A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO
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- Heitor Olivares Brunelli
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1 A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO
2 A administração pública é uma subárea da administração que pertence a área da ciência social aplicada. Nela a pesquisa ocupa um lugar de destaque, pois tem como principal objetivo fornecer informações para a tomada de decisões.
3 POR QUE A PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO É IMPORTANTE? Principais razões: A quantidade cada vez maior de variáveis a considerar em cada decisão; A crescente massa de informações em meio eletrônico cuja qualidade é duvidosa; A necessidade de identificar a qualidade da informação confiável na qual as decisões de alto risco podem ser baseadas
4 QUANDO A PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO É NECESSÁRIA? A pesquisa em Administração é necessária todas as vezes que há a necessidade de tomada de decisão. A tomada de decisão pode ser representada ao longo de um contínuo entre administração de crise e oportunidade. CRISE Resposta imediata necessária Não planejada Tática Solução pré-programada OPORTUNIDADE Resposta pode ser programada Um plano pode ser desenvolvido Estratégia Nova solução muito desejada Geralmente usada
5 Cada situação, seja de crise ou oportunidade, aponta para um tipo de decisão e, consequentemente, para uma questão de pesquisa. Observe o exemplo abaixo. SITUAÇÃO Problema empírico Situação potencial Situação de decisão Questão de pesquisa Falta de equipamentos de proteção individual (EPI). Deveríamos comprar equipamentos de proteção individual? Até que ponto o uso de EPIs pode atuar no processo de redução do número de acidentes entre os funcionários da unidades de saúde do Rio de Janeiro? Número elevado de acidentes de trabalho entre os funcionários das unidades de saúde do Rio de Janeiro Falhas nos processo de treinamento Como podemos melhorar o processo de treinamento? Como o processo de treinamento pode reduzir o número de acidentes nas unidades de saúde do Rio de Janeiro? Desatenção resultante da síndrome TDHI (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) Deveríamos encaminhar todos os funcionários da rede de saúde para uma avaliação psicológica? Qual a relação entre a síndrome TDHI e o aumento no número de acidentes entre os funcionários da rede de saúde pública do Rio de Janeiro?
6 "todo começo é difícil em qualquer ciência Karl Marx. O Capital (1968, p.4)
7 UNIDADE II: PROJETO DE PESQUISA (PARTE II)
8 Elaboração dos objetivos Revisão de literatura Metodologia Cronograma Estrutura gráfica
9 Objetivos Os objetivos mostram onde se pretende chegar com o trabalho de pesquisa. Apontam os resultados teóricos e práticos a serem alcançados. Os objetivos devem ser formulados com a utilização de verbos no infinitivo, tais como: analisar, avaliar, compreender, constatar, demonstrar, descrever, elaborar, entender, estudar, examinar, explicar, identificar, inferir, mensurar, verificar, etc.
10 Objetivos Verbos para formulação de Objetivos Gerais Conhecimento Apontar Classificar Citar Conhecer Definir Descrever Identificar Reconhecer Relatar Compreensão Compreender Deduzir Concluir demonstrar Determinar Diferenciar Interpretar Localizar Reafirmar
11 Objetivos Verbos para formulação de Objetivos Gerais Aplicação Desenvolver Empregar Estruturar Operar Organizar Praticar Selecionar Traças Análise Analisar Comparar Criticar Debater Diferenciar Discriminar Examinar Provar
12 Objetivos Verbos para formulação de Objetivos Gerais Síntese Construir Documentar Especificar Esquematizar Formular Produzir Propor Reunir Sintetizar Avaliação Argumentar Avaliar Contrastar Decidir Escolher Estimar Julgar Medir Validar
13 Elaboração dos objetivos Os objetivos dividem-se em: Geral: relaciona-se diretamente ao problema. Ele esclarece e direciona o foco central da pesquisa de maneira ampla. Específicos: definem os diferentes pontos a serem abordados, visando confirmar as hipóteses e concretizar o objetivo geral.
