INSERINDO ARTES E EXPLORANDO A LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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- Ruy Chagas Faro
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1 INSERINDO ARTES E EXPLORANDO A LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL UM ESTUDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DE INSERIR ARTES EXPLORANDO A LINGUAGEM NAS SÉRIES DA EDUCAÇÃO INFANTIL GT7 Camila Andrade Chagas * * Graduada em Letras Licenciatura Inglês na Universidade Federal de Sergipe, Coordenadora Pedagógica da Escola de Educação Infantil Bilingue Maple Bear, Professora de Inglês no Yazigi, camilaandradec@yahoo.com.br 1
2 RESUMO O objetivo deste projeto é expor do ponto de vista educacional a introdução do ensino de arte nas series da educação infantil. Através da exposição de estudos acerca do surgimento de artes como disciplina nas escolas foi possível elaborar um comparativo da evolução das leis referentes a obrigatoriedade do ensino de educação artística na educação infantil. Como consequência alguns problemas surgiram neste processo, como a existência de professores não preparados para este tipo de trabalho. Vivenciando uma necessidade de expandir esse conhecimento, esse trabalho expõe um estudo de práticas de ensino em artes exemplificando diferentes metodologias para desenvolver inúmeros atributos, como criatividade, pensamento crítico, compreensão de sentimentos e principalmente o aprimoramento da linguagem. A linguagem é um fator importante para a execução do trabalho de ensino de arte em sala de aula, ela auxilia nas discussões e análises das obras, assim como nas interferências necessárias para a construção dos conceitos e critérios. Palavras-chave: ensino, arte, metodologia, linguagem, desenvolvimento. 2
3 ABSTRACT The objective of this project is to present in terms of education the teaching art introduction in the primary school grades. Through exposure studies on the emergence of arts as a discipline in schools was possible to draw up a comparative evolution of laws regarding mandatory teaching of arts education in early childhood education. Consequently some problems have emerged in this process, as the existence of teachers not prepared for this kind of job. Experiencing a need to expand this knowledge, this project presents a study of teaching practices in arts exemplifying different methodologies to develop numerous attributes such as creativity, critical thinking, understanding feelings and especially the improvement of language. Language is an important factor for the execution of the work of art education in the classroom, it assists in the discussions and analyzes of the works, as well as the interference necessary for the construction of concepts and criteria. Keywords: education, art, methodology, language development. 3
4 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objeto apresentar um estudo reflexivo sobre a importância de inserir artes nas séries da educação infantil e através deste processo explorar o desenvolvimento da linguagem e da comunicação expressiva e criativa das crianças. Algumas atividades serão exemplificadas e detalhadas no que se refere ao processo de execução. Iniciaremos como uma descrição sobre o conceito de artes e sua real função. Além de explanar acerca de seu ensino nas salas de aula, exemplificando como tem sido trabalhada. 4
5 DESENVOLVIMENTO Arte pode ser considerada um instrumento de formação de personalidade, desenvolvimento e estimulo de preferências e opiniões, já que favorece tendências individuais. No que se refere ao processo de criação, arte aperfeiçoa o desenvolvimento da percepção, imaginação, raciocínio e inclusive capacidades psíquicas que influenciam na aprendizagem. Entretanto, é importante ressaltar que não se pode considerar arte o simples ato de produzir trabalhos manuais, como artesanatos. A arte proporciona, através de uma inserção social, condições de compreensão do plano expressivo e criativo, promovendo uma interação entre o individuo e o mundo simbólico....a arte na educação afeta a invenção, inovação e difusão de novas ideias e tecnologias, encorajando um meio ambiente