduos Sólidos foram selecionados para serem trabalhados durante o projeto por meio de uma reunião prévia com a Coordenadora Pedagógica e professores da escola parceira. Em cada oficina os alunos desenvolveram uma atividade específica, tal como desenhos, frases, jogos, discussões e momentos de reflexão. - Oficina Recursos Hídricos abordagem sobre o Ciclo da Água, uso e desperdício dos recursos hídricos e visita orientada à Estação de Tratamento de Água (ETA) e Estação de Tratamento de Esgoto (ETE); Montagem de maquetes e construção de cartazes de conscientização. - Oficina Resíduos Sólidos Atividade de campo na Praia da Catarina (Balneário de Ilha Solteira), unindo os aspectos relacionados à água e á geração de lixo; Aplicou-se o Bingo Ambiental, no qual as pedras numéricas foram substituídas, na cartela, por imagens de impactos ambientais, em especial sobre resíduos sólidos. As pedras cantadas foram substituídas por questões que remetiam às imagens das cartelas; Aplicação da dinâmica Concordo, Discordo e Muito pelo contrário (SUDAN et al., 2007) que expunha frases sobre a questão da geração e gerenciamento de resíduos sólidos e os alunos tinham que decidir se concordavam ou se discordavam da afirmativa. Resultados O projeto teve resultados positivos. Logo no início dos encontros pode-se notar o grau de envolvimento e conscientização por parte dos alunos. Na oficina sobre Recursos Hídricos, foram elaborados cartazes sobre conscientização em relação ao desperdício. Nesta atividade foi solicitado aos alunos que fizessem cartazes abordando o tema água, bem como a importância de sua preservação, alguns grupos utilizaram frases como: Como evitar o desperdício de água e Não desperdice água. Os alunos não tiveram dificuldade na hora do desenvolvimento da atividade. Além disso, sobre o Ciclo da Água, os alunos conseguiram montar adequadamente as etapas em painéis elaborados em E.V.A. e cartolinas. Ainda nesta oficina para um melhor entendimento sobre o processo de tratamento de água e esgoto, após a visita à ETA e ETE, os alunos montaram maquetes abordando o tema discutido em sala de aula e também durante a visita, sendo que a avaliação foi por meio da análise da atividade e o conteúdo das maquetes. Nesta atividade os alunos tiveram grande participação, colocando pontos específicos, como a escola onde estudam, a UNESP, a estação de tratamento de água e de esgoto, os reservatórios de água para abastecimento e as principais ruas e avenidas. Além disso, evidenciou-se nas maquetes os ambientes rural e urbano (Figura 1). Figura 1. Maquetes feitas pelos alunos: a) Importância do rio; b) Sistema de abastecimento de água em Ilha Solteira, SP.

3 a) b) Na atividade de campo, realizada na Praia da Catarina, em Ilha Solteira, os alunos puderam aprender alguns conceitos de forma prática e manifestaram que gostaram muito da visita. Foram expostos exemplares de macrófitas aquáticas, gastrópodes e bivalves para observação dos mais variados tipos de vida encontrados na água e os alunos foram participativos demonstrando interesse pela aula prática. Além disso, ao final das atividades, foram apresentados aos alunos alguns problemas ambientais, como, por exemplo, a questão da quantidade de lixo encontrada na trilha realizada e as consequências ao meio e à saúde. Avaliou-se, também, a quantidade de lixo coletado pelos alunos e se os mesmos conseguiram separar o lixo corretamente nas diversas categorias. Em relação à oficina sobre resíduos sólidos observou-se que a utilização do bingo foi bastante interessante. A aula foi dinâmica e todos participaram. A cada pedra sorteada foram discutidos os assuntos como, por exemplo, a importância dos aterros sanitários. Após o término da aula, os alunos responderam a um questionário com as seguintes perguntas: Por que é importante separar o lixo corretamente? e Lixões a céu aberto prejudicam o ambiente? Por quê? Não foi observado dificuldade durante o exercício, sendo que todos os alunos responderam corretamente às questões. As respostas mais frequentes foram: Para ajudar quem trabalha na coleta seletiva e para não poluir o meio ambiente ; Sim, por causa do chorume que polui o solo e a água subterrânea. Portanto, pode-se dizer que a aula em forma de bingo promoveu a participação dos alunos e foi eficiente para o aprendizado. A dinâmica Concordo, Discordo e Muito pelo contrário possibilitou o compartilhamento de opiniões e esclarecimento de dúvidas sobre o tema. Após a dinâmica, os alunos fizeram desenhos e frases sobre o que foi discutido. No ultimo dia da oficina, os alunos revisaram todas as atividades realizadas em todo o projeto, alguns alunos que não se lembravam de algum conteúdo específico puderam ser esclarecidos e as dúvidas sanadas. Nos cartazes eles colocaram agradecimentos sobre o que aprenderam no projeto e também as atividades que mais gostaram de participar. Discussão e Conclusões A diversidade metodológica tem extrema importância na aprendizagem, pois contribui para que o aluno aprenda com maior facilidade e com maior eficiência (TELES; MENDONÇA, 2006). As visitas de campo, por exemplo, tem grande importância no ensino, pois surgem como complementação da teoria vista em sala de aula, além de conciliarem estudo e lazer,

