DEFINIÇÃO DE CAPACIDADE DE PRODUÇÃO PELO CONCEITO DE TEMPO-TAKT
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- Ester Neiva de Miranda
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1 DEFINIÇÃO DE CAPACIDADE DE PRODUÇÃO PELO CONCEITO DE TEMPO-TAKT Jessica Syrio Callefi Universidade Estadual de Maringá Daiane Maria De Genaro Chiroli Universidade Estadual de Maringá Resumo Uma empresa que não conhece os seus processos e suas capacidades de produção não tem condições de oferecer ao seu cliente final um produto de qualidade com baixo custo, muito menos ter maior lucratividade por meio de melhorias de processo. A partir desta problemática, as empresas devem visar meios de eliminar seus desperdícios e conhecer sua capacidade (operadores, máquina e tempo) de forma a melhorar sua produtividade com maior eficiência desta capacidade. Deste modo, o presente trabalho visa apresentar a metodologia takt-time (takt) e aplicação deste conceito em uma indústria no setor metal-mecânico. O propósito do tempo takt é combinar precisamente a produção (definição de capacidade) com a demanda. Ele fornece as informações do ritmo de um sistema de produção enxuta. Palavras-Chave: Capacidade; Tempo-Takt; Cronoanálise. 1. Introdução A competitividade e a busca por melhorias nas empresas são fatores cruciais para sobrevivência destas. Assim, o presente trabalho se justifica pela necessidade da empresa em estudo se autoconhecer e estabelecer indicadores confiáveis de forma a definir parâmetros de melhorias internas e externas à organização como meio de vencer a concorrência. Desta forma, é importante definir qual será a capacidade efetiva que a empresa conseguirá trabalhar, absorvendo na linha do tempo todos os desperdícios, que não
2 agregam valor no processo. O modelo Toyota de produção define - produtos defeituosos, excesso de produção, estoque, excesso de movimento, processamento, transporte e espera, como os sete desperdícios que devem ser eliminados. A produção máxima que um processo ou empresa pode manter economicamente sob condições normais é sua capacidade efetiva [ ] o Census Bureau define a capacidade como o maior nível de produção que uma empresa pode manter razoavelmente empregando horários de trabalho realistas dos funcionários e o equipamento atualmente instalado (RITZIMAN; KROFEWSKI, 2005, p.143). Para definir a capacidade efetiva de um processo, se faz necessário conhecer o tempo de ciclo, o qual é definido por Tubino (2004) como o ritmo de um sistema produtivo para a obtenção de certa quantidade de produtos em um determinado período. Sendo assim, o tempo ciclo é quem determinará a quantidade de trabalho a ser distribuída para determinado produto. Segundo Alvarez e Antunes (2001), a duração de um ciclo é definida pelo período entre a repetição de uma mesma operação de início ou fim do processo. E este tempo ciclo é definido considerando o tempo unitário de processamento de cada máquina ou posto de trabalho, e pelo número de trabalhadores deste posto. O takt-time é definido a partir da demanda do mercado e do tempo disponível para produção; é o ritmo de produção necessário para atender a demanda. Matematicamente, resulta da razão entre o tempo disponível para a produção e o número de unidades a serem produzidas (ALVAREZ; ANTUNES; 2001,p.7). Diante do exposto, objetiva-se neste trabalho apresentar a metodologia takt-time e aplicação deste conceito em uma indústria no setor metal-mecânico, situada na cidade de Maringá no estado do Paraná. 2. Materiais e Métodos No cenário atual, de crescimento da empresa, existe a necessidade da revisão de conceitos relacionados ao método de produção, visando obter processos que atendam as características especificadas no projeto do produto e à demanda resultante das necessidades dos clientes. A pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa. Devido à necessidade de mudança, é necessária uma pesquisa do tema em questão, assim como uma
3 pesquisa-ação no processo da empresa. A pesquisa é considerada aplicada, pois visa propor melhorias a serem implementadas, sendo assim uma aplicação prática. De forma a alcançar os objetivos propostos os seguintes passos foram seguidos: Tomada de tempos - cronoanálise: Para a tomada de tempos pela cronoanálise foi utilizada uma folha contendo campos para definição de processo, observador, data, elementos da operação, tempo tarefa, tempo para um ciclo e observações. Fluxo de processo: Descrevia-se o fluxo do processo, já padronizado anteriormente por instruções de trabalho elaboradas pela engenharia de o que possibilitou a tomada de tempo com os desperdícios já reduzidos. Após elencar os processos, foram tomados os tempos, considerando o