Especialização em docência em saúde. METODOLOGIA DE PESQUISA e ESCRITA CIENTÍFICA. Profa. Cida Praeiro

Transcrição

1 METODOLOGIA DE PESQUISA e ESCRITA CIENTÍFICA Profa. Cida Praeiro

2 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje O que é ciência?

3 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje Outros animais natureza SER HUMANO

4 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje O homem é um ser natural, isto é, ele é um ser integrante da natureza; não se poderia conceber o conjunto da natureza sem nela inserir a espécie humana e nem a natureza sem o homem. Na busca para sua sobrevivência, o ser humano, assim como outros animais, atua sobre a natureza e por meio desta interação satisfaz suas necessidades. No entanto, a relação homem-natureza diferencia-se da interação animalnatureza.

5 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje A atividade dos animais em relação á natureza é biologicamente determinada. Por mais sofisticadas que possam ser as atividades animais por exemplo a casa feita Pelo joão de barro ou a organização de um formigueiro...

6 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje... Elas ocorrem com pequenas modificações na espécie, já que a transmissão da experiência é feita quase Exclusivamente pelo código genético. A atuação do animal sobre a natureza permite a sobrevivência da espécie e isso se dá em função de características biológicas.

7 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje A ação humana em relação á natureza NÃO é apenas biologicamente determinada......mas se dá principalmente pela incorporação das experiências e conhecimentos produzidos e transmitidos de geração a geração, por meio da cultura e da educação, de maneira que permite que a nova Geração não volte ao ponto de partida Da que a procedeu.

8 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje A atuação do homem diferencia-se do animal porque, ao alterar a natureza, por meio de sua ação, torna-a humanizada, a natureza adquire a marca da atividade humana. Ao mesmo tempo o homem o homem altera a si próprio por meio desta interação, se constituindo e se diferenciando cada vez mais das demais espécies.

9 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje O ser humano modifica aquilo que é necessário à sua sobrevivência. Velhas necessidades adquirem características diferentes, até mesmo consideradas necessidades básicas como a alimentação refletem as mudanças ocorridas pelos hábitos e necessidades. Não só pelas velhas necessidades mas o homem cria novas necessidades que passam a ser tão fundamentais quanto as chamadas necessidades básicas à sua sobrevivência.

10 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje Necessidades não só alimentares mas de artefatos, instrumentos...

11 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje Necessidades também indumentária (vestimenta).

12 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje indumentária... Mas... Não só!!

13 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje Mas também necessidade de ideias (conhecimentos, valores e crenças) e mecanismos para sua elaboração (desenvolvimento do raciocínio, planejamento)...

14 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje As ideias como produto da existência humana sofrem as mesmas determinações históricas, como vimos na necessidade de moradia, alimentar, instrumental ou indumentária. As ideias são a expressão das relações e atividades do homem, estabelecida no processo de sua existência. As ideias representam aquilo que o homem faz, ou não da sua maneira de viver, da forma como se relaciona com outros homens, do mundo que o circunda e das próprias necessidades. Segundo Marx e Engels (1980): Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência

15 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje Dentre as ideias que o homem produz, parte delas constitui o conhecimento referente ao mundo. O conhecimento humano em suas diferentes formas (senso comum, científico, teológico, filosófico, estético etc) exprime condições materiais de um dado momento histórico. Como assim?

16 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje Quer nas primeiras formas de organização social, quer nas sociedades atuais, é possível identificar a constante tentativa do homem para compreender o mundo e a si mesmo. É possível identificar também como marca comum aos diferentes momentos do processo de construção do conhecimento científico, a inter-relação entre as necessidades humanas e o conhecimento produzido; ao mesmo tempo em que atuam como geradoras de ideias e explicações, as necessidades humanas vão se transformando a partir, entre outros fatores, do conhecimento produzido. Como uma das formas de conhecimento produzido pelo homem no decorrer de sua história, a ciência é determinada pelas necessidades materiais do homem em cada momento histórico, ao mesmo tempo em que nelas interfere.

