A receita do bolo para ampliar as receitas
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1 A receita do bolo para ampliar as receitas Por Thalyta Cedro Alves de Jesus Resumo do tema: Nosso objetivo com essa ação é orientar os Municípios quanto a uma estratégia pouco utilizada e que pode garantir a entrada de mais recursos nos cofres municipais. Nesse material vamos falar sobre o sistema Alerta do Simples Nacional e como os Municípios podem utilizar a sistemática dessa ferramenta para obter resultados na arrecadação tributária. Título: A sistemática do Alerta do Simples Nacional como alternativa para ampliação de receitas Cada vez mais aumentam as demandas sociais por serviços públicos de qualidade. A disponibilização e a qualidade desses serviços dependem diretamente de recursos públicos empregados neles. Estes recursos proveem quase exclusivamente da arrecadação de tributos pagos pelas pessoas físicas e jurídicas. Historicamente, a exigência de pagamento de tributos é acompanhada de sua evasão, que traz fortes implicações para o funcionamento do sistema tributário e da economia como um todo. Para garantir o fluxo de recursos e a correta aplicação da lei, os Municípios dispõem de estruturas para o controle de sua arrecadação, que possuem entre suas funções coibir a evasão fiscal. Matéria divulgada no início do ano de 2017 pelo Estadão mostrou que a evasão fiscal de empresas brasileiras chega a 27% do total que o setor privado deveria pagar em impostos no País. O alerta faz parte do informe anual da Organização das Nações Unidas (ONU) e que estima que a América Latina como um todo deixa de arrecadar US$ 350 bilhões. Diante da escassez de recursos, cabe às administrações tributárias municipais definir estratégias para a melhor aplicação do controle a evasão. O cenário atual impede que os Municípios tenham acesso a recursos que poderiam ser usados para financiar serviços públicos. Sabe-se, no entanto, que o grande dilema das administrações tributárias municipais não é apenas falta de vontade política, mas sim falta de recursos para estruturar os setores e as legislações a fim de garantir o controle e a entrada de receitas nos cofres locais. Com o objetivo de minimizar a evasão fiscal em 2012 a fiscalização da Receita Federal do Brasil (RFB) em conjunto com as Secretarias de Fazenda dos Estados, Distrito Federal e Municípios, propôs a aplicação de uma ferramenta para fiscalização dos contribuintes do
2 Simples, com base em princípios aplicados à malha da pessoa física. Em 2013 foi aplicada como programa piloto, com a denominação Alerta Simples Nacional. O sistema Alerta do Simples Nacional começou a funcionar em A grande ideia dessa ferramenta foi promover a autorregularização, em que os contribuintes optantes ao acessarem o Portal do Simples Nacional recebem um alerta da fiscalização, informando a existência de inconsistências entre os dados declarados ao Fisco e aqueles obtidos ou coletados pela Receita Federal do Brasil e/ou secretarias estaduais, municipais ou do Distrito Federal. O contribuinte que aproveita essa oportunidade de autorregularização geralmente acaba eximido de ação fiscal e multas sobre o tributo porventura evadido. Conforme o 3º do Art. 34 da Lei Complementar 123/2006 e alterações, as administrações tributárias poderão, sem o prejuízo da instituição de uma ação fiscal individual (Ou seja, a existência da ferramenta do alerta não impede o Município de efetuar a ação fiscal, se entender necessário), utilizar procedimento de notificação prévia visando a autorregularização, na forma e nos prazos regulamentados pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN). Essa autorregularização consiste na oportunidade de os contribuintes optantes do Simples Nacional poderem corrigir erros de preenchimento nas declarações e na apuração de tributos, antes do início de procedimento formal de fiscalização. Em 2013 foi o último ano de entrega da Declaração Anual do Simples Nacional, referente ao ano-calendário Naquele período mais de contribuintes entregaram a declaração como optantes pelo Simples. Atualmente temos mais de 5 Milhões de optantes pelo regime (sem considerar o Microempreendedor Individual-MEI). O Portal do Simples Nacional é acessado todos os meses pelos contribuintes, por meio dele os contribuintes emitem Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). A estratégia do Alerta Simples Nacional segue a mesma premissa utilizada e consagrada na Malha