ponto de abrir porta da máquina como tempo inicial do ciclo. Também foram tomados os tempos ciclo de cada máquina no processo, e determinado qual o tempo ciclo, considerando-se o maior entre o ciclo automático e o ciclo do operador. Por fim, os dados foram transferidos para uma planilha que determina a capacidade da célula produtiva. Esta planilha contém dados sobre os processos que cada peça passa, possibilitando uma futura análise sobre como diminuir os desperdícios existentes. Também contém informações sobre o tempo ciclo da máquina, o tempo ciclo do operador, a capacidade/h a 100% e a capacidade por dia a 85% de eficiência. Para a determinação da capacidade efetiva foi utilizado o parâmetro de 85% de eficiência. E os outros 15% são para amortecer questões de setup, necessidade dos operadores, limpeza, medições, diálogos, preenchimento de diário de bordo, entre outros. 3. Resultados e Discussões A empresa pertence ao setor metal mecânico, se caracteriza por médio porte, possui aproximadamente 150 funcionários e está instalada em uma área de 20000m². A fim de alcançar o objetivo proposto, por meio de todos os dados e conhecimentos foi definida a capacidade de uma célula do setor de usinagem de peças da empresa. Esta célula contém um torno CNC, quatro furadeiras, e apenas um operador que é
4 responsável por todo procedimento para que a peça bruta saia pronta deste setor para ser montada. Quatro tipos diferentes de peças passam por estes mesmos processos, que são: furos, torneamento, brunimento, e medição. Para cada peça distinta varia-se o tempo ciclo do operador e o tempo ciclo de máquina. Como resultados da aplicação desta metodologia, tem-se a confecção de um quadro com as informações para tomada de decisões na linha atualizadas, de fácil acesso para o setor de planejamento e controle da produção e do operador no posto de trabalho, como o exemplificado no Quadro 1, evidenciando o tempo ciclo da máquina, o tempo ciclo do operador, a capacidade/h a 100% e a capacidade por dia a 85% de eficiência no posto de trabalho. Célula 1 Produto TCM TCO Capacidade/h (100%) Capacidade/dia (85%) Biela 1... Quadro 1: Exemplo de quadro de capacidade produtiva para célula 1 Por meio deste quadro (Quadro1), permitiu-se o fácil acesso a informações que auxiliam na tomada de decisões rápidas pelos gestores industrial, de planejamento e controle da produção, e até mesmo pelo operador. Por questão de sigilo empresarial, será apresentado apenas um exemplo de como o cálculo foi realizado, com dados fictícios. Para a determinação do takt, são necessárias as informações de necessidade de produção: 300 compressores; quantidade de componentes: 3 bielas por compressores; quantidade total necessária: 900 bielas; Menor tempo de ciclo do operador: 160 segundos; maior tempo de ciclo da máquina somado ao tempo de carga e descarga da máquina: 140 segundos. Como o maior tempo é o ciclo do operador, este valor foi considerado para determinação do takt, caso o tempo ciclo da máquina fosse maior, este valor deveria ser considerado. Na Equação 1 se apresenta o cálculo do takt. Equação 1: Cálculo do takt.
5 Portanto, a cada 5,6 segundos uma biela deve estar pronta neste setor para que se possa atender a demanda. A fim de determinar a capacidade a 100% de eficiência por hora, utiliza-se a Equação 2, conforme segue: Equação 2: Cálculo da capacidade a 100% de eficiência por hora A Equação 3 representa a forma de se determinar a capacidade a 85% de eficiência por dia: Equação 3: Cálculo da capacidade a 85% de eficiência por dia Onde 7,33 representa a quantidade de horas trabalhadas no dia. 4. Considerações finais Uma melhor definição das capacidades desta célula permitiu ao setor de programação e controle da produção parâmetros atuais para a determinação de programação de peças a serem usinadas no dia. Este item é de primordial importância, já que a falta de uma peça específica na montagem final implica em parar a linha de produção. A maior dificuldade deste trabalho foi a tomada de tempos das peças com pouca demanda, demorando a passar na linha produtiva, ou passando em pequenas quantidades, impossibilitando assim, a tomada de tempos em valores considerados confiáveis. Referências RITZMAN, L. P.; KROFEWSKI, L. J.. Administração da produção e operações. 1 a Edição. São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, TUBINO, D. F.. Sistema de produção: a produtividade no chão de fábrica. 1ª Edição. Porto Alegre: Editora Bookman, ALVARES, R. R.; ANTUNES, J. A.. Takt-time: Conceitos e contextualização dentro do sistema Toyota de produção. Revista Gestão e Produção. Edição 8, N 1, p. 1-18, 2001.
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