Psicologia Educacional
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- Gilberto Belo de Sequeira
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1 O que é psicanálise? Psicologia Educacional Pedagogia 1º semestre PSICANÁLISE Professora Miriam E. Araújo Uma área do conhecimento científico que busca compreender o psiquismo humano com um método e um conjunto de procedimentos próprios. Freud, nascido em 6 de maio de 1856, na Morávia, Aústria, estudou Medicina e Neurologia. Viveu a maior parte de sua vida em Viena. Século XIX Critica a psicologia comportamental alegando que a análise da consciência ou comportamento era limitada e inadequada para a compreensão dos motivos fundamentais do comportamento humano. Seu interesse em Neurologia o fez estudar mais as doenças nervosas, bem como as doenças mentais o que havia de diferente na personalidade. O surgimento da Psicanálise Começou os estudos psicológicos com as doenças nervosas (histéricas) em Paris com Jean Charcot. Inicialmente supôs que a histeria estava relacionada a traumatismos reais, abandonando posteriormente esta ideia e abordando o conceito de inconsciente. Jean-Martin Charcot (1825- Psicanálise 1893) - médico neurologista 1
2 Sintomas da histeria: vômitos, paralisias, alucinações visuais, ataques nervosos e convulsões. Psicanálise Uso da hipnose: provocava o aparecimento e o desaparecimento dos sintomas. Percebeu a natureza psíquica da histeria. Palavras pareciam mais significativas, carregadas de conteúdo emocional; Depois das sessões as pacientes mostravam significativa melhora, como se tivessem sido purificadas dessa memória. Concluiu então, que os fatos esquecidos eram fundamentais no comportamento manifesto dos sujeitos. 8 2
3 Psicanálise Utilizou um método pelo qual o paciente ficava curado de seus sintomas pelo processo de falar de si próprio. A cura pela fala. A catarse era um método para acessar os conteúdos inconscientes. Divã psicanalítico Desenvolveu a partir daí o método da associação livre, na qual solicita-se ao paciente que fale tudo que lhe vem a mente, sem censura ou preocupação lógica. A utilização desse método permitiu que Freud percebesse a importância da primeira infância no caráter de uma pessoa e sua associação com os pensamentos seguintes. Notou que geralmente os conteúdos esquecidos eram conteúdos penosos difíceis, e quando bom, era algo que fora perdido. Tais conteúdos de difícil rememoração, Freud chamou de conteúdos inconscientes. Psicanálise 3
4 INCONSCIENTE - conjunto de conteúdos não presentes no campo atual da consciência. É o lugar das idéias, dos impulsos e dos sentimentos reprimidos por censura interna. Podem ter sido conscientes em algum momento, ou podem sempre ter sido inconscientes. É atemporal, não há passado e presente. É regulado pelo princípio do prazer e está em busca de satisfação. Estão os conteúdos latentes, ocultos, desconhecidos. Forças vitais e invisíveis que exercem controle sobre os pensamentos e ações conscientes do homem. 14 PRÉ-CONSCIENTE há conteúdos acessíveis a consciência. Não está na consciência no momento, mas pode estar. Formado por lembranças e conteúdos que podem ser rememorados sem grandes dificuldades. É também útil enquanto censura porque afasta da consciência conteúdos desprazerosos emanados do inconsciente. CONSCIENTE formado por pensamento, ideias, percepção, atenção, raciocínio, informações do mundo interno e externo e como o concebemos. Psicanálise ID instintos, experiência subjetiva, representações internas, atividade inconsciente, regido pelo princípio do prazer e pela busca da satisfação. É onde encontra-se a pulsão de vida e de morte. Pulsão de vida(eros) pulsões sexuais e de autoconservação, de vida (fome, sede, fuga a dor e ao desprazer) e presevação da espécie (sexual). Pulsão de morte (Tanatos) pode ser autodestrutiva, manifesta-se como pulsão agressiva e destrutiva, o tornarse a ser quando não era. Diante de um estímulo e uma tensão o Id busca imediatamente descarregar essa tensão a fim de permanecer em um estado de conforto e baixa tensão (princípio do prazer). APARELHO PSIQUICO 4