Pessoa Física, isto é, a partir de uma parametrização técnica e divulgação dos indícios (os quais podem ser afastados por prova sobre a inexistência da infração), permitir que os contribuintes possam fazer uso da autorregularização, evitando a instauração de procedimentos de fiscalização para cobrança do tributo, com a consequente aplicação de multa de ofício (75% a 225%). Na primeira fase do sistema Alerta Simples Nacional a RFB se baseou em indícios de omissão de receitas auferidas em 2010, decorrentes dos repasses recebidos das administradoras de cartão de crédito, informados à Receita Federal via Declaração de Operações com Cartões de Crédito (Decred), e a vendas efetuadas ao Governo Federal, cujos dados foram obtidos via Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). Nessa primeira fase os Estados, Distrito Federal e Municípios não participaram. Um total de 29 mil alertas foram emitidos nessa primeira fase. O resultado do cruzamento das informações com os valores declarados ficou disponível no Portal do Simples Nacional e o contribuinte teve a oportunidade de verificar a existência dos indícios. O contribuinte que não se autorregularizou entrou no rol de seleção de sujeitos passivos para, em sendo o caso, ser incluído em futura execução de procedimento fiscal, que poderia ser realizada pela Receita Federal, Secretaria de Fazenda Estadual ou Municipal.
3 Nota: Importante registrar que o Alerta: 1. Não altera a condição de espontaneidade do contribuinte para promover a retificação das declarações prestadas ao Fisco, ou seja, diferentemente do Sistema Eletrônico Único de Fiscalização, Exclusão e Contencioso (SEFISC) o Alerta não impede a retificação do Programa Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional Declaratório (PGDAS-D). 2. Não atesta a regularidade fiscal para os contribuintes que não receberem a comunicação; e 3. Não restringe a hipótese de autorregularização apenas aos contribuintes que receberam a comunicação da Receita Federal, ou seja, mesmo sem receber a comunicação de irregularidades o contribuinte, identificando equivoco em sua declaração, poderá retificá-la. Entre 2015 e 2016 o projeto alerta do simples nacional teve nova etapa e como ano alvo A lista de alertas com os dados dos contribuintes foi gerada a partir da comparação do total anual das vendas registradas nas Notas Fiscais eletrônicas (NFe), obtida via Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), com a receita bruta informada no PGDAS-D. Um total de notificações foram emitidas. Essa versão do Alerta que a RFB chama de Alerta 3 contou com a participação de dez Estados, além da Receita Federal, na fase de fiscalização. Nova etapa do Alerta, com participação dos Municípios. Em agosto de 2016 a RFB planejava o Alerta 4 que dessa vez contaria com a participação dos Municípios. Os anos definidos como alvos dessa versão do Alerta foram 2014 e O critério para seleção dos contribuintes em cada esfera federativa foi a omissão de receita com base em notas fiscais de serviço dos Municípios e as informações constantes no PGDAS-D. Um total de 35 fiscos de todas as esferas participaram dessa versão do Alerta. De julho a setembro do ano de 2017, os comunicados estarão acessíveis aos contribuintes. A partir de outubro, serão avaliados os resultados da fase de autorregularização e planejada a fase de fiscalização. Nota: Cabe registrar que os fiscos participantes, ao enviarem as listas de contribuintes para o Alerta SN, firmam o compromisso de atuar na fase de fiscalização, em relação aos contribuintes indicados, respeitadas a capacidade de trabalho e prioridades de ação. O que os Municípios podem fazer? Enquanto a RFB não abre nova etapa para envio dos dados pelos Municípios e mesmo que seu Município não tenha conseguido participar dessa última versão do alerta, a sistemática e as informações utilizadas na ferramenta ainda podem ser úteis para você. No portal do Simples Nacional está disponível a ferramenta Alerta, acessível via certificação digital, pelo aplicativo Transferência de Arquivos :
4 Ao acessar o Alerta é possível a partir da opção Importação de arquivos : Após aparecer a lista de contribuintes, ela pode ser exportada clicando no botão exportar lista (somente serão exportados os arquivos já importados dos contribuintes com sede no ente federado do servidor logado no sistema): É possível ainda detalhar a informação e obter dados do CNPJ e o valor da diferença identificada.
