Diagnóstico MP 627. Diagnóstico sobre os principais impactos decorrentes da Medida Provisória 627/2013 na operação da Cagece

Transcrição

1

2 Diagnóstico MP 627 Diagnóstico sobre os principais impactos decorrentes da Medida Provisória 627/2013 na operação da Cagece Coordenadoria Fiscal e Tributária Gerência Financeira e Contábil - GEFIC

3 Diagnóstico MP 627 Procedimentos realizados: Análise da distribuição de dividendos de 2008 a 2013, com vistas a identificar possível distribuição excedente ao lucro fiscal; Análise de possíveis impactos na apuração do IRPJ e da CSLL, inclusive lucro da exploração; Análise de possíveis impactos na apuração dos débitos e dos créditos de PIS e de COFINS.

4 Diagnóstico MP 627 As conclusões obtidas se baseiam na redação da Medida Provisória 627 até o dia 21 de março de 2014, data de emissão do relatório, não cobrindo as possíveis alterações da norma quando de sua conversão em lei; As considerações são referentes aos comandos da Medida Provisória 627 que, em nossa ótica, tem impacto na apuração dos tributos da Cagece, não havendo comentários às outras previsões da nova norma; As análises visam apenas detectar impactos de natureza fiscal, não se aplicando a possíveis repercussões contábeis, jurídicas etc.

5 1) Distribuição de Dividendos de 2008 a 2013 Fizemos um comparativo do lucro auferido com base nas regras anteriores a 31/12/2007, com o lucro auferido baseado nas regras posteriores a essa data. Nessa demonstração, ficou evidenciado que o lucro calculado sob as regras novas (denominado societário ) foi historicamente maior que o lucro calculado sob as regras antigas (denominado fiscal ). A Medida Provisória 627/2013, a respeito da distribuição de dividendos calculados com base em lucro excedente ao fiscal, dispõe o que segue: Art. 67. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados entre 1º de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2013, pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, efetivamente pagos até a data de publicação desta Medida Provisória, em valores superiores aos apurados com observância dos métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido do beneficiário, pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliado no País ou no exterior. Art. 70. O disposto nos arts. 67 a 69 aplica-se somente às pessoas jurídicas que fizerem a opção de que trata o art. 71.

6 Conforme se infere do disposto no texto legal acima, o fisco federal poderá exigir do contribuinte os dividendos excedentes àqueles calculados com base no lucro fiscal, desde que não haja a opção discriminada no art. 70 da medida provisória. A fim de mensurar possível contingência nas operações da Cagece com base na determinação acima, efetuamos a comparação do lucro fiscal com o lucro societário, aferimos o possível excedente de dividendos distribuídos e eventual contingência de retenção de Imposto de Renda.

7 Total I - Lucro Societário II - Lucro Fiscal III - Diferença (I II) IV - Dividendos Mínimos Societário (I * 25%) V - Dividendos Mínimos Fiscais (II * 25%) VI - Excesso de Dividendos (IV V) * VII - IR Fonte sobre Excesso de Dividendos (VI * 15%)

8 A partir da análise do quadro acima, denota-se que a Cagece pode ser questionada pela retenção na fonte dos dividendos distribuídos em excesso àquele calculado com base nas regras anteriores a 31/12/2007 no valor aproximado de R$71 mil reais, sem considerar a aplicação de encargos moratórios. Esse questionamento pode ser afastado, conforme art. 70 da MP 627/2013, pela adoção antecipada em 2014 das novas regras de apuração trazidas pela medida provisória nos artigos 1º a 66, que substituem o Regime Tributário de Transição (RTT). A Cagece deverá optar pela antecipação das novas regras, afastando assim a possibilidade de questionamento fiscal.

9 2) Impacto da Adoção da Medida Provisória 627/2013 no cálculo do Lucro da Exploração A Cagece é beneficiária de incentivo fiscal federal de redução do IRPJ junto a SUDENE calculado sobre o Lucro da Exploração. Com a extinção do RTT pela MP 627/2013, o cálculo do Lucro da Exploração da Companhia poderá ser afetado sob dois aspectos: a) Cálculo do Excedente Financeiro Credor; b) Ajustes das novas regras na apuração do Lucro Exploração.