institucional inovado e inovador. Ana Mae Barbosa No momento em que arte foi incluída no currículo escolar como Educação Artística, foi considerada atividade educativa e não uma disciplina. Apesar dessa mudança constitucional resultar num avanço quanto ao entendimento de artes como um fator importante de formação do individuo, o fato de existir profissionais não habilitados ou preparados para desempenhar tal função a atividade educativa, como era chamada, passou a receber objetivos variados e se distanciando do foco principal de proposta de ensino. Em seguida, com o surgimento da Lei 5692/71 foi introduzida a educação artística e assim o entendimento para um olhar mais especifico surge nas escolas. Logo outras questões surgiram como a precariedade de materiais e espaço para execução das atividades. Deve-se considerar ainda que é possível ocorrer aulas em que serão desenvolvidos apenas a confecção de presentes para celebrações especiais ou atividades de colorir, recortar e colar. Considerando que a criança começa a se expressar desde o nascimento, entende-se a discussão acerca da Lei 9.394/96, a qual considera arte obrigatória na educação básica. E no que se refere à educação básica é importante observar que o contato com o ambiente que envolve relaciona as crianças com questões sensoriais. Isto logo resulta num trabalho de 5
6 desenvolvimento de experiências através dos sentidos e sentimentos, como ver, tocar, cheirar, sentir, entre outros. Para obter a formação artística do aluno, é importante destacar a necessidade de promover a aprendizagem escolar juntamente com o conhecimento do patrimônio cultural. Remetendo à produção social de arte, permitindo ao jovem participar de forma ativa na sociedade que está inserido. Desta forma necessita-se considerar a liberdade de escolhas e características do processo de criação de arte, resultado das influencias culturais. A contribuição das pesquisas sobre aprendizagem feitas nos últimos dez anos resultaram numa reflexão acerca da necessidade de reavaliar a prática nas salas de aula. A interação inicia-se nos ambientes construtivistas, os quais possibilitam aspectos sociais de envolvimento. E é nesse âmbito expressivo que o ensino da arte se faz presente, e desta forma a construção do desenvolvimento cognitivo possibilita as manifestações de entendimento entre as relações de desenho e suas representações. Todos os aspectos interligados e correspondentes: Interação sócio-cultural Desenvolvimento cognitivo Objeto Desenho Representação Essa interação permite que o sujeito construa seu entendimento e teorias acerca do que observa ao seu redor, incluindo seus próprios trabalhos. Isso explica o fato de uma criança não copiar com exatidão uma obra ou modelos de desenho. Ela vai apenas utilizar suas próprias estratégias e percepção para desenvolver seu projeto. Nem mesmo a busca de uma reprodução mecânica é capaz de resultar num desenhista autentico, ela vai apenas torná-lo dependente de esquemas e isso compete tanto a adultos como crianças, ou seja, não faz relação ao desenvolvimento cognitivo para auxiliar a interação e representação do objeto desenho. Logo se observa que a arte apresenta realidades imaginativas e isso pode ser compartilhado por diversas pessoas. E desta forma as crianças são ativas em seu desenho, tornando verdadeira a existência de objetos da imaginação e construindo relações de recursos variados que num pensamento lógico, seria impossível de dividir o mesmo espaço. Diante deste fato, é necessário citar a assimilação do abstrato, a correspondência entre o real e o imaginário, e ainda, como cada um vai interpretar a significância do desenho. A não 6