5 EGO relacionado à consciência. Está ligado ao sistema perceptivo recebendo influência do mundo externo e do ID/ICS. Uma pequena parte é consciência e outra parte é movida pelo inconsciente. É ele que busca estabelecer o equilíbrio entre as exigências do ID e as ordens do superego, buscando dar conta dos interesses finais do sujeito. É regado pelo princípio da realidade. É regulador, tentando ponderar entre os desejos e a realidade. Atua na percepção, na memória, sentimentos e pensamentos. 17 APARELHO PSIQUICO SUPEREGO certo ou errado. É a moral internalizada, o representante dos valores e ideais sociais. Tende à perfeição e o ideal, mais que ao real e ao prazer É uma instância crítica surgida a partir das normas e valores sociais para que o sujeito vive de acordo com os padrões sociais existentes em cada cultura. APARELHO PSIQUICO 5
6 SEXUALIDADE INFANTIL A noção de sexualidade infantil é diferente da adulta não é dirigida ao ato sexual e reprodutivo, mas sim às experiências de prazer geradas no corpo durante o desenvolvimento. A libido (energia das pulsões sexuais) vai organizando-se pelo corpo, em cada momento do desenvolvimento psicossexual que ao ser estimulada provoca sensação de prazer. 6
7 FASE ORAL: 0 18 meses A zona oral representa a principal fonte de prazer a boca, os lábios, a língua, são as zonas erógenas. Os objetos de prazer são os seios, os dedos, a chupeta, os alimentos, o lençol. Neste fase as crianças levam qualquer objeto à boca, mordendo ou sugando. O gostar e o não gostar são definidos a partir do colocar na boca ou não colocar na boca. Prazeres como beber, fumar, beijar, morder, etc, revelam os resquícios desta primeira fase do desenvolvimento. Com o desenvolvimento e a necessidade de desmame há o uso da linguagem aparecendo e a percepção do outro; a boca perde então aos poucos a soberania, dando lugar à segunda fase do desenvolvimento, o anal. SEXUALIDADE INFANTIL FASE ANAL: 18 meses - 3 anos O prazer está ligado a zona anal, ligada a retenção ou expulsão das fezes, a questão de dar e receber. Na passagem da fase oral para a fase anal a criança passa pela educação esfincteriana, o controle da evacuação. Ao conseguir alcançar este controle, tem também a sensação de poder controlar seus impulsos. Substitutos prazerosos das fezes nesta fase são a massinha de modelar ou barro, massa de pão e outros análogos. SEXUALIDADE INFANTIL FASE FÁLICA (3-7 anos) Fase do desenvolvimento da libido. A criança começa a manifestar interesse em manipular os genitais. Há curiosidade em conhecer o corpo, o próprio e o do outro. O pênis (falo) é o órgão que desperta maior curiosidade e o interesse. O desejo de ver os órgãos sexuais são típicos desta fase. É nesta fase que acontece o desenvolvimento do superego e também o denominado Complexo de Édipo, ligado a relação filho(a), pai e mãe. Tratase da relação de amor da criança pelo genitor do sexo oposto. SEXUALIDADE INFANTIL O Complexo de Édipo é um acontecimento universal e base para a organização central de todo o campo da sexualidade humana. Foi descoberto por Freud a partir de sua própria autoanálise, reconhecendo, nele mesmo, sentimentos de amor pela mãe e de ódio pelo pai. A partir da tragédia grega Édipo-Rei, Freud reforça a universalidade do complexo de Édipo, no qual é exposto o desejo do filho pela mãe e o ódio e a rivalidade com o pai. No caso da menina, o ciúme e o ódio pela mãe e o desejo erótico pelo pai. COMPLEXO DE ÉDIPO 7
