Exma. Sra. Ministra da Agricultura e do Mar, Profa. Doutora Assunção Cristas,
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- Ana do Carmo Lisboa Tomé
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1 Roteiro do Mar 23 de fevereiro de 2015 Intervenção do Reitor da Universidade de Aveiro, Prof. Doutor Manuel Assunção Exma. Sra. Ministra da Agricultura e do Mar, Profa. Doutora Assunção Cristas, Exmo. Sr. Secretário de Estado do Mar, Prof. Doutor Manuel Pinto de Abreu, Exmo. Sr. Responsável pelo Programa Mar 2020, Dr. Ricardo Brum Caros colegas, Professores Amadeu Soares e Luís Filipe Menezes, Caros participantes, Sejam muito bem vindos à Universidade de Aveiro.
2 Sra. Ministra, é com muito agrado que, em nome da UA, agradeço a escolha desta Universidade para uma das sessões deste Roteiro do Mar. Permita-me que interprete este gesto como sinal de reconhecimento pela qualidade do trabalho que vimos desenvolvendo neste domínio, e em que temos uma contribuição muito significativa a dar, para benefício do País e da região, neste futuro mais próximo. Contribuição que, naturalmente, pretendemos situar no espaço próprio de atuação de uma Universidade do século XXI: procurando alargar o conhecimento através de uma abordagem multidisciplinar do tema Mar, ao combinar ciências naturais com engenharias e com ciências sociais e humanas, ou, ainda com as artes; formando pessoas com competências próprias nestas matérias, ou seja com valências que lhes permitam atuar, de modo eficaz, em ambientes internacionais, multiculturais e de trabalho com especialistas de domínios diversos (neste âmbito estamos designadamente a reestruturar a nossa oferta formativa de mestrado); e reforçando, ainda mais, as ligações que já temos, com agentes económicos e da administração central e descentralizada do Estado, de forma a tornar o conhecimento mais próximo e mais útil, em prol da criação de valor, da melhoria da qualidade de vida e de uma relação mais sustentável com o Mar, enquanto recurso inestimável. 2
3 Aveiro é uma região marítima, o que moldou a presença humana e a evolução das suas atividades económicas: a pesca, desde logo com especial destaque para Ílhavo a capital do bacalhau; a salinicultura; muitas formas do comércio e da indústria; ou a logística relacionada com o transporte marítimo, cuja importância está intrinsecamente associada à qualidade das ligações rodoviárias e ferroviárias ao resto do País e à Europa. Mas esta é, também, uma região especial, pela sua Ria - a nossa Laguna -, que estende o conceito de região costeira, com características singulares, mais para o interior; e que concede ao território onde vivemos uma especificidade única no todo nacional. A Universidade de Aveiro, que aqui nasceu em 1973, encontra-se assim, quase por inerência ou obrigação, mas muito pelas sucessivas opções, e com muito gosto nosso, intimamente ligada às questões do Mar e das Zonas Costeiras: é o Mar, desde muito cedo, uma das nossas áreas estratégicas e de aposta. Destaco a produção científica de elevado nível, bem patente no número de citações alcançadas, bem como a intensa participação em iniciativas de investigação, nacionais e internacionais, neste domínio. Das cerca de sete dezenas em que está envolvida, a UA coordena três grandes projetos europeus: o Lagoons (o primeiro projeto do tema Ambiente liderado por uma 3
4 universidade portuguesa no 7º programa-quadro), o NANOMAR também financiado pelo FP7; e o Marpro, apoiado pelo programa Life+. Destaco, ainda, a Cátedra CGD Estudos do Mar, atribuída ao Professor Graham John Pierce, no âmbito de um programa de atração de investigadores de elevado nível para áreas chave, delineado pela UA e que conta com o mecenato de entidades externas. A UA forma profissionais altamente competentes e motivados em áreas relacionadas com o mar, designadamente, através do Laboratório Associado CESAM- Centro de Estudos do Ambiente e do Mar. Mas, também, pela oferta de programas doutorais; seja no âmbito do programa Erasmus Mundus, associado ao Campus do Mar que reúne instituições portuguesas e espanholas -, seja em resultado de uma parceria com as universidades do Algarve e do Porto. Estamos a consolidar o conceito do AIMare Instituto para as Ciências e Tecnologias do Mar da Universidade de Aveiro -, que agrega nove das nossas unidades de investigação; este instituto facilitará uma melhor articulação do trabalho de todos os que se dedicam ao estudo do mar e um ainda maior cruzamento de saberes, aspetos tão necessários quão decisivos para reforçar o contributo da UA neste domínio e para melhorar explorar as oportunidades existentes. 4