7 obrigatoriedade de uma interpretação concreta permite uma liberdade de interagir e ter a consciência do que as ideias produzem em sua mente. No que se refere a sala de aula, ao introduzir um trabalho de arte visando o campo educacional é preciso escolher algumas orientações didáticas de ensino. Direcionando a préescola podemos citar algumas como: História da arte: compete oferecer informações sobre os artistas estudados e trabalhados, incluindo informações sobre as principais características. Estética: compete chamar a atenção para a leitura visual, analisando seus elementos. Produção: compete oferecer recursos necessários para o desenvolvimento individual da criança, através de planejamentos e interferências quando necessário. Essa interferência também se dá pelo uso de materiais. Eles irão proporcionar o movimento do desenho e podem ser classificados em grupos, como: meios secos e meios aquosos. É importante considerar a intensa relação do desenvolvimento artístico e a linguagem expressiva, incluindo as diversas formas de linguagem. Ao reproduzir elementos presentes numa obra a criança reproduzirá uma adequação do meio à Linguagem utilizada pelo artista. A linguagem também está presente no momento em que a professora conversa com o grupo sobre as soluções encontradas no objeto desenhado, a reprodução do trabalho original, o qual permitirá que as crianças desenvolvam condições para executar um trabalho de reprodução e interpretação de uma obra original. É papel do professor adequar materiais e recursos necessários para atender às necessidades e possibilidades da criança. A linguagem também determina uma técnica, pois é ela que faz a combinação de materiais. E assim permitir que elas dominem as diferentes Linguagens das artes plásticas (desenho, pintura, escultura...). A intervenção do professor possibilitará a criação de uma técnica (a partir do uso de materiais), entretanto é importante garantir que a criança pesquise e crie suas próprias linguagens. Ressaltando que é a interferência do professor que possibilitará o mesmo diferenciar saberes técnicos e artísticos. Podemos ter como exemplo alguns tipos de interferência que darão subsídios ao desenvolvimento de atividades em sala da pré-escola: 7
8 1. Desenho de observação: primeiramente faz-se uma analise do objeto que será desenhado. Necessita-se observar detalhes e sentir-se livre para utilizar o que os olhos e a percepção de cada um oferecer. 2. Apreciação de obras de arte: esta por sua vez, permite que a criança explore sua linguagem visual e verbal. É papel do professor estimular a percepção e a atenção das crianças a tudo que envolve a obra, até mesmo a direção de um determinado elemento presente no objeto. Nessa modalidade a criança também poderá explorar outros aspectos de percepção, como a tatilidade, gestualidade e outros sentidos. É assim que para o artista a criação começa na visão. Ver, isso já é uma operação criadora que exige esforço. Tudo que vemos na vida diária sofre mais ou menos uma deformação produzida pelos hábitos adquiridos e o fato é talvez mais sensível numa época como a nossa, onde o cinema, a publicidade e as revistas nos impõem cotidianamente um fluxo de imagens já prontas que são uma pouco, na ordem da visão, o que é um pré-conceito na ordem da inteligência. O esforço necessário para se desvencilhar disso exige uma espécie de coragem, e esta coragem é indispensável ao artista, que deve ver todas as coisas como se as estivesse vendo pela primeira vez; é preciso ver toda a vida como quando se era criança; e a perda dessa possibilidade nos retira a de nos exprimirmos de uma maneira original, isto é, pessoal Henry Matisse Com os olhos de criança, Arte em São Paulo, nº14, março de Leituras de obras de arte: o ideal é iniciar a exposição de informação com dados sobre o artista (pais que nasceu, quando nasceu, se está vivo ou não, se foi casado, se teve filhos e qualquer outra curiosidade sobre o artista), incluindo sua formação, formação artística, onde realizou seus trabalhos, qual a linguagem utilizada (pintura, escultura, gravura...). 4. Releitura de obra de arte: é importante destacar que desenvolver uma releitura não significa copiar uma obra, mas sim refletir acerca de seus elementos e apreciar cada detalhe. A criança por si só irá inserir em seu projeto, elementos que fizeram parte da leitura da obra e inclui nela os detalhes que mais lhe chamou a atenção. Desta forma, o projeto proporciona uma reflexão individual e o trabalho torna-se uma criação. Algumas atividades extra-escolares também devem ser inseridas no contexto da aprendizagem, assim como visitas a Museu, Galerias, Ateliers de artistas e o uso de outras fontes de informação, livros, jornais, revistas, objetos de arte. Quanto mais ampla a exposição 8