8 Os sentimentos pelo progenitor nessa fase são de amor e de ódio, pois há sentimentos de rivalidade ao progenitor do sexo oposto com quem divide atenção e os cuidados que lhe são dados. A criança, teme, porém ser punida e rejeitada pelos seus sentimentos de modo que é vencida pela culpa do que sente e a rivalidade se transforma em admiração e identificação, ou seja, de ser igual ao antigo rival, pai, mãe. A partir do desenvolvimento do Complexo de Édipo, os modelos futuros de amor serão desenvolvidos. COMPLEXO DE ÉDIPO LATENCIA (7-11 anos) Corresponde ao período de escolarização, antecede a adolescência. Freud explica que se trata de um período de relativa estabilidade, mas também fundamental para a aquisição de habilidades, valores e papéis sociais. O superego é melhor organizado neste fase, a vida social é melhor vivenciada com a formação de amizades e vínculos mais profundos, bem como há maior flexibilidade e tolerância em desenvolvimento. Embora não seja uma fase com aparecimento de novos conflitos serem resolvidos, é uma fase em que há ainda a busca de resolução e dos assentamento das vivências das fases anteriores. SEXUALIDADE INFANTIL GENITAL (12 anos) Os impulsos sexuais latentes durantes do período de latência são novamente presentes nesta fase. Existe inicialmente um período mais narcísico, do sujeito consigo mesmo e em seguida a libido é deslocada para a escolha de objetos sexuais, o outro. Além das vivências sexuais, é também fase de socialização, amizades, atividades em grupo, escolhas profissionais, etc. Os impulsos sexuais das fases anteriores: oral, anal e fálico não são abandonados e substituídos na fase genital, mas sim fundidos, sintetizados e harmonizados na vida sexual de cada sujeito. SEXUALIDADE INFANTIL Repressão / Recalque Há uma espécie de supressão da realidade, o sujeito não vê e não ouve o que ocorre. Suprime a percepção do que está ocorrendo. Os sentimentos, lembranças e os impulsos proibidos são expulsos da consciência. Negação mecanismo de defesa primitivo no qual o sujeito nega um fato ocorrido. Trata-se, geralmente, de uma defesa contra fortes angústias a fim de negar a realidade. MECANISMOS DE DEFESA 8
9 Formação reativa O ego busca afastar o desejo, levando o sujeito para uma direção oposta a desejada. De modo que o sujeito revela atitudes opostas as verdadeiramente sentidas. Regressão o sujeito retorna a etapas anteriores do seu desenvolvimento. Retoma modos de expressão mais primitivos. MECANISMOS DE DEFESA Projeção O sujeito atribui ao outros suas próprias coisas, pulsões, conflitos, desejos, sentimentos, pensamentos. Localiza (projeta) algo de si no mundo externo e não percebe aquilo como seu, geralmente algo indesejável ou não assumido. Racionalização O sujeito constrói uma argumentação intelectualmente convincente e aceitável, que justifique estados da consciência não desejados. Uma defesa justificando a outra. Na racionalização o ego coloca a razão a serviço do irracional utilizando-se de cientifico ou intelectual a seu favor. A emoção é colocada a serviço da razão, usando-se explicações racionais para argumentar questões emocionais (guerra, pena de morte, eleições). MECANISMOS DE DEFESA Fixação Há a permanência em um estado do desenvolvimento, seja na fase oral, anal, fálica ou de latência, temporário ou permanente. Deslocamento Uma determinada descarga afetiva é deslocada de seu objeto original para um objeto substituto que não o verdadeiro. Desloca-se uma ação ou um sentimento, uma emoção para outra coisa. Sublimação Os impulsos e desejos inconscientes agressivos ou indesejáveis são direcionados para meios socialmente aceitáveis e úteis. MECANISMOS DE DEFESA Em seus estudos, Freud criticava a educação repressora e rígida da época, afirmando crer em uma educação menos repressora e que levasse em consideração o desejo. Para a Psicanálise, a aprendizagem ocorre graças ao desejo de saber, que se constitui numa relação com o outro. para a educação Freud 9