14 Exemplo: Tema: O uso de EPI pelos funcionários da rede pública de saúde do Rio de Janeiro e o índice de acidentes de trabalho entre 2012 e Objetivo geral: Avaliar a relação do uso de EPI e o índice de acidentes de trabalho entre os profissionais de saúde da rede pública do Rio de Janeiro entre 2012 e Objetivos específicos: Discriminar os diferentes equipamentos de proteção individual utilizados pelos profissionais de saúde; Examinar as normas de uso dos equipamentos de proteção individual na rede pública de saúde; Localizar os levantamentos estatísticos sobre acidente de trabalho envolvendo a falta de uso de EPI. Investigar os principais tipos de acidentes de trabalho envolvendo a utilização inadequada e a não utilização de equipamentos de proteção individual; Construir uma série histórica sobre os acidentes de trabalho.
15 Revisão de literatura Segundo Luna (1997), a revisão de literatura em um trabalho de pesquisa pode ser realizada com os seguintes objetivos: determinar o estado da arte realizar uma revisão teórica realizar uma revisão empírica realizar uma revisão histórica
16 Revisão de literatura Determinação do estado da arte O pesquisador procura mostrar através da literatura publicada o que já foi escrito sobre o tema, quais as lacunas existentes e onde se encontram os principais entraves teóricos ou metodológicos.
17 Revisão de literatura Revisão teórica O pesquisador procura inserir o problema de pesquisa dentro de um quadro de referência teórica para explicá-lo. Geralmente acontece quando o problema em estudo é gerado por uma teoria, ou quando não é gerado ou explicado por uma teoria particular, mas por várias.
18 Revisão de literatura Revisão empírica O pesquisador procura explicar como o problema vem sendo pesquisado do ponto de vista metodológico procurando responder: Quais os procedimentos normalmente empregados no estudo desse problema? Que fatores vêm afetando os resultados? Que propostas têm sido feitas para explicá-los ou controlá-los? Que procedimentos vêm sendo empregados para analisar os resultados? Há relatos de manutenção e generalização dos resultados obtidos?
19 Revisão de literatura Revisão histórica O pesquisador busca recuperar a evolução de um conceito, um tema, um tipo de abordagem ou outros aspectos fazendo a inserção dessa evolução dentro de um quadro teórico de referência que explique os fatores determinantes e as implicações das mudanças.
20 Revisão de literatura Lembre-se "A tinta mais pobre de cor vale mais que a melhor memória. Provérbio chinês
21 Revisão de literatura Antes de dar início a revisão de literatura é preciso organizar o material consultado. Uma ferramenta útil para essa tarefa é criar um mapa da literatura consultada. Observe o exemplo abaixo. Tema: O uso de EPI pelos funcionários da rede pública de saúde do Rio de Janeiro e o índice de acidentes de trabalho entre 2012 e O uso de EPI e acidentes de trabalho na rede pública de saúde Legislação Segurança no trabalho Percepção de risco Estudos de caso Lei 6514/77 Dobrovolski e Witkowski (2008) Teixeira et. al (2014) Silva (2012) Portaria nº 3214/78 Pelloso e Zandonadi (2000) Neves et. al (2011) NR 05 (CIPA) Martins et. al (2015) NR 06 (EPI)
22 Revisão de literatura Utilizando o OneNote do Microsoft Office.
23 Metodologia Para escolher o método mais adequado a nossa pesquisa, é preciso identificar as operações mentais e técnicas utilizadas por cada método. Os métodos, de pesquisa,segundo Lakatos (2003), podem ser agrupados em dois grupos: os métodos de abordagem e os métodos de procedimento
24 Metodologia Métodos de abordagem Os métodos de abordagem estão relacionados aos procedimentos lógicos que precisam ser seguidos durante a investigação científica. Os procedimentos lógicos tratam dos modos de conduzir o pensamento em direção ao conhecimento valido cientificamente.eles discorrem sobre o ponto de partida lógico e epistemológico que tomamos para dar início a nossa pesquisa. Daí o seu alto grau de abstração.
25 Metodologia Métodos de abordagem Os métodos de abordagem estão relacionados a correntes filosóficas e epistemológicas. Entre os métodos de abordagem, podemos citar: Método Corrente filosófica e epistemológica Dedutivo Indutivo Hipotético-dedutivo Dialético Fenomenológico Racionalismo Empirismo Pós-positivismo Materialismo dialético Fenomenologia
26 Metodologia Método dedutivo/racionalismo O método dedutivo, segundo a acepção clássica, é o método que parte do geral e desce ao particular. Ele é um tipo de argumento que se desenvolve a partir de premissas gerais para chegar a uma conclusão.o protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo. Todo homem é morta... (premissa maior) Geral João é homem... (premissa menor) Logo, João é mortal... (conclusão) Particular O silogismo é a comparação de uma característica de uma coisa com outra, por meio de uma característica intermediária.
