Jornalismo Policial. Prof. Alexandre Nonato

Transcrição

1 Jornalismo Policial Prof. Alexandre Nonato

2 Segurança do profissional O problema da segurança do jornalista ganhou destaque e urgência desde o assassinato brutal do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, em Foi a partir daí que alguns veículos começaram a fornecer coletes e veículos blindados e treinamento especializado.

3 Segurança do profissional Junho de 2002 foi capturado por um grupo de traficantes quando produzia uma matéria para o Fantástico sobre exploração sexual (sexo explícito) de menores em bailes funk. Foi torturado, esquartejado, queimado e enterrado. O traficante Elias Maluco foi preso após 3 meses de buscas.

4 Segurança do profissional Outro efeito foi a decisão de muitos veículos de evitar cobertura em locais considerados violentos. O episódio de Tim Lopes não foi um caso isolado. Depois da morte dele, os traficantes passaram a usar o caso para intimidar outros profissionais.

5 Estados Unidos Nos Estados Unidos, em casos similares há intensa mobilização entre jornalistas e policiais para que a reação seja imediata.

6 Sequestro de Portanova Quase 5 anos após a morte de Tim Lopes, ocorreu o sequestro do jornalista Guilherme Portanova e do auxiliar técnico Alexandre Calado, da rede Globo, por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). 12 de agosto de 2006, tomavam café na padaria em frente à emissora quando foram abordados. No mesmo dia Calado voltou à emissora com um vídeo feito pelo PCC exigindo sua veiculação.

7 Sequestro de Portanova Exigiam a veiculação naquela noite para libertar o outro repórter. O que foi feito. Apenas o Jornal do Brasil reprovou publicamente a atitude da Globo. O vídeo foi passado mais uma vez no Fantástico e só depois disso o repórter foi solto.

8 Ameaças Casos de jornalistas baleados, feridos de alguma outra forma, são comuns na rotina desses profissionais na editoria policial. Além disso, ocorrem ameaças por cartas, s, telefonemas ou pessoalmente.

9 Ameaças A repórter Maria Mazzei do jornal O Dia foi ameaçada de morte após matérias sobre a máfia de corpos do Instituto Médico Legal do RJ. As ameaças eram para ela e sua família. Teve que se mudar de casa e do trabalho.

10 Procedimentos Há vários procedimentos que são adotados por veículos de comunicação, que podem diminuir o risco para jornalistas: 1. Avaliar os riscos antecipadamente de uma reportagem. Avaliar cada situação, as necessidades e as possibilidades.

11 Procedimentos 2. O jornalista não deve lidar sozinho com situações perigosas e ameaças. Dividir o problema com a chefia e, se preciso, com as forças de segurança.

12 Procedimentos 3. Deixar de assinar reportagens potencialmente explosivas. Aluizio Freire, fez matérias de alto risco no O Dia, em uma ocasião preparava material sobre como a família de traficantes era protegida por segurança privada contra inimigos de outra favela. Recebeu recado dizendo que a única coisa que o traficante não permitiria seria falar da mãe dele. Perseguiria o repórter até matá-lo. Foi sugerido excluir o nome. O repórter fez isso mas se arrependeu.

13 Procedimentos 4. Trabalhar em grupo, diluindo a responsabilidade. No caso de algumas operações policiais, acompanhar com outros jornalistas de diversas mídias.

14 Procedimentos 5. Evitar enfatizar o papel do jornalista como testemunha ocular dos fatos, buscando mais testemunhas, mais evidências.

15 Procedimentos 5. Aproveitar a experiência dos jornalistas mais experientes da área. A gente sente no olhar das pessoas. Se você percebe que as ruas vão ficando muito vazias, é que não está legal. Alguém avisa, tem que estar atento, Domingos Peixoto, fotógrafo do O Globo.

16 Procedimentos Para os jornalistas, é sempre difícil decidir não divulgar uma notícia. Manter silêncio sobre fatos importantes é uma atitude contrária à própria essência do jornalismo. No entanto, cotidianamente a imprensa faz essa opção em dois casos: sequestros e suicídios.

17 Procedimentos Suicídios não são proibidos de aparecer em páginas de jornais, mas geralmente são evitados. Já o caso dos sequestros, ainda divide opiniões nas redações. Sequestros envolvem a vida de pessoas em situação de cárcere e risco. Criminosos exigem que a família da vítima mantenha a polícia e o jornais distantes.

18 Procedimentos Alguns jornais preferem noticiar depois do desfecho. Outros acreditam que a omissão favorece a ação criminosa. As organizações Globo adotam a regra de publicar, sem publicar valores do resgate, sem dar detalhes maiores da vítima. Mas um apelo da polícia pode fazer a redação reavaliar, especialmente quando pode facilitar a negociação.

19 Procedimentos Alguns jornais preferem noticiar depois do desfecho. Outros acreditam que a omissão favorece a ação criminosa. As organizações Globo adotam a regra de publicar, sem publicar valores do resgate, sem dar detalhes maiores da vítima. Mas um apelo da polícia pode fazer a redação reavaliar, especialmente quando pode facilitar a negociação.

20 Washington Olivetto Dono da W/Brasil, o publicitário ficou 54 dias sequestrado em SP e só saiu graças à vizinha que ouviu seus gritos e avisou à polícia. Grande parte da mídia atendeu o pedido da polícia e da família. Apenas um mês depois a Época deu capa sobre o fato. A W/Brasil rompeu com a revista.

21 Cobertura desastrosa O sequestro de Wellington Camargo, irmão de Zezé de Camargo e Luciano, foi considerado um efeito desastroso da interferência da mídia. O caso foi acompanhado pela imprensa e por programas populares. Os sequestradores pediram R$ 5 milhões

22 Cobertura desastrosa Após negociações, a família daria US$ 300 mil dólares aos sequestradores. Mas, antes de pagar, teria de receber uma prova de vida. Na mesma noite, "Ratinho" anunciou que arrecadaria dinheiro pelo telefone 0900 para ajudar no resgate. A partir daí, os sequestradores voltaram atrás, mandaram um pedaço da orelha de Wellington e exigiram R$ 2 milhões.

23 Cobertura desastrosa Esse apoio da TV causou constrangimento e desmontou uma negociação que estava fechada. A interferência contribuiu negativamente para o desfecho.

24 Cobertura desastrosa Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, sugere noticiar o essencial, sem alarde e aguardar a conclusão.

25 Suicídio A discrição da imprensa ao tratar do tema está ligada a indícios de que atos suicidas incentiva novas mortes. Como o caso de livro no século XVIII que teriam incentivado suicídio entre jovens, devido a amores frustrados. Marilyn Monroe também foi um exemplo ruim, amplamente divulgada na mídia, seguida de suicídios similares.

26 Suicídio O problema é que ao banir o tema dos jornais, deixa-se de discutir o problema na condição de saúde pública. Por exemplo, crescimento de suicídios entre jovens.

27 Suicídio Não se deve fazer sensacionalismo. Não se deve apresentar como ato heroico. Não se deve apresentar como ato romântico. Quando feito deve estar contextualizado de possíveis tratamentos e tratado como problema de saúde pública.