9 com o ambiente artístico, mais sensibilidade será desenvolvida e assim a subjetividade surge com os estilos e preferências. Lembraremos, ainda, que é na frequentação da obra que a inter - subjetividade pode se dar. É através dela que podemos encontrar com o autor, sua época e também com nossos semelhantes. É pelas veredas nãoracionais da arte que a frequentação permite descobrir e percorrer, que nos sintonizamos com o outro, numa relação particular que a vida cotidiana desconhece. Terreno da intersubjetividade, a arte nos une, servindo de lugar de encontro, de comunhão intuitiva; ela não nos coloca de acordo: ela nos irmana. J. Coli, O que é arte, p Outro ponto de análise de uma obra é no campo dos sentimentos. Aprender a sentir e permitir esse sentimento em seu entendimento e interpretação, ressaltando que sentir não significa expressão exagerada de sentimentos e sim uma sensibilidade necessária à percepção. Deste ponto de vista a crítica surge em cada um como um fator seletivo, permitindo uma analise intelectual da obra e de seu valor. Entender a ideia de uma obra de arte é mais como ter uma nova experiência do que admitir uma proposição. S. K. Langer, Sentimento e forma. P. 259 Diante de fatores que comprovam a importância do trabalho com arte na educação surge uma pergunta: a arte é útil ou necessária? A resposta encaminha-se para o entendimento de arte como um fator necessário, já que ela desempenha papel essencial à vida humana. É ela que revela as contradições da sociedade, que desenvolve uma critica social, que transforma favorecendo a ética, a política, a religião e a ideologia. No momento de mundo contemporâneo ela ganha ainda mais ênfase a sua necessidade de existir, já que o mundo atual sonha e imagina cada vez menos. Só o artista inventa a humanidade. Porque sendo out-law (marginal), extra-economico por natureza, sem povo por natureza, sem nação, o artista não deixa por menos: o que ele exige é a humanidade. Mario de Andrade 9
10 CONCLUSÃO O contexto escolar da educação infantil permite e possibilita um ambiente propicio ao desenvolvimento do trabalho de arte-educação. A arte foi considera apenas uma atividade artística por muitos anos e estava atrelada ao desenvolvimento de trabalhos de artesanato e celebração de datas comemorativas. Com o passar dos anos e com o resultado de estudos, a necessidade de firmar uma oficialização da inclusão de educação artística nas series da préescola foi assegurada legalmente. A partir deste momento outros desafios foram enfrentados pelas escolas, as quais não dispunham de profissionais capacitados e recursos para desempenhar tais atividades. Diante deste dilema o presente projeto pode demonstrar as variadas formas de aplicação de metodologias de ensino de arte. Maneiras de favorecer o desenvolvimento de apreciação e crítica acerca de variados tipos de obras. Além de utilizar a linguagem como fator catalisador, o qual vai permitir um rebuscamento no que se refere à formação de sujeito. Através dos benefícios oferecidos a uma criança exposta ao contato direto com artes e suas variações, sendo um ser pensante e dominante consciente de seus sentimentos presente em sua preferência artística, o estudo de artes influenciará diretamente em sua formação social. Conclui-se então que o trabalho de arte na educação infantil exige um planejamento antecipado para oferecer um desenvolvimento continuo e permitir a exposição do aluno aos diferentes aspectos artísticos e assim auxiliar sua formação pessoal e social. Além do uso da linguagem, ferramenta essencial para interpretação e discussão das obras, tornando possível a formação de seres ativos e formadores de opinião. 10
11 BIBLIOGRAFIA Henry Matisse Com os olhos de criança, Arte em São Paulo, nº14, março de J. Coli, O que é arte, p. 126 M.L. Aranha e M. H. Pires Martins - Unidade V Estética, SP Ed. Moderna, 2003 Para Filosofar, SP Scipione, 2007 S. K. Langer, Sentimento e forma. P. 259 Z. Cavalcanti, equipe pedagógica da escola da vila, Arte na Sala de Aula, Ed. ArtMed
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