27 Método dedutivo/racionalismo Nesta modalidade de raciocínio lógico o pesquisador formula um modelo teórico que se inicia com uma generalização ou teoria estabelecida e observa se tal teoria se aplica a situação que está sendo estudada. Modelo/Teoria Sim Realidade empírica
28 Método dedutivo/racionalismo A base teórica é construída sobre a revisão de literatura em relação ao tema em questão. Modelo Teórico
29 Metodologia Racionalismo O método dedutivo está ligado a corrente filosófica e epistemológica do racionalismo. O racionalismo é uma posição epistemológica que vê no pensamento, na razão, a fonte principal de todo conhecimento humano. Segundo esta correte epistemológica, em primeiro plano está o sujeito do conhecimento (o pesquisador),que ordena a realidade (objeto).
30 Metodologia Racionalismo No racionalismo, o vetor epistemológico parte do sujeito para o objeto. Sujeito cognocente Objeto cognocível Reais Ideais Resultam de nossa experiência externa ou interna ou são inferidos a partir dela São irreais (números,figuras geométricas
31 Racionalismo Racionalismo transcendente O racionalismo possui uma longa tradição dentro do pensamento filosófico do ocidente. A forma mais antiga de racionalismo encontra-se em Platão Racionalismo teológico Platão (428 a.c-347 a.c) Plotino ( ) Racionalismo imanente Santo Agostinho ( ) René Descartes ( )
32 Método indutivo/empirismo O método indutivo é o inverso do dedutivo. Ele parte do particular para o geral. De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade. Particular João é mortal Pedro é mortal Joaquim é mortal... Manoel é mortal João, Pedro, Joaquim...e Manoel são mortais Geral Logo, (todos) os homens são mortais. Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão deve ser provavelmente verdadeira,mas não necessariamente verdadeira.
33 Método indutivo/empirismo Segundo Lakatos e Marconi (2003), a indução possui três etapas: observação dos fenômenos - nessa etapa observamos os fatos ou fenômenos e os analisamos, com a finalidade de descobrir as causas de sua manifestação; descoberta da relação entre eles - na segunda etapa procuramos por intermédio da comparação, aproximar os fatos ou fenômenos, com a finalidade de descobrir a relação constante existente entre eles; generalização da relação - nessa última etapa generalizamos a relação encontrada na precedente, entre os fenômenos e fatos semelhantes, muitos dos quais ainda não observamos (e muitos inclusive inobserváveis).
34 Metodologia Método indutivo/empirismo O método indutivo é um processo de construção de teorias, que tem início com a observação de casos específicos para depois estabelecer generalizações. Cisne 1 é branco Todos os cisnes são brancos (Teoria) Cisne 2 é branco Cisne N é branco Realidade empírica
35 Método indutivo/empirismo O método indutivo tem por base a corrente epistemológica conhecida como empirismo. O empirismo opõe a tese do racionalismo, segundo a qual, como vimos anteriormente, o pensamento, a razão, é a verdadeira fonte de conhecimento. Para o empirismo, não há qualquer patrimônio a priori da razão. A nossa consciência não tira os seus conteúdos da razão, mas exclusivamente da experiência.
36 Empirismo Segundo John Locke, um dos precursores da corrente empirista, o espírito humano está por natureza vazio. É uma tábula rasa, uma folha em branco onde a experiência escreve. Todos os nossos conceitos, incluindo os mais John Locke ( ) gerais e abstratos,procedem da experiência.
37 Empirismo O empirismo supõe a primazia do objeto em relação ao sujeito, isto é, o conhecimento deve ser produzido a partir da forma como a realidade se apresenta ao cientista. Sujeito cognocente Objeto cognocível Reais Ideais Resultam de nossa experiência externa ou interna ou são inferidos a partir dela São irreais (números,figuras geométricas
38 Empirismo Da mesma forma que o racionalismo, o empirismo também possui um longa tradição dentro da história da filosofia ocidental. Sofistas Francis Bacon ( ) John Locke ( ) George Berkeley ( ) David Hume ( )
39 Método indutivo Apesar de ser considerado o método científico por excelência, o método indutivo tem sofrido inúmeras críticas. O primeiro a criticar o método indutivo foi David Hume ao levantar o problema da causalidade no Tratado da Natureza Humana: Uma Tentativa de Introduzir David Hume ( ) o Método Experimental de Raciocínio nos Assuntos Morais ( ) e Investigação sobre o Entendimento Humano (1748).