5 Noutro vector, temos colaborado ativamente com o Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar, dinamizado pela Oceano XXI Associação para o Conhecimento e Economia do Mar; o qual é reconhecido enquanto Estratégia de Eficiência Coletiva do programa COMPETE do QREN e envolve várias entidades do sistema científico e tecnológico nacional, organismos da administração pública, empresas e associações empresariais. Neste quadro, a UA é a promotora de um dos projetos âncora o ECOMARE. Este consubstancia a primeira linha de ação para a promoção de atividades de investigação e desenvolvimento que sustentem a inovação de sectores e áreas de atividades ligadas à economia do mar. O ECOMARE, localizado junto à água, envolve ainda atividades de divulgação de Ciência e é uma parceria com a Câmara Municipal de Ílhavo que suporta parte do investimento -, com o Porto de Aveiro e com a Sociedade de Proteção da Vida Selvagem. Em estudo, está já a instalação de equipamento para demonstração e transferência de tecnologia -em particular, no domínio da Aquacultura- a localizar na área envolvente do ECOMARE; que permita, de acordo com as melhores práticas internacionais, aumentar o respectivo impacto e alargá-lo a toda a cadeia de valorização do conhecimento. Gostaria de referir que, nesta mesma lógica de ligação a outras entidades do setor, identificando necessidades, mobilizando o saber existente, gerando novo conhecimento e promovendo o seu uso inovador, criámos a Plataforma 5
6 Tecnológica do Mar que junta académicos, empresas e outros interessados na temática MAR. Esta área é, igualmente, uma das apostas estratégicas do Creative Science Park, o Parque de Ciência e Inovação que vimos construindo com a CIRA-Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro- e muitos outros parceiros; e cujos primeiros edifícios estão em fase inicial de construção. Menciono, também neste contexto, o Grupo Uariadeaveiro com desígnios e características semelhantes aos das Plataformas Tecnológicas, e que congrega múltiplos actores interessados na Ria de Aveiro e na sua interface com o Mar. Ainda no que diz respeito à relação com a região, merece destaque a nossa participação no GAC-Grupo de Acção Costeira e, no âmbito do Portugal 2020, a construção, com a CIRA, da estratégia de Desenvolvimento Local de Base Comunitária-DLBC- para as zonas costeiras. O Mar continua e continuará a desempenhar um papel muito importante, diria renovado, na componente de ligação entre povos, na cooperação e no desenvolvimento económico para além das nossas fronteiras. Sublinho, por isso, a já referida ligação ao Campus do Mar, um projeto liderado pela Universidade de Vigo e que reúne agentes sócio- económicos e investigadores da Euroregião Galiza-Norte de Portugal. 6
7 Realço, principalmente, a nossa continuada cooperação com Cabo Verde. As visitas à UA, sucessivas, da Sra. Ministra das Infra-estruturas e da Economia Marítima e de uma comitiva presidida pelo próprio Primeiro-ministro Caboverdiano são disso o melhor testemunho. Uma cooperação agora em vias de ser reforçada através de um projeto estratégico no âmbito da aquacultura e de uma outra iniciativa que visa instalar uma maternidade de tilápias em paralelo com um sistema de aquoponia. Esta última acção permitirá, aliás, tornar a Ilha de São Vicente autónoma, em termos de isco vivo para a pesca de atum. E deixo vincada a participação em várias redes internacionais ligadas às ciências marinhas, destacando-se: a MarinERA, a MARBEF e a LTER. Desde 2010 que a Ria de Aveiro tem sido um dos quatro sítios portugueses LTER Long-Term Ecological Research sites, integrando a rede de sítios LTER de 40 países. Não querendo esquecer a colaboração, múltipla, existente com a Noruega e com a Universidade de Tromsø, muito em particular. Mais recentemente, foi o Mar identificado como uma das áreas estratégicas na internacionalização da região. Um objectivo onde se conta com o envolvimento empenhado da CCDRC; e para o qual já existem contactos promissores em curso, como, por exemplo, o desenvolvido com a província chinesa de Zhejiang e a Universidade com o mesmo nome. 7
8 Senhora Ministra, minhas senhoras e meus senhores, O Mar é, assumidamente, uma área de crescente interesse estratégico para Portugal onde muitíssimo está ainda por fazer se nos quisermos aproximar do potencial que ela contém. É, assumidamente, uma área de grande interesse estratégico para a região e para a UA. Deixei registados apenas alguns dos aspetos que demonstram o nosso comprometimento com o tema que aqui nos trouxe olhar o Mar num horizonte para ; pelo que renovo os votos de que esta sessão, com uma alargada componente de debate, seja profícua e mobilizadora; e corresponda aos desejos que, em particular, a Sra. Ministra depositou neste Roteiro do Mar. Muito obrigado. 8
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