10 Sexualidade: O educador pode estar atento as fases do desenvolvimento de cada sujeito e as possíveis fixações e direcionar o ensino a partir do entendimento do que ocorre com cada sujeito. A uma criança que está na fase oral, alimentá-la de arte, educação, conceitos. Invés de exorcizar o ser humano e reprimi-lo, a Psicanálise insta conhecê-lo e apresentar a ele meios para potencializar seu desenvolvimento e vias para a educação Freud para a sublimação. Sublimação: Este mecanismo de defesa é um importante aliado da educação, no qual os desejos sexuais, a libido, é direcionada para fins socialmente aceitos, como a educação escolar, os estudos, o empenho no aprendizado. É um desvio de impulsos para meios socialmente aceitáveis. A libido é presente nas atividade educacionais desenvolvidas e com prazer. para a educação Freud Transferência: Há sentimentos relacionados ao professor pelo aluno que trata-se de conteúdos inconscientes. Na relação podem surgir sentimentos que favoreçam o processo de aprendizagem ou mesmo que desfavoreçam. Sentimentos vividos inicialmente direcionados aos pais podem ser transferidos aos professores, cabe aos mesmos estarem atentos a esta dinâmica de funcionamento possível de ser encontrada na relação professor-aluno e saber atuar sobre ela, se preciso. É da crença e da admiração ao professor que poderá chegar a aprender e é das dificuldades de relacionamento que dificuldades também podem ser presentes. para a educação Freud Outra tarefa do educador, para a Psicanálise, é conseguir um equilíbrio justo entre a permissão e a proibição, isto é, sacrificar o mínimo de prazer sem entrar em choque com as exigências da sociedade (SHIRAHIGE; HIGA, 2004, p. 39). para a educação Freud 10
11 LACAN, médico, neurologista, psiquiatra, Psicanalista. Francês ( ). Estudioso de Freud, trouxe contribuições no estudo da linguagem e do inconsciente. PSICANÁLISE Lacan Segundo Lacan, o homem é um ser construído na linguagem e a partir da relação com o Outro. A herança humana não é biológica, mas sim cultural. A formação do eu é retratada pela teoria do Espelho. PSICANÁLISE Lacan Inicialmente a criança não liga para sua imagem refletida no espelho, não se reconhece. Em seguida, a criança mostra euforia quando vê a imagem projetada no espelho, porém ainda não sabe que se trata dela mesma, mas sim outra pessoa. No terceiro momento a criança, ainda curiosa, procura o entendimento de quem é aquela imagem, procurando atrás de si quem pode ser. Por fim, se reconhece como sendo ela mesma. PSICANÁLISE Lacan Importante entender que a construção do eu se dará inicialmente a partir do olhar do outro. A imagem criada inicialmente não é ela, é o outro. O outro simbólico, o espelho principal primeiro, é a mãe. A criança se projeta a partir do que a mãe vê na criança. A mãe funcionará como uma tradutora para o bebê. É ela quem decifrará, inicialmente, para a criança, os enigmas de si e do mundo (JUSTO, 2004, p. 86). PSICANÁLISE Lacan 11
12 O pai aparece na relação em um segundo momento representando a interdição, a lei. É o chamado por Lacan nome do pai. Trata-se de um significante, do que este papel representa no desenvolvimento da criança. PSICANÁLISE Lacan O professor também representa o espelho para o qual, que mira-se no professor a fim de reconhecer ou mesmo rejeitar as imagens de si. Representa para o aluno suas aspirações mais elevadas, seus projetos, ideais que busca alcançar. Trata-se de um lugar simbólico. para a educação Lacan O professor deverá fazer papel de reflexo deste espelho, ao também olhar para o aluno. Trata-se também de um papel que passa pelo papel materno (provedor) e o papel paterno (interditor). O professor deve então sair do lugar de objeto de desejo e colocar-se no lugar de mediador mediador do conhecimento. para a educação Lacan 12
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