40 Método indutivo David Hume ( ) Segundo Hume, a relação de causalidade entre um fenômeno e outro, onde um é causa e o outro efeito não se justifica empiricamente. Segundo ele, esta crença na causalidade é formada apenas na nossa mente, não sendo algo que observemos no mundo real e que é gerada pelo hábito. É a repetição de certos acontecimentos na nossa vida que nos leva a pensar que certos fenômenos se relacionam e a pensar que essa ligação é necessária. A indução não pode transmitir a certeza e a evidencia que um determinado fenômeno ocorrerá sempre a pós o outro.
41 Método indutivo As questões levantadas por Hume foram retomadas outros filósofos como, por exemplo, Karl Popper, criador do método hipotético-dedutivo David Hume ( ) que estudaremos a seguir.
42 Método Hipotético-dedutivo O método hipotético-dedutivo foi proposto por Karl Popper no seu livro intitulado A lógica da investigação científica (1935) a partir da crítica da indução. Karl Raimund Popper ( )
43 Método Hipotético-dedutivo Segundo Popper, a indução não se justifica, pois o salto indutivo de casos particulares para a generalização exigiria um número quase infinito de observações. O exemplo clássico é o problema do cisne. O cisne A é branco O cisne B é branco O cisne C é branco O cisne n é branco Todos os cisnes são brancos
44 Método Hipotético-dedutivo O segundo argumento de Popper é de que a indução recai necessariamente no apriorismo. A indução parte de um critério metodológico que é justificado dedutivamente, ou seja, a indução não Karl Raimund Popper ( ) se justifica indutivamente.
45 Metodologia Método Hipotético-dedutivo Segundo Popper, nenhuma afirmação científica baseada em observação jamais poderá ser considerada uma verdade absoluta ou definitiva. Ela é considerada valida até quando provada falsa por outras observações, experimentos ou teorias. A possibilidade de uma teoria ser refutada, segundo ele, constitui a própria essência da natureza científica. Karl Raimund Popper ( )
46 Método Hipotético-dedutivo Por isso, Popper(1977,p ) sugeriu: [...] que toda discussão científica partisse de um problema, ao qual se oferecesse uma espécie de solução provisória, uma teoriatentativa, passando-se depois a criticar a solução, com vistas à eliminação do erro, e, tal Karl Raimund Popper ( ) como no caso da dialética, esse processo se renovaria a si mesmo, dando surgimento a novos problemas.
47 Método Hipotético-dedutivo A proposta de Popper pode ser representada através do seguinte esquema: P TT EE P 1 2 Onde: P 1 TT EE P 2 Problema Teoria-tentativa Eliminação do erro Novos problemas
48 Método Hipotético-dedutivo Para Popper, o conhecimento científico não é o resultado da mera observação dos fenômenos. O fenômeno em si não tem nenhuma relevância, não diz nada. Somente quando encaramos o Karl Raimund Popper ( ) fenômeno a luz do conhecimento teórico disponível é que surge o problema que merece ser investigado. A percepção de um problema está diretamente relacionado ao uso de teorias. Só quem conhece é capaz de se propor problemas.
49 Método Hipotético-dedutivo Cisne 1 é branco Todos os cisnes são brancos (Teoria) Cisne 2 é branco Teoria falseada Cisne N é negro Realidade empírica
50 Método Hipotético-dedutivo Karl Raimund Popper ( )
51 Método dialético Segundo Konder (2008, p.8-9): Dialética era, na Grécia antiga, a arte do diálogo. Aos poucos, passou a ser a arte de, no diálogo, demonstrar uma tese por meio de uma argumentação capaz de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão. [...] Na acepção moderna, entretanto, dialética significa outra coisa: é o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.
52 Método dialético A visão moderna de dialética está relacionada diretamente as obras de Karl Marx e Friedrich Engels, que sob a Karl Marx ( ) influência materialista de Feuerbach, lançaram as bases do materialismo Friedrich Engels ( ) dialético.
