II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Ginástica Artística: brincar e aprender
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- Felipe Assunção Amarante
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1 II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Ginástica Artística: brincar e aprender Cristiane T. A. Camargo Professora do Curso de Educação Física Unaerp Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá cris-camargo@uol.com.br Andréa Rubens de Freitas Professora de Educação Física andrearubens@hotmail.com Denise Veiga Casanova Graduanda de Educação Física dcasanova@unaerp.br Resumo: O objetivo deste trabalho é mostrar a importância da oficina de Ginástica Artística desenvolvida no do Projeto Incluir, promovido pela UNAERP- Solidária, realizado na cidade do Guarujá, com o apoio da Universidade de Ribeirão Preto- UNAERP, que visa propor ações que objetivem a inclusão, cada vez maior, da população excluída do município. A oficina de GA, através da prática dos movimentos ginásticos, busca contribuir para o desenvolvimento físico e psicomotor, tais como: força, flexibilidade, agilidade, velocidade, coordenação motora, equilíbrio, noção espaço-temporal, lateralidade e percepção, de maneira a desenvolver o educando em todos os seus aspectos de crescimento, bem como seu desenvolvimento afetivo-social e cognitivo, por meio de uma aprendizagem integral. O presente estudo aborda temas relacionados a ao desenvolvimento da GA, com a metodologia adequada ao processo de iniciação, que deve ser usada pelos professores e voluntários, por meio da utilização de materiais alternativos e auxiliares de baixo custo, sem a necessidade de grandes espaços, para poder aplicar os movimentos fundamentais específicos da modalidade, de forma a respeitar as etapas de desenvolvimento da criança. Palavras-chave: Ginástica Artística, Desenvolvimento Motor, Psicomotricidade Seção 5 - Curso de Educação Física Apresentação: oral 1. Introdução A UNAERP instalou-se no ano de 1999, na cidade do Guarujá com o objetivo de oferecer cursos de formação profissional que implementam, de maneira objetiva e eficaz, a comunidade do Município. Por meio da Unaerp Solidária, sistematiza ações educativas, culturais e sociais, tendo por finalidade a defesa dos direitos humanos, em seus desdobramentos, junto à comunidade guarujaense, das quais faz parte o Projeto Incluir, que oferece oficinas com variadas atividades, dentre elas a de Ginástica Artística, composta por três universitárias voluntárias orientadas pela coordenadora. A Ginástica Artística - GA - é um esporte olímpico que evoluiu através dos anos, para ter como resultado toda graça e beleza que vemos nos
2 ginastas que a praticam. No Brasil, é uma modalidade que conquista seu espaço, cresce a cada competição, aumenta o número de participantes e encanta cada vez mais os espectadores. O início da prática da Ginástica ocorreu na antiga Grécia. Sweeney (1975, p.1) relata que os gregos eram adeptos a teoria de que o homem, ao desenvolver suas potencialidades físicas e intelectuais, como um todo, tornava-se mais apto ao desempenho de seus deveres de cidadão. Nesse período, os gregos denominaram a ginástica como o sistema de treinamento físico. Este, talvez, tenha sido o salto da Educação Física na História. Surge, então, uma analogia entre corpo e mente, conhecida até hoje. Com o passar dos anos a Ginástica Artística aprimorou-se tornando-se um dos esportes mais admirados no mundo pela graça, beleza e agilidade dos ginastas que a praticam. No Brasil, a Ginástica Artística surgiu no século XIX, e conta,.atualmente, com uma das melhores ginastas do mundo no aparelho solo. O objetivo deste estudo é apresentar a Ginástica Artística como uma modalidade esportiva que pode ser trabalhada de forma a proporcionar o desenvolvimento físico e psicomotor da criança, de suas características afetivo-social e cognitiva. Esta revisão de literatura vem abordar os fatores contribuintes à formação global das crianças que a praticam, justificar a importância de aplicá-la na faixa etária entre sete e quatorze anos de idade e ainda, ressaltar os benefícios sócio-culturais e educacionais, como também,.detalhar o por que de aplicá-la durante esta fase da vida da criança. A preocupação e o cuidado que se tem é da utilização das atividades com objetivos e metas bem