Compreensão do Positivismo e Funcionalismo: Linhas epistemológicas que influenciaram o Serviço Social
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- Irene Carneiro Farinha
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1 1 - Introdução Este artigo traz as concepções teóricas do positivismo e do funcionalismo e a influência destes para o Serviço Social, ambos são linhas epistemológicas que impulsionaram o Serviço Social e deram a ele representações teóricas as quais o fortaleceria e abriria espaço para outras discussões. É-nos pertinente falar da relação da prática do Serviço Social com as análises feitas por Auguste Comte sobre a sociedade, Comte fazia a sua observação levando em consideração a família, colocando sob questão familiar a educação do homem, o caráter, o convívio com a sociedade, enfim uma série de questões que, segundo Comte, para serem organizadas em sociedade tal organização deveria ocorrer primeiro na família. É igualmente importante tratar da visão funcionalista de Émile Durkheim que, diferente de Comte, vai centralizar sua observação numa sociedade unida em um corpo, pois, esta é, segundo Durkheim, um organismo vivo onde cada qual tem sua função, daí a idéia de consciência coletiva, para estudar a sociedade como um todo. O desenvolvimento deste trabalho vem ampliar e fixar as idéias destas linhas epistemológicas em consonância com o Serviço Social. 2 - Análise Positivista e sua congruência ao Serviço Social A compreensão do positivismo é de grande importância, pois, a partir deste entendimento podemos perceber como houve essa congruência ao Serviço Social. Compreendamos então o positivismo. No positivismo procurase utilizar o "método científico" das ciências naturais para também analisar a sociedade, o positivismo pode ser chamado também de Física Social, pois, ele utiliza ensinamentos da Física e os aplica a ciência natural inerente à sociedade considerava a sociedade, a exemplo dos fenômenos físicos, passível de ser controlada por leis sociais, naturalmente caminhando para o equilíbrio e para o progresso (MARTINELLI, pp.116). Este monismo metodológico é uma das principais características do positivismo. Para realizar esta operação é necessário, portanto, tratar a vida social da mesma forma em que é tratada a natureza. Dai que exista uma naturalização, ou também, poderse-ia dizer, a coisificação da sociedade. Acontece que, evidentemente, existe um salto ontológico entre a natureza e a sociedade. Sem a natureza não 1
2 poderia existir a sociedade, entretanto, isto não quer dizer que a natureza possa explicar a sociedade. Na vida social surge a teleologia, e a partir daí todas as formas de consciência social (o conhecimento científico, a religião, a ética), enquanto que na natureza só existe a causalidade natural ¹. O positivismo está centralizado na idéia de que só pode se conhecer verdadeiramente aquilo que se pode verificar empiricamente, o que caracteriza as ciências naturais, analisando por meio da razão. A essência não pode, nem deve ser conhecida, porque ela está além das possibilidades cognoscitivas do ser humano. Assim como a essência, também acontecem com os fins últimos da ação humana (os valores sociais), eles também não poder ser conhecidos racionalmente. Esta cisão entre meios racionais e fins irracionais aparece, por exemplo, na análise das formas de ação social em Max Weber ( ), e tem grande importância para o Serviço Social. Esta autolimitação epistemológica traz como conseqüência a atitude conhecida como atitude agnóstica. O Serviço Social tem o seu surgimento com grande influência da igreja Católica, no momento em que se abre outro caminho, um caminho teórico, é este um grande passo sendo dado, pois, deixaria este de ser visto como uma simples ação filantrópica ou religiosa e passaria a ser visto como uma ciência natural, com um olhar científico, laico. Pode-se entender então, que o entendimento da sociedade regida por leis naturais, imutáveis, que necessitam ser descobertas através de observações e contemplações positivas (Quiroga, pp.48-49) são idéias na sua prática, pois, este que a partir do momento em que se presente no campo da ciência social passa a observar, estudar e procurar compreender os fenômenos sociais (como já fazia, porém agora, com uma base teórica), a exemplo a busca de resoluções para as expressões da questão social reforçando esta de acordo com Quiroga, pois, ele diz que o positivo é,sucintamente, a observação daquilo que é concreto, correspondente à realidade externa, explicitando as relações entre esses fenômenos. ¹Informações recolhidas da internet. Artigos: Serviço Social/Crise e Renovação students. A teoria de Comte vem trabalhar com a família como a base da sociedade, pois, a sua idéia está centrada em dizer que a sociedade é 2