4 possibilitando, assim, uma aprendizagem mais significativa (CIRINO et al., 2009). As visitas de campos realizadas no projeto tiveram resultados positivos, uma vez que os alunos demonstraram interesse e foram participativos, realizando as atividades corretamente. De acordo com Miranda (2002 apud BRONZATO, 2009), as dinâmicas de grupo constituem um valioso instrumento educacional que pode ser utilizado para trabalhar o ensino/aprendizagem, uma vez que o grande diferencial desse tipo de atividade em sala de aula é a oportunidade de criar uma vivência lúdica, instigante e motivadora que rompe os modelos tradicionais de didática. Após a aplicação da Dinâmica Concordo, Discordo e Muito pelo contrário, por meio dos desenhos e das frases feitos no final da dinâmica, avaliou-se o desempenho da aula e o que mais chamou a atenção dos alunos em relação ao tema resíduos sólidos. A dinâmica promoveu a participação e interação dos alunos na aula. Para avaliar a aula, pediu-se aos alunos que ilustrassem ou elaborassem frases sobre o que mais chamou sua atenção. As ilustrações mais frequentes estavam relacionadas à reciclagem e, em relação às frases, as de conscientização sobre não poluir predominaram. Não houve dificuldades durante o desenvolvimento da aula e da atividade. Quanto aos alunos do 6 ano, os relatos indicam satisfação pelo desenvolvimento das atividades. O envolvimento e a responsabilidade dos mesmos afirmaram que o trabalho desenvolvido tem inspirado e colaborado com a educação desses alunos. A parceria com o Colégio Euclides da Cunha foi bastante produtiva em termos profissionais e pessoais para todos os membros envolvidos no projeto. Agradecimentos À parceria com o Colégio Euclides da Cunha e PROEX-UNESP pelo apoio financeiro. Referências BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 436 p, BRONZATO, L. H. A dinâmica de grupo no ensino da oralidade. Revista Prolíngua. V. 2, N. 1. Jan./Jun. de Disponível em < Acesso em: 06 mai CIRINO, B.; DIAS, R.; FREITAS, M.; BRASIL, F. A importância dos trabalhos de campo nas aulas sobre meio ambiente para turmas de ensino fundamental. ENPEG - 10º Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia. Porto Alegre, RS, Disponível em: < Acesso em: 07 mai IBASE. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. Educação Ambiental em Unidades de Conservação Disponível em: < Acesso em: 04 mai

5 SUDAN, D. C.; MEIRA, A. M.; ROSA, A. V.; LEME, P. C. S.; ROCHA, P. E. D. Da pá virada: revirando o tema lixo; vivências em educação ambiental e resíduos sólidos. São Paulo: Programa USP Recicla: Agência USP de Inovação p. TELES, J. L.; MENDONÇA, P. R. Diversidade na Educação: experiências de formação continuada de professores. Ministério da Educação: Brasília, Disponível em: <unesdoc.unesco.org/images/0015/001545/154577por.pdf>. Acesso em: 07 mai

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