definidos e não o fazer por fazer, com o intuito de que as aulas não percam o sentido educativo da proposta apresentada. Os trabalhos ginásticos com acrobacias nos aparelhos podem ser um fator contribuinte para o crescimento e desenvolvimento global da criança, além de proporcionar autoconfiança e prepará-la para ser um cidadão seguro e ativo em sua sociedade. A proposta da educação global pela educação do movimento pode ser desenvolvida de forma natural através tanto das acrobacias como dos saltos, giros, passos e outros elementos ginásticos que, por serem básicos, são importantes para a formação da criança. (PICCOLO, 1995, p.65) Contudo, este estudo pretende promover, por meio de um programa de atividades físicas, direcionado à GA, o enriquecimento do repertório motor, alcançar o objetivo educacional e preparar a criança para as diversas etapas da vida, através da aprendizagem dos seus elementos básicos - rotações, saltos, aterrissagens, deslocamentos, balanços - e do desenvolvimento das suas ações motoras específicas. 2. Panorama Geral da Ginástica Artística É um esporte olímpico com normas oficiais de competição. Sua prática explora, do ginasta, as capacidades físicas básicas, sobretudo a força, a agilidade, a flexibilidade e o equilíbrio. Desenvolve a coordenação motora, expressão corporal, o uso do intelecto na criatividade, disciplina, organização e suas implicações sociais, elementos indispensáveis à formação da criança. (SANTOS, 2002, on-line)
3 Esta modalidade pode ser trabalhada em escolas, clubes, academias e centros comunitários. A sua prática, por desenvolver a criança nos campos físico, cognitivo, afetivo e social, proporciona uma ampla vivência motora, devido a variedade de exercícios que podem ser criados em seus aparelhos, pelo professor. Os aparelhos variam para a categoria masculina e feminina, para o masculino são seis: solo sem acompanhamento musical, cavalo com arções, argolas, salto sobre o cavalo ou mesa de saltos, barras paralelas simétricas e barra fixa, para o feminino são quatro: solo com acompanhamento musical, salto sobre o cavalo ou mesa de saltos, barras paralelas assimétricas e trave de equilíbrio. O código de pontuação, elaborado pela FIG, é o documento que rege suas competições e é diferenciado para o masculino e o feminino. Para cada aparelho há uma série de exigências que, se forem cumpridas, podem levar ao valor máximo de dez pontos. (NUNOMURA, 2004) 3. Materiais Alternativos e Auxiliares para Ginástica Artística A Ginástica Artística, por utilizar materiais de grande porte e alto custo, torna-se inviável para a maioria das escolas, clubes e academias adquirirem e desenvolverem a modalidade em seu meio educacional. Para a proposta de trabalho, promovida pelo Projeto Incluir, utiliza-se materiais alternativos, como corda e arco, banco do refeitório substituindo o banco sueco, materiais confeccionados em madeira ou ferro, que oferecem maior facilidade de aquisição nas instituições de ensino e proporcionam um resultado similar ao dos aparelhos oficiais e dos aparelhos auxiliares, como plinto e banco sueco, eficientes durante a aplicação do processo pedagógico de determinados exercícios. Por este motivo SANTOS (2002, on-line) indica a necessidade de adaptação dos equipamentos oficiais, ou seja, a construção de aparelhos simplificados, de baixo custo, com materiais alternativos que atendam aos objetivos do trabalho. SCHIAVON (2005, p.170), corrobora a indicação de Santos, quando afirma que: Em muitos ginásios de academia e de clubes a aquisição de materiais de Ginástica Artística é uma prática comum. Mas, em outras instituições, como as escolas, os aparelhos alternativos são, muitas vezes, elaborados pelos próprios profissionais de Educação Física e Esporte. Neste caso, não é em virtude de especificidade que esses materiais apresentam para determinados movimentos, mas pela maior possibilidade de inserção da Ginástica Artística em diferentes contextos. A utilização de aparelhos alternativos e auxiliares tem como objetivo facilitar a prática da GA e incentivar professores de Educação Física a trabalharem com seus alunos, facilitando o acesso a esta modalidade a um maior número de crianças. De acordo com SCHIAVON (2005, p.170), isto proporcionará um conhecimento a mais dentro da diversidade da cultura corporal inserida no currículo de Educação Física.