53 Materialismo dialético. O materialismo dialético parte do reconhecimento da prioridade da matéria e do caráter secundário da consciência e considera que o mundo é a matéria em movimento. Por isso, para o materialismo dialético todas as coisas que existem no mundo, inclusive nós, estão em constante processo de mudança e transformação. Para o materialismo dialético nada é, tudo é um constante vir a ser.
54 Materialismo dialético. Segundo o materialismo dialético,da mesma forma como todas as coisas que existem no mundo, a consciência também faz parte do mundo material, constituindo uma forma especifica da matéria altamente organizada. Pois, o mundo material tem a sua história no curso da qual nosso planeta passou da matéria inorgânica a matéria orgânica e, finalmente, ao homem.
55 Materialismo dialético. A consciência é uma função do cérebro, um reflexo do mundo objetivo. Não existe oposição entre mundo material objetivo e a consciência.
56 Materialismo dialético. Os objetos, suas propriedades e relações se refletem no cérebro na forma de imagem, ou seja, idealmente. O cérebro não é origem. Ele é apenas o órgão da consciência. Ele é a parte do corpo humano na qual o objeto atua, se transforma e adquire a forma ideal do ser. A idéia do objeto que se forma no cérebro é o produto da atividade do cérebro. É a imagem subjetiva do mundo objetivo.
57 Materialismo dialético. Para o materialismo dialético, o que chamamos de conhecimento é um reflexo do mundo na consciência do homem, inseparável da mudança que ocorre no objeto de conhecimento no curso da prática social.
58 Materialismo dialético. Este conhecimento ocorre, segundo Marx, através da elaboração teórica. O conhecimento teórico, segundo ele, é o conhecimento do objeto, de sua estrutura e dinâmica, tal como ele é em si mesmo, na sua existência real e efetiva, independente da Karl Marx ( ) vontade e do desejo do investigador.
59 Materialismo dialético. O pesquisador deve ultrapassar as aparências (fenômenos) dadas pela experiência empírica, que constituem apenas o ponto de partida para o conhecimento teórico da realidade. Ele deve, partindo da aparência, alcançar a essência do objeto pesquisado, ou seja, capturar a sua estrutura e dinâmica Karl Marx ( ) próprias.
60 Materialismo dialético. Para alcançar a essência do objeto (estrutura e dinâmica), o pesquisador precisa utilizar diferentes instrumentos e técnicas de pesquisa como, por exemplo, analise de documentos, observações, entrevistas, etc. Este procedimento constitui o método de investigação.
61 Materialismo dialético. A investigação, ou o método de investigação, é o esforço prévio de apropriação, pelo pensamento, das determinações do conteúdo do objeto no próprio objeto, quer dizer, uma apropriação analítica, reflexiva, do objeto pesquisado antes de sua exposição metódica.
62 Materialismo dialético. A exposição, ou o método de exposição, não é simplesmente uma autoexposição do objeto, senão ele seria acrítico, mas é uma exposição crítica do objeto com base em suas contradições, quer dizer, uma exposição crítico-objetiva da lógica interna do objeto, do movimento efetivo do próprio conteúdo do objeto.
63 Método dialético: O pesquisador que deseje usar o método dialético deve: Primeiro: o investigador deve se apropriar, pelo pensamento, do conteúdo do objeto no próprio objeto. Deve se apropriar analiticamente do objeto. Segundo: Expor de forma crítica a lógica interna do objeto. A exposição(tradução) ideal do movimento efetivo do real isto é, trata-se não de uma produção, mas de uma reprodução do movimento efetivo do material, do real, de tal modo que o real se espelhe no ideal.