3 composta por família e não por indivíduos isolados, que é na família que se aprende a ter um determinado convívio com a sociedade, que se é educado, enfim que se aprende a viver, ou seja, se há problemas na sociedade a prática investigativa para que se resolva esta questão em observar a família. Assim, fica claro compreender a relação do positivismo de Comte com o Serviço Social, analisar os fatos observáveis é uma característica do Serviço Social, vemos um exemplo disto ao analisarmos esta citação retirada do livro Diagnóstico Social de Mary Richmond: A investigação ou colheita dos dados reais é o primeiro tempo do trabalho, seguindo-se-lhe o exame crítico, a comparação das realidades averiguadas e por fim a interpretação e o esclarecimento da dificuldade social (RICHMOND, pp. 27), estas palavras de Richmond relaciono com as palavras de Auguste Comte ao observar o fundamento do positivismo a fim de deixar evidente a relação entre positivismo e as idéias sobre as práticas do Serviço Social: tomar todos os fenômenos como sujeitos a leis naturais invariáveis, cuja descoberta precisa e cuja redução ao menor número possível constituem o objetivo de todos os nossos esforços, considerando como absolutamente inacessível e vazia de sentido para nós a investigação das chamadas causas, sejam primeiras, sejam finais (COMTE, p. 7)². Esta idéia de descoberta do problema através da observação, a investigação de fatos reais, são características de ambos, por isso evidencia-se a congruência do positivismo ao Serviço Social. 3 - Introdução do Funcionalismo no Serviço Social O funcionalismo surgiu a partir do positivismo, depois de Comte, Émile Durkheim surge com idéias acerca da sociedade, observando esta como um ²Quiroga, Consuelo. Invasão positivista no marxismo: manifestações no ensino da metodologia no Serviço Social. São Paulo: Cortez, pp. 49. corpo o qual cada um (indivíduo ou instituição) tem uma função. Essa a idéia resumida desta linha epistemológica, e partindo desta idéia de que cada 3
4 instituição ou indivíduo tem uma função na sociedade qual a visão do Serviço Social sobre esta idéia? O funcionalismo procura explicar aspectos da sociedade em termos de funções realizadas por instituições e suas consequências para sociedade como um todo. É uma corrente sociológica associada à obra de Émile Durkheim. Falando de forma mais atual, Talcott Parson foi quem estruturou teoricamente o funcionalismo como um modelo que explicasse o funcionamento da sociedade. De acordo com a analogia do funcionalismo, aos estudos da Física e da Química que tratam do microssomo e macrossomo, vemos no estudo da sociedade o macrossocial a observação da estrutura social, da sociedade como um todo com a finalidade de explicar a realidade social e o microssocial que é o que posso chamar de pós-busca do macrossocial, estes são níveis de intervenção do Serviço Social. Exemplificando este termo para o Serviço Social temos no nível Macrossocial temos o perfil profissional do assistente social voltado para a formulação de políticas sociais (moderno), e no nível microssocial temos o papel do assistente na execução terminal das políticas (tradicional) numa relação direta com os usuários dos serviços. O funcionalismo na prática Serviço Social tem sua ação mais específica nos Estados Unidos, pois, de acordo com a conclusão de Gelba no texto do Caderno ABESS, a teoria funcionalista é a teoria do Serviço Social de Grupo e segundo e ainda segundo este, com a exceção do Serviço Social de Caso todas as outras práticas do Serviço Social para explicar a realidade social fazem uso da teoria social funcionalista. As idéias de micro e macrossocial oriundas do funcionalismo é uma metodologia básica utilizada pelo Serviço Social este opera sua intervenção através de muitas unidades de intervenção. O funcionalismo traz a idéia de coletividade que surge com Durkheim ao falar da consciência coletiva, o Serviço Social não faz uma observação somente ao indivíduo, mas, ao indivíduo e como este vive em coletividade. O profissional de Serviço Social deve impulsionar e capacitar pessoas ou grupos, a se relacionarem estreitamente com o meio em que se inserem, buscando através destas relações encontrar satisfações e necessidades pessoais e coletivas (FALCÃO, pp. 26). Esta afirmação evidencia a prática do Serviço Social com a teoria funcionalista, observando o indivíduo a partir da sociedade em que vive e sua função específica na sociedade se houver um mau funcionamento isto significa um desregramento da própria sociedade e neste 4
5 momento ocorre a intervenção do Serviço Social que visa a reintegração deste a sociedade. 4 - Considerações Finais A partir das observações feitas neste artigo vemos que o positivismo tem grande contribuição no Serviço Social, pois, a análise de uma sociedade como ciência natural possibilita ter esta como fato observável. A busca pela verdade por meio da observação, análise dos fatos, enfim uma investigação do aquilo que é real corresponde a uma metodologia a qual o Serviço Social se utiliza e dá este embasamento teórico sobre as questões analisadas na sociedade colocando no âmbito das ciências naturais. Com relação ao funcionalismo podemos considerar que sua teoria foi de grande importância para o Serviço Social o qual ocorre significativamente nas práticas do Serviço Social de Grupo e Serviço Social de Comunidade e também analisando indivíduo na sociedade como um todo, em sua coletividade. Pode-se concluir que ambos deram as suas contribuições teóricas para o Serviço Social, e a partir destas contribuições foram se abrindo outras visões teóricas e este vem evoluindo o que faz-nos ter a idéia de poderá haver cada vez mais posições teóricas para o Serviço Social de acordo com o seu crescimento e observações à sociedade. 5 - Referências Bibliográficas: MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: Identidade e alienação. 6.ed. São Paulo: Cortez, QUIROGA, Consuelo. Invasão positivista no marxismo: manifestações no ensino de metodologia no Serviço Social. São Paulo: Cortez, DANTAS, José Lucena. Caderno ABESS 4. Ensino em Serviço Social: pluralismo e formação profissional. Cortez, RICHMOND, Mary E. Diagnóstico Social. Instituto Superior de Higiene Dr. Ricardo Jorge. Lisboa FALCÃO, Maria do Carmo Brant de Carvalho. Serviço Social: uma nova visão teórica, 2ª Ed. São Paulo, Cortez & Moraes,
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