4 As ausências de material oficial da modalidade e de espaço podem ser solucionadas com a utilização dos alternativos, que têm a possibilidade de serem confeccionados sem descaracterizar a prática dos aparelhos oficiais da GA, como os: de salto, solo, suspensão e equilíbrio. 4. A Atividade Ginástica A atividade ginástica contribui para o desenvolvimento motor dos que a praticam. Portanto, antes de enfocar qualquer outro tema relacionado com a Ginástica Artística, recorreu-se a LEGUET (1987, p.1), que ressalta que é importante lembrar as dimensões múltiplas das atividades ginásticas e o impacto que elas podem ter sobre a conduta motora, no momento em que descobrimos e desejamos explorá-la em toda sua amplitude. O indivíduo pode ser capaz de agir, criar, mostrar, ajudar, avaliar e organizar, a partir da prática da GA e suas múltiplas dimensões. (LEGUET, 1987) O agir aparece antes mesmo de possuir a habilidade da atividade. É pelo interesse sobre novas dimensões e devido ao contado com um novo ambiente, que surge uma ação. A partir desta ação o indivíduo, sozinho ou com seus colegas, explora as diferentes dimensões, utilizando-se da criatividade e empenha-se em desfrutar a alegria comum de agir. As atividades ginásticas, depois de descobertas e exploradas, fazem com que os alunos comecem a criar ou recriar, expressando sua personalidade no grupo. Sua originalidade aparece na escolha das ações, na forma de coordená-las e solucioná-las. Estas possibilidades de criação e de originalidade são importantes para a combinação de movimentos ginásticos e coreográficos na montagem de apresentações. Durante a aprendizagem das atividades ginásticas, cada movimento aprendido e aperfeiçoado, faz com que o aluno tenha o desejo de mostrar sua obra para os colegas de grupo. Segundo LEGUET (1987, p.5), o fato da criança querer mostrar sua capacidade para os demais faz com que ela seja estimulada em diversos aspectos: a. Correr riscos de realizar seu mais alto nível de dificuldade possível compatível com o êxito; b. Dominar sempre perfeitamente suas ações, das mais simples as mais difíceis, para ir em direção ao virtuosismo, cujo domínio assegura a beleza; c. Personalizar, inventar e criar em busca da originalidade. A Ginástica Artística não é somente aprender e realizar atividades ginásticas. Entre o aprender e realizar, pode-se encaixar o termo ajudar, como a colaboração mútua entre colegas para a tentativa de realização de uma atividade ginástica durante sua aprendizagem motora. Nas atividades ginásticas a criança aprende a avaliar a sua conduta e a de seus colegas, vivenciando situações onde terá que apreciar, como espectador, observador, membro de um júri. Segundo LEGUET (1987, p.6), isto pressupõe um conhecimento cada vez mais preciso de critérios, que poderão aproximar-se aos códigos de pontuação da atividade. O autor menciona que organizar também faz parte do dia-a-dia da Ginástica Artística. Junto com seus colegas o ginasta pode ser organizador,
5 tomar decisões, distribuir tarefas, participar da escolha de um júri e do material; com isso ganha autonomia. 5. Desenvolvimento Motor Na oficina de GA desenvolvida na UNAERP-Campus Guarujá, as professoras envolvidas nas oficinas procuram trabalhar de acordo com a visão desenvolvimentista, com respeito às fases de desenvolvimento motor, para poder montar seu plano de aula específico para cada faixa etária e visar um eficaz processo de ensino-aprendizagem. GALLAHUE e OZMUN (2003, p.3) definem desenvolvimento motor como a contínua alteração no comportamento do ciclo da vida, realizado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. Os autores dividem este desenvolvimento em quatro fases e cada uma com seus determinados estágios. São elas: fase motora reflexiva, com estágios de decodificação e de codificação de