64 Método fenomenológico O fundador do método fenomenológico foi o filósofo, matemático e lógico Edmund Husserl. Edmund Husserl ( )
65 Método fenomenológico O ponto de partida de Husserl é uma questão muito antiga na filosofia: a relação sujeito objeto. Portanto, ele trata da questão do conhecimento. Como se constitui o conhecimento? O que é o conhecimento? Quais os seus limites? Edmund Husserl ( )
66 Método fenomenológico A visão dos filósofos da modernidade sobre a constituição dessa relação pode ser separada em três vertentes principais: A vertente realista: A vertente idealista A filosofia de Immanuel Kant
67 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: Vertente Realista Defende o primado do objeto sobre o sujeito, ou seja, a representação que fazemos das coisas está subordinada aos objetos ou coisas em si mesmas, que são apreendidas pelos sentidos e depois registradas pelo intelecto. Representação do objeto Sujeito (Passivo) Objeto (Ativo)
68 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: Vertente Idealista Ao contrário da vertente realista, o idealismo sustenta o primado do sujeito, da mente, das ideias sobre o objeto. Segundo essa vertente, há um acordo entre as coisas e a mente. Sujeito (Ativo) Objeto (Passivo)
69 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: A filosofia de immanuel Kant Kant procura conciliar as duas vertentes anteriores. Ele redistribui as funções do sujeito e do objeto na relação de conhecimento. Procura demonstrar a contribuição do objeto e do sujeito na produção do conhecimento. Não privilegia nem um nem o outro. Sujeito Objeto
70 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: A filosofia de immanuel Kant Segundo Kant, há um trabalho conjunto entre a apreensão sensível e o nosso intelecto, que formaliza ou oferece uma estrutura formal para essas apreensões. Portanto, o conhecimento Immanuel Kant ( ) seria uma síntese entre o sujeito e o objeto.
71 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: A filosofia de immanuel Kant O que ocorre no sujeito Kant chamou de fenômeno. Segundo ele, não vemos a realidade como ela é em si, mas sim como ela se apresenta a nós, em nosso pensamento, nas nossas ideias, na nossa consciência. A realidade se apresenta a nós sempre condicionada pelas estruturas lógicas do pensamento. Immanuel Kant ( )
72 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: A filosofia de immanuel Kant As estruturas lógicas do pensamento Kant chamou de Elementos transcendentais do conhecimento Immanuel Kant ( )
73 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: A filosofia de immanuel Kant Para Kant a relação entre o sujeito e o objeto é uma correlação. Sujeito do conhecimento Objeto do conhecimento Consciência que apreende o fenômeno Fenômeno que apreendido pela consciência Immanuel Kant ( )
74 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: A filosofia de immanuel Kant Segundo Kant, a realidade carece de regra e ordem e representa um verdadeiro caos. É o nosso pensamento que cria ordem neste caos, enlaçando os elementos da realidade uns com os outros e relacionando em si os conteúdos das Immanuel Kant ( ) sensações.
75 Método fenomenológico Kant afirma que só podemos conhecer os fenômenos, ou seja, só conhecemos as coisas da forma como ela se manifesta na nossa razão ou para nossa consciência. Jamais conheceremos o nôumeno, ou seja, a coisa em si, a essência das coisas. Immanuel Kant ( )
76 Metodologia Racionalismo Segundo Immanuel Kant, em seu livro Crítica da razão pura, a realidade é caótica. É o nosso pensamento que cria ordem neste caos. Para ele, jamais poderemos conhecer a essência das coisas materiais que existem independente da nossa consciência. Só podemos conhecer o fenômeno, ou seja, a Immanuel Kant ( ) coisa para nós.
77 Método fenomenológico O nosso conhecimento é o conhecimento daquilo que se manifesta para nossa consciência, daquilo que está presente para a consciência ou para a razão, daquilo que é organizado e explicado a partir da própria estrutura da consciência. A verdade se refere aos fenômenos e os fenômenos são o que a Immanuel Kant ( ) consciência conhece.
78 Método fenomenológico Relação Sujeito e Objeto: A filosofia de immanuel Kant Mas, se o sujeito projeta nas coisas a sua estrutura de pensamento, seja do ponto de vista lógico ou psicológico acaba comprometendo as próprias coisas e acaba vendo na realidade aquilo que ele próprio colocou na realidade ao estabelecer a sua Immanuel Kant ( ) ordem.
79 Método fenomenológico Por isso, Hurssel pergunta: -O que são os fenômenos? -O que se manifesta na consciência? E ele responde: -A própria consciência. Edmund Husserl ( )
80 Método fenomenológico Conhecer os fenômenos e conhecer a estrutura e o funcionamento necessário da consciência são uma só e mesma coisa, pois é a própria consciência que constitui os fenômenos Edmund Husserl ( )
81 Método fenomenológico Mas, como a consciência constitui os fenômenos? Dando sentido às coisas. Conhecer é conhecer o sentido ou a significação das coisas tal como esse sentido foi produzido ou essa significação foi produzida pela consciência Edmund Husserl ( )
82 Método fenomenológico Para a fenomenologia o que importa não são as coisas os objetos matérias ou ideiais mas sim a forma como são percebidos na consciência. Por isso, a fenomenologia enfatiza a experiência que se vive no mundo da vida. As vivencias são o ponto de partida do Edmund Husserl ( ) pesquisador.