17 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje A ciência caracteriza-se por ser a tentativa do homem ENTENDER E EXPLICAR RACIONALMENTE A NATUREZA buscando formular leis que, em última instância, permitam a atuação humana. Essa tentativa de propor explicações racionais tornam o próprio conhecer o mundo numa questão sobre a qual o homem reflete. Enquanto tentativa de explicar a realidade, A CIÊNCIA CARACTERIZA-SE POR SER UMA ATIVIDADE METÓDICA. É uma atividade que ao se propor conhecer a realidade, busca atingir esse meta por meio de ações PASSÍVEIS DE SEREM REPRODUZIDAS. Vídeo: o que é ciência 300 anos em 3 minutos

18 Parte I. OLHAR PARA A HISTÓRIA: caminho para compreender a ciência hoje Ciência é: Validar o passado Desenhar o presente Projetar o futuro

19 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Métodos Científicos Método dedutivo: método racionalista, que pressupõe a razão com a única forma de chegar ao conhecimento verdadeiro; utiliza uma cadeia de raciocínio descendente, da análise geral para a particular, até a conclusão; utiliza o silogismo: de duas premissas retira se uma terceira logicamente decorrente. Todo homem é mortal (premissa maior) Pedro é homem (premissa menor) Logo, Pedro é mortal (conclusão)

20 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Métodos Científicos Método hipotético dedutivo (Poper, K.): se o conhecimento é insuficiente para explicar um fenômeno, surge o problema; para expressar as dificuldades do problema são formuladas hipóteses; das hipóteses deduzem se consequências a serem testadas ou falseadas (tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses); enquanto o método dedutivo procura confirmar a hipótese, o hipotético dedutivo procura evidências empíricas para derrubá las.

21 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Métodos Científicos Método dialético (Hegel, G.): empregado em pesquisa qualitativa, considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social; as contradições se transcendem dando origem a novas contradições que requerem soluções.

22 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Métodos Científicos Método fenomenológico (Husserl, E.): empregado em pesquisa qualitativa, não é dedutivo nem indutivo, preocupa se com a descrição direta da experiência como ela é; a realidade é construída socialmente e entendida da forma que é interpretada; a realidade não é única, existem tantas quantas forem suas interpretações..

23 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Classificação da pesquisa Do ponto de vista de sua natureza: Pesquisa básica: objetiva gerar conhecimentos novos para avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Pesquisa aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicações práticas dirigidos à solução de problemas específicos. Do ponto de vista da forma de abordagem ao problema: Pesquisa quantitativa: considera que tudo é quantificável, o que significa traduzir opiniões e números em informações as quais serão classificadas e analisadas. Pesquisa qualitativa: considera que existe uma relação entre o mundo e o sujeito que não pode ser traduzida em números; a pesquisa é descritiva, o pesquisador tende a analisar seus dados indutivamente.

24 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Do ponto de vista dos objetivos: Pesquisa exploratória: objetiva proporcionar maior familiaridade com um problema; envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos; assume em geral a forma de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. Pesquisa descritiva: objetiva descrever as características de certa população ou fenômeno, ou estabelecer relações entre variáveis; envolvem técnicas de coleta de dados padronizadas (questionário, observação); assume em geral a forma de levantamento. Pesquisa explicativa: objetiva identificar os fatores que determinam fenômenos, explica o porquê das coisas; assume em geral as formas de pesquisa experimental e pesquisa ex post facto.

25 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Do ponto de vista dos procedimentos técnicos: Pesquisa bibliográfica: elaborada a partir de material já publicado, como livros, artigos, periódicos, Internet, etc; Pesquisa documental: elaborada a partir de material que não recebeu tratamento analítico; Pesquisa experimental: pesquisa em que se determina um objeto de estudo, selecionam se variáveis que o influenciam, definem se as formas de controle e de observação dos efeitos que as variáveis produzem no objeto; Levantamento: pesquisa que envolve questionamento direto das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer; Estudo de caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o amplo e detalhado conhecimento;

26 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Do ponto de vista dos procedimentos técnicos: Pesquisa ex post facto: quando o experimento se realiza depois dos fatos; Pesquisa ação: pesquisa concebida em associação com uma ação; os pesquisadores e participantes da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo; Pesquisa participante: pesquisa desenvolvida pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas

27 Parte II Metodologia de Pesquisa Especialização em docência em saúde Podemos entender então que: A ciência se propõe a responder questões. Necessidade de ter um método È um produto humano e sofre influências dos meios social, cultural, histórico, ética, econômica e política. O que é ciência afinal: caraterísticas 1. Existe um pluralismo metodológico (depende de um consenso) 2. Recusa do empirismo: a observação da realidade depende da teoria e não é inocente, pode ser interpretada pelo cientista e se constrói pela visão do pesquisador (nem tudo que parece é) 3. Considerar o pensamento divergente ( as hipóteses é que serão testadas e não de certezas) 4. Procura de uma coerência global. (teoria e reprodutibilidade do método) 5. Caráter social (sujeita á influências sociais porém responde à necessidade também desta sociedade)