informações; fase motora rudimentar, com estágios de pré-controle e de inibição de reflexos; fase motora fundamental, com estágios inicial, elementar e maduro; e fase motora especializada, com estágio de utilização permanente, de aplicação e transitório. Estas são as etapas pela qual a criança deve passar durante o seu desenvolvimento motor, desde sua vida intra-uterina até seus 14 anos de idade, continuando a partir daí, o aperfeiçoamento das habilidades aprendidas. As habilidades motoras fundamentais (que abrangem os estágios inicial 2 a 3 anos de idade, elementar 4 a 5 anos de idade e maduro dos 6 a 7 anos de idade), são decorrentes da fase de movimentos rudimentares do período neo-natal. Neste momento as crianças estão envolvidas na exploração e na experimentação das suas capacidades motoras, começam a descobrir como exercer movimentos estabilizadores (andar com firmeza e equilibrar-se em um dos pés), locomotores (correr e pular) e manipulativos (arremessar e apanhar), aprendem a responder com controle e competência motora a vários estímulos oferecidos. (GALLAHUE e OZMUN, 2003) Durante o estágio Maduro, os movimentos são caracterizados como, mecanicamente eficientes, coordenados e controlados. Embora algumas crianças possam atingir esse estágio basicamente pela maturação e com um mínimo de influências ambientais, a grande maioria precisa de oportunidades para a prática, o encorajamento e a instrução em um ambiente que promova o aprendizado. (GALLAHUE E OZMUN, 2003, p.105) O ambiente das aulas de GA oferece estas oportunidades à criança, por meio dos exercícios ginásticos e da utilização dos aparelhos oficiais e alternativos, desafia o educando a executar movimentos coordenados e controlados, promove a cada aula um novo aprendizado ou o aperfeiçoamento do mesmo, até chegar a um estágio maduro, que resultará em uma passagem eficaz para a fase posterior.
6 Conforme os autores, a próxima fase é a dos movimentos especializados. Nesta etapa, o movimento torna-se uma ferramenta que se aplica a muitas atividades motoras complexas, presentes na vida diária, na recreação e nos objetivos esportivos. É neste momento que acontece o refinamento das habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas, que podem ser combinadas e utilizadas em atividades mais complexas, como as da Ginástica Artística, onde o pular dos movimentos fundamentais já poderá ser aplicado como forma de impulsão para um salto sobre o plinto, para os saltos ginásticos e para os elementos acrobáticos. Descrevem ainda, que esta fase apresenta três estágios: o transitório, o de aplicação e o de utilização permanente. Estágio Transitório: É neste estágio, entre 7 e 8 anos de idade, que a criança começa a aplicar as habilidades motoras fundamentais à execução das habilidades especializadas no esporte em atividades recreativas. O andar na trave de equilíbrio é um exemplo de atividade transitória, diferenciada do estágio anterior pela sua forma, precisão e controle maiores. Estágio de Aplicação: Dos 11 aos 13 anos de idade, a criança apresentase com uma sofisticação cognitiva crescente, base de experiências ampliada, que a tornam mais decisiva e participativa na escolha das tarefas. O indivíduo começa a tomar decisões conscientes a favor ou contra sua participação em certas atividades. Essas decisões fundamentamse, em larga escala, no modo pelo qual a criança percebe até que ponto os fatores inerentes à tarefa, a ela mesma e ao ambiente aumentam ou inibem a probabilidade de ela obter satisfação ou sucesso. (GALLAHUE E OZMUN, 2003, p.106) No estágio de aplicação é o momento em que a criança vai buscar ou evitar a participação em atividades específicas. Por este motivo, o professor deve fazer com que aulas de GA se tornem prazerosas, incentivando o aluno à sua prática. Estágio de