83 Método fenomenológico Para Husserl, consciência (sujeito) e objeto não são, com efeito, duas entidades separadas na natureza que se trataria, em seguida, de por em relação, mas consciência e objeto se definem respectivamente, a partir desta Edmund Husserl ( ) correlação que lhes é, de alguma maneira, cooriginal.
84 Método fenomenológico O principal interesse da fenomenologia não é o objeto da percepção (Noema), mas sim o ato de perceber (Noesis), ou seja o objeto enquanto um fenômeno de consciência. Isto porque não podemos nos livrar da subjetividade e ver o objeto em si mesmo, pois nas experiência de consciência estão envolvidos o que é informado Edmund Husserl ( ) pelos sentidos e o modo como a mente enfoca aquilo que é informado.
85 Método fenomenológico Nesta visão, a tarefa do pesquisador não é levantar fatos e medir a freqüência de certos padrões, mas apreciar as diferentes construções e significados que as pessoas possam, a partir de suas culturas, atribuir como sua experiência. Edmund Husserl ( )
86 Como determinar o método de abordagem? O método de abordagem depende para onde aponta a pesquisa. Observe os exemplos a seguir: Primeiro exemplo: Se o problema de pesquisa aponta para o conceito de causa ou para uma relação causal. O uso de equipamentos de proteção individual pelos profissionais da rede pública de saúde do Estado do Rio de Janeiro contribui para a redução do número de acidentes de trabalho? O pesquisador deverá adotar o ENFOQUE EMPÍRICO- ANALÍTICO, fazendo uso do método indutivo. Pois, a relação causal se explicita no experimento, na sistematização e controle dos dados empíricos e através das análises estatísticas e teóricas. A causalidade é o eixo da explicação científica.
87 Como determinar o método de abordagem? Segundo exemplo: Se o problema de pesquisa aponta para uma relação entre o fenômeno e a essência, ou seja, a relação entre o fenômeno vivido e aquele que vivencia a essência do fenômeno. Qual o significado atribuído pelos funcionários da rede pública de saúde do Estado do Rio de Janeiro para o uso do equipamentos de proteção individual? O pesquisador deverá adotar o ENFOQUE FENOMENOLÓGICO. Ele deve utilizar o método fenomenológico. Pois, a interpretação como fundamento da compreensão do fenômeno é o eixo da explicação científica.
88 Como determinar o método de abordagem? Terceiro exemplo: Se o problema de pesquisa aponta para uma inter-relação do todo com as partes e vice-versa, dos elementos micro com os macro, os elementos históricos. Quais os fatores de ordem econômica, social, política, cultural e histórica estão relacionados a falta de habito no uso dos equipamentos de proteção individual entre os funcionários da rede pública de saúde do Estado do Rio de Janeiro? O pesquisador deverá adotar o ENFOQUE CRÍTICO- DIALÉTICO. Ele deverá utilizar o método dialético (método do materialismo histórico dialético). Pois, considera a ação como categoria epistemológica fundamental para explicação científica.
89 Como determinar o método de abordagem? Quarto exemplo: Se o problema aponta um fato ou fenômeno para o qual não se tem resposta definitiva e que necessita de uma ou mais hipóteses. Por que no hospital X da rede pública de saúde o uso de equipamentos de proteção individual diminui em 70% o número de acidentes e no hospital Y da mesma rede não houve diminuição de acidentes de trabalho? O pesquisador deverá adotar o enfoque Hipotético-dedutivo. Pois, as hipóteses ou conjecturas levantadas são o eixo entorno do qual girará a investigação. Neste caso, o pesquisador terá que formular hipóteses ou conjecturas que responda ao problema de pesquisa e depois deduzir as conseqüências das hipóteses. Observe o exemplo a seguir.