28 Parte III Escrita Científica Especialização em docência em saúde A escrita científica Um texto científico é uma produção textual, uma narrativa escrita que aborda algum conceito ou teoria, com base no conhecimento científico através da linguagem científica A linguagem usada em um texto varia de acordo com o seu propósito ou os leitores para quem ele é escrito. Assim, um texto científico é construído com linguagem científica, própria de uma comunidade específica. A linguagem deve ser objetiva, não dando espaço para ambiguidade.

29 Parte III Escrita Científica Especialização em docência em saúde Muitas vezes os textos científicos expressam resultados obtidos em algum tipo de experiência e tem como público-alvo outros elementos da comunidade científica, interessados também pelo mesmo objeto de estudo. (TCC s) Os artigos ou textos científicos devem seguir certos padrões, que no Brasil são determinados pela ABNT (NBR 6022). Estas normas apresentam padrões relacionados com o formato, paginação, citações, notas de rodapé, referências bibliográficas, etc. Em áreas da saúde pode ser solicitado também normas de Vancouver. Em inglês, a expressão "texto científico" é traduzida por science article.

30 Parte III Escrita Científica Especialização em docência em saúde Muitas vezes os textos científicos expressam resultados obtidos em algum tipo de experiência e tem como público-alvo outros elementos da comunidade científica, interessados também pelo mesmo objeto de estudo. (TCC s) Os artigos ou textos científicos devem seguir certos padrões, que no Brasil são determinados pela ABNT (NBR 6022). Estas normas apresentam padrões relacionados com o formato, paginação, citações, notas de rodapé, referências bibliográficas, etc. Em áreas da saúde pode ser solicitado também normas de Vancouver. Em inglês, a expressão "texto científico" é traduzida por science article.

31 Parte III Escrita Científica Especialização em docência em saúde Características de um texto científico Frequentemente, a leitura de um texto científico requer algum conhecimento teórico sobre o tema que está sendo abordado no texto. Assim, um texto científico muitas vezes requer uma leitura prévia de outros textos com informação sobre o assunto em questão. Os textos científicos são específicos e têm como objetivo aprofundar algum tema. Por esse motivo, é um texto que requer muita atenção na hora da leitura, porque apresenta uma linguagem mais complexa relativa a alguns conceitos e teorias

32 Parte III Escrita Científica Especialização em docência em saúde Estrutura do texto científico Um trabalho ou artigo científico, composto por textos científicos, tem uma estrutura definida. É composto por partes externas e internas e elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. A parte externa pelo elemento pré-textual, como a capa, por exemplo. A parte interna também tem componentes pré-textuais, como a folha de rosto, folha de aprovação resumo na língua vernácula e estrangeira, sumário, agradecimentos, etc. Os elementos textuais consistem na introdução, desenvolvimento e conclusão do tema em questão. Os elementos pós-textuais remetem para as referências, anexos ou índices.

33 Parte III Escrita Científica Especialização em docência em saúde Etapas para elaboração de um trabalho científico 1. Determinação do tema-problema do trabalho; 2. Levantamento bibliográfico (ABNT e Vancouver); 3. Leitura e documentação dessa bibliografia após a seleção (Fichamento); 4. Construção lógica do trabalho (Coerência e Coesão textual); 5. Redação do texto.

34 Parte III Escrita Científica Especialização em docência em saúde Organização do pensamento científico a) O que pesquisar? = definição do objeto de pesquisa b) Por que pesquisar? = justificativa da escolha c) Para que pesquisar? = objetivos do estudo d) Como pesquisar? = metodologia adotada e) Quando pesquisar? = cronograma de execução f) Com que recursos? = orçamento/indicação dos instrumentos g) Pesquisado por quem? = pesquisador ou equipe de trabalho

35 Parte IV Atividade para treino e elaboração do pensamento científico Atividade prática: Escolha um tema de interesse (assunto inicialmente simples) e Indique a relevância teórica e prática para a realização de um trabalho com características científicas.

36 Obrigada!