Utilização Permanente: Este estágio tem seu início aos 14 anos de idade e segue até vida adulta. Representa o auge do desenvolvimento motor, por ser a fase onde são utilizados os movimentos motores adquiridos pelo indivíduo até o resto de sua vida. É importante ressaltar que o desenvolvimento continua através de um processo permanente, fundamental para a vida da criança após os 14 anos de idade, onde ela poderá optar em se especializar em uma determinada habilidade. Cabe ao professor de Educação Física destacar os benefícios que a GA oferece para o seu desenvolvimento, para que este continue sua prática após o término deste estágio. 6. Conceitos de Psicomotricidade A corrente educativa em psicomotricidade nasce das insuficiências na Educação Física em corresponder às necessidades de uma educação real do corpo. Psicomotricidade é a realização do pensamento, através do ato motor, coeso, organizado, exato, integrado e econômico. Seria o pensar e realizar (AJURRIAGUERRA, 1992, citado por PANTIGA, 2002, p. 2)
7 COSTE (1981, p. 9) conceitua psicomotricidade como a ciência encruzilhada onde se encontram múltiplos pontos de vista: sociais, afetivos, biológicos, psicológicos,psicanalíticos, educacionais, neurológicos e motrizes. Um trabalho baseado na psicomotricidade contribui significativamente para o desenvolvimento da criança, unindo em uma só atividade, aspectos afetivos, cognitivos e motrizes. A psicomotricidade, aliada às aulas de Ginástica Artística, favorece à criança a descoberta de suas potencialidades e assim, transforma simples movimentos em grandes habilidades. Portanto, essa vivência psicomotora proporcionada pela GA, oferece à criança experiências que possibilitarão à criança um estilo de vida saudável, confiante de si próprio, com auto-estima elevada e um vasto repertório motor que irá permanecer pelo resto de sua vida. 7. Educação Psicomotora Quando se pensa em educação psicomotora, deve-se lembrar que os desenvolvimentos, afetivo, motor e intelectual são indissociáveis e que a motricidade e o psiquismo estão intimamente interligados na infância. A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano. (LE BOULCH, 1982, p.13) Durante as aulas os movimentos devem ser apresentados conforme o grau de complexidade, ou seja, do mais simples para o mais complexo, do mais suave para o mais intenso. Conforme a visão de BARRETO (1998, p.21) são etapas vencidas progressivamente, dando à criança um tempo para adaptação e aumento gradual do seu acervo motor e de sua memória muscular. A Educação Psicomotora preconiza a aplicação dos conteúdos psicomotores básicos esquema corporal, imagem corporal, coordenação da dinâmica global, equilíbrio, coordenação viso-motora, dominância lateral e lateralidade, para o desenvolvimento global da criança. Os conteúdos psicomotores básicos são de vital importância para o desenvolvimento dos seres humanos. No ponto de vista da psicomotricidade, a relação corpo e espírito, intelectualidade e motricidade, são aspectos inseparáveis, interdependentes e caminham juntos. Baseado neste princípio, o trabalho tem como objetivo, beneficiar a evolução e maturação das crianças e adolescentes, além de torná-los aptos às conquistas educacionais. (PANTIGA, 1995) Através da GA esta educação pode ser ressaltada por meio da prática de movimentos ginásticos em aparelhos específicos da modalidade. As atividades desenvolvidas na educação psicomotora visam a propiciar a ativação dos seguintes processos: vivenciar estímulos sensoriais para discriminar partes do próprio corpo e exercer um controle adequado sobre elas; vivenciar o corpo como um todo, pois este é o referencial primeiro e nossa relação conosco, com os outros,