10 a) Cálculo do Excedente Financeiro Credor De acordo com o art. 544, I, do Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), a parte das receitas financeiras que exceder às despesas financeiras deverá ser excluída do cálculo do Lucro da Exploração. Dentre o resultado financeiro da Cagece, a contabilização de receita financeira sobre a amortização de ativo financeiro, é registrada na rubrica Receita Financeira Ativo Financeiro, o que é feito em decorrência das novas regras contábeis. De acordo com o art. 16 da Lei /2009, as alterações introduzidas pela Lei /2007, bem como normas introduzidas pela CVM e demais órgãos reguladores, não terão efeitos para fins de apuração do Lucro Real. Com base nesse dispositivo, a Cagece passou a desconsiderar a receita de ativo financeiro para o cálculo do excedente financeiro credor do Lucro da Exploração. Com a nova regra de apuração introduzida pela MP 627/2013, o art. 16 da Lei /2009 foi revogado, e os ajustes que devem ser feitos na apuração dos tributos são aqueles expressamente previstos no texto da nova norma, na qual não se tem a previsão de desconsideração da mencionada receita para fins do cálculo do excedente financeiro credor. Não houve impacto, pois o saldo financeiro foi devedor.

11 b) Ajustes das novas regras na apuração do Lucro Exploração Como frisado no item a, a Lei /2009 teve seus art. 15 e 16 revogados pela MP 627/2013, o que significa que os ajustes de RTT previstos naquela lei deixam de existir, devendo ser observado a partir de 2014 (caso se confirme a opção da Cagece pela antecipação dos efeitos da MP 627) o que se determina no texto da medida provisória. Os ajustes elaborados pela Cagece no âmbito do RTT atualmente são: Descrição Vr. em 2013 CUSTOS DE CONSTRUCAO-AGUA ,50 RECEITAS DE CONSTRUCAO-AGUA ( ,03) Efeito Líquido ( ,53) CUSTOS DE CONSTRUCAO-ESGOTO ,01 RECEITAS DE CONSTRUCAO-ESGOTO ( ,11) Efeito Líquido (87.015,10) AMORTIZACAO ATIVO FINANCEIRO-AGUA ,19 AMORTIZACAO ATIVO FINANCEIRO-ESGOTO ,60 AMORTIZACAO ATIVO FINANCEIRO-COMUM 5.532,37 RECEITA FINANCEIRA - ATIVO FINANCEIRO ( ,16) Efeito Líquido Efeito Líquido Total ( ,63) -

12 Dentre as rubricas acima, não se identifica no texto da MP 627/2013 comando que determine o ajuste na apuração do Lucro da Exploração de nenhum desses assuntos. Nesse sentido, com a opção pela adoção da MP 627/2013 no ano de 2014, a Cagece poderá deixar de excluir o valor dos saldos das mencionadas rubricas na apuração do Lucro da Exploração. Confome art. 65 da referida MP, nos casos de contrato de concessão de serviços públicos, permanecerão as adições e exclusões efetuadas no cálculo do lucro real e da CSLL.

13 3) Impacto da Adoção da Medida Provisória 627/2013 no cálculo do PIS e da COFINS A Cagece registra em sua contabilidade, valores referentes a receitas e despesas de construção decorrentes de seu contrato de concessão com o poder público, o que é feito em obediência às novas regras contábeis. O valor referente a essa receita poderá ser excluído da base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, conforme preconiza a MP 627/2013, alterando a redação das Leis /2002 e /2003: Art. 1º (...) 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: X - reconhecidas pela construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos;

14 Dessa forma, a receita de construção não será tributada pelas contribuições do PIS e da COFINS, a exemplo do que já vinha ocorrendo com base no RTT. Por outro lado, a MP 627/2013 prevê a possibilidade do aproveitamento de crédito das contribuições pelos gastos incorridos nos contratos de construção, na proporção da amortização do intangível (alteração das Leis /2002 e /2003): Art. 3º (...) 29. Na execução de contratos de concessão de serviços públicos, os créditos gerados pelos serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura, quando a receita correspondente tiver contrapartida em ativo intangível representativo de direito de exploração, somente poderão ser aproveitados à medida que o ativo intangível for amortizado, excetuado o crédito previsto no inciso VI do caput do art. 3º. (NR) Como se denota do texto legal da MP 627/2013, os gastos gerados pelos serviços de construção de infraestrutura da Cagece poderão gerar créditos de PIS e de COFINS, à medida da amortização do intangível criado em contrapartida da receita de construção.

15 Resumo dos Impactos Impacto Aumento / Redução da Carga Tributária - Vr. Estimado 1) Distribuição de Dividendos de 2008 a Aumento R$71 mil 2) Impacto da Adoção da Medida Provisória 627/2013 no cálculo do Lucro da Exploração - Diminuição R$30 mil 3) Impacto da Adoção da Medida Provisória 627/2013 no cálculo do PIS e da COFINS - Diminuição * *Não mensurável

16