5 Uma outra forma de consulta é possível a partir do Pesquisa Comunicado Nessa tela o Município pode filtrar pelo campo Município do CNPJ, esse campo não deve ser preenchido com o nome do Município e sim com o código TOM que pode ser obtido no link: por Por meio dessa pesquisa é possível identificar se o contribuinte leu o comunicado do Ente. Antes de efetuar qualquer procedimento em relação aos contribuintes que aparecerem para o seu Município na consulta ao sistema alerta é importante procurar identificar se o prazo dado a eles para regularização já foi finalizado e se o mesmo não providenciou as regularizações. Como já colocamos nesse material o último ano alvo objeto do alerta foi 2013 (a versão 4 que contou com a participação dos Municípios tem os anos 2014 e 2015 como alvos, no
6 entanto os contribuintes ainda estão sendo notificados), então o que os Municípios podem fazer: - Utilizando as informações do Alerta e de posse das informações das empresas selecionadas que caíram na malha da RFB, dos Estados e Municípios, os Entes locais podem fiscalizar, desde que os contribuintes também estejam estabelecidos no seu Município e sejam contribuintes do ISS, os períodos que ficaram de fora dos anos alvos dessas versões. - Os Municípios podem ainda efetuar alguns cruzamentos de informações para apuração de irregularidades, como omissão de receita e diferença de base de cálculo, não apenas dos contribuintes que estão no alerta, mas a partir de uma seleção própria de contribuintes do seu cadastro e que são optantes pelo Simples. Como exemplo, o Município pode cruzar informações do sistema de NFS-e com o PGDAS-D, existindo diferença este abrirá uma ação fiscal para o contribuinte. - Para a notificação aos contribuintes os Municípios podem ainda criar a partir do sistema Domicílio Tributário Eletrônico do Simples Nacional (DTE-SN) o modelo de notificação. O DTE está disponível desde junho de 2016 no portal do Simples Nacional e no portal e- CAC da página da RFB. O aplicativo é uma espécie de Caixa Postal que permite ao contribuinte, optante pelo Simples, consultar as comunicações eletrônicas enviadas pela RFB, Estados e Municípios. Conforme a Lei Complementar 123/2006 e alterações as comunicações que são feitas por meio eletrônico dispensa a publicação em Diário Oficial e o envio por via postal, ela é considerada pessoal para todos os efeitos legais. No DTE-SN a ciência do contribuinte é considerada realizada no dia em que este efetivar a consulta eletrônica ou quando o contribuinte não efetua tal consulta a ciência é considerada realizada em 45 dias contados da data da disponibilização da comunicação pelo Ente. Para acessar o DTE-SN o usuário do Município deve estar habilitado nos Perfis Envio DTE. Se você como usuário do Município não possui tal perfil é necessário, com a certificação do usuário mestre, atualizar seu acesso a essa opção. - Alguns Municípios têm aproveitado as informações do alerta para também cobrar dos contribuintes do ICMS a inscrição no Município. Nota: é possível que seu Município no momento da consulta ao Alerta não tenha contribuintes selecionados pelos outros Entes. No entanto, isso não impede o Município de fazer os controles próprios, como os indicados acima. Quando essas ações passarem a ser uma prática no Município haverá uma grande redução da evasão de recursos e uma significativa minimização dos problemas relacionados a falta de receitas nos cofres municipais. Esse é o nosso papel, trazer soluções e ideias para que sua atuação aí no Município possa levar a ampliação das receitas municipais. Um forte abraço!
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