8 com os objetos e o meio; vivenciar através do próprio corpo e da interação com o mundo e com os objetos, a organização espaçotemporal; vivenciar situações que levem à aquisição dos prérequisitos básicos necessários a uma boa iniciação ao cálculo, à leitura e à escrita (noções de espaço e tempo, boa linguagem oral, bom controle da respiração, um bom ajuste do tônus, boa coordenação motora, etc.). (BARRETO, 1997, p.21) Pode ser trabalhada e relacionada com as outras disciplinas, devido aos benefícios já relatados nesta revisão que vêm favorecer a aprendizagem das estruturas motoras básicas, evitando dificuldades como má concentração, confusão de letras e sílabas, de leitura, letra ilegível e dificuldades de passagem do plano vertical para o plano horizontal. 9. As Ações Motoras da Ginástica Artística Durante as situações de execução de movimentos ginásticos, o corpo da criança apresenta diversas formas de ações motoras, podendo ser isolada ou combinada uma à outra, com a utilização ou não de aparelhos. As situações são apresentadas numa ordem sensivelmente crescente de dificuldade (mais velocidade, mais amplitude a ser procurada, mais força a ser desenvolvida) ou de complexidade (informações mais finas para serem controladas, mais ações para serem coordenadas...). Entretanto, é conveniente lembrar que o progresso deve ser buscado nos comportamentos executados e não somente na progressão das situações; é sobre a base de sua própria observação e interpretação que o praticante poderá escolher, colocar na ordem, inventar as situações pertinentes que convêm ao problema que lhes é apresentado. (LEGUET, 1987, p.63) As ações motoras mais utilizadas na GA, segundo o mesmo autor são: girar sobre si mesmo, executar abertura e fechamento, passar pelo apoio invertido, aterrissar, saltar, manter-se em equilíbrio, deslocar-se em bipedia, passagem pelo solo ou trave, balancear no apoio, balancear em suspensão, passar em suspensão invertida e volteio. A classificação das ações ginásticas é algo somente para orientar quanto ao planejamento e alcance dos objetivos das aulas, mostrando que, ao se treinar a parada de mãos, o ginasta beneficia outras aprendizagens que utilizem as mesmas ações motoras. (SANTOS, 2002, on-line) Um mesmo elemento técnico pode conter diferentes ações motoras. Um exemplo é a realização da parada em dois apoios, que apresenta meiarotação para frente, passando pelo apoio invertido, uma abertura e fechamento combinados. A passagem de uma ação para a outra é o que caracteriza a GA, pois estas combinações originam as seqüências de movimentos acrobáticos que prendem a atenção dos espectadores. Segundo NUNOMURA (2005, p.47) um salto mortal é a transição de uma ação de saltar para girar e aterrissar e, a intersecção, é o ponto de sobreposição de uma ação sobre a outra, o momento da coordenação. As ações motoras devem ser apresentadas para o ginasta iniciante de forma gradativa, partindo de elementos simples, que utilizem menos ações motoras, para aqueles mais complexos, por exemplo: a aprendizagem da
9 parada em dois apoios, que é a união de três ações coordenadas, deve ser apresentada ao aluno anteriormente ao salto mortal para frente, que possui cinco ações coordenadas (saltar, abertura e fechamento, girar sobre si mesmo e aterrissar); desta forma a aprendizagem ocorrerá com mais êxito. (SANTOS, 2002, on-line) O ensino destas ações cria uma situação-problema, que o ginasta deverá tentar solucionar. Esta solução virá através de adaptações corporais, que também são gradativas. Um exemplo que podemos citar, segundo LEGUET (1987), é durante o passar pelo apoio invertido, onde a situaçãoproblema proposta será o aluno não deixar que a massa das pernas acentue a curvatura lombar, conduzindo o quadril. Neste caso o ginasta construirá uma imagem corporal de todos os segmentos, como também, desenvolverá força muscular, coordenação motora, equilíbrio, noção espaço-temporal, agilidade, velocidade e flexibilidade. As ações motoras da Ginástica Artística visam o desenvolvimento completo do educando, proporcionando um maior repertório motor, no entanto, as atividades propostas devem estar de acordo com a faixa etária dos alunos de cada série, respeitando ao máximo as etapas do desenvolvimento motor. 