90 Metodologia.Problema: Por que no hospital X da rede pública de saúde o uso de equipamentos de proteção individual diminui em 70% o número de acidentes e no hospital Y da mesma rede não houve diminuição de acidentes de trabalho? Formulação das hipóteses ou conjecturas Hipótese 01: No hospital X, além do treinamento, houve uma campanha intensiva sobre o uso do EPI. Hipótese 02: No hospital Y o uso de EPI se limitou apenas ao treinamento. Dedução das conseqüências das hipóteses: Dedução das conseqüências da hipótese 01: Se a campanha de uso permanente do uso de EPI for suspensa no hospital X o número de acidentes de trabalho aumentará. Dedução das conseqüências da hipótese 02: Se for realizada campanhas de incentivo de uso dos EPIs no hospital y o número de acidentes de trabalho diminuirá em 70% As deduções deverão ser testadas empiricamente.
91 Método de Procedimento Esses métodos dizem respeito aos meios técnicos que serão utilizados pelo pesquisador para obtenção, processamento e validação dos dados. Eles devem ser empregados considerando a natureza e objetivo da pesquisa. Isso quer dizer que, na mesma pesquisa pode-se ter mais de um método de procedimento.
92 Método de Procedimento MÉTODO Histórico Comparativo Monográfico Estatístico DEFINIÇÃO Parte do princípio de que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm origem no passado. É importante pesquisar suas raízes para compreender sua natureza e função. Estuda as semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos. Contribui para uma melhor compreensão do comportamento humano comparando similitudes e explica as divergências. Parte do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes. Consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com finalidade de obter generalizações. Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos, representações simples e constar se essas verificações simplificadas têm relações entre si. Assim, o método estatístico significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos quantitativos e à manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado.
93 Método de Procedimento MÉTODO Tipológico Funcionalista Estruturalista Experimental DEFINIÇÃO Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construindo a partir da análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise e compreensão de casos concretos, realmente existentes. É mais um método de interpretação do que de investigação. Considerando que a sociedade é formada por partes, cada parte é mais bem entendida quando se compreendem as funções que desempenham no todo. O método funcionalista estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades, isto é, como um sistema organizado de atividades Parte da investigação de um fenômeno concreto, eleva-se a seguir ao nível abstrato por intermédio da constituição de um modelo que represente o objeto de estudo retornando por fim ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social. Denomina-se método experimental aquele em que as variáveis são manipuladas de maneira preestabelecida e seus efeitos suficientemente controlados e conhecidos pelo pesquisador para observação do estudo. O método experimental é muito importante, pois possibilita a demonstração dos dados coletados, e esta é uma característica fundamental em se falando da validade da pesquisa realizada.
94 Cronograma O cronograma define o período de duração do projeto e como o conjunto das ações propostas se distribui no tempo. Etapas Meses Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun.
95 Estrutura gráfica. Pergunta Parte do projeto O quê? Tema Por que fazer? Justificativa O que fazer? Problema Para que fazer? Objetivo(s) A partir de que fundamentos? Quadro teórico de referência Como fazer? Com o que fazer? Quando fazer? Metodologia Cronograma
96 Estrutura gráfica. Capa (Nome da instituição, tema, nome do aluno) Justificativa. Qual o motivo da escolha do tema? O que vai ser feito? Por que será feito? As perguntas servem como guia. Elas não devem aparecer na justificativa A quem se destina o projeto? Problema de Pesquisa Hipótese(s) de pesquisa (se houver) Objetivos Objetivo geral Objetivos específicos Quadro teórico de referência (Revisão de literatura) Metodologia Cronograma Plano provisório de trabalho Referências bibliográficas
97 Referências Bibliográficas GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª. ed. São Paulo: Atlas, GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª. ed. São Paulo: Atlas, HURSSEL, E. A ideia de fenomenologia. Lisboa: Editora 70, KANT, E. Crítica da razão pura. Tradução de J. Rodrigues de Merege. [S.l.]: ACRÓPOLIS, versão para ebook.ebooksbrasil.com.fonte Digital. KONDER, Leandro. O que é dialética.são Paulo:Brasiliense, 2008 (Coleção Primeiros Paassos; 23) LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5ª. ed. São Paulo: Atlas, LUNA, S.V. de. Planejamento de pesquisa:uma introdução.são Paulo:EDUC, MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21ª. ed. Petrópoles: Vozes, NETTO, J. P. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Expressão Popular, POPPER, Karl. Lógica da pesquisa científica.são Paulo:EDUSP, Lógica das ciências sociais. Brasília: Universidade de Brasília, PRADO JR, C. Teoria marxista do conhecimento e método dialético materialista. [S.l.]: Ridendo Castigat Mores, Versão para ebook.ebookbrasil.com.fonte Digital.
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