10. Pedagogia da Ginástica Artística O conhecimento de práticas pedagógicas da Ginástica Artística é imprescindível para o desenvolvimento da modalidade. PICCOLO (2005, p.33), enfatiza que estabelecer diretrizes para uma pedagogia da Ginástica é antes de tudo preocupar-se com o ser que a prática e, portanto, atentar-se para os potenciais e para as diferenças que caracterizam cada indivíduo. Os educadores devem se preocupar com as diferenças individuais entre os estudantes e moldar seu plano de ensino com uma educação que possa ser alcançada por todos, para evitar a influência desta desigualdade no decorrer das aulas. A autora relata que, para ensinar algo que a criança ainda não saiba, deve-se seguir alguns fatores como; partir do que ela já sabe, descobrir o que já faz com mais facilidade, perceber o nível de motivação para execução daquela tarefa, estar num ambiente apropriado para estimulá-lo a essa aprendizagem e saber quais são os meios facilitadores par ensinar tais fundamentos. (PICCOLO, 2005). A autora também recorda que é interessante trabalhar com o lúdico; Desenvolver atividades numa perspectiva lúdica garante uma participação do aluno com prazer naquilo que está fazendo. De certo modo, uma prática lúdica estimula a auto-motivação dos alunos, permitindo uma participação mais eficaz. Toda atividade realizada com o significado para quem executa, permite uma vivência mais prazerosa. E é a partir do prazer que se tem pelo que se faz que o individuo torna-se mais interessado, mais envolvido com a busca do sucesso de sua realização. (PICCOLO, 2005, p.35) As aulas de Ginástica Artística devem sempre motivar a criança envolvida. A diversidade de atividades e informações favorece aos alunos o acesso ao conhecimento, levando-os inicialmente à compreensão passo a passo do exercício, para depois executá-lo por inteiro.
10 Outra forma pedagógica para trabalhar a Ginástica Artística é colocar a criança frente a situações-problemas que exijam uma resposta global. Esta visão é proposta por HOSTAL (1982, p.13), quando afirma que a situçãoproblema, melhor do que qualquer outro processo, faz com que a criança descubra sensações ligadas a uma resposta motora exata, ou seja, a criança deve ser capaz de dominar a situação para poder dar uma resposta. As situações-problema têm como objetivo a descoberta, a análise, o aperfeiçoamento, o enriquecimento e a combinação. Para tanto, durante as aulas de GA as professoras devem utilizar um vocabulário preciso e adequado, assim como, nomes corretos para os exercícios. De acordo com HOSTAL (1982, p.13) isto é preciso para evitar a confusão entre a desejável não-direção e um perigoso deixar à vontade. Contudo, para que a GA atue de modo educacional, é preciso inovar, integrar a prática da modalidade com a realidade e a necessidade social, para assim, contribuir para formação dos jovens como indivíduos e cidadãos. Segundo KORSAKAS (2002, p. 42) A possibilidade de o esporte atuar como meio de educação está estreitamente relacionado às concepções que os adultos envolvidos em sua organização possuem sobre a criança e a educação, das quais depende sua prática, sendo o professor ou técnico daqui em diante educador quem assume papel de destaque por seu contato direto e constante com os praticantes. 11. A Ginástica Artística como fator sócio-educativo A prática da GA pode fazer com que as crianças fiquem mais disciplinadas, tornando-as mais responsáveis, conscientes de seus compromissos e deveres, e criem hábitos alimentares, higiênicos e de atividades físicas melhorados. Favorece também o conhecimento e o respeito ao seu próprio corpo, aos seus limites, às suas diferenças com os colegas, sem discriminação por características pessoal, física, sexual ou social. Ao adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade, aprende também a controlar suas emoções, como raiva, ansiedade e choro, passa a ter autoconfiança, sendo perseverante diante de diversas situações. Desta forma atua corretamente dentro da sociedade, criando ações positivas para um mundo melhor. O professor deve usar de sua influência sobre seu aluno para estimulá-lo de maneira positiva e produtiva, a fazer com o que foi aprendido durante as aulas passe a ser praticado em seu convívio social. (KOSAKAS, 2002). 13. Projeto de Ginástica Artística: brincar e aprender Esta proposta iniciou em agosto de 2004 com as universitárias voluntárias, Andréa Rubens de Freitas, Denise Veiga Casanova e Érica Gleise, sob a orientação da Prof. Ms. Cristiane T. A. Camargo. Teve por finalidade proporcionar às crianças da cidade do Guarujá, que não têm oportunidade de freqüentar clubes e academias, por sua condição sócioeconômica menos favorecida, atividades que permitam o seu desenvolvimento integral. Para isso ofereceu aulas de GA, duas vezes por semana, para crianças entre 7 e 10 anos de idade. Este esporte, embora seja uma modalidade
11 competitiva que visa a performance do atleta, foi trabalhado nesta proposta com aulas estruturadas de forma educacional e formativa, por meio de atividades lúdicas, com o intuito de desenvolver as capacidades físicas básicas, autoconfiança e a elevação da auto-estima das crianças envolvidas. 14. Considerações Finais Por meio desta proposta, pode-se observar que houve grande evolução no desenvolvimento das crianças envolvidas. As experiências por elas vivenciadas, favoreceram momentos agradáveis e diferenciados em suas vidas, e ainda, proporcionaram situações em que elas puderam demonstrar sua capacidade de agir, criar, mostrar, ajudar, avaliar e organizar, elevando sua auto-estima e tornado-as mais confiantes de suas possibilidades. A utilização dos materiais alternativos facilitou o desenvolvimento das aulas, além de tê-las tornado mais agradáveis e prazerosas. O trabalho apresentado demonstrou que o importante é acreditar que sempre vale a pena arriscar um novo desafio. 13. Referencias Bibliográficas BARRETO, S. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. Blumenau: Odorozzi, 1998 COSTE, J.C. A Psicomotricidade. São Paulo: Manole, GALLAHUE, D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. [tradução Maurício Leal Rocha] São Paulo: Atheneu, HOSTAL, P. Pedagogia da Ginástica Olímpica. São Paulo: Manole,1982. LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até os 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas, LEGUET, J. As ações motoras em ginástica esportiva. São Paulo: Manole,1987. NUNOMURA, M. Fundamentos das modalidades esportivas ginásticas. São Paulo: USP, PANTIGA JR, G. Ginástica Olímpica na Educação Infantil e no Ensino Fundamental: metodologia e abordagem em psicomotricidade. In: Extensão Universitária, São Paulo, PICCOLO, V. L. N. Educação Física escolar: ser ou não ter? Campinas: Unicamp, PICCOLO, V. L. N. Pedagogia da Ginástica Artística. In: Nunomura, M; Piccolo, V. L. N. Compreendendo a Ginástica Artística. São Paulo: Phorte, 2005, p SANTOS, F. Sala de aula.ginástica Olímpica Virtual. Minas Gerais, 01. fev Disponível em: < > Acesso em 15. jun SHIAVON, L.M. Materiais alternativos para Ginástica Artística. In: Nunomura, M; Piccolo, V. L. N. Compreendendo a Ginástica Artística. São Paulo: Phorte, 2005, p SWEENEY, J.M. Ginástica Olímpica. São Paulo:DIEFEL, 1975
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